quinta-feira, novembro 16, 2006

A Direita e a Banca

Sabe-se lá porquê, a banca tem muitos amigos em Portugal, bastou que Sócrates prometesse cobrar-lhe mais impostos e quase o inscreveram no Bloco de Esquerda ou na secção do PCP da Estrela. Exigir mais impostos de quem menos paga é um bom princípio, excepto se for para a banca, que se exijam aos têxteis, à construção civil, ao turismo, tudo bem, mas à banca não.

Ser de esquerda é defender que os valores de cidadania se aplicam a todos os cidadãos, ser de direita é ficar calado até ao momento em que os que aqueles que um dia nos poderão vir a ser úteis sejam incomodados. Até o PSD que há pouco tempo e fruto da bebedeira política resultante de um shot chamado Santana Lopes era paladino da justiça, veio em defesa da banca.

É evidente que a banca não foge aos impostos como o comum dos contribuintes, é mais sofisticada, a banca recorre ao planeamento fiscal como muitos justificam. Mas será que empregar a família de altos quadros do fisco também é planeamento fiscal? Dar trabalho aos fiscalistas com mais acesso à comunicação social é planeamento fiscal? Recorrer a um poderoso sistema de influências no fisco é planeamento fiscal?

O planeamento fiscal de que tanto fala será isentar de impostos sobre o património dezenas de milhares de imóveis pertencentes à banca graças a um parecer ilegal em que se aplicou a estes impostos normas do código do IRC?

Se para a direita justiça fiscal e equidade significam ser de esquerda, ainda bem que sou de esquerda, e se comer criancinhas é aplicar aos bancos as mesmas regras que se aplicam a todos os portugueses, então terei mesmo que rever a minha dieta.Com uma direita tão disponível para estender as mãos às benesses dos bancos, prefiro ser de esquerda.