terça-feira, dezembro 26, 2006

Rituais de Natal


Em Portugal o Natal está cheio de rituais hipócritas, políticos, jornalísticos e eclesiásticos não resistem ao poder da comunicação das rádios e televisões ara fazerem, tal como o Papa, a suas bênçãos “urbi et orbi”, ou às visitas natalícios ao pobrezinhos, velhotes e demais desfavorecidos, houve mesmo um autarca que deu um jantar para os desfavorecidos. E no Ano Novo volta a suceder o mesmo, e lá vamos ver alguns governantes a passar a noite ao lado dos que são forçados a trabalhar, é muito provável que o ministro da Administração Interna vá acompanhar a BT, o ministro da Defesa o faroleiro das Berlengas, e por aí adiante. A importância destes rituais é tão importante que até têm o seu próprio protocolo, o primeiro-ministro serve-nos o peru de Natal, o Presidente da República dá-nos as passas para a noite de Ano Novo.

A tendência é para que os políticos nos deixem descansados na noite de Natal, talvez seja uma consequência do espectáculo ridículo que Bush deu ao mundo quando no Dia de Acção de Graças foi ao Iraque oferecer um peru de plástico. Mas se os políticos andam mais comedidos, os eclesiásticos deram este ano um triste espectáculo ao assumirem-se como mullahs, houve mesmo um tal D. João que se esqueceu que estava no Porto e falou como se estivesse falando para talibans nas montanhas do Afeganistão.

As rituais políticos e eclesiásticos seguem-se as reportagens televisivas do costume, ficamos sempre a saber que para os comerciantes este Natal foi pior do que o anterior, temos a oportunidade de conhecer mais um ou dois tenentes da GNR promovidos a relações públicas da guarda com gabinete instalado à entrada da Ponte 25 de Abril, mostram-nos as prisões desertas graça às precárias e visitamos uma ou duas aldeias ara conhecer as suas tradições.No fim acabamos (quase) todos de bandulho cheio, com mais três quilos de gorduras várias e com as mesas cheias de comida para despachar numa semana em que se trabalha um pouco menos, para depois libertarmos as toxinas de todo ano, dissolvidas em champanhe e fogo de artifício na noite de Ano Novo.