quarta-feira, dezembro 27, 2006

Sinistralidade rodoviária: um problema por resolver

Só ontem a GNR registou 205 acidentes de viação, dos quais resultaram 4 mortos, 8 feridos graves e 61 feridos leves. Nos primeiros quatro dias da operação «Natal em segurança» foram fiscalizados 8.692 e os resultados são próprios de um país do terceiro mundo:
  • Foram autuados 4.146 condutores, metade por infracções graves e 396 cometeram contra-ordenações muito graves.
  • 167 condutores conduziam sob o efeito do álcool, 55 dos quais foram detidos por apresentarem uma taxa de alcoolémia superior a 1,20 gramas por litro.
  • Condutores detidos por conduzirem sem carta foram 26.
    Mais de 2.000 foram apanhados em excesso de velocidade.
  • 257 pessoas foram multadas por não usarem cinto de segurança.
  • Foram identificados 61 condutores sem seguro da viatura.

A sinistralidade representa custos elevadíssimos para o país e marca muitas famílias portuguesas, custos sociais e económicos. São demasiadas as famílias atingidas pelos mortos e feridos desta “guerra” sem bombas, e a factura financeira que o país paga é elevadíssima, perdas humanas, baixas e hospitais saturados.

Se considerarmos os dados relativos à fiscalização teremos que concluir que é mais perigoso andar na estrada do que ir passear à noite a um dos bairros que tanto trabalho dá às redacções da comunicação social. Na verdade são mais os portugueses mortos por condutores embriagados ou que não cumprem a regras do que por homicídio, e só uma ínfima parte destes têm alguma relação com aqueles bairros.

Vinte e seis condutores sem carta numa amostra de 8,692? Basta olhar para os resultados das 8.692 fiscalizações para termos que concluir que as estradas portuguesas são um local pouco recomendável. Os número estão distorcidos pois muitas fiscalizações são motivadas por indícios de infracção, mas também é verdade que muitos infractores potenciais andam com mais atenção nestes dias, em que sabem que o esforço de vigilância das autoridades é maior.

Como acabar com este estado de coisas?

É evidente que a melhoria das infra-estruturas não resolve o problema, que as estratégias preventivas das autoridades falharam, e que as penalizações previstas na lei são demasiado suaves.Os criminosos mais perigosos deste país não são os jovens delinquentes dos bairros marginais de que tanto se fala na comunicação social, mas sim cidadãos respeitáveis que conduzem sob o efeito do álcool, ou que têm uma infinidade de comportamentos dos quais resulta a morte de muita gente. Só que os portugueses ocuparam mais tempo a discutir o suposto arrastão da praia de Carcavelos, do que alguma vez dedicaram ao problema da sinistralidade, talvez porque a consciência pese a muita gente.