terça-feira, dezembro 18, 2007

Consumidores de todo o país uni-vos!


Quando se discutem os aumentos salariais, como tem sucedido nestes dias com o salário mínimo, interrogo-me se uma boa parte dos cidadãos não serão mais penalizados e mesmo roubados enquanto consumidores do que enquanto trabalhadores. Não pretendo com este raciocínio desvalorizar a luta legítima dos trabalhadores por salários dignos e que remunerem com justiça de trabalho de cada um.

Não tenho dúvidas de que se comparar um aumento salarial de 5% com os abusos de que sou alvo enquanto consumidor teria muito mais a ganhar se deixasse de ser roubado pelos vendedores de produtos e serviços do que pelo “patrão”. Os portugueses são roubados a torto e a direito, desde o pacote da pescada n.º5 cujas postas não correspondem aos parâmetros a embalagem ao serviço de Internet que não corresponde à velocidade contratada, somos roubados a todo o momento.

Estamos organizados em sindicatos poderosos mas prestamos pouca atenção ao associativismo enquanto consumidores, a única associação digna de nome mas é mais uma empresa privada que presta serviço a sócios do que uma verdadeira associação de consumidores.

A intervenção do Estado é vergonhosa veja-se o desprezo que algumas entidades reguladoras têm pelos portugueses, como sucede na banca ou nas telecomunicações. O mesmo Vítor Constâncio que dia sim, dia não defende os salários baixos só intervém contra os abusos da banca quando as situações são demasiado evidentes e depois de os bancos terem arrecadado milhões. Nas telecomunicações as operadoras podem cobrar o qu querem e prestar serviços de qualidade muito inferior ao que contratam perante a entidade reguladora assiste com passividade. Na banca, nas comunicações ou na energia, gestores e dirigentes de entidades reguladoras fazem parte de grupos de amigos que estão mais preocupados com o sucesso empresarial e as mordomias oficiais do que com os clientes e consumidores.

E o que têm feito os governos? Nada, o sucesso destas empresas resulta em maiores receitas fiscais e na sua consolidação, reforçando a sua competitividade à custa de trabalhadores e consumidores. A bem da Nação s governos assobiam para o ar.