segunda-feira, março 24, 2008

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Retratista na Rua Augusta, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Punit Paranjpe/Reuters]

«Au festival religieux de Holi, à Mumbai en Inde, le 22 mars » [20 Minutes]

JUMENTO DO DIA

Comparação desastrada com o Código da Estrada

A ministra da Educação comparou o Estatuto do Aluno com o Código da Estrada tentando explicar que tal como código não evita os acidentes também o estatuto também não impede a violência nas escolas. A ministra tem razão mas a comparação não só não permite qualquer explicação como nem faz sentido.

É evidente que o Código da Estrada não evita os acidentes, o que os evita é o repeito pelas regras e pela autoridade, mas também a qualidade das vias rodoviárias e dos veículos que nela circulam. Tal como o ministro das Obras Públicas deve estar mais preocupado com a qualidade das estradas do que com as regras do código, da ministra da Educação também se espera que esteja mais preocupada com a qualidade do ensino do que com os estatutos. Tal como nas estradas não são só os maus condutores os responsáveis por todos os acidentes, também nas escolas os problemas não podem ser justificados apenas pela matulona que agrediu a professora.

Talvez seja tempo de a ministra da Educação se preocupar mais com a qualidade das estradas e menos com o Código da Estrada.

A NOVA ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO DA ASAE

Não tenho memória de ler uma referência num jornal estrangeiro à actuação das autoridades responsáveis pelo controlo da qualidade alimentar, mesmo quando se regista um incidente grave, como sucedeu recentemente num matadouro americano, são os factos que são notícia e não as autoridades. Graças às ambições e vaidade pessoais do inspector-geral da ASAE em Portugal esta entidade é notícia quase diária, o vício pelos jornais do seu responsável parece mesmo ter levado a ASAE a cometer excessos, tornando-se numa super-polícia que até prepara os seus agentes para serem pequenos rambos.

O inspector-geral da ASAE percebeu que se estava a afundar se continuasse a fechar as "ginjinhas" e as mercearias típicas, agora opta por inspeccionar armazéns de peixe e, talvez para dar um ar de esquerda à sua actuação, até fechou umas grandes superfícies na Sexta-Feira Santa.

O problema do inspector-geral da ASAE é que ainda não percebeu que o seu erro não está na actuação, está na vaidade pessoal e no recurso abusivo à comunicação social para impor o medo colectivo pela sua polícia. O inspector-geral da ASAE ainda não percebeu que os resultados da sua actuação são avaliados a longo prazo e não pelas primeiras páginas que consegue alcançar. Não é por parecer uma Lili Caneças da Administração Pública que o inspector-geral da ASAE nos convence da sua competência, há muitos outros organismos públicos com um bom desempenho sem que os seus dirigentes utilizem as competências das instituições para gerir a sua própria imagem.

SAÚDE E POLÍTICA

«Esta semana, José Sócrates prestou um serviço a todos os que estudam, analisam e comentam a vida política portuguesa. Fez o previsível. Fez o que muitos profetizavam. Fez o que a lógica mandava esperar. Mas fez também o que, por ser tão previsível, todos pensavam que não fizesse. Na verdade, o primeiro-ministro surpreendeu com o previsível. Ao mesmo tempo, contribuiu para o enriquecimento empírico dos que estudam. Não basta, na verdade, afirmar que os políticos, alguns políticos, muitos políticos, marcam com demagogia o início das campanhas eleitorais. É preciso provar. Já não convence ninguém garantir, sem factos, que os políticos, alguns políticos, tomam decisões fúteis de esquerda (ou de direita), quando têm uma política consistente de direita (ou de esquerda), a fim de compensar eleitorados e recompensar sensibilidades no próprio partido. É também preciso demonstrar com factos. José Sócrates fez tudo isso. Fez demagogia. Embasbacou a esquerda parlamentar, de quem obteve aplausos. Calou a esquerda do seu partido, de quem recebeu abraços e sorrisos. Prometeu muito e deu pouco. Retirou um hospital público à gestão privada e diminuiu o número dos que, no futuro, teriam igualmente gestão privada. Nacionalizou a gestão do hospital de Amadora-Sintra e de facto nacionalizou a gestão dos que estavam na calha para serem postos a concurso. Cessou o contrato de gestão no Amadora com um grupo privado, mas confirmou o contrato do futuro hospital de Braga, o maior do país, com o mesmo grupo! Quase liquidou as parcerias público-privadas de alguns hospitais, baixando de dez para quatro o número de hospitais abrangidos e diminuindo os prazos de trinta para dez anos nos hospitais já em concurso. Reduziu parcialmente uma parte da minoria das taxas moderadoras de alguns idosos ricos ou remediados, dando inicialmente a entender que se tratava de todos os idosos, sobretudo dos pobres que, veio depois a saber-se, já estavam isentos. Alterou assim o rumo político da saúde, tal como este vinha sendo seguido por Correia de Campos e pelo próprio Sócrates durante três anos. Recuou politicamente. Mudou com oportunismo, a pensar nas eleições e nas dificuldades que tem encontrado no seu partido. Como se diz, tomou umas medidas de esquerda, que aliás espera continuar, paulatinamente, até às eleições de 2009.

Os socialistas, estes socialistas que governam, já quase nada têm que os distinga, que lhes seja próprio, que lhes pertença como património político. São gestores, aliás, com poucas excepções, medianos ou medíocres. Mas há dois ou três temas políticos que os fazem gemer e tremer e que deixam as plateias dos comícios e os corredores das secções em estado de choque. Um deles é o Serviço Nacional de Saúde. Não querem saber se dá prejuízo ou não. Se está bem gerido ou não. Se salva ou mata doentes. Se atende depressa ou se multiplica filas de espera. Se mantém ou não elevados níveis de humanização nos serviços de atendimento e de internamento. Se desperdiça recursos ou é poupado. Se recompensa quem trabalha ou dá prémios aos absentistas. Se permite ou não o enriquecimento indevido de médicos e fornecedores. Se fecha ou não os olhos à acumulação ilegal de funções por parte dos funcionários. Se incita ou não à promiscuidade entre sectores públicos e privados. Se fica refém dos fornecedores ou se compra bem. Se gasta, com um doente, mais ou menos do que um hospital privado, convencionado ou não. Se os indicadores revelam, por parte dos utentes, satisfação ou descontentamento. Se há ou não sinais de desigualdade social nos hospitais e nos centros públicos. Se paga às farmácias, aos analistas, aos médicos e aos fabricantes de equipamentos com ou sem pontualidade. Se gasta ou não milhões de euros com juros por atrasos nos pagamentos. Se as parcerias público-privadas permitiram ou não a redução de custos de construção, equipamento e gestão dos hospitais. Se a construção, pelo Estado, de novos hospitais vai ter ou não custos muito superiores aos que obtêm os privados. Se os riscos do investimento são do sector privado ou do sector público. Tudo isso é razoavelmente indiferente aos socialistas que acusam de "economicismo" todos os que desejam fazer contas, verificar, avaliar e comparar. Como não querem saber se o Governo cumpre os seus deveres e os prazos de concurso, de adjudicação, de pagamento, de inspecção e de avaliação. Nem pretendem saber se foram criados conhecimentos e experiência de gestão privada de hospitais que podem fornecer serviços públicos. Querem lá eles saber! O importante é não tocar no Serviço Nacional de Saúde, dizem com emoção! Foi por causa deles (e dos comunistas) que Sócrates anunciou as suas medidas de oportunidade. Foi para compensar o alarido dos professores que o Governo mudou a política de saúde. Acredita tanto no que acaba de fazer como no seu contrário. Não fundamentou as suas decisões. Não explicou em que medida a gestão pública era melhor para os doentes ou para o Estado. Não demonstrou a superioridade da gestão pública. Não forneceu indicadores de eficiência e de humanidade. Tudo isso lhe é também indiferente. O que lhe interessa realmente são o alarido e os aplausos.

Os mesmos governos, os mesmos primeiros-ministros e os mesmos partidos têm políticas de saúde diferentes. Tudo depende. Quase trinta ministros da Saúde em pouco mais de trinta anos dão estes resultados. Como também se tem visto na educação. As guinadas políticas dos governantes têm o mesmo efeito, ou pior, do que as reviravoltas a que se assiste cada vez que há mudança de governo ou de maioria parlamentar. Em menos de dez anos, já se experimentaram três ou quatro modelos diferentes para a gestão hospitalar. Não é possível obter ou manter níveis de satisfação, de eficiência, de poupança e de contenção, já para não dizer também de honestidade, quando um sector de actividade como este é abalado periodicamente por alterações tão fundamentais. É assim que se oferecem recompensas e estímulos irrecusáveis aos oportunistas e aos comerciantes da consulta, da análise, do equipamento e dos medicamentos. É assim que se desmoralizam os operadores económicos e os profissionais sérios. É assim, sobretudo, que se prejudica os utentes e os cidadãos.» [Público assinantes]

Parecer:

Por António Barreto.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

NÃO HÁ OUTRO D. SEBASTIÃO

«Marcelo Rebelo de Sousa resolveu dar um "curso" sobre o PSD. Não o ouvi pessoalmente. Mas, pelos jornais, fiquei com a ideia de que era uma espécie de história mítica do "partido que resiste a tudo", como os militantes mais furiosos gostam de o ver. Segundo Marcelo, o PSD sempre viveu num incurável conflito interno e no fim sempre emergiu unido e triunfante. O conflito interno, com os condimentos da intriga e do ódio, começou, de facto, com a fundação e continua ainda com entusiasmo. De Miller Guerra a Emídio Guerreiro e a Sousa Franco, da "cisão de Aveiro" à "cisão Inadiáveis" (de que Marcelo fez parte), da "Nova Esperança" (que Marcelo dirigiu) e da gente que execrava Cavaco às várias facções que sucessivamente se esforçaram por remover Nogueira, Barroso, Santana e Marques Mendes, nunca a agitação do PSD parou - nem por um dia, nem por uma hora. E, apesar disso, Sá Carneiro e Cavaco chegaram ao poder e Barroso, embora sem poder, a primeiro-ministro.

O extraordinário Ribau interpretou a seu favor o estranho "curso" de Marcelo e concluiu que a trapalhada de hoje ia, como de costume, acabar numa arrasadora vitória em 2009. É uma boa consolação para Menezes. Não ocorreu, infelizmente, a Ribau que Marcelo podia, e devia, ter contado a história ao contrário. O PSD governou pouco tempo: um ano com Sá Carneiro e dois com Balsemão (em aliança com o CDS), dez com Cavaco, uns meses com Barroso e uns meses com Santana (também com o CDS). Pior ainda: Balsemão, sem autoridade e sem prestígio, não passou de um efeito póstumo da Aliança Democrática e Santana de um absoluto desastre. No fundo, como o próprio Marcelo indirectamente reconhece, o PSD foi até agora Sá Carneiro e Cavaco. Fora as câmaras, claro. E as clientelas.

No seu "curso", Marcelo atribui a perpétua desordem do PSD à natureza misteriosa e particular da agremiação, sobre a qual desce de quando em vez um enviado divino, que a regenera e a conduz, como um rebanho, para a terra prometida do Estado. O sebastianismo desta fábula é mais do que evidente e não conta com a hipótese provável de já não existir no nevoeiro mais nenhum D. Sebastião. O Portugal que produziu o PSD desapareceu; e o PSD não se adaptou. A heterogeneidade, que dantes permitia uma acção comum, é neste momento uma força de desagregação. E o partido não tem um papel no país. Não vai haver outro Sá Carneiro, nem outro Cavaco.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Vasco Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

OUTRA VEZ O DEBATE SOBRE O HORÁRIO DAS GRANDES SUPERFÍCIES

«A mesma fonte realçou que o encerramento total nestes dias está "fora de questão". O Governo está aberto a estudar a liberalização dos horários, questão que está já a ser analisada pelos partidos com assento na Assembleia da República, depois de em Novembro terem recebido uma petição com mais de 250 mil assinaturas de consumidores a exigirem a abertura do comércio ao domingo à tarde. A petição foi levada a cabo pela APED (Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição) e nela são defendidos 12 argumentos em defesa da abertura do comércio ao domingo. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Recorde-se que este debate já fez uma vítima num Governo de António Guterres, sinal de que as grandes superfícies tê amigos poderosos dentro do PS.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Recorde-se a Sócrates o seu discurso de tomada de posse, quando se referiu aos grupos de interesses.»

A "NOVIDADE" DO DIA

«Fernando Seara é o nome com mais peso para uma candidatura do PSD em Lisboa, eventualmente com o apoio do CDS/PP. Este é o entendimento da direcção de Luís Filipe Menezes, que considera o actual presidente da Câmara de Sintra e também vice-presidente do partido como o mais forte adversário para enfrentar António Costa nas eleições autárquicas de Dezembro de 2009. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Sinal de que Santana não está interessado ou não quer arriscar uma derrota.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Santana se não se quer vingar.»

A TURMA DOS REPETENTES

«Se o ano lectivo tivesse terminado nestas férias, reprovariam 60% dos alunos da turma C do 9.º ano da Escola Secundária Carolina Michaëlis, que protagoniza a cena de confrontação entre uma aluna e uma professora, cuja divulgação na Internet está a alimentar mais um debate sobre a indisciplina na escola e disputas políticas (ver "caixa"). A própria aluna já teria sido castigada com prestação de trabalho na biblioteca. » [Jornal de Notícias]

Parecer:

Pelos vistos a turma do Carolina Michaelis que ficou famosa graças ao Youtube é aquilo a que se costuma designar por "turma dos repetentes", uma turma de segunda onde se metem os maus alunos dando os resultados que estão à vista. Seria interessante analisar como foi constituída esta turma e que acompanhamento mereceu dos responsáveis pela escola. É um crime a constituição destas turmas e "atirar" professores para o seu meio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se uma auditoria às circunstâncias em que foi formada a turma e os cuidados que mereceu da parte da escola.»

AGENTE DA PJ ESCAPOU-SE AO BALÃO

«O condutor do ligeiro recusou-se, no entanto, a soprar ao balão e os militares da BT acabaram por verificar que se tratava de um inspector da PJ de Lisboa e que o carro estava ao serviço da Judiciária. O inspector apresentaria sinais de embriaguez.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Um comportamento pouco exemplar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao director nacional da PJ.»

MENEZES NÃO RESISTIU AO OPORTUNISMO

«Luís Filipe Menezes disse este sábado que o aumento da violência nas escolas é «uma consequência da incapacidade da política deste Governo na educação», ao comentar o incidente registado na escola Carolina Michaelis, no Porto. O presidente do PSD disse que as políticas do Executivo são entendidas pelos alunos como «um convite ao facilitismo». » [Jornal de Notícias]

Parecer:

Menezes não consegue resistir à tentação do oportunismo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Menezes se acha mesmo que a matulona do Carolina Michaelis foi "educada" por Sócrates.»

ITÁLIA: UM LADRÃO HIPNOTIZA OPERADORAS DE CAIXAS REGISTADORAS

«A polícia italiana divulgou imagens de um homem suspeito de hipnotizar operadoras de caixa de supermercados para que elas lhe entregassem o dinheiro das caixas registradoras.

Em todos os casos, a última coisa que as vítimas se lembram é do suspeito se debruçando sobre as caixas e dizendo: “Olhe bem nos meus olhos”, antes de encontrar a caixa registradora vazia. » [BBC Brasil]

CANADÁ: UMA MOSCA LHE ARRUINOU-LHE A VIDA SEXUAL

«Un canadiense que encontró una mosca y media en una botella de agua reclamó ante la Corte Suprema de Canadá una indemnización de 340.000 dólares debido a que, según él, el incidente arruinó su vida sexual y su negocio.

Waddah Mustapha de Windsor, en Ontario, asegura en los documentos judiciales que junto a su esposa encontró una mosca muerta y la mitad de otra flotando en el agua de una botella cerrada, en noviembre de 2001.

El hombre asegura haber sufrido "depresión, ansiedad, fobias específicas y tener pensamientos obsesivos después de ver las moscas en el agua".» [2o Minutos]

EX-NAMORADA PUBLICA 150 IMAGENS INÉDITAS DE LENNON

«La fotógrafa y diseñadora de joyas May Pang, que fue pareja de John Lennon durante 18 meses, entre 1973 y 1975, y asistente personal del ex beatle, ha publicado un libro con 150 fotos en blanco y negro, de las que más de 100 nunca antes se habían hecho públicas, según afirma la autora en la página web del libro [20 Minutos]

BLOGUE DA SEMANA: KONTRATEMPOS

DOIS CARTOONS PASCAIS DE ANTERO VALÉRIO, NO ANTEROZÓIDE

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