terça-feira, junho 24, 2008

Umas no cravo e outras tanta na ferradura

FOTO JUMENTO

Barcos Rabelos, Vila Nova de Gaia

IMAGEM DO DIA

[Dmitry Lovetsky-AP]

«A navy officer drinks champagne from a huge wine glass containing dirks presented to navy graduates as he celebrates graduation from the Navy Institute in St. Petersburg, Russia.» [Washington Post]

JUMENTO DO DIA

Intervenção desnecessária

Ao questionar Ferreira Leite sobre as suas opiniões acerca das obras públicas o ministro Mário Lino comete o erro de dar protagonismo à velha senhora. Se Manuela Ferreira Leite lançou a confusão ela que se explique, que mostre como os dinheiros dessas obras podem ser usados para combater a pobreza.

MANUELA FERREIRA LEITE VERSUS LUÍS FILIPE MENEZES

Se recordarmos as propostas de Luís Filipe Menezes no congresso que confirmou a sua vitória nas directas constatamos que Manuela Ferreira Leite nada disse de novo, voltou a centrar a estratégia nas obras públicas. Será fetiche do PSD ou os discursos políticos estão mais condicionados pela situação financeira do partido do que com a situação económica do país? Ao contrário do que fez Passos Coelho, que ganhou a alma do congresso, Ferreira Leite nada disse de novo.

Aliás, a propósito das obras públicas propôs um pacto, sugeriu que as decisões em relação aos grandes investimentos deveriam ser consensuais. Esta proposta era politicamente questionável mas aceitável. O que Ferreira Leite fez foi bem pior, nada propôs, limitou-se a lançar a incerteza, não disse o que queria, apenas pôs tudo em causa, com o objectivo de levar os investidores a duvidar do futuro, os seus investimentos passarão a estar condicionados pelas sondagens eleitorais pois ninguém sabe o que Ferreira Leite pretende, a não ser que lhes diga em privado. Será este o seu objectivo?

Recorde-se que a solução do aeroporto em Alcochete acabou por ser consensual e que o projecto TGV é bem menos ambicioso do que o que foi aprovado por Durão Barroso. Nessa ocasião Ferreira Leite foi chamada a fazer as contas e apesar de um défice público descontrolado não viu dificuldades. Agora que pretende lançar a incerteza nos investidores com o objectivo de retardar a recuperação económica já mudou de opinião.

Manuela Ferreira Leite não demonstrou nem mais rigor, nem mais credibilidade, nem menos populismo que Luís Filipe Menezes, evidenciou um populismo queque alimentado por um cinismo de quem acha que a sua chegada ao poder justifica o recurso a todos os meios.
Depois do que ouvi só lamento que os militantes do PSD não tenham tido a coragem de escolher Pedro Passos Coelho, optando por alguém sem ideias e sem projectos e, muito menos, sem uma nova forma de estar na política.

COMEÇA A SER CANSATIVO

Leio a comunicação social de vários países, designadamente, a de Espanha e raramente leio o que quer que seja sobre uma série de assuntos que fazem manchetes diárias em Portugal, por exemplo não há uma única notícia dobre as ASAEs dessas paragens, ou associações de professores de matemática ou de química a pronunciarem-se sobre exames.

Por cá, as figuras menores aproveitam tudo para se empoleirarem junto das televisões, no caso do ensino o espectáculo chega a ser cansativo. Já ouvimos dezenas de intervenções das associações de professores, desde os do ensino básico até aos do décimo segundo ano, como desta vez não houveram erros o tem foi a facilidade dos testes, é caso para dizer que "ao mau ‘cagador’ até as calças empatam".

Esta reacção dos professores em relação aos exames lembra-me a de JPP e Carvalho da Silva em relação aos camionistas, estes últimos desejavam que tivesse havido bordoada com os camionistas, os professores ficaram desiludidos por não ocorrer um chumbo colectivo.

GRANDE COLIGAÇÃO OU ESQUERDA PLURAL

«Em 2005, o PS teve a sua primeira maioria absoluta. A situação do país era difícil, mas as condições políticas eram favoráveis. Até certa altura, as sondagens animaram uma certa auto-suficiência: apesar das medidas impopulares, havia forte probabilidade de reeditar a maioria. Entusiasmados, muitos dirigentes socialistas terão pensado que podiam descurar os seus constituintes: jamais desertariam para a extrema-esquerda em número suficiente para lhes retirar a maioria e anular os ganhos à direita - ou seja, bastar-lhes-ia governar "no centro do centro", com bastante músculo e pouco diálogo, captando eleitores ao PSD. Porém, perante tantas exigências e tão pouca negociação (para mais desigualmente distribuídas, como as cedências a pescadores e camionistas vieram de novo revelar), além de uma distribuição desigual dos sacrifícios e de um significativo incumprimento de promessas, começaram os problemas - nomeadamente, gigantescas manifestações contestando as políticas e a falta de diálogo e, sobretudo, a erosão nas sondagens desde final de 2007, fazendo perigar a reedição da maioria absoluta.

Está relançada a discussão sobre o que fazer se o PS não tiver maioria absoluta em 2009. Vital Moreira pronunciou-se sobre a impossibilidade de alianças à esquerda, antevendo um governo minoritário (PÚBLICO, 10/06/08), algo improvável, tendo em conta a má experiência guterrista. Com o beneplácito da direcção do PS, que o tem presenteado com cargos e outros mimos, José Miguel Júdice desautorizou Mário Soares por ter criticado o rumo do Governo e garantiu que, para o PS ser o "partido natural do governo", só tem que explicar que nada mais pode ser feito em matéria de desigualdades por causa da globalização (PÚBLICO, 7/06/08). Numa linha conexa, tem sido ventilada, nas notícias, a possibilidade de uma aliança PS-PSD: agradaria ao Presidente e aos interesses patronais. A campanha de Ferreira Leite, com propostas escassamente diferenciadas do PS, e o seu apagamento político desde então dão credibilidade a esta solução. Os cerrados ataques que muitos dirigentes socialistas moveram a Alegre por tentar estabelecer pontes entre as esquerdas, a contrastar com o que se passa quando há aproximações às direitas (Ana Gomes dixit), reforçam a hipótese de um "bloco central".

Uma grande coligação (PS-PSD) só tem justificação em condições excepcionais (uma guerra, uma grande catástrofe nacional, etc.) que não se verificam. Na Europa, apenas em condições extraordinárias tal acontece. A grande coligação alemã deriva mais da dificuldade do SPD em se coligar (logo) com um partido (Die Linke) liderado por um seu antigo secretário-geral do que das divergências políticas, que são sem dúvida significativas. No futuro, estas tenderão a ser limadas pela propensão ao compromisso: o Die Linke tem já acordos com o SPD (e os Verdes) no estado de Hessen e na cidade de Berlim. Além de contra-natura, um bloco central cristalizaria o movimento do PS para o centro-direita e agravaria a indiferenciação ideológica do sistema partidário (ao centro), já de si muito elevada em termos comparativos. Não concorreria para a clarificação de que os eleitores carecem para puderem fazer escolhas significantes, isto é, entre alternativas.

Outra hipótese é uma maioria de esquerdas: coligação ou acordo de incidência parlamentar. Esta solução nunca foi tentada em Portugal, ao contrário de muitos outros países (Espanha, Itália, França, Alemanha, etc.). Alguns advogam que as distâncias ideológicas entre as esquerdas são demasiado cavadas, nomeadamente em termos de política europeia. Porém, este argumento não resiste a uma pequena análise comparativa. Por exemplo, no seio do próprio PS Francês, houve uma grande divisão em matéria de posicionamento face à Constituição europeia. Mais, não há grandes diferenças entre o "europeísmo crítico" de, por exemplo, o BE e vários dos seus congéneres europeus (Izquierda Unida, Rifondazione Comunista, PCF, Verdes alemães e franceses, etc.), os quais se coligaram com os equivalentes socialistas nos seus respectivos países. Uma notícia recente do PÚBLICO (11/6/08) relatava que foi aprovado pela UE um projecto de directiva que prevê que o horário de trabalho semanal se possa estender até às 65 horas. Tal opção foi descrita como "a Europa dos patrões" (Manuel António Pina, JN, 11/6/08), "o regresso ao século XIX" (PSOE) e a criação de "uma sociedade de escravos" (Dom Januário T. Ferreira, Expresso, 21/6/08). Segundo a notícia, apenas Espanha, Grécia, Hungria, Chipre e Bélgica declararam firme oposição à directiva, no sentido de que não venha a ser aprovada pelo PE. Perante o silêncio do Governo, fica a ideia de que uma boa dose de europeísmo crítico só faria bem ao PS.

O entendimento entre as esquerdas, nomeadamente entre o PS e o BE (por ora, o PCP não parece interessado...), é difícil, mas deve ser tentado, se os eleitores para aí apontarem. Na Visão (12/6/08), José C. de Vasconcelos definiu como condições mínimas para um entendimento a "humildade democrática" e a vontade política: os partidos pequenos deviam compreender que, dada a sua dimensão, não poderiam ser eles a determinar as grandes linhas de força do programa de governo; o PS teria de perceber que teria fazer significativas cedências aos pequenos. No blogue o canhoto, 10/6/08, Paulo Pedroso sugeriu também caminhos nesta direcção. Alegre começou a criar a confiança necessária a um entendimento que, tal como todos os que o apoiaram nas primárias de 2004 (!), tinha antes defendido. Capitalizar com o descontentamento popular é fácil, mais difícil é converter os anseios populares em mudanças políticas. Em 2009, estará em jogo saber se o chamado "bloco central de interesses" pesa mais do que o voto popular. Uma coisa é certa: se as esquerdas à esquerda do PS se reforçarem significativamente, o bloco central ficará muito mais difícil.» [Público assinantes]

Parecer:

Por André Freire.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

CARVALHO DA SILVA RIDÍCULO

«Carvalho da Silva diz não ter dúvidas de que a postura do Governo relativamente ao bloqueio dos camionistas teria sido diferente caso os protestos tivessem sido promovidos pelos trabalhadores e não por empresários.

Dirigindo-se aos assistentes de um debate sobre "Actualidade do Sindicalismo", integrado na "Universidade de Verão", promovido pela Federação Distrital de Setúbal do PS, o secretário-geral da CGTP foi peremptório ao afirmar que, "se alguns dos comportamentos que os pequenos empresários, que têm razões de protesto, tivessem sido protagonizados por trabalhadores, levavam cargas de Polícia em cima que não era brincadeira". O que aconteceria, frisou, "mesmo que tivessem agido na legalidade". » [Jornal de Notícias]

Parecer:

Carvalho da Silva, como Pacheco Pereira e outros, não consegue esconder a desilusão por o governo não ter recorrido à bordoada, lançando uma situação de crise no país. A sua comparação revela falta de honestidade, nos últimos três anos não ocorreu nenhuma bastonada neste país, a sua insinuação é pura agit-prop desonesta.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Carvalho da Silva qual a manifestação de trabalhadores que foi reprimida.»

MANUELA FERREIRA LEITE MAIS POPULISTA QUE MENEZES

«O secretário-geral do PSD, Luís Marques Guedes, afirmou esta segunda-feira que a contestação do investimento em novas infra-estruturas «é uma prioridade» para a direcção social-democrata, por decisão da presidente do partido, Manuela Ferreira Leite.

«Essa matéria é seguramente uma das prioridades de acção do partido, por decisão da senhora presidente, é uma das prioridades da acção política do PSD ¿ e no imediato, não é no médio longo prazo, é no curto prazo», declarou Marques Guedes, na sede do PSD, em Lisboa.» [Portugal Diário]

Parecer:

Vinda de Manuela Ferreira Leite esta contestação das obras públicas é puro oportunismo, populismo no seu mais baixo nível. É, além disso, uma forma de esconder a ausência de propostas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a MFL quais as suas propostas.»

A COLUNA DOS POLÍCIAS DO PCP AVANÇA PARA A PRIMEIRA LINHA DA FRENTE

«Cinco sindicatos, em representação de outras tantas forças policiais, poderão convocar no final deste mês uma manifestação para Lisboa, tendo como destino final previsível a Assembleia da República. Esta medida será, no entanto, apenas a face mais visível de uma luta que, muito em breve, poderá passar por um "alheamento" generalizado das forças de segurança perante muitas das suas atribuições. Sem direito à greve, os polícias podem vir a boicotar diversas acções, como as multas de trânsito, que rendem dinheiro ao Estado.» [Público assinantes]

Parecer:

Aposto que a seguir serão os militares.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aposte-se.»

INGENUIDADE

«O procurador responsável pelo inquérito à adjudicação do Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP) nunca ouviu nem constituiu arguido Daniel Sanches, durante os três anos que durou a investigação. Sanches foi o ministro da Administração Interna que, três dias após as eleições legislativas de 2005, atribuiu o negócio a um consórcio liderado por um grupo económico para o qual trabalhou antes e depois de integrar o Governo de Santana Lopes. O inquérito acabou por ser arquivado em Março.

Ao contrário dos administradores das sociedades que compunham o consórcio liderado pela Sociedade Lusa de Negócios (SLN), que foram ouvidos e constituídos arguidos por suspeitas de tráfico de influências e participação económica em negócio, Daniel Sanches (procurador-geral adjunto em licença de longa duração desde 2001) nunca foi sequer chamado a depor como testemunha. » [Público assinantes]

Parecer:

Coincidências.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Maria José Morgado o que pensa disto.»

QUER ACUSAR GESTORES DAS PETROLÍFERAS DE CRIMES CONTRA A HUMANIDADE

«James Hansen, one of the world's leading climate scientists, will today call for the chief executives of large fossil fuel companies to be put on trial for high crimes against humanity and nature, accusing them of actively spreading doubt about global warming in the same way that tobacco companies blurred the links between smoking and cancer.

Hansen will use the symbolically charged 20th anniversary of his groundbreaking speech (pdf) to the US Congress - in which he was among the first to sound the alarm over the reality of global warming - to argue that radical steps need to be taken immediately if the "perfect storm" of irreversible climate change is not to become inevitable. » [Guardian]

TÍTULO 38

  1. O "Buzeirão" gostou da fotografia de Arina Reizvih.

OS 92 FOTÓGRAFOS MAIS CRIATIVOS [Link]

JEDZER

DETECTOR DE SNIPERS

GUINESS