segunda-feira, julho 07, 2008

A intriga política de Belém

Manuela Ferreira Leite começou por propor no Congresso do PSD que o dinheiro das obras públicas fosse distribuído pelos pobres, para em entrevista à TVI mudar de posição, passando a defender que não havia dinheiro para grandes obras públicas ou, melhor, não sabia quanto iriam custar as obras públicas.

Esta mudança de posições nada teria de anormal se, entretanto, alguém da Presidência da República não tivesse feito chegar ao semanário SOL que a Presidência da República teria pedido informação sobre os custos das obras públicas há dois meses, sem que tenha sido dada resposta pelo governo.

O que mudou entre as duas tomadas de posição de Manuela Ferreira Leite? É evidente que na segunda posição, assumida na entrevista à TVI, a líder do PSD alinhava as suas posições com as de Cavaco Silva, não sendo de admirar que o Presidente da República tenha vindo a público reforçar a sua posição com a história das pequenas obras de que o Alentejo carece, o mesmo Alentejo que ele desprezou durante uma década, condenado por não votar no então primeiro-ministro.

Manuela Ferreira Leite está a par da agenda presidencial, tem acesso a informação privilegiada da Presidência da República, ou estamos perante meras coincidências? Depois de o Expresso ter dado conta do envolvimento da Presidência nas directas do PSD é difícil de acreditar em coincidências.

Com Cavaco Silva a Presidência da República tem-se tornado um centro de intriga política, apesar de Cavaco Silva raramente tomar posições política, muito menos sobre questões que poderão ter custos eleitorais para o próprio, os seus “assessores” multiplicam-se em intervenções não assumidas, alimentando um clima de instabilidade política. Se Cavaco Silva nada fez para combater a instabilidade económica, os seus assessores promovem um ambiente de instabilidade política.

O que pretende Cavaco Silva e a sua equipa de assessores, na sua maioria gente ligada à actual direcção do PSD?

Começa a ser evidente que pretendem interferir no processo político visando os resultados das próximas legislativas.