segunda-feira, julho 21, 2008

Pobreza, miséria e gandulice

Para mim pobre é aquele que por ganhar pouco ou por não conseguir trabalho não consegue ter um rendimento suficiente para ter acesso aos bens essências. A pobreza não é novidade em Portugal, já teve uma dimensão muito maior, foram muitos os deixaram de ser pobres, ou porque emigraram ou porque fizeram sacrifícios para que a educação permitisse aos filhos romper o circulo da pobreza. Na minha infância e juventude convivi com a realidade da pobreza, muitos deixaram de o ser, tive colegas que eram filhos de sapateiros que se licenciaram, filhos de trabalhadores rurais que todos os dias andavam 20 km para irem à escola.

Não querer trabalhar e esperar que o Estado proporcione uma casa gratuita, que o governo assegure um rendimento mínimo e ir à Junta de Freguesia pedir dinheiro para os medicamentos pode ser pobreza, mas também pode ser gandulice. É pobreza se resultar de circunstâncias alheias à vontade do próprio, é gandulice se for uma opção de vida.

Quando a gandulice se associa a hábitos como retirar as crianças da escola muito antes de chegarem ao termo da escolaridade obrigatória, ou recusar o acesso às filhas por se considerar que não é esse o papel das mulheres a gandulice dá lugar à miséria cultural.

Por cá andamos a fazer de conta que não percebemos o que é óbvio, até houve quem defendesse que as políticas de Sócrates justificava que alguns andassem aos tiros com os outros. Quando um partido como o PCP justifica a criminalidade com o desemprego, sabendo que nenhum dos andam armados na Quinta da Fonte alguma vez trabalharam ou lhes passou isso pela cabeça, é porque neste país andamos mesmo parvos.

Em tempos Cabo Verde foi questionado por não distribuir a ajuda alimentar gratuitamente, em vez disso exigia aos seus cidadãos trabalho em troca dessa ajuda alimentar. Os ocidentais não percebiam que era um erro habituar um povo a receber sem ter que se esforçar. Os resultados estão à vista.

Por cá temos resolvido os problemas da pior forma, gastando dinheiro. Os chamados “intelectuais de esquerda” ficam felizes pois superam os seus traumas ao verem a sociedade espiar os seus pecados. Os governos de direita ou de esquerda dão o assunto por resolvido, os subsídios dão a ilusão estatística de que a pobreza está a ser superada, pouco importando que apenas se tenha transformado em gandulice. A própria Ferreira Leite da primeira vez que abriu a boca foi para dizer que o dinheiro das obras públicas era para distribuir pelos pobres, mas tivemos sorte, na semana seguinte descobriu que não havia dinheiro e deu o dito por não dito.

Talvez seja tempo de abordar este problema de frente e reconhecer que não é com complexos ideológicos e discursos da treta que se resolve, é seguindo o exemplo do governo de Cabo Verde.