domingo, julho 13, 2008

Semanada


Esta semana o país reuniu-se solenemente para concluir que o “estado da Nação” é o mesmo que os portugueses conhecem desde que gastaram o ouro do Brasil. Como é costume assistimos a mais uma sessão de auto-flagelo por parte das elites que nunca demonstraram competência para fazer o país sair da cepa torta.

Se o “estado da Nação” não é grande coisa o mesmo se pode dizer do estado da democracia, assistimos ao primeiro caso de “inside trading” político, com Manuela Ferreira Leite a usar informação privilegiada da Presidência da República para estabelecer a sua agenda política, sincronizando-a com um Presidente da República que nunca se habituou ao facto de ter deixado de ser primeiro-ministro e gosta de presidir com a sensação de que está a governar. Se fosse na bolsa Manuela Ferreira Leite poderia se acusada de crime, mas na política a pouca-vergonha é uma arte e se não fossem algumas vozes tudo passaria em branco, assim Cavaco teve que mandar um dos seus assessores para recados dizer à imprensa que está incomodado com a situação.

Cavaco Silva criticou a “má moeda” mas agora pode ser acusado de jogar à batota com moeda falsa.

Quem também andou a jogar à batota, desta vez com a moeda dos outros, foram os administradores da Galp que conseguiram cometer um erro informático tão perfeito e oportuno que alterando o IVA de 21 para 20% conseguiram manter o preço rigorosamente igual. A pouca-vergonha é tanto que nem nas milésimas estes senhores perdoam.

Menos sorte com o abuso de informação a que não deveriam ter acesso tiveram os 22 jornalistas que vão a julgamento por terem revelado segredos de justiça no Processo Casa Pia. É caso para dizer que “quando o mar bate na rocha quem se lixa é o mexilhão”, com tanta fuga ao segredo de justiça, o que só para manter o fluxo de informação entre o Ministério Público ou a PJ e os jornalistas seriam necessários uma dúzia de polícias ou magistrados, o Ministério Público não conseguiu identificar um único “garganta funda”. Compreende-se, há que proteger os seus, sejam magistrados, polícias ou funcionários judiciais.

O “estado da Nação” é tão mau que assistimos ao espectáculo triste com os professores a exigir mais chumbos a matemática, protestaram contra os exames a matemática, mas a português, onde a taxa de reprovação foi superior, ficaram tranquilamente felizes. Somos o único país do mundo onde os professores ficam contentes por os alunos chumbarem, onde sentem que a sua honra fica defendida se a taxa de reprovação for superior a 70%. Por este andar teremos professores realizados profissionalmente se os chumbos chegarem aos 100%. Talvez seja mesmo tempo de privatizar o ensino e acabar com esta marmelada.