terça-feira, setembro 02, 2008

Umas no cravo e outras tanta na ferradura

FOTO JUMENTO

À venda na Feira da Ladra, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Ints Kalnins / REUTERS]

«Competición de saltos. Un concursante salta al río Daugava en el campeonato de Red Bull celebrado en Riga (Estonia).» [20 Minutos]

A MENTIRA DO DIA D'O JUMENTO

O Jumento já sabe qual vai ser o tema do discurso de Ferreira Leite na preparatória de Verão do PSD, a expectativa dos militantes do PSD que começam a ter dificuldades em recordar os traços fisionómicos da sua líder tem todo o sentido. Ferreira Leite vai dirigir-se aos jovens estudantes para lhes revelar o quarto segredo de Fátima.

O "MAU CAGADOR" DO DIA

O editorial de José Manuel Fernandes no Público é um bom exemplo de que "ao mau cagador até as calças empatam":

«Será que alguém acredita que os portugueses estão mais tranquilos desde que o Governo mandou a polícia com helicópteros para os bairros problemáticos para apanhar umas gramitas de haxixe?» [Público assinantes]

Se há crimes aproveita-se o fenómeno para escrever uns editoriais onde o mal é de não haverem polícias na rua, se os polícias vão para a rua é para apanhar umas gramitas de haxixe. Não há paciência para este director do blogue não oficial de Belmiro de Azevedo.

JUMENTO DO DIA

Mário Nogueira, secretário-geral da FENPROF

Mário Nogueira aproveitou-se dos professores que não foram colocados e fez uma das suas acções, agora junto a um centro de emprego para denunciar a precariedade no sector. Aproveitou para desvalorizar as medidas positivas no sector face ao desemprego, o que não é nada de novo, a defesa corporativa leva-o a considerar que o primeiro objectivo das escolas é empregar professores.

Mas dizer que há precariedade no sector é um abuso, há muito que há professores no desemprego e tal acusação nunca foi feita. A não ser que Mário Nogueira considere que o Estado e os contribuintes devem pagar a professores para os quais não há alunos.

EUROPA PARALISADA E MUTILADA

«No seu número de hoje, um dos mais conspícuos jornais europeus, para empregar um termo caro a Jorge de Sena, como se estivéssemos ainda em plena guerra fria, assevera-nos que "Moscovo desafia as potências ocidentais". Isto a propósito do reconhecimento unilateral de antigos pedaços do seu ex-império, até há pouco incluídos na Geórgia, também ela antigo e até simbólico espaço moscovita.

Infelizmente, esta séria peripécia da política internacional pós-Muro de Berlim e implosão do antigo império soviético só tem a ver com potências ocidentais, se nelas incluirmos os Estados Unidos, a única digna desse nome. E é o caso, mas é como se não o fosse. Em princípio, o título do Le Monde só nos devia dizer respeito, a nós europeus, enquanto apêndices histórico-políticos dos Estados Unidos, única superpotência do Ocidente desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Mas nós sabemos que esta imaginária distanciação europeia dos Estados Unidos é um mito. E que não podemos escapar, por enquanto, a nenhum conflito virtualmente sério, em que os Estados Unidos, na sua expressão superimperialista, estejam envolvido - quer se trate do Afeganistão, do Iraque, quer agora do Cáucaso, confrontado de um dia para o outro a uma nova situação balcânica.

Tudo é americano, mesmo o que não parece ou não devia ser. Não admira por isso que a maior parte da imprensa europeia tenha encontrado, num ápice, os reflexos, as imagens, os clichés mais estafados (e outrora justos ou justificáveis) da antiga guerra fria, com o mesmo Moscovo no papel óbvio do mau da fita. Basta ler a maioria dos jornais portugueses para o constatar. Mas não são os únicos. Como de costume, o olhar mais isento sobre os actuais acontecimentos vem-nos de Inglaterra, o único país europeu, apesar de relativizado no tabuleiro mundial, que ainda merecerá o nome de "potência ocidental". Recentemente, um historiador de Oxford lembrou com pertinência que o actual conflito pouco tem a ver com a grelha de leitura da antiga guerra fria e que o Ocidente faria bem em ter isso em conta. A situação seria comparável à das Malvinas, que a imprensa ocidental nunca diabolizou.

É um bom conselho, o desse intelectual de Oxford, Mark Almond. Se a situação actual não é muito diferente da clássica das Malvinas, em nada isso afecta a sua leitura de um ponto de vista europeu. Não é a Europa - a não ser por impotência ou defeito - que se encontra implicada no Cáucaso. São os Estados Unidos - via Geórgia - e Moscovo - via Ossétia do Sul e Abkhásia - num despique imperialista do mais clássico recorte. A Europa - na medida em que existe como actor histórico digno desse nome - está entre ambos os actores reais desta lamentável peripécia póstuma de uma guerra fria, reactivada na sua lógica absurda pelo ataque às duas torres... que não foi russo e que inaugurou um século XXI onde conflitos deste tipo já não pareciam possíveis. Mas a verdade é que são. O antigo urso moscovita não se mudou num anjo, como a intervenção na Tchetchénia o mostrou para grande exaltação de todos os mosqueteiros da antiga cruzada anti-soviética (de Bernard-Henri Levy a Glucksman). Mas esses reflexos de autocratismo imperial em defesa da sua zona de influência são menos imperialistas e condenáveis que a guerra unilateral do Iraque ou a guerra sem fim do Afeganistão para que uma Europa impotente e indigente se deixou arrastar?

Na mais indulgente das perspectivas, o actual conflito já não releva do antigo conflito maniqueísta entre o Bem (o do mundo democrático ocidental) e Mal (o mundo soviético totalitário) - se isto mesmo não entroniza abstractamente uma visão dualista da História bem discutível ou trágica -, mas do mais tradicional e perene conflito entre duas formas de poder virtualmente imperialistas. E, no caso vertente, o dos Estados Unidos não deixa os seus créditos por mãos alheias. Quem, em nome de uma luta antiterrorismo, sem estatuto definível em termos aceitáveis de democracia planetária, dispôs em torno da nova Rússia um dispositivo de mísseis, como se o Pacto de Varsóvia não tivesse caducado? E na Polónia ainda por cima...

Muitos de nós, europeus, devem à América, histórica e miticamente falando, um reconhecimento sério e inesquecível, mas não ao ponto de o pagar com uma subalternização política, ideológica e até cultural, digna do antigo Império Romano, universalidade virtual a menos. Se a Europa não fosse, como é, uma entidade à procura de existência credível e neste momento objectivamente paralisada, não entraria em transe, como outrora em tempos dos cossacos, de cada vez que a pátria de Catarina, mas também de Tolstoi e Dostoievski, move um peão no seu imenso e complexo tabuleiro. Tabuleiro mundial mas também europeu. Entre os devaneios mais aceitáveis da nossa velha Europa, agora pacífica como um cordeiro, figura o de se imaginar como o continente ideal, medianeiro entre o Novo Mundo (seu antigo filho) e a Rússia.

Mas este belo sonho é também o de uma Europa mutilada, voluntária e absurdamente cortada dessa mesma Santa Rússia há mais de mil anos ortodoxa e tão europeia como a mais românica ou nórdica Europa. Como é possível que a Europa tenha algum futuro digno dos seus sonhos do passado (bons e maus), sem pensar noite e dia nesse espaço naturalmente europeu, sem o qual, como dizia Valéry, a nossa Europa nunca será mais do que um pequeno cabo da Ásia? Não temos que escolher entre os Estados Unidos e a Rússia, ou digamos, entre Walt Whitman e Tolstoi. Mais nos importa partilhar à nossa maneira a visão epicamente universal do destino humano de que ambos foram exemplo. E, antes disso, ou a par disso, lembrarmo-nos da nossa "velha Europa", mãe de todas as utopias universalistas e, hoje, entre parênteses de si mesma, sem mais projecto que a pretensão de arbitrar à la petite semaine, e segundo o impulso dos seus Napoleões virtuais, conflitos que já não estão à altura da sua fraqueza. Ainda por cima, como criada de quarto pressurosa e impotente do único dono do universo.

Nem Afeganistão nem Cáucaso, após a ordem unilateral instaurada depois do 11 de Setembro merecem a nossa lamentável solicitude. Limitemo-nos a dar uma alma a um projecto de Europa que não consegue chegar ao fim dos seus braços. O Ocidente europeu temeu a Rússia durante sete décadas, mas nem por isso a longa e capital história comum deixou de nos importar. Os relentos de cruzadismo que, em tempos, essa ameaça suscitou não têm agora nem a mesma urgência nem o mesmo sentido. É vital para nós que a nova Rússia seja o mais democrática possível, mas não esqueçamos que o nosso ideal democrático ainda tem muito de ideal kantiano - como o de todas as democracias do mundo. Porque nos mobilizamos (em teoria...) tão facilmente contra a nova Rússia, como se fosse uma anti-Europa ou anti-Ocidente, quando há muito a cercámos de Estados ainda menos democráticos que ela e que nunca foram europeus? Não apenas por prudência um caso tão complexo como o do Cáucaso, em que, no mínimo, as culpas são partilhadas, escolher um dos litigantes num conflito em que um terceiro é o actor principal é uma aberração. Só por um passado de má reputação, como numa famosa canção de George Brassens?

Certos países europeus supõem ter o monopólio perpétuo das indignações virtuosas. Nos seus melhores momentos o tiveram ou nós supusemos que o tinham. Mas já não é o caso. No novo contexto planetário a exemplaridade é muito relativa. Bem sabemos o que os custou essa pretensão de sermos, como europeus, "a luz do mundo". Chegou o tempo da modésti, o que não é incompatível com a dignidade. Uma certa imprensa europeia, belicista a título póstumo, lamenta que a Europa não enfrente com determinação a crise actual, chamando à pedra o suposto responsável por ela. Evoca-se o espectro de Munique, a eterna cobardia das democracias. Gostariam que se repetisse o cenário da Jugoslávia ou do Kosovo, fonte próxima desta crise. Em suma, que se pusesse a Rússia na ordem. Só os Estados Unidos conhecem o preço dessa hipotética lição ao seu antigo adversário, e no papel a deixam. Não sejamos mais papistas que o Papa. Os Estados Unidos podem brincar com o fogo e disso não se têm coibido. Não vale a pena ajudá-los numa missa que podem celebrar sozinhos. E não sem risco.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Eduardo Lourenço.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PRISÃO PREVENTIVA PARA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

«Chega hoje ao Parlamento, pelas 'maõs' do CDS/PP, uma proposta para que a prisão preventiva seja aplicada aos agressores de violência conjugal. Teresa Caeiro, que ontem avançou a referida proposta ao DN, explica que o objectivo é o de "retirar a violência doméstica do rol da pequena criminalidade, como se encontra actualmente, de modo a que a prisão preventiva se aplique ao agressor, nestes crimes". » [Diário de Notícias]

Parecer:

Ao contrário do que fez Zapatero por cá nada se tem feito para combater a violência doméstica. A esquerda acabou por permitir que fosse o CDS a tomar a iniciativa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

MARCELO RECUSOU-SE A "LECCIONAR" NA UNIVERSIDADE DE VERÃO DO PSD

«A Universidade de Verão do PSD, que hoje arranca em Castelo de Vide, é a primeira desde 2004 que não conta com o seu professor mais assíduo: Marcelo Rebelo de Sousa. O DN sabe que Marcelo foi convidado para voltar a sua conferência e não aceitou. Desde a liderança de José Manuel Durão Barroso, passando pelas de Pedro Santana Lopes e de Luís Marques Mendes, Marcelo nunca antes faltara.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Será por causa de Manuela Ferreira Leite?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Marcelo.»

NÃO HÁ PRÉMIOS NA FUNÇÃO PÚBLICA

«A atribuição, este ano, de prémios de desempenho aos 5% de funcionários que melhor se distinguiram na administração pública vai ficar pelo caminho. Tudo porque a aplicação do sistema de avaliação de desempenho da administração pública (SIADAP) no ano passado não correu da melhor forma em vários organismos e agora muitos dirigentes não se sentem seguros na distinção dos mais competentes. Assim, ao contrário do que chegou a ser anunciado pelo Governo e reforçado pelo grupo parlamentar do Partido Socialista (PS) na elaboração da lei do Orçamento do Estado para 2008, os prémios de desempenho não vão chegar aos melhores 5%. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Mas que grande reforma!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»

MARCELO: AFINAL O SILÊNCIO JÁ TEM VANTAGENS

«O ex-líder do PSD Marcelo Rebelo de Sousa afirmou hoje, no Porto, que o silêncio do PSD nos últimos dois meses "é mau, mas tem mais vantagens que inconvenientes"."É mau porque houve ruído interno, alguns vice-presidentes falaram, mas tem também a vantagem de permitir a preparação do programa, a solidificação da equipa que tinha chegado à direcção apenas há três meses e vem dar mais força às intervenções que se vão seguir". » [Público]

Parecer:

Este Marcelo cada dia diz uma coisa diferente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Marcelo que partilhe o silêncio de Ferreira Leite.»

UMA BOA NOTÍCIAS

«Até 15 de Agosto arderam em Portugal continental 7231 hectares de matos e povoamentos florestais, ou seja, menos de dez por cento da média da área ardida dos últimos dez anos no mesmo período: 111.522 hectares. Mesmo assim já arderam quase mais dois mil hectares do que o ano passado por esta altura, quando se conseguiu o resultado mais baixo desde o início dos anos 80. A meteorologia e os esforços de vigilância, que têm contribuído para reduzir o número de ignições, ajudam a justificar o número diminuto de incêndios, acreditam os especialistas. » [Público assinantes]

Parecer:

De vez em quando há boas notícias.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a José Manuel Fernandes, o director do blogue não oficial de Belmiro de Azevedo, se vai dedicar um editorial ao tema.»

O JUMENTO NOS OUTROS BLOGUES

  1. O "Agora Blogo Eu" gostou do comentário ao nervosismo de Pacheco Pereira.
  2. O "Pravda Ilhéu" destaca o comentário às ameaças de Alberto João ao juiz Garzón.

YURI BONDER

BUSH E CHENEY

REGRESSO AO EMPREGO

FIFA WORLD CUP SOUTH AFRICA 2010