terça-feira, novembro 25, 2008

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Estátua de D. José, Terreiro do Paço, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Denis Sinyakov / Reuters]

«Pasando frío por los animalitos. Activistas de la organización por los derechos de los animales PETA, entrevistadas durante una protesta contra el tráfico de pieles en Moscú.» [20 Minutos]

A MENTIRA DO DIA D'O JUMENTO

Preocupada com o que sucedeu a Dias Loureiro, que assinou tudo no BPN por não saber nada de contabilidade, Manuela Ferreira Leite vai promover a realização de cursos de contabilidades para os dirigentes em fim de carreira política que pretendam começar uma carreira empresaria, designadamente, a de banqueiro.

JUMENTO DO DIA

Cavaco Silva, presidente da República

O comunicado do Presidente da República acerca do BPN foi um disparate, serviu para desmentir o que ninguém disse. Se ninguém escreveu insinuações ou mentiras, o comunicado só pode ser entendido como sendo um espanta fantasmas, um sinal claro de que Cavaco Silva está muito incomodado com o que está a suceder em torno do BPN, o que, aliás, foi Pedro Passos Coelho.

Cavaco Silva tem razão ao dizer que a Presidência da República deve ser uma "referência de seriedade" mas isso não significa que esteja acima de qualquer escrutínio, ou que os jornalistas nem possam ousar questionar o Presidente da República pelos actos da sua vida privada. Nem o Presidente da República nem nenhum titular de um cargo público está acima desse escrutínio em nome da seriedade ou dignidade das instituições, antes pelo contrário, devem assumir a defesa da transparência.

Quer Cavaco queira, quer não queira as personalidades envolvidas directa ou indirectamente num buraco de mil milhões de euros, que vão ser pagos pelos portugueses, são-lhe ou eram muito próximas, foram seus companheiros de anos de partido ou do governo, onde tiveram uma posição destacada. Poderá não se o actual Presidente da República que está em causa, mas é o cavaquismo que uma década depois está no banco dos réus da opinião pública, e não é por Cavaco Silva ser Presidente da República que os portugueses devem deixar de discutir livremente tudo o que envolve o BPN.

PAGÁMOS O BILHETE, AGORA QUEREMOS VER O ESPECTÁCULO

Os portugueses pagaram um preço demasiado elevado pelas trafulhices do BPN, os mais de mil milhões de euros foi quanto custou o bilhete, demasiado dinheiro para que agora nos escondam toda a verdade sobre o BPN e a teia de negócios e influências tecidas em torno daquele banco.

Não basta transformar Oliveira e Costa no boi da piranha, o buraco é demasiado grande para que as investigações se concentrem no antigo tesoureiro do PSD. É preciso puxar a ponta da meada até às últimas consequência, limpando o Estado dos homens do BPN.

A ENTREVISTA

«A pessoa de Alegre é incontornável, o que lhe acarreta imensas responsabilidades. Pede-se-lhe análise objectiva, não apenas comentário de conjuntura; solidez de argumentos, não apenas posicionamentos; alternativas, não apenas críticas; perspectiva estratégica, não apenas referência a esperanças de mudança; política de alianças para a governabilidade, não apenas simpatias de circunstância; postura construtiva, não apenas capital de queixa. Surpreende a ausência de qualquer posição estruturada sobre as políticas públicas de natureza social, levando a recear que prefira o imobilismo. Defende o controlo das contas públicas, mas não parece aceitar que ele só foi possível com ganhos de eficiência e esforço de sustentabilidade na saúde, na educação, na fiscalidade, na segurança social, na administração pública. Ao primeiro rugir das corporações ou dos interesses, Alegre coloca-se contra as reformas, sem entender a ligação inversa entre ambas. Ignora as escolhas que é necessário fazer todos os dias, entre manter tudo como estava, ineficaz, ineficiente, dispendioso, sem qualidade nem futuro, ou escolher o árduo caminho dos cortes na gordura, da reorientação do gasto, da prevalência do interesse público sobre o interesse de pessoas, grupos, profissões ou corporações. Alegre necessitaria do triplo do orçamento para governar. Assim todos seriam felizes, embora o país se projectasse na falência.» [Diário Económico]

Parecer:

Por António Correia de Campos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

CAVACO, O BPN E O CONSELHO DE ESTADO

«Cavaco Silva entendeu ontem emitir um comunicado onde, em tom indignado, diz não poder "tolerar a continuação de mentiras e insinuações visando pôr em causa o seu bom nome", por tentarem associá-lo ao Banco Português de Negócios e ao caso em que a instituição financeira está envolvida.

O Presidente da República não esclarece que "mentiras e insinuações" são essas, mas, pelas detalhadas explicações que presta logo a seguir, presume-se que estão em causa alegadas ligações directas, profissionais ou relacionadas com a sua vida financeira privada.

Até ontem à noite, nada de relevante foi publicado que possa envolver Cavaco Silva, daquela forma, com o BPN e muito menos com os comportamentos e as operações que agora estão sob escrutínio das autoridades. O comunicado colocado no site da Presidência pode, por isso, parecer estranho: para quê desmentir afirmações que não foram feitas ou contrariar dados que não foram publicados? O que não sabemos é que rumores têm chegado aos ouvidos do Presidente e que perguntas têm os jornalistas feito ao Palácio de Belém sobre o tema que terão justificado esta tomada de posição.

Sobre isto, e sem qualquer dado que as contrarie, só podem tomar-se como boas as explicações do Presidente.

Tem havido, de facto, referências públicas a Cavaco Silva no âmbito do caso BPN. Têm até sido frequentes, mas são de índole completamente diferente. Estas não se referem a qualquer relação directa de Cavaco Silva com a instituição, mas sim à ligação de pessoas que lhe são politicamente próximas.

E, aqui - para além das banais referências biográficas de "... ex-membro do Governo de Cavaco Silva" que geralmente acompanham nomes como o de José Oliveira e Costa, por exemplo, que são dados factuais -, é incontornável o nome de Manuel Dias Loureiro.Dias Loureiro integrou governos liderados pelo actual Presidente da República, primeiro como ministro dos Assuntos Parlamentares e depois na pasta da Administração Interna. Só depois disso se virou para a vida empresarial e chegou aos cargos que ocupou no grupo do BPN, havendo agora dúvidas sobre o seu grau de conhecimento e de envolvimento nas actividades sob suspeita daquele grupo empresarial.

Mas isso não é, só por si, motivo suficiente para envolver, ainda que de forma indirecta, Cavaco Silva no caso. Um antigo primeiro-ministro não pode, em consciência, ser co--responsabilizado para a vida por todos os actos futuros dos membros dos seus governos só pelo facto de o terem sido.

Mas se o ex-ministro Manuel Dias Loureiro não chega para incomodar Cavaco Silva no caso BPN, o mesmo já não se pode dizer do actual conselheiro de Estado Manuel Dias Loureiro.

O comunicado emitido ontem pela Presidência nada refere em relação a isso - porque não seria esse o seu objectivo - mas começa a chegar o tempo para Cavaco Silva dizer se mantém ou não a confiança nesse membro do Conselho de Estado, que foi uma escolha pessoal sua feita há menos de três anos.

O desmentido feito pelo ex-vice-governador do Banco de Portugal, António Marta, à versão de Dias Loureiro sobre a reunião que ambos mantiveram há cerca de sete anos sobre o grupo BPN, são um sério obstáculo à tentativa que o ex-administrador da SLN fez para se demarcar do caso e afecta de forma significativa a sua credibilidade. É certo que em termos formais não recai hoje nenhum ónus judicial sobre Dias Loureiro. Mas pode uma personalidade nestas circunstâncias manter o seu posto de conselheiro de Estado, para onde foi escolhido com a caução da confiança do Presidente da República? Esta é a questão a que, Dias Loureiro primeiro e Cavaco Silva depois, terão que responder rapidamente.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Paulo Ferreira.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

LOUREIRO JÁ ADMITE ABANDONAR O CONSELHO DE ESTADO

«O conselheiro de Estado Dias Loureiro admitiu esta segunda-feira renunciar ao cargo que ocupa se sentir que a actual situação causa “o mínimo incómodo” ao Presidente da República, Cavaco Silva.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Ainda mais incómodo?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Diga-se ao Loureiro de Coimbra que o problema não é incomodar Cavaco Silva é incomodar o país e, se vier a ser constituído arguido, diria mesmo que o problema é envergonhar o país.»

QUESTÃO DE ESTADO?

«"Um Presidente da República desde logo não deve comentar em público questões de Estado e eu não faço comentários em público sobre membros do Governo, não faço comentários em público sobre chefes militares, sobre deputados ou sobre embaixadores", respondeu Cavaco Silva aos jornalistas, citado pela Lusa.» [Diário Económico]

Parecer:

Tudo o que se relaciona com o BP é cada vez mais uma questão de polícia e menos uma questão de Estado.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela apresentação do pedido de demissão de Dias Loureiro.»

QUAIS MENTIRAS?

«O Presidente da República, Cavaco Silva, afirmou esta segunda-feira que "não pode pactuar com insinuações ou mentiras", justificando assim a publicação da nota oficial em que se demarca de qualquer ligação ao Banco Português de Negócios.

"Se não houvesse necessidade [de publicar a nota oficial na página da Internet da Presidência da República], eu não o fazia", afirmou o Chefe de Estado.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Até ao momento não foi escrita qualquer mentira sobre relações entre Cavaco Silva e o BPN, mas sim verdades sobre a relação política e pessoal de Cavaco Silva com alguns responsáveis do BPN. Cavaco quer calar as mentiras ou que o seu nome deixe de ser associado aos cavaquistas do BPN, como Dias Loureiro?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se.»

CAVACO SILVA NÃO PODE DEMITIR DIAS LOUREIRO

«O Presidente da República não pode, de acordo com o Estatuto dos Membros do Conselho de Estado (CE), demitir ou retirar a confiança a nenhum dos conselheiros, nem mesmo os nomeados pelo Chefe de Estado. As razões para saída dos membros é clara no estatuto e é assim, apurou o PÚBLICO, que Cavaco Silva lê a lei.

Confrontado ontem pelos jornalistas numa deslocação a Sines, o Presidente da República voltou a recusar comentar se mantinha ou não a confiança no conselheiro em Dias Loureiro, envolvido na polémica do Banco Português de Negócios (BPN), remetendo os jornalistas para a lei do Conselho de Estado.» [Público]

Parecer:

Então que seja Dias Loureiro a demitir-se.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se a sugestão ao ainda membro do Conselho de Estado.»

EXÉRCITO DOS EUA INVESTE NOS VIDEOJOGOS

«El ejército de los Estados Unidos ha creado una división de videojuegos que se dedicará a desarrollar juegos que sirvan para preparar a los soldados para el combate, según informan en Stars and Stripes.

Ya se ha aprobado un presupuesto de 50 millones de dólares que se invertirán a lo largo de cinco años, a partir de 2010, para crear "juegos de entrenamiento".» [20 Minutos]

ESPERMA DOS PORTUGUESES É O MAIS EFICAZ NO MOMENTO DA FERTILIZAÇÃO

«Tras analizar la calidad del esperma europeo, el estudio del IVI evaluó también su funcionamiento, es decir, su capacidad para lograr una gestación, y ahí los españoles lograron situarse en la segunda posición, solo por detrás de Portugal. » [lasprovincias.es]

ASSOCIAÇÃO EMPRESARIAL JAPONESA PEDE AOS TRABALHADORES PARA FAZEREM AMOR

«Ala mayor organización empresarial del Japón, Keidanren, le preocupa que los trabajadores del país no tengan suficientes relaciones sexuales.

El grupo recomendó a las 1,632 compañías que lo componen iniciar las llamadas semanas familiares, que dan a los empleados más tiempo para jugar con los chicos y tener más hijos a fin de revertir una tasa de natalidad menguante. Un sondeo de la Asociación de Planeamiento Familiar del Japón entre cerca de 3,000 personas casadas menores de 49 años muestra que las parejas tienen menos relaciones sexuales porque los largos días laborales les dejan poca energía.» [El Nuevo Herald]

NO CÂMARA CORPORATIVA

O "manual de guerrilha urbana":

«E-mail a circular entre os professores (reproduzido da caixa de comentários deste post):

«Dar à Sra. Ministra um pouco do seu veneno...

Colegas,

A está a pôr à prova a nossa união. Como devem saber, já começámos a receber as indicações para utilizar a aplicação informática on-line para mandar os objectivos individuais.

Eu sou amigo de um dos engenheiros informáticos que criaram esta aplicação naquela altura [Governo PSD/CDS] que houve problemas com os concursos. Lembram-se?

Então, é assim: podemos devolver o presente envenenado à Sra. Ministra. Como?

Simplesmente bloqueando a aplicação. E para isso basta introduzir três vezes a password de forma errada. Se todos o fizermos, o ME fica com um problema: 140 000 aplicações bloqueadas. Bloqueadas para a avaliação, para os concursos, para tudo... Para melhorar a situação, os engenheiros informáticos que criaram a aplicação já não trabalham para o ME.

No meu agrupamento, vamos fazê-lo todos juntos. Vamos ligar um computador à net no bar e um por um, com os outros como testemunhas, vamos bloquear a nossa aplicação.

Passem este esta informação, via e-mail e, se entenderem fazê-lo, melhor. Vamos dar à Sra. Ministra um pouco do seu veneno.

Continuemos unidos e ninguém nos vencerá. Vamos vencer a ditadura.»

E «agenda da próxima semana":

«Os professores estarão, na próxima semana, em protesto nacional, descentralizado pelas capitais de distrito:

25 de Novembro - Norte;

26 de Novembro - Centro;

27 de Novembro - Grande Lisboa;28 de Novembro - Sul.

O corolário de toda esta mobilização é, naturalmente, o início, no dia 29 de Novembro, do XVIII Congresso do PCP.»

KATERINA

LAVAZZA