sábado, novembro 01, 2008

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Fazendo pela vida na Rua Augusta, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Hannibal Hanschke / Reuters]

«Último vuelo. Un avión Junkers Ju-52, uno de los que participó en el Puente de Berlín entre 1948 y 1949, despega del aeropuerto berlinés de Tempelhof. Despide así al histórico aeródromo, que cierra sus puertas tras 85 años de servicio.» [20 Minutos]

JUMENTO DO DIA

Gonçalo Castilho dos Santos, secretário de Estado da Administração Pública

Ficámos a saber que o afilhado de Teixeira dos Santos que mo ministro das Finanças promoveu a secretário de Estado da Administração Pública tem um grave desvio psicológico, está convencido de que é um comboio.

«"Trabalhadores, serviços e dirigentes que não estejam com a reforma serão trucidados", afirmou o governante, no encerramento do Congresso Nacional da Administração Pública. Para Castilho dos Santos, os funcionários devem ter a noção de que "a reforma já não pode andar para trás", pelo que "trucidará quem não estiver com ela".» [Correio da Manhã]

ESPECTÁCULO TRISTE

É um espectáculo triste ver um capitão de Abril ameaçar o governo de uma democracia com a força das armas se este não mantiver as mordomias dos oficiais das armadas. Foi isso que fez Vasco Lourenço ao afirmar que "quando quem faz uma asneira e tem uma arma a asneira é muito pior". Nunca um militar foi tão longe nas ameaças veladas.

É triste por que já vi greves e manifestação de muitos grupos profissionais que poderiam usar o poder das suas "armas", sem que algum ameaçasse o país. São precisamente os militares que o fazem. Alguém devia perguntar a Vasco Lourenço se pensa que está na Venezuela e que o facto de ter dado o seu contributo para a democracia não significa que detenha uma quota maioritária na democracia portuguesa.

O TINO DE RANS DO OHIO

«Samuel Wurzelbacher é daqueles tipos que vivem de apanhar boleias. Encosta-se a quem tem motor próprio e aí vai ele. Quando, amanhã, se falar nas presidenciais de 2008 - na eleição do homem mais poderoso do mundo -, ocorrer-nos-ão os quatro nomes dos pares democrata e republicano, e o dele. Quer dizer, o nome artístico de Samuel Wurzelbacher: Joe, O Canalizador. No entanto, Joe, O Canalizador, é um sub-Tino de Rans. Se bem se lembram, o nosso Tino saltou para a arena depois de um discurso que fez num congresso do PS. Joe, O Canalizador, nem isso: levou uma pergunta fisgada num bolso e soletrou-a perante o adversário Obama. Porque lhe dava jeito, McCain citou--o num debate e lançou-o para o estrelato. Tino de Rans teve um contributo social: pôs Portugal a escrever bem o nome da sua freguesia, Rans, não Rãs. Joe, O Canalizador, nem isso. Mas agora já tem um relações públicas, vai editar um disco e lançar um livro. A última vez que o ouvi já estava a perorar sobre Israel. Felizmente para ele, ninguém trazia um mapa fisgado no bolso e lhe pediu para apontar onde ficava o país. Nada pior na política porca que um pequenino amador.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

ASSIM SE COMEÇA

«No essencial, a eficiência da máquina de propaganda de Sócrates não vem do exército de assessores que trabalham directamente para ele, de "gabinetes de comunicação", de empresas de comunicação que o Estado contratou (e contrata) ou de jornalistas "colaborantes". Não vem sequer do oportunismo, ou do temor, de certa imprensa e de certa televisão, ou da RTP e da RDP ou de "pressões" de vária ordem, que alegadamente os maiorais do regime aplicam com grande regularidade e método. Tudo isso ajuda e é com certeza indispensável. Mas já houve quem quisesse fazer o mesmo, sem resultado que se visse. Porquê? Porque a eficácia de uma máquina de propaganda depende antes de mais nada da disciplina política. O que Sócrates conseguiu foi impor uma disciplina, e uma disciplina severa, ao Governo, à burocracia e ao partido. Como no comunismo clássico, Sócrates tem uma "linha" sobre qualquer assunto que interesse à saúde e sobrevivência da maioria. Ninguém sabe quem decide a orientação e os pormenores dessa linha.

Provavelmente, o próprio Sócrates, com a sua eminência parda, Pedro Silva Pereira, um ou outro ministro (conforme a ocasião e o assunto) e um pequeno grupo de "peritos". Por natureza, a "linha" não pode "dar" muita informação. Se "desse", não entrava na cabeça dos gnomos que a repetem e, principalmente, do público em geral. Para cada pergunta (sobre o Orçamento, a oposição, o mundo) basta uma resposta: simples, curta, final. Não é grave se a resposta for falaciosa ou hipócrita, ou não for, como costuma suceder, resposta nenhuma: a insistência, a convicção e a unanimidade acabam sempre por convencer os tolos. Quem leu a longuíssima entrevista de Sócrates (na semana passada) ao Diário de Notícias ficou certamente espantado com a vacuidade da coisa. O primeiro--ministro, também ele, não saiu um milímetro da "linha" oficial: da crise financeira a Manuela Ferreira Leite disse e redisse o que diria um "militante consciente" (para usar a antiga expressão do PCP). E, no dia seguinte, na TVI, Augusto Santos Silva voltou a servir a ladainha. Pior ainda: ao fim de quatro anos, pouca gente escapou à "língua de pau" deste regime. Claro que, entretanto, a realidade desapareceu de cena. A realidade económica e financeira, e a realidade política. Os portugueses, por exemplo, estão longe de perceber o sarilho em que os meteram e a humilhação do Presidente da República é reduzida a uma insignificância e atribuída à democrática vontade do PS. Assim se começa.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Vasco Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O BARULHO DAS LUZES

«Por que é que vamos ter, sem concurso, sem explicações ao povão, uma muralha de contentores entre Lisboa e o Tejo?

No barulho das luzes passam por nós coisas importantes, sem lhes prestarmos a devida atenção. Nos tempos que correm, em que todos falam da Crise, há muitas coisas (boas e más) que se perdem na confusão.

Primeira, na confusão da apresentação e discussão do Orçamento (já de si, ele próprio, muito confuso) alguém pretendeu fazer aprovar uma impensável alteração à lei do financiamento dos partidos. Felizmente, foi um "erro" sem autor, porque a culpa tem de morrer solteira.

Fica, agora, claro por que é que o Orçamento de Estado (OE) deve ser apenas isso: uma lei orçamental. Leis para serem alteradas devem sê-lo sempre fora do contexto do OE; neste devem figurar apenas alterações às taxas de impostos, actualizações de escalões, autorização de despesas, etc. Mas alterações à legislação, como alterações ao sigilo bancário ou financiamento dos partidos, têm mérito para serem discutidas por si. Se o Presidente da República quisesse vetar a alteração ao financiamento dos partidos teria que vetar o próprio OE. Seria absurdo.

Apareceu também, segunda noticiazinha, o negócio dos contentores em Alcântara. Estou certo de que este facto e o anteriormente relatado não estão relacionados. Mas não basta à mulher de César ser honesta, é preciso também parecer. E também é verdade o seu converso: não basta à mulher de César parecer honesta, é preciso também ser. Na barafunda da crise parece valer tudo, mas não vale. Só por ser legal, não passa a ser legítimo sem se darem as devidas satisfações aos lisboetas. Se o fizessem na cidade do Porto caía a Torre dos Clérigos, porque no Norte não são para brincadeiras e com razão. Por que é que vamos ter, sem concurso, sem explicações ao povão, uma muralha de contentores entre Lisboa e o Tejo? Miguel Sousa Tavares está a organizar um abaixo--assinado contra tal projecto, que eu já subscrevi. Ficamos a dever-lhe a coragem cívica e, desde ontem, também a coragem física em defender esta causa. (Quem mandou os estivadores para a frente da câmara?). O dr. Mário Soares chamou-lhe "Uma vergonha, que só pode resultar, como se suspeita, de amplas negociatas...". Eu não diria melhor, com reticências e tudo.

Uma terceira referência, no barulho das luzes e na confusão da crise: é sempre refrescante ler os artigos de Desidério Murcho, no P2 deste jornal. Têm o tamanho certo e levam-nos a pensar, o que é sempre útil, especialmente, neste mundo de sensações e de reacções. Um mundo de pouca ponderação e pouco pensamento e vivido mais pelo instinto do que pela razão. Aconselho a leitura e agradeço-lhe, mesmo sem o conhecer.

Já que falo de ponderação e pensamento, em quarto lugar, vale a pena chamar à atenção (lá vem a crise) que Keynes não foi ressuscitado pela Crise. Pela simples razão de que Keynes não tinha morrido e só um ignorante em macroeconomia poderia pensar tal coisa. Ele foi o fundador da Macroeconomia como corpo de conhecimento dentro da teoria económica. Todos os fundadores de alguma disciplina do conhecimento, 70 anos volvidos, estão na história do pensamento, mas não morrem. Não conheço nenhum macroeconomista que não tenha começado por Keynes, depois Hicks, Samuelson, Friedman, seguido de Tobin, Mundell, Solow, Lucas, Phelps, etc. A ordem é razoavelmente indiferente e a lista é infindável, só refere alguns nobelizados e que, portanto, já fazem parte da História.

E, já agora, a fúria de regulamentação que se avizinha podia (e devia) esperar pela análise da crise. Mas os políticos andam felizes e estão impacientes. Parece-me que vão amputar a perna quando o braço é que estava partido e deviam esperar pelas análises antes de passarem a receita. Tenho para mim, mas estou totalmente disponível para ser convencido do contrário, que, genericamente, o que precisamos é de melhor regulação e de regulação mais abrangente. Duvido que precisemos de mais regulação. Há dias, um colega de finanças informou-me que os CDO (Collateralized Debt Obligations) tinham ou têm um prospecto com 750 mil páginas! Agora digam-me: precisamos de mais regulação ou melhor regulação? Os bancos de investimento americanos (e afins) que estiveram no centro da crise, aliás, basicamente já não existem enquanto tais. Mas a banca de investimento não estava regulada pelo Fed, contrariamente à banca de retalho. Ou seja, não precisamos de mais regulação o que precisamos é de regulação mais abrangente. E este problema nem se coloca no caso da Europa continental onde, genericamente, toda a banca é supervisionada pelos respectivos bancos centrais.

Por último quero salientar o novo blogue da SEDES: blog.sedes.pt. É costume dizer-se "passe a publicidade", eu não digo tal porque não minto; estou mesmo a fazer publicidade e de borla. Mas recomendo a visita ao blogue pelas pessoas que nele participam; são pessoas de sensibilidades políticas muitíssimo diferenciadas, gerações misturadas, umas muito conhecidas outras nem tanto, com interesses muito díspares, da arte à ecologia ou à economia... É um blogue aberto à participação de quem quiser, onde se discutem assuntos mas não se atacam pessoas. (1)

Aqui ficam algumas notas sobre assuntos da crise e fora da crise, mas assuntos que nos passam ao lado por causa da Crise. É que no barulho das luzes às vezes toca-se música, da boa e da má. Professor universitário

(1) Já agora, para alguns que estão já a pensar que me estou a gabar por, agora, ser o presidente da SEDES, aqui fica: os louros da coisa são, antes de mais e acima de tudo, do meu colega e amigo Pedro Pita Barros. » [Público assinantes]

Parecer:

Por Luís Campos e Cunha.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

MELHOR FOTOGRAFIA DO ANO DA VIDA SELVAGEM

«Vive nas montanhas da Ásia central e é muito difícil de ser apanhado, sobretudo por uma câmara fotográfica. Foram precisas 14, com controlo remoto, feitas num material especial para resistirem a 40 graus negativos, colocadas em 45 sítios (tantos quantos o leopardo marcou como seu território), durante 13 meses, a 3962 metros (13 mil pés) de altitude, no Hemis National Park, na Índia, para que Steve Winter conseguisse, numa manhã, ter a surpresa de ter "apanhado" o leopardo-das-neves. Mas valeu a pena tanto esforço, já que o fotógrafo norte-americano da revista National Geographic ganhou o prémio de Melhor Fotografia do Ano, no prestigiado concurso promovido pelo programa da BBC sobre vida selvagem e pelo Museu de História Natural, de Londres, no Reino Unido.» [Diário de Notícias]

MFL AUMENTAVA O DÉFICE

«Manuela Ferreira Leite assumiu que as propostas que o PSD vem defendendo para o Orçamento do Estado de 2009 poderiam vir a aumentar o défice nacional. Em entrevista ao programa Negócios da Semana, na SIC Notícias, a presidente do PSD disse que as medidas sociais-democratas iriam ter um custo acrescido de 780 milhões de euros, com uma repercussão de 0,4% no défice.

A conversa de Ferreira Leite com os dois jornalistas só foi para o ar na quarta-feira à noite, já bem tarde, mas ontem foi motivo de discussão nos vários sectores do partido. Do grupo de Pedro Passos Coelho ao de Luís Filipe Menezes, passando pelos acólitos de Pedro Santana Lopes, hoje em dia recolhidos no mais profundo dos silêncios à espera da decisão sobre a candidatura à Câmara de Lisboa. A ideia geral é a de que houve "recuos" em relação à posição sobre o aumento do salário mínimo nacional e "confissões arriscadas" no que toca às declarações sobre o OE/2009.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Foi o que fez no governo com Durão Barroso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver o debate orçamental.»

JÁ ESTÃO À PROCURA DE OUTRO LÍDER PARA O PSD

«Cinco meses depois dos militantes sociais-democratas terem escolhido Manuela Ferreira Leite como sucessora de Luís Filipe Menezes, os críticos internos da actual liderança já procuram uma alternativa, preocupados com a descida do partido nas sondagens e com a perda de "simpatia" do eleitorado por posições como a contestação ao aumento do salário mínimo nacional. Apesar disso, a presidente do PSD manterá o discurso de defesa das empresas e das propostas de alteração ao Orçamento, que ontem lhe valeram duras críticas do Governo. » [Jornal de Notícias]

Parecer:

Faz sentido, MFL chegou à liderança do PSD graças às más sondagens no tempo de Luís Filipe Menezes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Reserve-se lugar na primeira fila.»

DURÃO BARROSO TIRA TAPETE A FERREIRA LEITE

«Bruxelas vai avançar a 26 de Novembro com um plano para relançar a economia europeia. O principal objectivo é minimizar os efeitos da crise sobre o emprego e o poder de compra dos cidadãos. O anúncio foi feito ontem pelo presidente da Comissão Europeia depois da reunião extraordinária do colégio de comissários, em Bruxelas.

Durão Barroso apelou à procura de fontes alternativas de rendimento, apontando as parcerias público-privadas como forma de colmatar a falta de orçamentação dos governos europeus, bem como o investimento público para promover o crescimento e o emprego.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Só mesmo MFL se lembraria de suspender o investimento público num ambiente de crise como a actual.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento a MFL.»

DIRIGENTE DO PNR ACUSADO DE APOIO À EMIGRAÇÃO ILEGAL

«O seu partido destaca-se pelos ata-ques à presença de imigrantes no nosso país, mas o Ministério Público (MP) quer levá-lo a julgamento pela prática de crimes de apoio à imigração ilegal. António Frazão é um destacado militante do Partido Nacional Renovador (PNR), tendo mesmo fundado no ano passado o núcleo de Sintra, altura em que seria já responsável pelo funcionamento de quatro casas de prostituição na zona da Grande Lisboa, onde eram exploradas cerca de três dezenas de mulheres ilegalmente imigradas em Portugal.» [Público assinantes]

Parecer:

Maroto.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Leve-se o xulo a julgamento.»

O JUMENTO NOS OUTROS BLOGUES

  1. O "Direito de Opinião" sugeriu o post " a devassa".
  2. O "Spotmeter 98" foi incluído na lista de links.
  3. O "Aberratio Ictus" faz uma pergunta interessante.
  4. O "Arre Macho " acha que eles andam aí.

A NIGHT WITH THE JERSEY DEVIL

A música de Bruce Springsteen para o Holloween 2008

SVETLANA FIL

WASSUP

2000

2008