quinta-feira, janeiro 15, 2009

Embustes parlamentares


José Sócrates decidiu dizer à deputada do PCP em representação dos Verdes aquilo que toda a gente sabe mas por hipocrisia não se diz, que a representação parlamentar dos Verdes é um embuste e até tem um grupo parlamentar para que o PCP beneficie das regras de funcionamento do parlamento. É evidente que os verdes quase não existem em termos eleitorais, se fossem a votos não conseguiriam ter os votos necessários para eleger um presidente de Junta.

Há anos que o PCP partilha os seus votos por falsos verdes que quase repetem o discurso oficial do partido. Para além de proporcionar ao PCP dois grupos parlamentares este truque permite ao PCP concorrer com uma falsa coligação, que para além de ar um ar mais abrangente à candidatura lhe permite assumir seu próprio programa político, concorrendo com uma versão soft e politicamente conveniente.

Só que o que não falta no parlamento são embustes, deputados que estão lá em representação de si próprios pois tal como os Verdes não se conseguiriam eleger presidentes de juntas. É o caso, por exemplo de deputados independentes do PS como Matilde Sousa Franco ou do PSD como os monárquicos.

Para além das boleias parlamentares resultantes dos independentes ou das falsas coligações há ainda a considerar os famosos pára-quedistas, barões, condes e marqueses da corte partidária da capital, cuja presença no parlamento os partidos não prescindem.

A verdade é que os partidos não concorrem para escolher delegados, concorrem para aferir qual a quota que cada partido tem no parlamento, pouco importa quem são os deputados, se são independentes que foram de boleia ou falsos verdes. Estabelecida a quota de cada partido tem direito aos seus votos e tudo corre bem se não se baldarem todos ao mesmo tempo.

O termo quota é mesmo o mais apropriado, o próprio Manuela Alegre defendeu há poucos dias que tinha uma quota na maioria absoluta do PS, sendo evidente que todas as traquinices que tem feito é para converter essa quota em deputados. No PSD também vão ser evidentes as manobras das várias correntes para aumentarem as respectivas quotas dentro do seu grupo parlamentar.

Os Verdes não passam da cessão de uma pequena quota, a necessária para constituir um falso grupo parlamentar, o mesmo sucedendo com uma boa parte dos deputados, começando pelos independentes.

Daqui a uns meses vamos voltar a votar nestes embustes.