quarta-feira, janeiro 28, 2009

Perplexidades freeportianas

Dizem os jornais mais insuspeitos neste processo, aqueles que parece terem um acampamento nos seus dossiers, que o homem da Freeport queria falar com Sócrates, então ministro do Ambiente, porque se queixava de lhe quererem extorquir dinheiro. Então porque andam todos a imaginar Sócrates a receber luvas e ninguém pergunta ao homem quem lhe andava a pedir dinheiro.

Diz António Cluny, o sindicalista que nestes processos que costumam decapitar as lideranças do PS aparece sempre em defesa dos interesses laborais dos magistrados do Ministério Público, que o Governo se deve abster de influenciar as investigações através da tutela do ministério da Justiça sobre a PJ. Mas uvi alguém dizer que o Ministério Público avocou as investigações por considerar estarem paradas. Ora se são os seus camaradas do Ministério Público a investigar como é que o Governo pode influenciar essas negociações?

Ao que parece o primo de Sócrates, que tinha uma empresa chamada “Neurónio Criativo” (com um nome destes só podia dar bosta), aproveitou-se do parentesco com o ministro e tentou ganhar umas encomendas. Afinal o neurónio idiota da família acabou por levar sopa e a empresa só durou dois meses. Se assim foi onde é que está o tráfico de influências? O único tráfico que aqui vejo é o da estupidez.

Dizem que processo foi muito rápido o que num país onde a regra é tropeçarmos com maus cagadores a quem até as calças empatam é motivo de suspeita. Ninguém questiona a legalidade, as dúvidas no domínio ambiental foram desfeitas pelo arquivamento da queixa da Querqus pela Comissão Europeia, o que se questiona é a pressa sendo esta medida não a partir do primeiro pedido, mas depois de ser apresentada uma terceira versão depois de dois chumbos. Bem, parece que a celeridade é crime ou, pelo menos um bom motivo para lançar suspeitas e considera-se uma decisão rápida quando esta é adoptada à terceira tentativa.

Toda esta confusão começou com, um famoso DVD que mão amiga terá feito chegar a uma jornalista do SOL, aliás, uma jornalista muito conhecida dos investigadores portugueses, ao que parece eles investigam e depois ela investiga o que eles investigaram. Se toda esta trapalhada ganha forma com o DVD então porque razão o mesmo não foi apreendido. Ou será que a mão amiga da jornalista já o fez chegar aos investigadores.

Ao que parece o processo estava parado, ainda que o Procurador-Geral esperava meses por resposta das autoridades britânicas o que nos leva a pensar que não estaria assim tão parado. Mas partindo do princípio de que a justificação do reinício das investigação faz sentido então seria bons sabermos quanto tempo consideram os nossos investigadores razoável para um processo de tão grande importância estar parado? Este parece ter estado parado três anos os que nos faz pensar que se a legislatura demorasse dez anos estaria parado mais seis.

Dizem que o Ministério Público tem poucos meios, isso leva-me a pensar que teve que aliviar a Operação Furacão (quem terá sido o infeliz que designou por Furacão uma operação que mais parece uma Brisa?) para investigar o BPN. Agora não me admiraria nada que tenha de aliviar as investigações do BPN para concentrar os esforços no Freeport. Isto é deixa-se de investigar um processo que deu mais de 600 milhões de euros aos contribuintes para tentar encontrar uns milhões que um administrador da Freeport de Londres desviou (sabe-se lá com quantas meninas andou o homem) da empresa comprada pela Carlyle. E o que é que se descobriu? Que o neurónio criativo queria ganhar algum à custa do primo.

Não sei se hei-de rir se chorar, anda por aí alguém a gozar com o país. E estou a ser optimista, senão até poderia pensar que alguém quer matar dois coelhos com a mesma cajadada, livrar os amigos do BPN e dar o governo a uma Ferreira Leite que não conseguiu convencer. Aliás, três coelho, com a mudança de governo o PSD manifestaria a sua eterna gratidão, não só devolveria as mordomias corporativas da classe média (muito) alta dos corredores de mármore e ainda lhes dava uma praia na Messejana, como chegou a prometer o capitão de Beja aos seus soldados.

Bem, que gastem o dinheiro dos contribuintes a brincar à justiça e aos justiceiros vá lá que vá lá, mas por favor, não me gozem..