quinta-feira, janeiro 01, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

Ok, se querem ir para 2009 então divirtam-se, por mim refiro regressar a 2008. Avisem-me quando derem as entradas por bem empregues, eu volto a accionar a contagem decrescente, por agora canto com o Toni de Matos "Ó tempo volta para trás":

FOTO JUMENTO

Fogo de artifício

IMAGEM DO DIA

[Mohammed Salem/Reuters]

«A Palestinian boy watched the burial of 4-year-old Lama Hamdan and her sister Haya at the Beit Hanoun cemetery in the northern Gaza Strip. The two sisters were killed in an air raid as they were taking out the trash near their home, medical workers said. So far in the offensive, more than 350 Palestinians, about 60 of them civilians, have been killed, according to the United Nations. Four Israelis -- three civilians and a soldier -- have been killed.» [The New York Times]

A MENTIRA DO DIA D'O JUMENTO

Graças a uma dica de um assessor de Cavaco Silva (o tal que anda em tantas redacções dos jornais a dizer o que Cavaco vai dizer que mal para no gabinete) O Jumento está em condições para antecipar ainda antes de Manuela Ferreira Leite o que o Presidente vai dizer na sua mensagem de Ano Novo.

Cavaco Silva não se conforma com a passagem do ano e vai explicar a razão porque não a promulgou, enviando-a para o Tribunal Constitucional. Assim, os portugueses estarão em 2008 até que os juízes do TC se decidam a concluir se é ou não constitucional a passagem de 2008 para 2009.

JUMENTO DO DIA

José Azevedo Pereira, director-geral dos Impostos

O director-geral dos Impostos esteve à espera até ao meio dia de ontem para desejar um bom ano de 2009 aos funcionários da DGCI, só o fez quando a receita resultante da cobrança de dívida coerciva foi alcançada, dado que foi mantido no maior segredo até esse momento. Revelando uma qualquer mania da perseguição o director-geral dos Impostos ainda falou de quem apostasse que não o conseguiria. Ridículo.

E SE CAVACO SILVA TIVESSE DISSOLVIDO O PARLAMENTO

Se Cavaco Silva tivesse decidido dissolver o Parlamento como alguns defendem isso levaria à conclusão que para o Presidente da República os deputados teriam que concordar sempre com ele, em vez de representarem os eleitores passaria a representar o Presidente e, em limite, antes de votarem qualquer diploma teria que consultar Belém.

A reacção de Cavaco Silva foi desproporcionada e revela alguma dificuldade em conviver com a democracia.

AVES DE LISBOA

Petinha-dos-prados [Anthus pratensis]

O ANO DAS MÁS NOTÍCIAS

«O fim do ano é sempre paradoxal. Ainda sem termos percebido bem o que aconteceu no ano que está a acabar, eis-nos tentados a adivinhar o que poderá acontecer no ano que vai começar. Como 2008 parece querer terminar numa nota ácida, a aposta mais segura para 2009 é prever uma época sinistra. Em Novembro, Angela Merkel propôs-se logo baptizar 2009 como o "ano das más notícias". Será assim?

A única coisa de que podemos estar certos acerca de 2008 é que a sua história foi muito mal contada. Foi mal contada até meio do ano, quando todos tínhamos já aprendido que a "globalização" fizera subir os preços e que era preciso apertar o crédito para evitar a inflação. E talvez esteja ainda a ser mal contada agora, depois da "crise", quando governos e bancos centrais deitam dinheiro à rua, para prevenir a deflação. Se os nossos profetas não acertaram acerca do que se estava a passar em 2008, mesmo em frente deles, por que razão deveríamos acreditar na sua capacidade para adivinhar o que se há-de passar em 2009?

Ao princípio, convenceram-nos de que o mal estava todo em meia dúzia de banqueiros "criminosos". Agora, com a indústria automóvel de mão estendida aos subsídios, torna-se claro que a chamada "economia real" nunca esteve inocente. Um dia haveremos de ver as coisas ainda mais nitidamente. Talvez cheguemos então a compreender como o esforço dos governos, durante a última década, para adiar a adaptação das sociedades ocidentais à "globalização", nos arrastou até às presentes dificuldades. Entretanto, veremos em 2009 se o endividamento público é mais eficaz do que o privado para manter uma prosperidade que queremos merecer sem ter de trabalhar.

Outra história mal contada foi a da eleição presidencial americana. Ao princípio, esquerda e direita uniram-se para nos apresentarem Obama como o Presidente que ia virar o mundo do avesso, rendendo-se a Ahmadinejad e importando para a América o "modelo social" europeu. Obama foi eleito, mas sem dinheiro para revoluções sociais e com o secretário da Defesa de Bush. Entretanto, o unilateralismo da Rússia no Cáucaso, a ofensiva dos jihadistas em Bombaim e a guerra reeditada na Faixa de Gaza começam a sugerir que, afinal, Bush não era o único problema do mundo. A opção de Obama, até agora, tem sido a de permanecer insondável. Clinton II continua a perspectiva mais plausível. É muito provável que já estejam feitos os sapatos que lhe hão-de atirar.

Em Portugal, também tivemos uma história mal contada: a do "fim de Sócrates", esmagado entre as tenazes da oposição. Uma das tenazes era a acção dos órgãos sindicais do PCP, conhecida no mundo jornalístico pelo pseudónimo de "contestação social". A outra tenaz foi, ao princípio, o irresistível "populismo" de Menezes, depois substituído pela não menos invencível "seriedade" de Ferreira Leite. O PCP cumpriu o seu papel, alugando os necessários autocarros para trazer a função pública a marchar em Lisboa; mas o PSD não funcionou, nem quando pressupôs que o povo era irresponsável (com Menezes), nem quando decidiu fazer de conta que o povo era responsável (com Leite). Talvez a oposição precise de mudar de povo para mudar de governo.

Nas previsões mais pessimistas para 2009, há uma espécie de optimismo ao contrário: a de que o ano novo nos trará, a bem ou a mal, um mundo novo. Queremos notícias sensacionais, mesmo que más: a crise no seu auge, uma grande decisão dramática de Obama, uma convulsão política em Portugal. Desde 2001 que andamos preparados para um apocalipse. O Iraque prometia uma catástrofe vietnamita: tudo acabou, no entanto, com um acordo de retirada. Al Gore, com o seu aquecimento global, também gerou esperanças - mas afinal, continua a chover e a fazer frio. Muito provavelmente, 2009 irá decepcionar-nos. Continuaremos à espera do "pior da crise", Obama conservará o seu mistério, e as sondagens recusar-se-ão a alegrar a oposição portuguesa. A pior notícia talvez venha a ser a falta de grandes notícias.

a A evolução pós-constitucional da república portuguesa. 29 de Dezembro de 2008, com a promulgação do Estatuto Político-Administrativo dos Açores pelo Presidente da República, ficará como uma das datas fundamentais da democracia portuguesa. Foi o momento em que, libertando-se dos últimos vestígios de pudor, a classe política assumiu que em Portugal os mais pequenos interesses eleitorais dos partidos estão acima da lei e do respeito pela lei. Há Estados de direito, e há Estados de partidos. O nosso é manifestamente desta segunda espécie. O Presidente da República avisou o país. Mas haverá um país para o ouvir?» [Público assinantes]

Parecer:

Por Rui Ramos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PS ESPERA UM CAVACO MAIS CALMO NA MENSAGEM DE ANO NOVO

«Depois da duríssima mensagem de Cavaco Silva sobre o Estatuto dos Açores, o PS antecipa agora um discurso mais moderado do Presidente da República na mensagem de Ano Novo. Entre os socialistas sublinha-se que não é possível no futuro manter o registo de violenta crítica usado segunda-feira pelo chefe do Estado. Até porque, referiu ontem ao DN fonte socialista, a suceder este cenário "então começariam a surgir vozes a pedir ao Presidente da República que seja consequente" - entenda-se, que dissolva a Assembleia da República.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Esperemos que Cavaco não questione a constitucionalidade da passagem a 2009.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver o que Cavaco vai dizer.»

A GUERRA CHEGA AO YOUTUBE

«O Exército de Israel colocou os seus próprios vídeos dos bombardeamentos de sábado sobre a Faixa de Gaza na página na Internet da comunidade de partilha de vídeos Youtube.

Os vídeos, que estão disponíveis no endereço online foram colocados pelo Exército com o pressuposto de contribuir para distribuir a sua «mensagem ao mundo», segundo o departamento de comunicação das Forças Armadas Israelitas. » [Portugal Diário]

O BAILE DAS DEBUTANTES DO TEXAS [imagens]

ASH

CARTOON: O JANTAR DE DESPEDIDA DE BUSH

AMBOSS