sábado, abril 18, 2009

Informação ou propaganda fascista?

Na base da informação está a notícia, um facto novo que o jornalista acha que é merecedor de chegar ao conhecimento público. Cabe ao jornalista documentar-se, ouvir os envolvidos sobre por esse facto novo, ouvir especialistas e, se o entender, comentar esse mesmo facto. É evidente que há aqui espaço para muita manipulação, desde logo pela simples selecção ou exclusão de um facto novo para o noticiar, pela forma como o mesmo é analisado ou comentado. Mas é para isso que há pluralidade na comunicação social, se eu não gosto da forma como a notícia é tratado num jornal deixo de o ler e opto por outro.

Nada impede que uma notícia seja mais tarde recordada a propósito de uma situação similar ou mesmo porque gerou expectativas, por exemplo, se alguém foi constituído arguido por suspeita de ter cometido um crime é compreensível que alguém se lembre de questionar sobre se vai e quando vai a julgamento.

Mas se um jornalista usa o mesmo facto repetidas vezes já não soba a forma de novidade mas sim tratado de forma a induzir uma determinada conclusão e, ainda por cima, sem proporcionar qualquer hipótese de contraditório, já não está a produzir a notícia. Se ainda por cima se recorre a simulações teatrais, manipulando a caracterização dos figurantes com o objectivo de desencadear sentimentos em quem assiste à peça, então estamos perante propaganda.

Se essa propaganda visa eliminar o papel de instituições democráticas como são os tribunais, procurando condenar alguém na praça pública muito antes da conclusão de uma investigação que decorre, isto é, procurando destruir alguém muito antes de haver matéria para a acusação estamos perante propaganda fascista. Quando se quer fazer um julgamento em que os direitos de defesa são nulos por decisão do jornalista este não está a ser jornalista, está a comportar-se como um agente da PIDE de serviço de um tribunal plenário, o director de informação produz simultaneamente a acusação e a condenação e o jornalista limita-se a bater no réu sem que este tenha a mais pequena hipótese de defesa. De vez em quando lá se arranja um comentador pago para simular o papel de advogado oficioso, o seu papel é dar consistência à sentença dando ares de estar a defender o arguido.

Os telejornais da sexta-feira da TVI não são informação, são meras simulações de tribunais plenários fascistas onde um casal simula estar a noticiar para julgarem na praça pública e sem regras as personalidades de que os conjugues não gostam. E se alguém ousar criticá-los passa a ser julgado repetidamente segundo as mesmas regras.

Não me incomoda que haja uma televisão com tiques fascistas, o que me incomoda é que a troco de alguns cobres haja gente com formação democrática que se apreste a colaborar com esta estação de televisão dando aos seus responsáveis um ar de credibilidade que não merecem.

Cresci a ver a informação da RTVE no tempo de Francisco Franco pois na minha terra mal se apanhava o sinal da RTP, garanto que a informação da RTVE no tempo do franquismo era bem mais isenta e honesta, diria mesmo mais democrática, do que a informação do casal Moniz. Não me recordo da RTVE ter ido tão longe na tentativa de destruição moral e política da oposição democrática como o casal Moniz tem ido na tentativa de serem eles próprios a julgar e destruir um primeiro-ministro eleito.

Os democratas decidem nas eleições e julgam nos tribunais, os fascistas decidem antes das eleições e julgam sem direito de defesa na praça pública ou em tribunais plenários. É essa a diferença entre democratas e fascistas, entre informação e propaganda fascista.