segunda-feira, junho 22, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Coreto do Jardim da Estrela, Lisboa

JUMENTO DO DIA

Francisco Louçã

O Chico Anacleto já fala em ser primeiro-ministro, por este andar ainda vai propor que seja acrescentado um quatro à bandeira nacional, como sinal de que está tudo grosso.

AVES DE LISBOA

Pinto de galinha-d'água [Gallinula chloropus]

FLORES DE LISBOA

Jardim Botânico

YES, WE COULD

«O primeiro-ministro, José Sócrates, está quase terminar o seu primeiro mandato e, pela segunda vez, vai concorrer às eleições legislativas. Para o ajudar nesta segunda campanha eleitoral, José Sócrates contrata uma equipa com provas dadas, a equipa responsável pela bem sucedida campanha online de Barack Obama.

Esta escolha demonstra, acima de tudo, que o actual chefe do executivo tem vontade de voltar a chefiar o executivo com maioria parlamentar. Demonstra também que o líder do Partido Socialista espera conseguir na sua campanha uma maior capacidade de divulgação, interacção e mobilização dos portugueses, com a utilização de estratégias e plataformas online. E demontra ainda que Sócrates está determinado a ter as melhores condições para governar e assim conseguir ajudar Portugal a ser um país melhor em tudo.

Em tudo, menos a fazer campanhas de marketing político.

Como profissional de comunicação, interpreto esta escolha de José Sócrates como uma demonstração de alguma falta de confiança nos técnicos de comunicação e marketing político portugueses. Esta escolha não é um caso isolado: neste cantinho à beira-mar plantado, é demasiadamente frequente preferirem-se pessoas ou organizações estrangeiras em detrimento de pessoas ou organizações portuguesas com capacidades e competências equivalentes.

Muito felizmente, tanto para José Sócrates como para todos nós, que esta possibilidade de escolher um estrangeiro em vez de um português não pode ser aplicada no processo de escolha do primeiro-ministro de Portugal.

Como cidadão, interpreto esta escolha como uma medida que, à partida, não favorece a economia nacional. Não tanto por parte do financiamento dos partidos e das campanhas ser proveniente do erário público. Acima de tudo, por a escolha de uma equipa para o desenvolvimento de um determinado projecto ser também uma decisão de investimento. Acontece que, neste caso, é de investimento externo. Se apostasse numa equipa nacional, o chefe do executivo estaria a fazer uma aposta que contribuiria positivamente para o nosso PIB e, em vez disso, está a incrementar o produto interno bruto de outro país.

Faz sentido, e não só em momentos de crise como os que atravessamos, uma figura de Estado privilegiar investir no país que governa. E faz ainda mais sentido quando essa figura, neste caso o candidato José Sócrates, está a investir precisamente na campanha em que pede aos portugueses mais confiança, mais votos e mais quatro anos de governo com maioria parlamentar.

Como português, esta decisão faz-me sentir alguma falta de identificação com o actual, e possivelmente futuro, chefe do governo do meu país. As decisões que José Sócrates faz como candidato não devem ser analisadas da mesma maneira que as decisões que faz como responsável máximo do Governo português. Porém, e apesar de pertencer a um órgão executivo, um primeiro-ministro não deixa de ter um papel representativo, uma relação simbólica com o povo que o elegeu e cujos interesses defende, relação essa que assenta numa identidade comum. Por outro lado, e pondo completamente de lado ideologias nacionalistas ou práticas de proteccionismo económico, diferentes entidades nacionais têm feito, nos últimos anos, um esforço concertado no sentido de promover internamente o país, incentivando os portugueses a optar por consumir produtos portugueses, a escolher fazer turismo em Portugal, a preferir investir no capital nacional, seja este o natural, o técnico, o tecnológico, o cultural ou, claro, o capital humano.

A escolha de Sócrates em relação à equipa que o vai ajudar nas próximas eleições não está em concordância com todas as iniciativas que cada vez mais se promovem para aproximar os portugueses de Portugal. E vamos esperar para ver se essa equipa vai ser obrigada a usar o Magalhães como ferramenta de trabalho.

Yes, we can foi uma excelente campanha, uma grande operação de marketing político envolvendo múltiplos meios que funcionaram de forma complementar e em absoluta sintonia. Foi uma campanha em que milhões de cidadãos participaram activamente como militantes, contribuindo no recrutamento de simpatizantes e na mobilização dos americanos para o acto eleitoral. Foi uma campanha que recolheu milhões de dólares de donativos, efectuados quase exclusivamente por particulares. Foi uma campanha que levou o seu mote, Yes, we can, à letra, dando aos norte-americanos os meios, a autonomia e o incentivo para ajudarem a eleger o candidato em que acreditavam. Foi uma campanha que deu voz a um povo e que deu a esse povo os meios para usar essa voz, sobretudo, os meios necessários para concretizar o que essa voz dizia. Foi uma campanha que enfatizava o elemento "nós", tanto na teoria como na prática.

Sócrates pode decidir não falar em "nós" na sua próxima campanha eleitoral. E, por uma questão de coerência, até é bom que assim o seja.» [Público assinantes]

Parecer:

Nunca ouvio Miguel Paté protestar contra os muitos publicitários estrangeiros que já conduziram campanhas eleitorais em Portugal.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A ANEDOTA DO DIA

«Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda, afirma que quer ter a maioria nas Legislativas e ser primeiro-ministro. A liberdade, diz, é algo que marca muito a identidade do BE.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Presunção e água benta cada um toma a que quer.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Chico Anacleto se também não quer um garrafão de água de malvas.»

ANEDOTA JURÍDICA

«O chumbo ao empreendimento Freeport decidido inicialmente pelo Instituto de Conservação da Natureza (ICN) e anunciado em vésperas das eleições autárquicas de 2001, pode ser uma das causas para a constituição como arguido do ex-presidente desta entidade, Carlos Guerra, pelo crime de corrupção passiva.

Um testemunho recolhido pela PJ, e noticiado pelo DN em Janeiro deste ano, deu conta que um alto responsável do ICN terá anunciado aos técnicos do organismo que o projecto do outlet ia ser "chumbado", em Dezembro de 2001, mas que era um "chumbo estratégico, pois em três meses ia estar tudo resolvido". O que veio a acontecer. » [Diário de Notícias]

Parecer:

O Ministério Público ainda não provou a existência de corrupção mas já constitui arguidos por conta disso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»

ASSIM SE VÊ A FORÇA DO PÊCÊ

É conhecido o interesse estratégico do PCP pleas forças de segurança e pelas magistraturas, sectores onde nos últimos tempos tem beneficiado da preciosa ajuda do PSD que espera beneficiar eleitoralmente da estratégia de terra queimada de Jerónimo de Sousa. Com o poder crescente do fisco é natural que o PCP também se interesse por este sector, todavia, tem tido dois obstáculos, a existência de um sindicato independente fortemente implantado na DGCI e a fraca implantação sindical nos trabalhadores das Alfândegas onde uma comissão de trabalhadores tem substituído a influência sindical.

Mas o fisco não só tem um peso crescente no plano da investigação com, através das bases de dados, tem informação estratégica da maior importância. Com os impostos "blindados" à influência da CGTP restava ao PCP tentar as alfândegas. Derrotado nas eleições para a liderança da CT optaram pela estratégia da sarna, durante meses fizeram a vida negra aos membros da Comissão de trabalhadores, até houve uma personagem que durante meses se armou em defensor oficioso dos trabalhadores, quando não em comissão de trabalhadores oficiosa.

Perante a oposição da CT o sindicato oficial do PCP para o sector chegou ao ridículo de chamar a si a negociação dos vínculos com Governo apesar de entre os trabalhadores das Alfândegas os sindicalizados pouco mais serem do que meis dúzia de gatos pingados. O estatuto oficial permite ao sindicato reporesentar os trabalhadores sem ouvir a opinião destes, orientadno os conflitos segundo os seus objectivos. Chegou mesmo a protestar por o director-geral reunir com a CT em vez do sindicato invocando que a CT, eleita pelos trabalhadores, não ser sua representante.

A partir do momento em que a estratégia da sarna conseguiou levar a maioria da CT à demissão tomaram conta desta, apesar de não representarem a maioria dos trabalhadores e aí sim a CT passou a ser representativa, a reunir com o sindicato e a divulgar os seus documentos. A CT oficiosa desapareceu e o sindicalista (um artista que não cumpre horário mas de forma oportunista recebe subsídios de turno) promoveu rapidamente uma mini reunião de trabalhadores para convocar uma greve de três dias, isso mesmo, três dias pois num mês de subsídio de férias nada como os trabalhadores das Alfândegas para alimentarem o calendário político de Jerónimo de Sousa.

Estes representantes da treta dos trabalhadores sabem muito bem que há negociações em curso e que até há abertura do Governo para encontrar uma solução para os trabalhadores do fisco, solução que só ainda não foi encontrada porque os "betinhos" da DG da Administração Pública são vítimas de uma doença bem nacional, a dor de corno, tudo fazendo para que os trabalhadores da DGCI e DGAIEC percam o estatudo que têm há muitas décadas.

Mas é óbvio que seja na Autoeuropa, nas polícias, nas magistraturas ou nos professores a estratégia do PCP passa pelo conflito, melhor ainda se esse conflito puser fim a qualquer possibilidade de acordo e desembocar em lutas de rua e manifestações ou, como o Mário Nogueira gosta muito, em esperas fascistas a membros do Governo. O que o PCP pretende é o inverso do que desejam os trabalhadores das Alfândegas, que não haja qualqur acordo, que o conflito saia para as ruas, levando os trabalhadores do fisco a substituir os professores e outros grupos profissionais que já se cansaram.

É preciso alimentar o conflito, a bem dos resultados eleitorais do PCP, porque é assim que se vê a força do pêcê!

Não faço greve, nem que Jerónimo de Sousa me endosse o cheque de algumas centenas de euros que me custaria uma greve de três dias com objectivos que apenas servem a estratégia eleitoral do PCP. Mesmo sem lei do financiamento às medidas do PCP a verdade é que a campanha política da CDU é a mais cara do país, só que é suportada pelos trabalhadores que pensando defenderem os seus direitos se deixam cair no regaço de sindicalistas profissionais, como o tal que recebe subsídio de turno (deve ser por fazer turnos entre o sindicato e o partido), que estão mais interessados em cumprir as directivas políticas que recebem do que em defender os trabalhadores.

CHRISTIAN HANSEN

SETEM

«JWT Spain launches a campaign for its client ONG SETEM based on its Ethic Financial Area. It is an awareness campaign about Ethical Bank. The whole campaign's objective is to lead people to visit 'error104.com', a microsite where they will find an amazing video explaining what the Ethic Bank is and where traditional bank is criticized. In that microsite you can sign a letter addressed to the next EU president for him to establish new rules on the financial system.»

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