quarta-feira, julho 01, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Carrasqueira, Alcácer do Sal

A MENTIRA DO DIA D'O JUMENTO

Os que pensam que a conversão de Manuela Ferreira Leite ao respeito pela verdade é meramente plástica, uma mudança de imagem como as mudanças sucessivas de cor do cabelo ou de casacos Chanel imitados por uma modista da Lapa. Manuela Ferreira Leite teve uma aparição e ficou a saber que só com a verdade chegaria ao céu de São Bento.

Até há quem diga que a aparição ocorreu nos jardins de Belém, enquanto estava em amena cavaqueira com o presidente e com a Dona Maria. É por isso que já há quem fale nos pastorinhos e nos três segredos de Belém, parece que o primeiro é a manuelização de São Bento, o segundo é a cavaquização da Manuela e o terceiro ficará em segredo, até que o presidente abandone o cargo e decida juntar-se às pastorinhas num centro de dia de Boliqueime.

JUMENTO DO DIA

Manuela Ferreira Leite

O mínimo que se pode esperar de alguém que vende verdade é que não seja mentirosa, mas Manuela Ferreira Leite foi mais longe, além de mentir insinuou que Henrique Granadeiro faltou à verdade. É muito feio mentir e ao mesmo tempo fazer os outros passarem por mentirosos.

A verdade é que Manuela Ferreira Leite nunca foi nem será uma pessoa confiável, todos os meios lhe servem para atingir os fins.

MAIS UM CONTRIBUTO PARA O ESTUDO DA "AMNÉSIA LACUNAR"

Lembram-se de quando nos primeiros tempos do processo Casa Pia um psicólogo descobriu que Bibi sofria de amnésia lacunar, isto é, que se tinha esquecido de algumas partes do filme? Pois parece-me que Manuela Ferreira Leite sofre da mesma doença, só se lembra do que lhe interessa. Por exemplo, já se esqueceu do que fez quando era ministra das Finanças em relação à PT e às relações desta empresa com a comunicação social:

«Em declarações ao jornal "i", a publicar na edição desta terça-feira, o actual presidente do Conselho de Administração da Portugal Telecom critica Manuela Ferreira Leite relembrando um caso que o envolveu a ele, quando era administrador da Lusomundo Media (então no grupo PT) e a então ministra das Finanças do Governo PSD.

"Já parecem esquecidas as tentativas de intervenção do governo PSD na Lusomundo Media que levaram à minha demissão", afirma ao "i", revelando que foram pressões políticas que o afastaram da empresa.

Granadeiro indigna-se ainda com a surpresa da presidente do PSD, afirmando que foi Manuela Ferreira Leite que, como ministra das Finanças, obrigou a Portugal Telecom a comprar a rede fixa (que era do Estado) para dessa forma realizar receitas extraordinárias que equilibrassem o défice orçamental.

Naquela altura, a Portugal Telecom era presidida por Miguel Horta e Costa, estando Henrique Granadeiro na Lusomundo Media, dona do "Diário de Notícias", "Jornal de Notícias" e TSF, que eram controlados pela PT. Granadeiro saiu e só voltaria à PT em plena OPA da Sonae, precisamente para substituir Horta e Costa. Durante o período da OPA, foi presidente executivo (CEO) e da administração ("chairman"), o que deixou depois de acumular.

Esta é a segunda vez que Granadeiro fala depois do oposição do Governo à entrada da PT no capital da TVI, o que ocorreu na sexta-feira de manhã. No fim-de-semana, num ambiente descontraído (na sua quinta no Alentejo, durante uma apresentação de vinhos), Granadeiro classificou aos jornalistas o "caso" como sendo uma "tempestade de Verão".

A inexistência de acordo para a aquisição do capital da Media Capital, apesar das conversações, afiançou então Granadeiro, foi revelado "de forma taxativa" pela PT "antes desta tempestade toda que se gerou como uma tempestade de Verão, sem se saber como foi originada".

"Mas, infelizmente, a PT foi envolvida nela", lamentou, convicto de que toda a polémica "vai acabar como acabam as tempestades de Verão", ou seja, "vêm depressa e abalam depressa porque não têm vento que chegue para tanta conversa".

Desde que a PT negou existir algum acordo, este é um "assunto arrumado" para Henrique Granadeiro pelo que considera que "tudo o que foi dito" desde então, "quer pelo Presidente da República, quer pela presidente do PSD, quer pelo primeiro-ministro e pelo Governo, são pronunciamentos fora do contexto ou fora da realidade".

Agora, Granadeiro vai mais longe e, ao "i", ataca frontalmente Manuela Ferreira Leite.» [Jornal de Negócios]

Aqui fica uma proposta: como o PSD deve estar com falta de fundos (há uns anos que não adjudica uma grande obra pública) sugiro que se faça uma rifa do cavalo de D. José da estátua equestre do Terreiro do Paço, para pagar um tratamento à amnésia lacunar de Manuela Ferreira Leite.

A MENTIROSA FERREIRA LEITE

Manuela Ferreira Leite que anda armada em guardiã da verdade e não perdeu tempo para contestar Granadeiro com a primeira mentira que lhe veio à cabeça. Não sei quantos dentes ainda tem Ferreira Leite, mas sei que mentiu com tantos dentes quanto tem. Ou será senilidade?

Um visitante do Jumento deu-se ao trabalho de procurar notícias da época:

Nunca pensei que MFL se deixasse apanhar com uma mentira descarada, nesta estória da venda rede fixa.

Declarações hoje ao JN:

"[...]Ferreira Leite reage a ataques de Granadeiro e diz que venda da rede fixa à PT foi decidida pelo PS[...]"

"[...]A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, contrariou hoje o presidente do conselho de administração da PT, Henrique Granadeiro, dizendo que a venda da rede fixa foi decidida pelo Governo socialista de António Guterres.[...]"

"[...] Manuela Ferreira Leite reagiu às acusações e contrapôs dizendo que "isso não é verdade, pela simples razão de que o negócio da venda da rede fixa estava feito pelo PS quando eu cheguei ao Ministério das Finanças" [Jornal de Notícias]

A verdade:

1) 23 Outubro de 2002 - De acordo com MFL a decisão estava nas suas mãos. Dependia apenas do valor.

"[...]A ministra de Estado e das Finanças, Manuela Ferreira Leite, disse hoje que o Estado só venderá a rede fixa de telecomunicações da Portugal Telecom se o preço a pagar for compatível com a avaliação realizada.

"Se o preço a pagar (ao Estado) não for compatível com a avaliação, não venderemos", assegurou a titular da pasta das Finanças[...]" [Público]

2) 11 de Dezembro de 2002 - De acordo com o Ministro da economia, foi o governo de MFL que aprovou a venda.

"[...] Pondo fim a um processo que se arrastava há algum tempo, o Governo aprovou, esta manhã, em reunião de Conselho de Ministros, a operação de venda definitiva da rede fixa de telecomunicações à Portugal Telecom por 365 milhões de euros.

O Ministro da Economia, Carlos Tavares, afirmou em conferência de imprensa que o processo foi demorado porque teriam que ficar garantidos "os interesses das várias entidades envolvidas, nomeadamente do Estado, da PT, dos operadores concorrente e do mercado".[...]" [Sapo]

3) 16 de Outubro 2002 - de acordo com o...Povo Livre a venda resulta de uma estratégia do governo de MFL

"[..." A Assembleia da República aprovou com os votos da maioria e do PS o diploma do Governo que abre caminho à venda da rede fixa de telecomunicações da Portugal Telecom. Este diploma insere-se na estratégia do Governo de alienação, até ao final do ano, da rede fixa de telefone.[...]"

Hoje em dia é difícil apagar o passado e tendo sido público, notório e até assumido, que o negócio foi feito para controlar o défice de 2002...é extraordinário que MFL decida mentir de uma forma tão aberta.

AVES DE LISBOA

Juvenil de estrelinha-de-cabeça-listada (Regulus ignicapillus)
Local: Quinta das Conchas
(rectificado)

FLORES DE LISBOA

Quinta das Conchas

SABE-SE LÁ

«Há uma criança sueca com 2 anos de idade que não sabe se é menino ou menina porque os pais decidiram guardar segredo. Dizem que não querem que a criança seja catalogada logo à partida, porque as pessoas tratam os rapazes de uma maneira e as raparigas de outra. Vestem-na de forma neutra; dão-lhe brinquedos unissexo e fogem dos pronomes que indiquem o género masculino ou feminino. O nome dela também é neutro: algo como Pop, o nome falso usado na entrevista ao Svenska Dagbladet.

Não faço ideia se isto é bom, mau ou igual para a criança, mas vai dar cabo da cabeça a muita gente. É irritante não saber se uma pessoa é homem ou mulher, não por dentro, mas por fora. Desperta curiosidade e, quando o segredo é ostensivo, como no caso de Pop, constitui um desafio.

Quando nos enganamos, com bebés e crianças, pedimos desculpa. Ficamos embaraçados. A tentação é reagir vigorosamente à decisão do casal sueco: repudiando ou aplaudindo. Mas porquê? Porque é que, em vez de nos agitarmos, não pensamos no assunto? Começando por reparar na nossa própria reacção. Eu, por exemplo, dei comigo a querer saber de que sexo eram os pais e, já agora, a sexualidade. Mas não fui à procura, porque reconheci logo que, em vez de pensar, queria era atalhos fáceis para juízos já pré-fabricados.

Logo aí foi um a zero a favor do casal e contra mim. E deu que pensar. Assim começo a habituar-me à experiência de não fazer ideia. Não é tão má como eu pensava. » [Público assinantes]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

MAIS UMA MENTIRA DE FERREIRA LEITE

«Em declarações publicadas na edição de hoje do jornal i, Henrique Granadeiro afirma que "ainda está na memória de toda a gente a venda pelo Estado à PT da rede fixa como forma de conter o défice público nos limites impostos por Bruxelas, sendo Manuela Ferreira Leite ministra das Finanças".

"Isso não é verdade, pela simples razão de que o negócio da venda da rede fixa estava feito pelo PS quando eu cheguei ao Ministério das Finanças", contrapôs Manuela Ferreira Leite, em declarações aos jornalistas, num hotel de Lisboa onde decorreu uma reunião do Fórum Portugal de Verdade do PSD.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Quantos dentes terá Ferreira Leite?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Contem-se.»

NO "NI9KADAS": "A CARREIRA DE RICARDO COSTA"

«A carreira ascencional de Ricardo Costa no grupo Impresa (SIC e Expresso) não pode ser perturbada pelo facto de ele ser o irmão de António Costa. O mano Ricardo sabe tudo sobre a economia e a política portuguesas, mas não quer saber da política para nada. Acima de tudo, ele não pode ser confundido com o irmão do dirigente socialista. A carreira dele é no «jornalismo», o resto só pode e deve interessar-lhe por razões profissionais.

O ex-director-geral adjunto da SIC e actual director adjunto do Expresso, tendo a seu cargo a secção de política, não brinca em serviço. Ambicioso, competente, seguro de si, sabe que o cargo de director-geral da SIC ou de director do Expresso não lhe escapará futuramente. Porque a vida de «jornalista» é porreira: não se vai a votos, só se depende dos donos. E da «isenção», como ela é entendida na impresa de Balsemão.

Para mostrar «independência» e «isenção», Ricardo Costa tem feito e fará tudo o que puder para beliscar Sócrates e o PS. E fará tudo o que puder para desculpar Cavaco ou Manuela Ferreira Leite. É isso o que o incómodo background familiar e a ambição carreirista lhe exigem. A isso chamam «isenção» na impresa.

Estive há pouco a reler uma coluna de Ricardo para o Expresso de 8 de Junho, "A má moeda do BPN". Começa Ricardo, e bem, por dizer que:

«O BPN sempre foi a má moeda da banca portuguesa. Todos os banqueiros e políticos sabem isso há 10 anos. O banco era publicamente acusado de praticar taxas de juro irreais, de sobrevalorizar activos imobiliários, de conceder crédito sem garantias, de confundir os negócios dos accionistas de referência com os seus. Por isto tudo, o banco acabou como acabou».

Referindo-se ao facto de Cavaco ter sido accionista da SLN - devido, segundo o actual PR, a uma (inacreditável) decisão do seu gestor de conta do BPN -, Ricardo diz, e bem, que:

«A SLN sempre foi o único accionista do BPN. A SLN e o BPN sempre se confundiram e nunca estiveram cotados. A SLN/BPN nunca dispersou o capital em Bolsa porque o Banco de Portugal nunca o permitiu. Por norma, os accionistas da SLN só entravam na sociedade a convite de Oliveira Costa ou de accionistas de referência.»

Aí Ricardo pergunta se a compra de acções da SLN por Cavaco não pode ter sido uma decisão do seu gestor de conta do BPN, tal como o transparente PR declarou à comunicação social. E logo dá a resposta:

«Pode. Mas não é normal nas práticas bancárias que um gestor de conta, mesmo munido de uma autorização de gestão discricionária, compre acções de uma sociedade que não está cotada. Não é normal de todo até porque o valor do activo é sempre difícil de calcular.»

O PR tinha toda a pinta de estar a mentir quando afiançou que nunca comprara nada ao BPN ou quando afirmou não ter sido ele a comprar acções da SLN, mas sim o seu banco. Segundo Ricardo, Cavaco não quis responder à lógicas interrogações do Expresso, pelo que ele e nós ficámos sem saber se Cavaco deu ou não luz verde ao BPN para comprar as acções da SLN ou se alguém da SLN o convidou a ele, Cavaco, para se tornar accionista.

Todos nós achamos que sim, que Cavaco obviamente deu luz verde, que Cavaco obviamente aceitou o convite para ser accionista. Mas Ricardo Costa cultiva a dúvida metódica. Talvez sim, talvez não. Hummm... Quem sabe?

Até aqui, porém, menos mal. O texto é lógico, quase sempre certeiro, roçando por vezes a ironia. As conclusões de Ricardo é que já afinam mais pelo diapasão lá da impresa:

«A honra do Presidente da República não está nem esteve em causa. Em 30 anos de vida pública e política isso nunca aconteceu.»

E mais isto:

«Não há nada de ilegal neste caso. Nem há honra beliscada. Há erros políticos de palmatória, maus conselhos e más companhias: não é só na economia e na política que existe má moeda, a tal da Lei de Gresham (onde a má moeda expulsa a boa moeda) e que Cavaco Silva recordou para liquidar Santana Lopes. A má moeda existia na banca e tinha um nome: BPN. Em 2001 Cavaco Silva comprou má moeda, que fazia e faz mal ao sistema bancário. É só isso.»

Será mesmo só isso? Uma compra de má moeda, em sentido mais ou menos literal? Não terá sido muito mais do que isso - uma aposta política, mais do que monetária, no BPN e em tudo o que ele representava?Uma aposta política, sim, mas também com benefícios monetários pessoais, com pingues mais-valias encaixadas em 2003, à taxa de 140% em dois anos. E mais de cem mil euros de contribuições para a campanha presidencial de Cavaco em 2006 provenientes de accionistas da SLN.«Más companhias», Ricardo? Mas quem é que foi a má companhia de quem? Não terá sido Cavaco Silva também uma má companhia para Oliveira e Costa e Dias Loureiro? Ora abóboras, Ricardo. »

Enfim, para o Ricardo Costa e outros jornalistas aplica-se uma regra simples na avaliação de políticos, os deles são deficientes físicos, os outros são manetas!

IGOR OUSSENKO

I LOVE NY