quinta-feira, setembro 03, 2009

Geração 2000

Uma boa parte do debate político centra-se nos problemas das gerações actuais, os problemas económicos e sociais que se discutem dizem respeito às gerações adultas. Fala-se do ensino a pensar nos professores, da saúde a pensar nos médicos e enfermeiros, na segurança social a pensar nos que descontam, na justiça a pensar nos magistrados. Não se discute ou se decide a pensar no futuro, mas segundo uma lógica de que quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é parvo ou não tem arte.

Não só as gerações futuras mão são consideradas, a não ser de forma oportunista quando são usadas como argumento político, como se esquece que são essas gerações as que poderão resolver os grandes problemas de Portugal.

Problemas como o défice das contas públicas ou o endividamento externo poderão ser corrigidos a curto ou a médio prazo. Mas o desequilíbrio externo, a dependência energética, a fraca produtividade ou o atraso tecnológico só poderão ser resolvidos por aqueles que nasceram nos finais do século XX ou início do século XXI, isso se tiverem meios e forem preparados para isso, se não encontrarem as razões do atraso que têm prendido Portugal ao subdesenvolvimento.

Discutir se este ou aquele imposto baixa ou qual o modelo de reembolso do IVA pode ser importante para algumas empresas, mas nada tem que ver com o futuro. Esse futuro depende das infra-estruturas que o país vai oferecer aos mais jovens, da preparação académica que lhes for proporcionada, da formação cívica que tiverem.

Só que os mais jovens não votam e o debate eleitoral centra-se excessivamente no curto prazo e, como tem sucedido com os professores, nos interesses dos grupos corporativos instalados. Governar a pensar no futuro não é rentável numa perspectiva eleitoral, foi por ter percebido isso que Cavaco Silva conseguiu duas maiorias absolutas, satisfez os grupos corporativos e desprezou sectores estratégicos como a energia, a educação ou a investigação. É com esta mesma lógica que o PSD de Manuela Ferreira Leite procura devolver o poder ao cavaquismo.

Por outro lado, a extrema-esquerda também não equaciona o futuro a não ser se na perspectiva da mudança do modelo político. Para o BE ou para o PCP só existe presente, futuro significa a transformação dialéctica do capitalismo em socialismo.

Por mim, opto nestas eleições pensando no futuro, nas gerações que hoje estão no início da sua carreira escolar. Quero que esses jovens estejam, mais do que as gerações actuais, à altura de enfrentar os problemas, capacitadas para resolverem os grandes problemas do país e com infra-estruturas modernas.