sábado, setembro 12, 2009

Ou se governa ou se desgoverna

O mínimo que se pode dizer da proposta de nacionalização das empresas energéticas feita pelo Bloco de Esquerda é que é leviana, nada diz sobre as consequências financeiras, nada assume quanto ao modelo de negócio, não avalia as consequências sobre a economia, não avalia o impacto sobre os preços da energia, apenas propõe um milagre. Parece que o BE quer ser mais de esquerda do que o PCP, mais revolucionário do que o PCP e mais social-democrata do que o PSD.
Desta vez Louça propõe a nacionalização das energéticas e poupa a banca, não será difícil de perceber que quando tiver mais votos será a banca, as auto-estradas ou outros sectores cujas empresas suscitem a desconfiança dos portugueses. Aliás, o programa do BE não propõe apenas a nacionalização das energéticas, ainda que ninguém tenha reparado propõe também a estatização das misericórdias e de outras instituições de solidariedade social.

Só que uma nacionalização tem custos, a não ser que seja uma expropriação pura e simples e Louça não faz qualquer avaliação, ele que sabe tantos números diz que essa questão vê-se depois.

Só que Portugal não está em autarcia e uma nacionalização significaria um gesto chavista em plena Europa e poria em causa o investimento estrangeiro, indispensável à criação de emprego e ao financiamento da economia portuguesa. Imagine-se um governo liderado ou condicionado pelo Bloco de Esquerda e à estratégia da extrema-esquerda, não é difícil de concluir que Portugal tenderia para a autarcia.

A troco de uns cêntimos no custo da energia teríamos que suportar a quebra do investimento estrangeiro, da desconfiança da generalidade dos investidores e todas as consequências daqui resultantes.

Votar segundo uma lógica de descontentamento é colocar Portugal num beco sem saída, num momento em que é indispensável governar e proceder a reformas esse voto apenas tem como consequência uma grave crise política de consequências políticas imprevisíveis.

Um país precisa de uma estratégia coerente, consistente e levada do princípio ao fim, isso significa que um governo ou conta com uma maioria absoluta ou existe no parlamento uma maioria de deputados interessadoa no futuro do país. Se existir no parlamento uma minoria de bloqueio constituída por deputados que sonham com utopias e estão convencidos de que essas utopias pressupõem o desmoronar do sistema político e económico, o país corre um sério risco de ser incapaz de resolver um único dos seus problemas.

O voto de protesto pode ter uma factura muito elevada, pode levar a um governo bem pior do que aquele contra o qual se protesta ou mesmo conduzir a um regime político onde não há lugar a protestos. Portugal precisa de ser governado e isso implica escolher o melhor governo, é isso que os eleitores vão escolher no dia 27, vão escolher entre um governo de Ferreira Leite tutelado por Cavaco Silva ou num governo de José Sócrates.