domingo, setembro 06, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Convento do Carmo, Lisboa

JUMENTO DO DIA

Vasco Pulido Valente

O parceiro de Manuela Moura Guedes acredita na inocência de Sócrates, mas como o líder do PS não gostava do que os monizes lhe estavam a fazer merece o castigo de se pensar que foi ele a acabar com o programa. Se este é o conceito de justiça de Vasco Pulido Valente não é o jornal da Manuela que merece ser encerrado, é o país. Não há país que aguente tanta desonestidade intelectual.

UMA DÚVIDA

Haverá alguma relação entre a preferência de Pina Moura pelo programa do PSD e a actuação da família Moniz à frente da TVI desde que Pina Moura assumiu a presidência da Media Capital? Coincidência ou não, foi quando Pina Moura chegou à Media Capital que alguém soltou os cães da TVI contra José Sócrates.

Ou estou muito enganado ou este caso é um dos golpes mais baixos da política portuguesa.

Quem quer destruir Sócrates? Moniz, Pina Moura ou ambos? E porquê? Porque causa da televisão digital, por causa dos concursos que a Iberdrola perdeu ou por ambos?

AVES DE LISBOA

Periquito-de-colar [Psittacula krameri]
Local: Parque José Gomes Ferreira [2009-09-05]

FLORES DE LISBOA

O IMPORTANTE NO CASO DA TVI

«Em Espanha muito mudou desde então. Cebrián incompatibilizou-se com Zapatero. Por um capricho do mercado, veja-se a coincidência, surgiu um outro grupo de media socialista que canibalizou os interesses da Prisa. Em crise profunda, o grupo espanhol até se deve ter sentido prejudicado com o negócio que recentemente deixou de fazer com a PT, vetado pelo Governo face às dúvidas da oposição.

Todos estes dados devem servir de aviso. Num país há sectores estratégicos. Os negócios de ocasião, ditados por interesses conjunturais de família ideológica, podem não valer um programa de Manuela Moura Guedes.

Do ponto de vista jornalístico e deontológico já escrevi aqui sobre o Jornal Nacional da TVI que havia às sextas-feiras. Não gosto das circunstâncias que rodeiam o seu desaparecimento. Fico desconfiado. Mas não lamento a saída de antena daquele programa pseudo-informativo. Deixo esse exclusivo à hipocrisia de uma grande parte da corporação e à necessidade dos políticos em campanha.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por João Marcelino.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

DECO DÁ SHOW DE BRIO

«Gilberto Madaíl, com a delicadeza de uma manada de elefantes na pequena área, abanou com uma mão-cheia de notas: "Os prémios de jogo são apenas simbólicos para muitos jogadores, mas é uma situação que está a ser estudada." Traduzo: caso se ganhe hoje à Dinamarca, haverá aumento do prémio de jogo... Não foi boa ideia pôr dinheiro na mesa num momento em que se julgava os jogadores movidos por outra coisa. Para nós, a selecção portuguesa começou a campanha para o Mundial 2010 como a favorita da qualificação. Talvez ela nos tivesse mal habituado, mas é assim. Aconteceram, porém, os semi-desastres que nos colocam à beira da angústia. Um empate hoje é (quase) o fim. Daí que falar de notas do Banco de Portugal foi mal recebido quando preferíamos pensar que o que determinava eram as notas do Hino Nacional... Por ironia, agora que tanto se discute a convocatória de Liedson, foi de Deco, outro oriundo do Brasil, que veio a resposta ao prémio do jogo: "Se ele [Madaíl] disse isso, foi infeliz. O nosso prémio é estar no Mundial." Eis um hino. Ouvir o brio de um trabalhador, com pronúncia de São Bernardo do Campo ou de Mangualde, comove-me sempre. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

TÍTULO 12

«Em Agosto, que é esta merda de mês que acabou agora mesmo, descobrimos que a minha mulher tem um cancro na mama. Nós "descobrimos": mas ela é que tem. Nem é tão simples: às vezes não foi ela que descobriu e sou só eu é que tenho. Tenho tentado escrever sobre tudo menos isso. Mas é sempre sobre o cancro dela que eu escrevo. Parece que é sobre uma praia mas a praia, em Novembro, já não é a mesma que em Agosto. Parece que é sobre uma uva mas a uva muda e o vinho é o que fica dessa mudança.

Tenho medo. O medo não é nada amigo de quem escreve. Então quando faz medo de escrever certas coisas que fazem medo. Ou podem dar azar. Mas depois pensei assim: qual é a coisa que eu faço? Qual é a coisa para a qual tenho mais jeito? A falar, sou uma miséria. Atropelo-me de tantas ideias contrárias; cada uma a ver se pega; a esganar-se a ver se fisga o ângulo por onde hei-de entrar.

Eu sei que a minha tristeza se nota. Que o amor pela minha mulher se nota mais ainda. E que isto são coisas chatas para quem passa o dia a trabalhar em coisas chatas e abre um jornal para se distrair.

Peço desculpa. Mas hoje tinha de ser. A Maria João deu-me licença. E eu abusei logo. Todos nós temos um problema que nos foge e vai matar. Todos nós fingimos que não é bem assim.
Mas é bem assim. E eu hoje tive de desabafar, por ter sido, nos últimos tempos, tão mentiroso e tão cobarde. A verdade é sempre o melhor remédio. Dizem. Daqui para a frente vai ser pior.»
[Público]

Parecer:

A minha solidariedade para Miguel Esteves Cardoso e o desejo de que a esposa vença a batalha contra o cancro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O CASO DE MANUELA MOURA GUEDES

«Sócrates ficou indignado. Como se permitia aquele despautério? Como não se corria com a senhora? Por falta de hábito e por incapacidade de sofrer o "atrito" que o primeiro-ministro inevitavelmente sofre, entrou logo, furibundo, no melodrama e no erro. Em vez de se contentar, com um comunicado curto e peremptório, inventou uma "conspiração negra", esbracejou no Parlamento e no congresso do PS contra Manuela Moura Guedes, caiu mesmo na imperdoável asneira de a processar. Ele é sem dúvida o principal responsável pelo "fenómeno Manuela", de que tanto se queixa, como, de resto, do ambiente de cortar à faca, que se criou no país. Acredito que não suprimiu ele próprio o Jornal de Sexta na véspera de eleições - não é tão cego. Mas merece as consequências. » [Público]

Parecer:

Este Vasco Pulido Valente é mesmo um sacana.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Arquive-se.»

COMEÇOUA A DESINFESTAÇÃO NA TVI?

«Gritaria, acusações, insultos. Houve de tudo um pouco no plenário selvagem realizado ontem à tarde na redacção da TVI. Tudo por causa da escolha de Patrícia Matos, uma estagiária contratada no início do ano para a TVI 24, para apresentar o primeiro jornal de sexta-feira sem Manuela Moura Guedes. O plenário transformou-se rapidamente numa imensa algazarra, com João Maia Abreu, director de informação interino, a dar a cara pela escolha e Manuela Moura Guedes a ser acusada por vários jornalistas de ser a responsável pelo afastamento dos pivôs habituais.

As trocas de acusações sucederam-se, os berros também, o ambiente na redacção de Queluz de Baixo fazia lembrar os tempos vividos no PREC em 1975. Manuela Moura Guedes chegou mesmo a insultar a jornalista Paula Magalhães, uma histórica da TVI, mas foi violentamente atacada pelo seu comportamento na estação nos últimos anos. E houve mesmo quem lhe dissesse, cara a cara, sempre num ambiente de grande exaltação, que o famoso ‘Jornal Nacional de 6ª’, cancelado pela administração da Media Capital, era, afinal, ‘uma porcaria’. Tudo isto se passava à frente da estagiária escolhida, que, a duas horas de ir para o ar, assistia a uma violenta discussão sobre a sua presença no ecrã. E mesmo quando o plenário selvagem acabou e as pessoas voltaram aos seus lugares, a tensão não diminuiu, antes pelo contrário.

O CM sabe que o processo de escolha do pivô substituto de Manuela Moura Guedes começou na quinta--feira. A direcção de Informação falou com José Carlos Castro, mas o pivô está de férias e não podia deslocar-se a Queluz. Pedro Pinto tinha uma apresentação de um livro e afirmou que não ia substituir uma pessoa com quem tinha trabalhado dez anos, muito embora tenha ocupado o seu lugar quando os espanhóis afastaram Manuela Moura Guedes dos ecrãs mal chegaram a Queluz. Já Júlio Magalhães tinha uma festa de anos no Porto, mas, sabe o CM, estava disposto a vir a Lisboa. No entanto, um telefonema de Manuela Moura Guedes, que fez tudo para impor a escolha de Patrícia Matos para pivô ontem à noite, fê-lo mudar de ideias. » [Correio da Manhã]

Parecer:

Era de esperar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Reserve-se um lugar sentado na fila da frente.»

NUNCA SE SABERÁ

«A líder do PSD reagiu este sábado à polémica suspensão do ‘Jornal Nacional de Sexta’, dizendo que “aquilo que se passou nunca se saberá o que foi”.

Manuela Ferreira Leite mostrou-se preocupada com o clima de “asfixia democrática”, falou em ameaças à “liberdade total” e lembrou que o programa da TVI era “incómodo” para o primeiro-ministro José Sócrates.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Velhaca como de costume Manuela Ferreira Leite não resiste ao golpe baixo e insinua como se o ónus da prova estivesse do acusado. Só se esqueceu de dizer que no tempo do governo do seu partido soube-se.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Ferreira Leite se já se esqueceu do que o seu candidato a Lisboa fez a Marcelo Rebelo de Sousa.»

CILADA?

«O PS jura a pés juntos que não teve qualquer interferência no caso do Jornal Nacional da TVI e há quem fale numa "cilada" para prejudicar o partido, a três semanas das eleições legislativas. Os socialistas apoiam-se no argumento de que a notícia do cancelamento do espaço noticioso de Manuela Moura Guedes prejudica José Sócrates, pelo que não faria sentido que fosse o primeiro-ministro a pressionar este desfecho.

"É como nos crimes, tem que se procurar quem é que beneficia com o crime para encontrar o criminoso", afirmou ontem ao DN Renato Sampaio, líder da federação do PS do Porto. "Houve aqui uma montagem para criar um facto que prejudica o PS", sustenta o dirigente, apontando baterias a Manuela Moura Guedes, sem poupar a oposição pelo caminho. "Isto surge após um conjunto de declarações da senhora jornalista, em entrevistas que deu. Leva-me a pensar que houve uma cilada montada para dar este resultado, sabendo que prejudicaria o PS." Renato Sampaio acrescenta que Moura Guedes "foi deputada do CDS, tem tudo a ver com os partidos de direita, está a fazer o jogo da direita". Questionado sobre se os partidos terão alguma coisa a ver com o caso, responde assim: "Não sei se não têm". » [Diário de Notícias]

Parecer:

O certo é quye Manuela Moura Guedes provocou a Media Capital quase sugerindo o seu despedimento ao chamar estúpidos aos patrões.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelas eleições.»

A ANEDOTA DO DIA

«O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, declarou hoje que Portugal vive "uma democracia limitada" porque os titulares dos cargos públicos não se podem exprimir em período de pré-campanha eleitoral.

"Portugal não é ainda uma democracia plena, há leis que já vem desde o 25 de Abril para poder beneficiar quem todos sabem e que impedem os presidentes de câmaras e de governo, os titulares de cargos públicos de ter liberdade de expressão quando, nestes períodos pré-eleitorais, estão numa cerimónia pública', disse na inauguração do caminho municipal de ligação entre os sítios da Achada e Fajã dos Rolos, em Machico. » [Jornal de Notícias]

Parecer:

Só para rir.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Recorde-se as origens fascistas de Alberto João.»

QUEM CALOU A DONA MONIZ?

«O terramoto político causado pelo fim do Jornal Nacional de Sexta (JN6) de Manuela Moura Guedes pela administração da TVI continua a provocar réplicas, mas ainda não foi identificado o seu epicentro. Depois de na quinta-feira ter remetido todas as explicações para a Media Capital, a Prisa negou ontem qualquer interferência na decisão e insistiu nas responsabilidades em solo português.

O pingue-pongue entre a empresa-mãe (Prisa) e a sua subsidiária nacional (Media Capital) mantém-se. Fonte da Prisa precisou à Lusa que foi uma decisão "da direcção" do canal" e "com o envolvimento da direcção-geral da Media Capital". Mas na véspera a Media Capital atirava a responsabilidade para a Prisa e ontem nada quis acrescentar.

O PÚBLICO confirmou, no entanto, que a decisão foi comunicada na segunda-feira por Juan Luis Cebrián (administrador não-executivo da Media Capital e presidente executivo da Prisa) a Bernardo Bairrão. O administrador-delegado da Media Capital, que acumula o cargo de director-geral desde que José Eduardo Moniz saiu há um mês, explicou a Cebrián que o timing não era o adequado, por ser em vésperas do regresso do programa e pela promiximidade das eleições.» [Público]

Parecer:

É indiferente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «A Prisa e a Media Capital que se entendam.»

MARINA

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