sexta-feira, setembro 25, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

A DOIS DIAS DAS ELEIÇÕES

FOTO JUMENTO

Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Toby Melville/Reuters]

«A pedestrian passed graffiti art on a wall in north London Thursday. British media have attributed the new work to acclaimed street artist “Banksy.”» [The Wall Street Journal]

A MENTIRA DO DIA D'O JUMENTO

Num gesto de grande generosidade e como sinal de remorso pelo desprezo a que o PSD tem votado a investigação Manuela Ferreira Leite decidiu doar o seu cérebro à ciência. Os cientistas estão particularmente interessados em perceber como alguém com tão vasto currículo e provas intelectuais dadas ao longo de uma vida conseguiu dizer tantas asneiras durante a campanha eleitoral.

JUMENTO DO DIA

Francisco Louçã

Francisco Louçã, o maior desastre eleitoral destas legislativas, já canta vitória, diz que tirou a maioria absoluta a José Sócrates.

REINCIDÊNCIA

Ninguém se recordou mas não é a primeira vez que Cavaco Silva trama um dos seus para salvar a sua própria pele, já o tinha feito com Fernando Nogueira. Desta vez foi para tentar abafar uma conspiração que parece ter sido ele a promover, da outra vez deixou cair Fernando Nogueira por estar convencido de que não ganharia as presidenciais se Nogueira vencesse as legislativas.

É assim o homem de Boliqueime, primeiro está ele, a seguir está ele e depois está ele, não são só os que se atravessam, no caminho da sua ambição pessoal a serem atropelados, os que o apoiam também não se escapam. Tramou Nogueira da mesma forma que desta vez tramou o Fernando Lima e a própria Manuela Ferreira Leite.

Com amigos destes ninguém precisa de inimigos, é este o homem que hoje é presidente da República.

AVES DE LISBOA

Alvéola-branca [Motacilla alba]
Local: Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian

FLORES DE LISBOA

No Jardim Botânico

TIRAR O TAPETE AOS SEUS

«Fernando Lima foi demitido. Tanto ano de trabalho comum e de leais serviços apontariam para outra solução: Lima pedia demissão, o Presidente lamentava mas aceitava a demissão. Essa seria a fórmula low-profile adequada à maneira pública e de fazer política a que os dois nos habituaram, Lima e Cavaco. Mas não. Lima foi demitido. É que a tal fórmula, a de pedido de demissão, deixaria pairar uma suspeita: Lima estava a proteger Cavaco... Ora, o essencial era defender Cavaco Silva. Então, o bode expiatório aceitou a degola. Com esta consequência: demitido, confirmou que tinha havido, mesmo, uma cabala para culpar o Governo de escutas em Belém. E confirmou já. Quer dizer, a cabala acabaria por ser verificada daqui a poucas semanas, com a inexistência de provas de escutas e, por outro lado, com a existência das manobras de intoxicação vindas de Belém. Mas essa versão, a acontecer só daqui a semanas, arrastava Cavaco para a cumplicidade na cabala. Daí, a urgência de demitir Lima, já e na fórmula que só o culpa a ele. O que tinha um senão: demitir Lima antes de domingo penalizava o PSD. Ponderado tudo, que fez Cavaco Silva? Demitiu já. Isto é, obrigou o PSD a procurar um candidato leal para as próximas presidenciais.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O SILÊNCIO DO PRESIDENTE

«Ao longo de toda a sua já longa carreira política Cavaco Silva sempre se apresentou como um tecnocrata que serve o País e que não faz política partidária. Essa carreira começou em 1985, ano em que Cavaco foi à Figueira da Foz fazer a rodagem do carro e saiu eleito presidente do PSD. Desde então até à sua veemente recusa em ser associado a Santana Lopes nas legislativas de 2005, o Presidente da República construiu uma imagem de um homem sério a tentar contribuir positivamente para os destinos do País. Ora, este caso das escutas atinge esta imagem de Cavaco no seu cerne. Porque razão o Presidente avisa num dia que irá pedir "mais informações sobre questões de segurança" logo a seguir às eleições, para depois no outro demitir Fernando Lima, seu assessor desde 1985? À falta de mais esclarecimentos, estas reacções de Cavaco Silva aos acontecimentos acabam por não confirmar nem desmentir nada. Logo, não o isolam completamente dos graves actos alegadamente praticados por pessoas próximas a que nunca se soube que o Presidente tivesse estado ligado.

A manter-se este silêncio do Presidente da República, a eficácia do discurso partidário do PSD fica seriamente comprometida, se não mesmo completamente invalidada. A saber, o slogan da "política de verdade" e a bandeira da "asfixia democrática" que o PSD e Manuela Ferreira Leite elegeram como porta-estandartes para estas legislativas deixam de fazer qualquer sentido. É certo que a líder do PSD não está estritamente envolvida neste caso. Tal como não será responsável pelos comportamentos de António Preto e Helena Lopes da Costa. Mas é evidente que as notícias vindas a público comprometem a postura de seriedade que Ferreira Leite tenta emprestar ao seu partido e à sua candidatura a primeira-ministra de Portugal. Aliás, deve ser por isso que muitas campanhas se abstêm deste tipo de slogans: há sempre, em qualquer partido, demasiados telhados de vidro para se empreender uma campanha sob o signo da "verdade". É mais seguro para os líderes políticos, e muito mais importante para o bem-estar dos cidadãos, defender políticas credíveis. São estas que podem fazer a diferença para o futuro do País. » [Jornal de Negócios]

Parecer:

Por Marina Costa Lobo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

FUNDOS INTOCÁVEIS

«Ainda ontem vinha na primeira página do PÚBLICO: "Portugal perdeu 71 milhões de fundos europeus." De todos os 27 países da União Europeia, Portugal foi o mais perdulário. É a história do costume: atrasou-se na utilização das verbas e, quando finalmente ia deitar a mão à massa, ela já lá não estava, porque as regras comunitárias não são como as nossas.

É difícil não sentir alguma vaidade em sermos os menos sôfregos da Europa. Podemos ser pobres mas, quando dizemos "fiquem lá com os vossos fundos, que nós não precisamos dessa merda", as nossas palavras são ditas com convicção. Se somos os mais perdulários, também somos os menos pedinchões e os menos oportunistas. Há até um certo desdém aristocrático com que mesmo os mais miseráveis se podem defender.

Mas depois pensa-se um bocado e começa-se a desconfiar. Em primeiro lugar, 71 milhões de euros é muito pouco dinheiro. Dá 7 euros por cada português - pouco mais de 50 cêntimos por mês. 50 cêntimos por mês é o que todos os portugueses perdem em trocos mal contados e pelos sofás abaixo.

Depois, nota-se que 64 desses avaros 71 milhões eram para a agricultura. Ai eram? É que os fundos da UE, quando se destinam à nossa agricultura, é mais para nós plantarmos o que eles querem do que aquilo que nos convém. Por exemplo, nada. Ou uma espécie de soja que mais ninguém quer produzir, para fazer andar os automóveis que eles nos querem vender. Na volta, é capaz de haver fundos comunitários em que não vale mesmo a pena tocar.» [Público]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

MARCELO TEME ATAQUES A CAVACO NO DIA 28

«O comentador político Marcelo Rebelo de Sousa afirmou esta quinta-feira que "é um grave erro de José Sócrates- quer ganhe, quer perca-, que na noite das eleições, ele ou alguém por ele, ataque o Presidente, ou comece os ataques ao Presidente da República [ a pensar nas eleições presidenciais]. O presidente é, goste-se ou não se goste, o referencial de estabilidade em Portugal. E com um governo minoritário que inevitalmente vai sair das eleições, é ele o fusível da democracia portuguesa".» [Correio da Manhã]

Parecer:

Bruxo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelas perguntas sobre segurança que Cavaco prometeu fazer.»

INVESTIGADORES DO CASO FREEPORT FICAM

«A directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) decidiu hoje não afastar os dois procuradores titulares do processo Freeport, indeferindo o pedido do arguido Carlos Guerra.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Que façam o serviço até ao fim.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela conclusão das investigações.»

O ALBERTO JOÃO ESTÁ DESESPERADO

«Alberto João Jardim instou hoje o Presidente da República a "definir-se" sobre a possibilidade dos comunistas poderem participar na governação do país através de coligações com o Partido Socialista.

O líder do PSD/M e cabeça-de-lista social democrata às eleições legislativas nacionais do próximo domingo falava no comício da campanha, em frente à Sé do Funchal, considerado um dos maiores do partido na capital madeirense, em que o primeiro-ministro José Sócrates foi o principal alvo das criticas.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Coitado do Cavaco, depois da alhada em que se meteu ainda tem de aturar o Alberto.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Cavaco se se concentre nas perguntas sobre segurança.»

PACHECO JÁ LEMBRA O MINISTRO DA INFORMAÇÃO DE SADAM

«Durante o jantar, Pacheco Pereira, mandatário da candidatura liderada por Isaura Morais, estabeleceu a mudança de executivo como uma "obrigação nacional e patriótica".

"As eleições do próximo dia 27 de Setembro vão ser uma primeira vitória para o dia 11 de Outubro", frisou Pacheco Pereira.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Passou-se.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

FERREIRA LEITE EM GAIA SEM MENEZES

«Luís Filipe Menezes foi esta quinta-feira o grande ausente da campanha do PSD para eleições legislativas. À mesma hora em que Manuela Ferreira Leite visitava a empresa ALERT [uma empresa de tecnologias de informação para a saúde] na terra liderada pelo autarca, Menezes estava num centro de emprego, bem perto, e garantiu à RTP que decidiu não estar presente porque não foi convidado.

«Não há convites», reagiu Manuela Ferreira Leite. «Sei que não está aqui por tinha outras tarefas». «Mas Menezes estaria disposto a vir apoiá-la se fosse convidado...», insistem os jornalistas. «Não tenho dúvidas que o Dr.º Menezes me apoia; sempre foi um social-democrata convicto e muito empenhado neste novo projecto». » [Portugal Diário]

Parecer:

Cá se fazem, cá se pagam.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Coitada da senhora.»

MAIS UMA ARGOLADA DE CAVACO

«A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) esclareceu esta quinta-feira que não recebeu confirmação final do Vaticano da visita do Papa a Portugal, o que a impediu de fazer um anúncio «concertado» com a Presidência da República na próxima semana, como pretendia.

Em comunicado, o porta-voz da CEP, padre Manuel Morujão, confirma que a Presidência da República «recebeu directamente» do Vaticano a confirmação e acordou com a Santa Sé «o teor e o momento da divulgação».

Afirmando estar a par da vinda do Papa, a conferência adianta que «tinha decidido fazer a comunicação de tão importante evento na próxima semana» e que «não recebeu» a última confirmação oficial «para poder acertar com a Presidência da República a sua concertada comunicação». » [Portugal Diário]

Parecer:

Está tão nervoso que se precipitou, talvez para distrair a atenção dos portugueses.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aconselhe-se Cavaco a manter a calma.»

LOUÇÃ JÁ CANTA VITÓRIA

«Francisco Louçã reagiu com satisfação à sondagem TVI/Rádio Clube Português efectuada pela Intercampus, ainda que esta demonstre uma queda nas intenções de voto no Bloco de Esquerda: há uma semana eram 12 por cento, esta quinta-feira são 9,4 por cento.

«Estes números demonstram que o PS, com a vantagem que tem, não alcança a maioria absoluta. Isso é, para nós, uma extraordinária vitória. Esta sondagem confirma o BE como a força que tira a maioria absoluta ao PS e fico muito feliz se estes resultados se confirmarem no domingo», disse, no final de um debate na Universidade de Aveiro. » [Portugal Diário]

Parecer:

Um pouco cedo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelos resultados eleitorais.»

LA KATRINA

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