segunda-feira, novembro 23, 2009

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

O "28" na Graça, Lisboa

JUMENTO DO DIA

Jerónimo de Sousa

A reacção de Jerónimo de Sousa em relação às escutas legais e sem matéria criminal feitas a Sócrates é absurda e só poderá ser entendida à luz de algum empenho e envolvimento pouco claro e transparente do PCP neste processo. Recorde-se que Jerónimo de Sousa tem assumidos posições um pouco exageradas desde que o processo foi notícia.

Ainda antes de o nome de Sócrates ter sido envolvido já Jerónimo de Sousa vinha a público exigir que o processo fosse investigado de forma célere e até ao fundo, quando se tornaram públicas as escutas indirectas a Sócrates ficou claro o que dias antes o líder do PCP pretendia dizer que as investigações deveria ir ao fundo do problema.

Será que Jerónimo de Sousa sabia muito mais sobre o processo do que o comum dos cidadãos? Se o soube seria muito interessante saber como.

A ESCOLHA DE TEIXEIRA DOS SANTOS PARA PERSONALIDADE DA SEMANA

Justificar a subida do défice orçamental de 5,9% para 8% com uma quebra das receitas fiscais é gozar com a inteligência dos portugueses, a não ser que tivesse ocorrido um desastre seria possível uma evolução tão negativa da receita fiscal em dois meses que fosse suficiente para fazer subir o défice orçamental em dois pontos.

A verdade é que 2010 vai ser a prova dos nove de Teixeira dos Santos, um ministro que conseguiu uma imagem de competência sem se saber porquê. Nestes quatro anos limitou-se a usar resultados de trabalho que não é seu e acabou a primeira legislatura sem conseguir reestruturar a DGCI e, ainda por cima, tudo está por concluir nas carreiras. Até aqui beneficiou da cobrança de dívidas, mas isso é parra que já deu uvas.

Durante quatro anos a cobrança de dívidas serviu para fazer passar a mentira do sucesso no combate à evasão fiscal e da eficácia do fisco. Graças a isso Teixeira dos Santos apresentou-se como um grande ministro das Finanças e, de caminho, protegeu os boys do PSD no fisco, até teve um secretário de Estado vindo desse partido.

Em 2010 veremos se o fisco está assim tão eficaz e se Teixeira dos Santos é mesmo o ministro competente de que se fala.

RESOLVIDO O CASO DOP MICROFONE DIRECCIONADO

«Lembro o 5 de Novembro de 2009. Nesse dia, um pombal, perdão um jornal - isto de debicadores de milho desnorteia-me -, um jornal que não nomeio porque todos mergulharam como pombos para painço no empedrado do Rossio, escreveu em título: "Escutas: conversa gravada pela Polícia Judiciária de Aveiro, Vara ouvido em almoço com Godinho." Foi a 5 de Novembro de 2009. Hoje, sabe-se que no processo não consta gravação nenhuma. É esse caso que vou investigar.

Relembro o que se escreveu a 5 de Novembro. O banqueiro Armando Vara e o sucateiro Manuel Godinho, cautelosos, por telefone só marcavam encontros. Mas, quando almoçaram num restaurante da Ajuda, a 23 de Maio, um microfone daqueles de escutas direccionais, capazes de ouvir conversas a 40 metros, apanhou-os a contratarem uma corrupção de dez mil euros. Estes os factos. Enfim, os factos como os que habitualmente comemos depois de regurgitados pelos do pombal, perdão jornal. Então, com essas certezas, dedicámo-nos à veia satírica. Só dez mil euros, o Vara?!... Por um almoço, atenção; se o homem come duas refeições por dia, vezes cinco dias de trabalho, mama 100 mil euros por semanada... Enfim, assalto à Vara...» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

JUSTIÇA NO CAIXOTE DO LIXO

«Em comunicado a tutela esclarece que a Direcção-Geral de Administração da Justiça, perante as notícias sobre “alegados documentos pertencentes a processos terem sido encontrados em contentores no palácio de justiça de Lisboa”, iniciou “de imediato os devidos procedimentos para averiguação das circunstâncias em que tal ocorreu e da respectiva responsabilidade”.

Em relação à eliminação dos documentos, a lei em vigor determina que esta deve ter em conta "critérios de confidencialidade" e que documentos confidenciais não podem ir para o lixo comum. Em declarações à Lusa, o director-geral da Direcção-Geral de Arquivos, Silvestre Lacerda, confirmou que a destruição de documentos produzidos pelos tribunais "tem de respeitar critérios de confidencialidade, bem como de racionalidade de meios e custos". "Há regras claras que têm de ser seguidas", frisou. » [Público]

Parecer:

Digamos que os processos judiciais deste país nem para serem reciclados servem, valem menos do que a sucata.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»

KAREL VOJKOVSKY

SPID ADVERTISING PHOTOGRAPHER