sábado, janeiro 31, 2009

Exijo a demissão de Sócrates!


Desiludam-se os que imaginam que me convenci de que José Sócrates recebeu umas massas a troco de um metros de baldio no meio de uma criação de patos-bravos, para me convencerem de que Sócrates ou seja quem for é corrupto terão que mostrar as provas em tribunal e ainda assim esperarei que o acusa tenha a oportunidade de as rebater. Nessa ocasião convencer-me-ão.

Não confio em polícias mesmo que tenham o estatuto de magistrados, neste país há muita gente pequena e tanto quanto sei nem na PJ na no Centro de Estudos Judiciários medem a altura aos candidatos, nem sequer lhes fazem um exame médico para se verificar se têm pés chatos, ou alguma micose difícil de coçar debaixo das vestes medievais do teatro judicial.

Nos tempos que correm também não confio em jornalistas que foram para a profissão por engano, pela correria em que vivem, num vaivém alucinante entre o gabinete do garganta funda da justiça e a redacção muitos deles já se esqueceram do ofício, quando os seus jornais falirem vão ter de se converter a estafetas.

Mais grave do que um primeiro-ministro corrupto ou ex-corrupto é um primeiro-ministro estúpido, o corrupto mete umas massas ao bolso, o estúpido faz asneira em tudo o que se mete e, por isso mesmo, seria um desastre para o país ter um primeiro-ministro estúpido. Depois de não termos encontrado petróleo, de a Ferreira Leite ter conseguido chegar a líder do PSD e de não termos convencido os europeus a comerem a nossa couve-galega em vez daquelas coisinhas a que chamam couve de Bruxelas (que não abonam nada a favor dos dotes dos belgas, o que justifica o sucesso de Durão Barroso), pior do que tudo isso mais um tsunami seria termos escolhido um estúpido para primeiro-ministro.

Quando a polícia inglesa nos diz que Sócrates reuniu com quatro desconhecidos e uma hora depois voltou a reunir com eles para lhes apresentar a factura e sacar-lhes o pilim temos que chegar à conclusão que Sócrates não é apenas um corrupto, é um corrupto muito estúpido. Lembra-me aquele ladrão que recentemente tentou assaltar uma ourivesaria e foi apanhado porque deu tempo a que telefonassem para a GNR, dois agentes chegassem e entrassem pelas traseiras para visionarem o vídeo confirmando que era um assalto e ainda tiveram tempo para pender o desgraçado.

Só um ministro muito estúpido é que em vez de arranjar um intermediário pedia ele próprio o dinheiro e ainda por cima à frente de uma reunião que parecia a assembleia geral da Freeport. Se não fosse o facto de os filmes cómicos nunca terem sido o forte de Manuel Oliveira e a justiça portuguesa só completar o enredo deste filme quando o realizador tiver aí uns 12º anos isto daria um filme de nos levar às lágrimas.

E nem é preciso imaginação para conceber outras cenas hilariantes, aquela de uma reunião da Freeport onde se discutia a distribuição da massa é mesmo digna do humor britânico. Quase aposto que os polícias ingleses anda a abusar dos filmes do Benny Hill!

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Pintando na Rua Augusta, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Clay Jackson-AP]

«Ally McKinney and her brother Spencer slide down a hill behind Danville High School in Danville, Ky. A state emergency official says the vicious winter storm has left more than a half-million people without power.» [Washington Post]

JUMENTO DO DIA

Presidente da República

Percebe-se que o Presidente da República questione a qualidade das leis na cerimónia de abertura do ano judicial, o que não se entende é que vá a uma sessão cheia de organismos que são contra a lei do divórcio questionar esta lei e ainda por cima fazer alguma chacota. É um comportamento pouco próprio de um Presidente da República referir-se nestes termos a uma lei da Assembleia da República.

Parece que Cavaco Silva só se entendeu com o parlamento quando tinha uma maioria absoluta e nem se dava ao trabalho de por lá aparecer.

COBARDIA

Um dos lados mais curiosos de todo este processo Freeport é o silêncio de muita gente do PS, anda por aí muito cobarde que quando tudo corria bem até lambiam os Prada a José Sócrates, agora parece terem desaparecido.

SÓCRATES SERÁ ESTÚPIDO?

Os ingleses não acham que Sócrates é apenas corrupto, também acham que é estúpido, só mesmo um estúpido é que pedia dinheiro dando a cara numa reunião com quatro desconhecidos.

J'ACCUSE

«Há 111 anos, a 13 de Janeiro de 1898, foi publicada a mais grandiosa peça jornalística de todos os tempos. Escrita como carta aberta ao presidente de França, é um apelo indignado em nome de um inocente injustamente condenado, libelo contra um sistema judicial corrupto e uma opinião pública contaminada pela manipulação da verdade e pelos seus preconceitos (o condenado era judeu) através de uma campanha mediática "abominável". Num estilo que cruza o jornalismo e o manifesto, descreve a forma como um homem foi desonrado, julgado e condenado a prisão perpétua com base em provas falsas que, sendo consideradas "secretas", nem sequer lhe foram reveladas, e demonstra como o verdadeiro culpado foi absolvido por juízes cientes da sua culpa. Tem como título J'accuse...! (Eu acuso...!), e é uma defesa empolgada e empolgante da verdade e da justiça.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Fernanda Câncio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

TÍTULO 11

«José Sócrates gamou? Um ministro que recebe luvas para tomar uma decisão, o que faz é gamar. Gamou? Se o fez: 1) Ele é um canalha (que é o que é um ministro que gama); 2) ele é parvo (quem gama, não se candidata meses depois a lugar tão exposto como a chefia do Governo); e 3) ele tem uma daquelas deficiências cerebrais, tipo Vale e Azevedo, com cara de não passa nada, quando se passa muito e grave. Sócrates é tudo isso - se gamou. Se! Ora para a pergunta trivial - culpado ou inocente? - eu só posso responder: não sei. Sobre os factos não sei nada, só posso ser testemunha abonatória de José Sócrates: ele é o melhor primeiro--ministro que já tive. Mas isso é irrelevante. Por isso, já que a suspeita foi instalada, só posso afirmar a minha dúvida: não sei. Mas já sei, tenho até absoluta certeza, que há quem queira instrumentalizar essa minha dúvida. Enquanto esteve com a polícia e magistrados ingleses, a investigação foi o que devia ser, silenciosa. Desde que chegou a Portugal, há dez dias, foi um ver se te avias de informações às pinguinhas. Sou do meio, sei do que falo: investigação jornalística, o tanas. Milho atirado.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

UM NOVO AFFAIRE DU COLLIER

«Como dizia um amigo meu, "são muitos anos a virar frangos". Ao fim de quase 35 anos de profissão como advogado, ganhei seguramente uma coisa e importante, um apurado sentido "olfactivo" sobre os factos. Por isso digo: não me cheira que José Sócrates tenha sido corrompido no apelidado "caso Freeport".

Se outras razões não existissem, bastaria ouvir e ver as personagens que gravitaram à volta da suposta reunião onde se teriam combinado as "luvas", na tese (malévola) mais divulgada. Mesmo em Portugal, tudo isso seria mau de mais para ser verdade e reveste-se até de laivos de puro disparate: o ministro Sócrates, com o seu tio como intermediário, receberia milhões e o primo acabava a mendigar uma campanhazita de publicidade como compensação para os "favores". Bastaria ler um qualquer (mesmo mau) romance policial para perceber que nada disto faz sentido.

Mas algumas coisas fazem sentido nesta história, que podemos com um pouco de esforço tornar edificante. Vamos então a isso.

A Administração Pública portuguesa é lenta, nem sempre coerente e vezes de mais desrespeita os princípios da imparcialidade, da igualdade e da proporcionalidade que deveriam nortear a sua acção. É uma administração pouco transparente, em regra formalista e tendencialmente desinteressada dos efeitos nefastos dos seus procedimentos para os investidores, para o desenvolvimento económico e para a cidadania.

Por esses motivos formou-se uma "profissão" de "porteiros de interesses". São milhares de pessoas que por esse país fora "abrem portas", oleiam engrenagens, conseguem reuniões e tentam que as burocracias façam o que deveriam fazer de qualquer modo: não perder tempo, decidir com rapidez, respeitar o tempo e o dinheiro dos cidadãos e das empresas.

Os "porteiros de interesses" desempenham, infelizmente, um papel útil e que serve algumas vezes para que os decisores políticos possam agitar as burocracias, dar uns gritos e conseguir que durante algum tempo as coisas se agilizem um pouco. Deles não vem grande mal ao Mundo: abrem portas que deviam estar abertas, aceleram decisões que deviam ser rápidas. Se um dia o Estado português passasse a ser uma pessoa de bem, a profissão extinguir-se-ia num ápice.

Há outra "profissão", parecida, mas admite-se que mais restrita e até mais sofisticada: a dos "vendedores de promessas". São pessoas que gravitam à volta das empresas e que conseguem convencer - os mais incautos, menos sérios, mais apressados ou mais entalados - de que conseguem comprar os decisores e com isso resolver os problemas dos empresários. Como gosto de dizer, milhares de políticos e de quadros superiores da administração foram comprados sem o saber, porque alguém recolheu dinheiro para lhes entregar, sem o ter feito. E sem que soubessem disso! Dentro desta profissão, os mais "competentes" são os que - sabendo o sentido das decisões - conseguem receber dinheiro para comprar decisores... que já iam decidir nesse sentido. E os mais "sérios" são os que recebem o dinheiro para comprar decisores, esperam pela decisão e - se for favorável - informam que compraram o político e guardam a massa; se for desfavorável, dirão que não conseguiram e devolvem o dinheiro. Com isso, pelo menos, o político "corrompido" livra-se de ser insultado por ser desonesto e mal-agradecido.

E depois há os profiteroles, como também gosto de lhes chamar. Os que fazem um pedido à empresa para os ajudar pelo que alguém que eles conhecem terá feito, tentando alguma vantagem que os ajude na sobrevivência. Parece ser esta a categoria em que se insere o primo de José Sócrates.

O "caso Freeport" tem "porteiros de interesses", profiteroles e, parece, "vendedores de promessas". Que não existiriam se a Administração Pública funcionasse, se os tribunais decidissem depressa e se os cidadãos não tivessem medo, estando as mais das vezes dispostos a pagar para obter o que seria o seu direito.

Eu sei que estas profissões não esgotam toda a realidade. Por exemplo, poder-se-ia falar dos burocratas que criam dificuldades para vender facilidades. Ou dos políticos que pedem dinheiro para campanhas acenando com facilidades futuras. Ou dos "traficantes de influência". Ou ainda dos corruptos impropriamente chamados "passivos". Mas a minha tese é que, se acabarem os primeiros, estes últimos perderiam poder e disseminar-se-iam muito menos.

Seja como for - quem tem uma família destas não precisa de inimigos, disse Marcelo Rebelo de Sousa - o primeiro-ministro, ainda que inocente, vai provavelmente sofrer com isto. Num país de invejosos, maledicentes, potenciais corruptos e corruptores que julgam os outros pela medida dos seus desejos, em ano eleitoral, com desemprego e sofrimentos vários, isso é expectável.

Mas pode também vir a ganhar e muito, se a opinião pública se convencer de que é vítima inocente de maquinações e manipulações para o destruir. De momento, ainda é cedo para saber.

E a propósito: esta semana um filme lembrou-me o célebre "caso do colar". Um grupo de escroques conseguiu iludir o poderoso cardeal de Rohan, convencendo-o de que Maria Antonieta lhe retribuiria o favor de garantir a compra de um deslumbrante colar de diamantes. O cardeal caiu na esparrela, o colar foi "comprado" e Maria Antonieta nunca o recebeu, nem sabendo aliás sequer dessa intenção do cardeal. Os escroques e o cardeal foram julgados, este último absolvido e a Rainha - que estava totalmente inocente e foi apenas uma vítima - foi enxovalhada pelas ruas pela populaça para quem ela era um monstro de pecados e vícios e que, evidentemente, não acreditou no veredicto judicial. E a Revolução Francesa veio logo a seguir, tendo l'affaire du collier sido talvez, como escreveu Goethe, o "afundamento da Revolução".» [Público assinantes]

Parecer:

Por José Miguel Júdice.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

CML QUER LIMITAR OS ESPAÇOS DE PUBLICIDADE POLÍTICA

«A Câmara de Lisboa quer garantir que não haverá propaganda eleitoral em certos locais da cidade como o Marquês de Pombal, Terreiro do Paço, Rossio, Praça do Município e Restauradores, e até limitar o tamanho dos cartazes.

O vereador com o pelouro do Espaço Público, Sá Fernandes, quer garantir que 'sejam respeitadas as regras quanto à protecção de vistas e não ocupação de passeios e garantir que algumas zonas fiquem livres de propaganda', uma vez que para o vereador, que já apresentou uma proposta aos maiores partidos, a propaganda tem sido feita de forma “desordenada'.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Não só se deveriam limitar os locais como os suportes utilizados pois muita da propaganda política a coberto da liberdade não passa de lixo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

PASSOS COELHO PREFERE CDS A PS

«Passos Coelho defende as vantagens de uma maioria absoluta, capaz de sustentar as reformas. Mas, sem essa maioria, "é pouco desejável" que exista uma coligação para um Governo de Bloco Central. "Ninguém em política descarta possibilidades, mas eu não lutaria por essa solução para que o PSD tivesse maioria absoluta."Relembra que o PSD já governou em coligação com o CDS e já chegou a fazer um entendimento pré-eleitoral. Há, diz, "uma afinidade maior entre esses dois partidos do que com o PS".» [Diário de Notícias]

Parecer:

Começa a pensar alto, ainda que mal.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Diga-se a Passos Coelho que a Procissão ainda vai no adro.»

UM BOM EXEMPLO DE RESISTÊNCIA À MUDANÇA

«Um grupo de juízes acusa o Ministério da Justiça de estar a violar o segredo de justiça com o Citius- programa que transforma processos em forma digital e que permite a prática de actos judiciais também em via digital. » [Diário de Notícias]

Parecer:

Ainda há muitas velhas que não acreditam que o homem esteve na lua ou que dizem que a mudança climática é um resultado dos foguetões.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se por uma nova geração de magistrados, menos vaidosos e mais modernos.»

IRLANDESES FAVORÁVEIS AO TRATADO

«Os irlandeses passaram a ser maioritariamente favoráveis ao Tratado de Lisboa, que haviam rejeitado em referendo realizado em Junho passado, sendo a reviravolta de opinião induzida pela crise económica, revela uma sondagem esta sexta-feira divulgada.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Votaram primeiro e pensaram depois.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Repita-se o referendo.»

ESCUTAS DO APITO DOURADO SÃO ILEGAIS

«O Tribunal Constitucional rejeitou o recurso do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol e considerou definitivamente ilegal a utilização das escutas telefónicas do Apito Dourado no âmbito do processo de corrupção desportiva Apito Final. Com esta decisão, o Boavista pode recorrer da descida de divisão e Pinto da Costa dos dois anos de suspensão a que foi condenado.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Os incompetentes deveriam ter que pagar a despesa resultante das escutas e de toda a burocracia judicial que agora vai para o lixo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se a proposta.»

AUTOR DA LEI DO DIVÓRCIO RESPONDE A CAVACO SILVA

«Um dos autores da Lei do Divórcio, Guilherme Oliveira, contestou hoje os reparos do Presidente da República, Cavaco Silva, ao diploma, sustentando que a nova legislação «procura combater as situações de pobreza» das mulheres e crianças, noticia a Lusa.

Esta sexta-feira, em Fátima, o Chefe de Estado alertou que a Lei do Divórcio poderá levar ao aumento dos «novos pobres» e, citando informações recolhidas em instituições de solidariedade social, referiu que a maioria dos casos detectados está associada aos divórcios.» [Portugal Diário]

Parecer:

Era de esperar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se Conhecimento ao visado.»

DESPEDIMENTO NA SIC

«Cerca de 50 trabalhadores deixaram a SIC no âmbito do plano de rescisões voluntárias iniciado em Novembro e inserido no processo de reestruturação da empresa, disse à Lusa o director-geral do canal.

«O processo de adesão voluntária foi bastante bom. Correu dentro das nossas melhores expectativas, sem conflituosidade interna», afirmou Luís Marques, acrescentando que foram à volta de 50 os trabalhadores que aderiram. » [Portugal Diário]

Parecer:

Desta vez os jornalistas de Pinto Balsemão não foram para a porta da empresa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Pinto Balsemão quanto é que a operação vai custar ao Estado.»

WOJTEK KWIATKOWSKI

O PRESIDENTE PERGUNTOU PELO VOSSO PEDIDO DE DEMISSÃO

FREIGHTLINER

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Estratégia manhosa

Vale a pena acompanhar o Caso Freeport centrando-nos na forma como as notícias são lançadas, ou seja na forma como é gerida as fugas ao segredo de justiça.

Tudo começou com uma notícia do SOL, antecedida por pré-notícias visando instalar a dúvida e a curiosidade. A primeira notícia lançava a suspeita, a segunda falava de um DVD e apontava Sócrates como suspeito. Tudo começava com uma suposta reunião, em que não se sabia muito bem quem teria estado presente, motivada pelo desespero de um representante da Freeport que se queixava de lhe querem extorquir dinheiro. Surgia o nome do tio de Sócrates. Tudo era apresentado como mais um sucesso do jornalismo de investigação de uma conhecida jornalista que os responsáveis do SOL tinham trazido do Expresso onde se tinha notabilizado pelo processo Casa Pia.

Nesta fase inicial insinuava-se que as investigações depois feitas pelo MP eram motivadas por um pedido da polícia britânica e que o MP havia avocado o processo porque na PJ (dependente hierarquicamente do MJ) nada tinha feito durante anos. Entretanto deixou-se de se falar no DVD ou nas motivações da tal reunião, a dúvida era a celeridade do processo.

O impacto foi mínimo mas a dúvida foi instalada, foi então que surgiram mais dados e noutros jornais, designadamente, o Público, a fuga de informações foi democratizada, depois de um jornal pertencente a accionistas ligados ao PSD passou a ser outro jornal da mesma área a beneficiar de primeiras páginas. Soube-se então que um primo de Sócrates, o neurónio criativo tinha mandado um mail a pedir (não se dizia muito bem o quê) a troco do favor que o tio de Sócrates tinha feito. O favor tinha sido uma reunião de alguém que se queixava de lhe estarem a tentar extorquir dinheiro.

Entretanto soube-se que o neurónio criativo tinha levado sopa e que a empresa tinha durado muito pouco, isto é, a gestão de influência tinha caído por terra, da mesma forma que caiu por terra o argumento ambientalista já que a Comissão informou que tinha arquivado a queixa da Querqus.

Mas os gestores da distribuição da informação confidencial sabem que este processo não pode ser gerido como o da Casa Pia, agora não há o risco de alguém se mexer e ser logo acusado de pedofilia por um puto que de repente reconheceu a sua cara num álbum de fotografias. Neste caso foi necessário gerir melhor os trunfos, não divulgar tudo de uma vez, desta forma prolongava-se a manobra no tempo e sempre se poderia apanhar alguma contradição nas declarações de Sócrates. O primeiro-ministro até caiu à primeira ao precipitar-se e fazer declarações, mas cedo percebeu a estratégia e passou a ter mais cuidado com as posições.

A opinião pública ainda não tinha mudado muito e depois de uma primeira ronda de investigações percebeu-se que o Ministério Público não iria fazer o jogo, desta vez não havia inspectores da PJ e os procuradores tinham a sua própria estratégia de investigação. Era necessário lançar mais dados nos jornais.

Satisfeito o SOL e o Público, com a TVI a fazer grandes manchetes com o que saia nos jornais sem pagar direitos de autor, tinha ficado de fora o Expresso e os órgãos de comunicação social de Pinto Balsemão. Se o Expresso teve a primeira página do processo Casa Pia, até porque o SOL nem existia na época, também não podia ficar de fora do negócio, mas havia um problema, o jornal só sai ao sábado e uma semana era muito tempo para esperar. Optou-se pela Visão, ficando o Expresso de fora desta manobra.

Foi então que saiu a informação da carta rogatória dos polícias ingleses, algo que há muito os gestores da manobra dispunham pois ninguém imagina que tivesse sido enviada esta semana por DHL para o director da Visão. Como as suspeitas não foram suficientes e os lucros do neurónio criativo não justificavam tanta agitação nada como os ingleses dizerem que Sócrates era o suspeito número um. Foi então que os herdeiros da revolta contra o mapa cor-de-rosa embandeiraram em arco, se os ingleses diziam que Sócrates era o suspeito número um então o melhor era dispensar qualquer investigação e declará-lo logo culpado, até porque os ingleses são honestos e infalíveis.

Como seria de esperar a Procuradoria-Geral respondeu com um comunicado e esclareceu que a tal carta rogatória dizia precisamente aquilo que constava numa carta rogatória enviada há muito tempo e à qual não tinha sido dada resposta. Foi então que a TVI teve direito à sua notícia de abertura informando que, ao contrário do que dizia a PGR, a carta vinha acompanhada de informação, uns números e mais qualquer coisa, isto é, a PGR também era suspeita de mentir.

Parece que querem saber as contas de Sócrates, mas ninguém se lembrou de que até um presidente de junta tem que mandar estes elementos para o Tribunal Constitucional, coisa que nem Miguel Sousa Tavares parece saber. Também ninguém se lembrou de dizer que se o dinheiro saiu de Inglaterra por algum lado passou e antes de virem investigar supostos suspeitos os ingleses poderiam ter investigado o rasto desse dinheiro. Se está numa conta bancária de Sócrates de alguma forma lá chegou e se veio de Inglaterra uma das pontas da meada está lá, não se percebendo porque querem procurar por outra ponta sem saberem se essa ponta está mesmo cá. E se em relação a Portugal se insinuou que a PJ paralisou o processo, o mesmo não se pode dizer dos ingleses que tiveram muito tempo ara investigar, mas parece que optaram por coçar os ditos cujos, só mandando a carta rogatória porque poderão ter percebido que a questão iria ser de novo suscitada.

Bem, que mais terão para lançar nos jornais depois de todas as manobras falhadas? Esta é a dúvida e uma pista para a resposta está na estratégia já ensaiada e que vai tendo eco nalguns blogues e mesmo na boca de Miguel Sousa Tavares, agora há que tentar afastar a procuradora encarregue do processo? A verdade é que essa procuradora tem vários processos importantes, como o BPN ou a Operação Furacão, e parece que a sua equipa não está feita com fugas ao segredo de justiça, daqueles processo nada transpirou para a comunicação social.

Não é difícil de adivinhar que agora vão tentar afastar a procuradora, o ideal seria a investigação ser feita com o objectivo de obter novos elementos para mandar para os jornais de forma a esvaziar a justiça e fazer um julgamento público, ainda antes das eleições, de ser feita qualquer acusação e da intervenção de qualquer tribunal. É Assim a justiça dos fascistas, ainda sem qualquer acusação, sem que alguém tenha sido constituído arguido reuniu-se um tribunal plenário onde alguns jornalistas decidiram fazer o papel de juízes dos tribunais plenários dos fascistas. Com uma pequena diferença, quem lhes leu a acusação nem teve a coragem de dar a cara como faziam os agentes da Pide, estes são ainda mais cobardes.

O mais grave é que vejo por aí muita gente que é democrata e que a troca de poder chegar ao poder se esquecem dos princípios e alinham na encenação.

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Intervadlo na Rua Augusta

IMAGEM DO DIA

[Jean-Paul Pelissier/Reuters]

«ArcelorMittal steelworkers demonstrated Thursday in Marseille, France. Unions have called on public and private-sector workers to go on strike to prompt the government to better protect jobs and salaries. As many as 1.5 million people marched nationwide Thursday.» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

José Pacheco Pereira

Enquanto o PSD espera obter proveitos do caso Freeport e mantém uma postura supostamente responsável, José Pacheco Pereira usa o seu blogue e o programa Quadratura do Círculo para lançar suspeitas recorrendo à manipulação dos factos. Triste papel o reservado a Pacheco Pereira, o papel sujo.

A JUSTIÇA TEM DE SER CEGA

E nunca foi tão cega como está a ser, é tão cega que devem andar umas dezenas de jornalistas a fotocopiar processos e ninguém os consegue ver.

MANHOSO

Alguém queixava-se de que estava a ser vítima de extorsão e quis ir ao ministério para denunciar isso. Segundo Pacheco Pereira o ministro deve ser suspeito porque não foi ao Ministério Público. Pacheco Pereira deveria fazer um esforço para ser, ou pelo menos para parecer mais honesto.

Também é estranho que Pacheco Pereira que anda sempre tão preocupado com a central de comunicação que controla os órgãos de comunicação social não se pronuncie agore sobre quem os controla, principalmente os que pertencem ou são dirigidos por gente do PSD.

FASCISTAS

Os manipuladores da campanha negra lançada sobre José Sócrates com o objectivo de facilitar uma vitória eleitoral a Manuela Ferreira Leite

MUDANÇA DE ESTRATÉGIA DOS FASCISTAS

Como depois de duas ofensivas de fuga ao segredo de justiça as coisas não correram como previsto a estratégia agora é colocar em causa o Ministério Público, talvez para colocar à frente das investigações alguém do seu lado. Lamentavelmente Miguel Sousa Tavares deu expressão a esta tentativa.

A ARTE DE ENGANAR TODOS

«Com certeza que ouviram já falar de Bernard Madoff, o trader de Wall Street que durante décadas criou um esquema colossal de vigarice, com perdas de 50 mil milhões de dólares. Tenho andado a ler sobre a odisseia de Madoff. Podem pensar que nada disto é connosco, mas enganam-se. Notícias de ontem revelavam que, sozinho, Madoff impediu os bancos espanhóis de lucrarem 650 milhões de euros. Em Portugal ainda não sabemos os efeitos, mas o País é pequeno e isso, ocasionalmente, traz vantagens. Um só homem conseguiu o que muitos políticos anti-sistema reclamam: sugou os lucros da banca. Pelo meio apanhou investidores individuais, fundos de pensões, instituições de benemerência social. Fomos todos um pouco por todo o lado roubados por Bernard Madoff.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Pedro Lomba.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

OLIVENÇA, EM TERRAS DE ESPANHUGAL

«Mas em todos os mapas, apesar da retórica lusitana, Olivença continua do lado espanhol. E com o adequado nome de Olivenza.» [Público]

Parecer:

Esta afirmação de Nuno Pacheco é falsa e revela ignorância, se o jornalista do Público for à página do Instituto Cartográfico do Exército vai ver que a carta do Continente não tem a fronteira desenhada na zona de Olivença. Mas enfim, nos tempos que correm os nossos jornalistas estudam pouco, ficam confortavelmente a aguardar cópias dos processos em segredo de justiça.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Arquive-se por revelar desconhecimento, imperdoável a um jornalista.»

A MULHER DE CÉSAR E A IMPORTÂNCIA DA CONFIANÇA EM POLÍTICA

«Em dias de crise é mais importante do que nunca que os cidadãos confiem nos seus líderes. Essa confiança pode perder-se por erros políticos ou quando surgem dúvidas sobre o comportamento do cidadão. É por isso que Sócrates está a viver a pior crise do seu mandato.» [Público assinantes]

Parecer:

Quem escreveu este belo princípio é José Manuela Fernandes, o director de um jornal que recebe e publica informação em segredo de justiça, violando todas as regras da democracia, e que foi um defensor do governo de Sócrates até que a localização do novo aeroporto não foi decidida num local que servia os interesses de um grande empreendimento turístico do patrão.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Arquive-se.»

DESCENDO NA VERTICAL

ANTISTAN

PHILIPS