domingo, maio 31, 2009

Semanada

Se as semanas pudessem ser designadas por nomes de instrumentos musicais a que agora termina seria designada por semana do trombone, não só porque Oliveira e Costa fez um intervalo na sua estadia no resort da Polícia Judiciária para meter a semana no trombone, mas também pelas muitas notas musicais que fomos ouvindo por aí.

Depois de muitos pedirem a saída de Dias Loureiro do Conselho de Estado, um órgão que pouco mais importância tem do que a imunidade que confere aos seus membros, bastou umas notas musicais tocadas por Oliveira e Costa para o conhecido banqueiro se apressar a combinar com Cavaco Silva a resignar. A desculpa foi original, para não beneficiar da mesma imunidade de que até aqui tinha beneficiado.

Surpreendido com o gesto ficou Pinto Monteiro que não se cansou de dizer que não estava nos planos dos investigadores ouvirem Dias Loureiro, pelo menos nos próximos tempos. O PGR tem razão para a falta de pressa, afinal Dias Loureiro não tem nada que ver com o que se passou no BPN e a crer no próprio Presidente da República não há razões para desconfiar dele.

Outros acordes musicais que se fizeram ouvir durante a semana foram os do bastonário da Ordem dos Advogados que parece dar-nos um concerto dia sim, dia não. Mas na sexta-feira da semana anterior acertou na pauta e obrigou a esposa do senhor Moniz a ouvir musica a que não está habituada, habitualmente é ela que faz de maestro orientando as entrevistas batendo com a batuta nos pobres entrevistados. Como era de esperar o Chefe de família Moniz veio em defesa das esposa e criticou o bastonário pelas palavras que usou, compreende-se, quanto ao palavreado da esposa já não se espanta. Quem se safo foi Sócrates, agora a família Moniz terá de dividir o ódio entre ele e os advogados do bastonário, o que não admira, são as duas personalidades com mais gente a querer ver serem demitidos.

Vital Moreia não quis ficar atrás e também fez uso do seu trombone ao apontar o dedo aos figurões do PSD, algo que indignou Manuela Ferreira Leite, isso de chamar os bois pelos nomes é coisa que se faz em privado, nunca em público. Depois de todas as personalidades do PSD usarem os mails e os blogues para tirarem partido do caso Freeport foi um exagero o que Vital fez.

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Pavilhão de Exposições do Instituto Superior de Agronomia, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Reuters]

«Children perform for Chinese tourists at a kindergarten in Sinuiju, North Korea.» [The Washington Post]

JUMENTO DO DIA

Mário Nogueira, militante do PCP na FENPROF

Só alguém como Mário Nogueira que está mais preocupado com as eleições do que com os professores promovia uma manifestação em plena campanha eleitoral para as europeias, se haviam dúvidas quanto aos objectivos políticos da FENPROF e dos movimentos de "guerrilha" do BE disfarçados de grupos independentes de professores estas deixaram de existir.

É evidente que os professores têm razão de queixa, que a ministra das Finanças é teimosa não distinguindo o que deve atender do que é inaceitável e que essa teimosia favorece personagens como Mário Nogueira, se assim não fosse a manifestação contaria apenas com Mário Nogueira e os seus camaradas da esquerda conservadora.

BANCO ALIMENTAR CONTRA A FOME: ALIMENTE ESTA IDEIA

Alimente esta ideia apesar de alguns terem uma ideia bem diferente, é o caso do PCP que a propósito do Banco Alimentar contra a fome dizia esta pérola no Avante:

«Mas podíamos, para terminar, falar de raspão no caso do Banco Alimentar Contra a Fome, exemplo de uma IPSS «desinteressada» e católica. A organização afirma a finalidade de apenas servir os pobres. Recebe do Estado contribuições sob a forma de subsídios. Das grandes empresas, donativos e parte do excesso dos seus stoks. Do cidadão comum, aquilo que ele lhe puder oferecer. O Banco Alimentar orienta a sua actuação pelo princípio da conciliação de classes. É benéfica para o cidadão porque aplaca a revolta moral que a miséria lhe pode causar e lhe dá uma esmola. É positiva para as empresas, visto que escoa os seus excedentes e concorre para lhes aumentar as vendas. E é necessária ao Governo e à Igreja, dado que se substitui à acção social do Estado democrático, funciona com base no voluntariado e distribui as suas recolhas a partir de instituições piedosas tais como os centros paroquiais, as conferências vicentinas, as congregações e fundações católicas, as comunidades locais, as ATL, os lares de idosos, etc.»

AVES DE LISBOA

Corvo-marinho-de-faces-brancas [Phalacrocorax carbo]
Local: Cais das Colunas

FLORES DE LISBOA

Flores no Jardim Botânico

MAIS UM FALHANÇO DE MÁRIO NOGUEIRA

«Apesar do calor que se faz sentir na capital, cerca 50 mil professores participam neste momento numa manifestação para exigir uma "efectiva" revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD) e a substituição do actual modelo de avaliação de desempenho. Embora o número ainda não seja oficial, Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, garante que poderão estar mais do que os 50 mil professores inicialmente previstos. Entre as palavras de ordem pode ouvir-se ‘A educação assim não'. » [Correio da Manhã]

Parecer:

Muito aquém do que se prometia e apesar dos apelos desesperados à participação.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proceda-se à recontagem dos manifestantes distinguindo os que são dos que não são professores e aparecem disfarçados de tal.»

OLIVEIRA E COSTA OUVIDO SOBRE O NEGÓCIO COM OS CTT

«José Oliveira Costa foi ouvido por inspectores da Polícia Judiciária sobre um negócio feito pela anterior administração dos CTT, liderada por Carlos Horta e Costa, e a Rentilusa, empresa do universo da Sociedade Lusa de Negócios (SLN). A audição do ex-presidente do BPN, na qualidade de testemunha, decorreu há pouco tempo numa sala do Estabelecimento Prisional da Polícia Judiciária, em Lisboa.

Os inspectores da Unidade Nacional contra a Corrupção (UNC) pretenderam apurar se o ex-presidente do BPN estava a par do negócio feito pela anterior administração dos CTT e a Rentilusa, no qual os CTT adquiriram à empresa do Grupo SLN um conjunto de viaturas em regime de AOV (Aluguer Operacional de Viaturas). A decisão de adjudicar à Rentilusa o contrato está a ser investigada pela Polícia Judiciária no âmbito do processo conhecido como "o caso dos prédios dos CTT".» [Diário de Notícias]

Parecer:

Este Oliveira e Costa parece ser a Nau Catrineta.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Ouça-se Oliveira e Costa sobre tudo o que ele sabe, o país ficará mais limpo.»

REBENTOU-LHES A BOLHA

«Em apenas um quarto de hora, três indivíduos, armados e encapuzados, terão levado mais de um milhão de euros. O assalto ocorreu quinta-feira à noite na Quinta de São Salvador, em Oliveira do Douro, Vila Nova de Gaia, onde, de acordo com as autoridades policiais, estaria a decorrer um encontro de participantes do "jogo da bolha". A PJ está a investigar o caso, mas nenhum dos lesados apresentou queixa e a maioria escapou sem ser identificada pela PSP.

Seriam cerca das 22.30 quando três indivíduos, encapuzados e armados, entraram na Quinta de São Salvador, em Oliveira do Douro, concelho de Vila Nova de Gaia. Para facilitar o acesso ao espaço onde decorria o jantar, os assaltantes terão ido disfarçados de polícias. Segundo uma funcionária, os indivíduos gritaram "isto é um assalto" e terão chegado a disparar para o ar.» [Diário de Notícias]

Parecer:

É o que dá o jogo clandestino.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se aos jogadores que da próxima tenham mais cuidado.»

LÁ VEM A DONA ZEZA

«Maria José Morgado admite que uma alteração legislativa não resolve tudo, mas deixou a pergunta em tom de crítica: "Porque é que nunca ninguém deu atenção à protecção penal do interesse público na legislação sobre o ordenamento do território? Porquê esta desprotecção em termos penais", questionou, no seminário "Política e Justiça", organizado pelo Instituto de Estudos Eleitorais da Universidade Lusófona.

Maria José Morgado considera que é preciso criminalizar as irregularidades urbanísticas e chama a atenção para o facto de isso nunca ter sido conseguido nas sucessivas reformas.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Quando o Ministério Público está a ser posto em causa Maria José Morgado vem com esta diversão espalhando mais suspeitas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Maria José Morgado que resultados conseguiu no Apito Dourado ou em outros processos que estão a seu cargo.»

CAVACO GANHOU €147 MIL COM A SLN

«A passagem de Cavaco Silva pela Sociedade Lusa de Negócios (SLN), como accionista, foi lucrativa. O Presidente da República (PR) vendeu em Novembro de 2003 as 105.378 acções que tinha da SLN — empresa que até Novembro controlou o Banco Português de Negócios (BPN) —, por €2,4 cada. Tendo em conta que as tinha comprado em 2001 por €1, Cavaco obteve, com este negócio, ganhos de €147,5 mil.

Também a sua filha Patrícia era uma pequena accionista da SLN e vendeu 149.640 acções na mesma altura que o pai, pelos mesmos €2,4. Resultado: mais-valias de €209,4 mil.

Documentos a que o Expresso teve acesso mostram que, a 17 de Novembro de 2003, Cavaco Silva e a filha deram ordem de venda das suas acções, em cartas separadas endereçadas ao então presidente da administração da SLN, José Oliveira Costa. Este determinou que as 255.018 acções detidas por ambos fossem vendidas à SLN Valor, a maior accionista da SLN, na qual participam os maiores accionistas individuais desta empresa, entre os quais o próprio Oliveira Costa.

O Expresso voltou esta semana a contactar o PR. Perguntou-lhe outra vez quando se tornou accionista e porquê, qual o valor a que comprou as acções em 2001 e qual o valor a que as vendeu. Fonte oficial da Presidência da República respondeu: “O professor Cavaco Silva — que só tomou posse como Presidente da República em 9 de Março de 2006 — e a sua mulher não têm nada a acrescentar sobre a gestão das suas poupanças, relativamente ao que consta do comunicado emitido pela Presidência da República em 23 de Novembro de 2008”.

Nesse comunicado podia ler-se que Cavaco Silva, no exercício da sua vida profissional, “nunca exerceu qualquer tipo de função no BPN ou em qualquer das suas empresas; nunca recebeu qualquer remuneração do BPN ou de qualquer das suas empresas; nunca comprou ou vendeu nada ao BPN ou a qualquer das suas empresas”. Além disso, referiu que nem ele nem a sua mulher contraíram qualquer empréstimo junto do BPN nem devem um único euro a qualquer banco, nacional ou estrangeiro, nem a qualquer outra entidade. Mas sobre ter sido accionista da SLN — que controlava o BPN — nada disse.

O Expresso foi também consultar as declarações de rendimentos de Cavaco Silva. Nelas foi possível verificar que na mesma conta do BPN onde tinha depositadas as acções da SLN, Cavaco tinha, em 2005, €210.634. Com a venda das acções a €2,4 em Novembro de 2003, o PR obteve um encaixe de €252.907,2. Os €2,4 não andavam, ao que o Expresso apurou, muito longe dos valores praticados noutras transacções de acções da SLN naquela altura. O BPN não estava cotado na Bolsa, pelo que a determinação do preço das acções não era feita pelas regras de mercado. Não havia, por isso, um preço de referência para as acções definido oficialmente.

A participação de Cavaco na SLN não terá sido muito diferente da de muitas pessoas que foram atraídas para o projecto de Oliveira Costa pelas perspectivas de valorização do grupo. O banqueiro utilizava os seus conhecimentos para trazer para o grupo accionistas de relevo, quer da área política quer da empresarial. Por isso não é de estranhar que também Cavaco tenha acedido a participar no projecto SLN/BPN, tendo em conta que Oliveira Costa foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais de um dos seus governos.

Mas, apesar de tal ser natural — e de ter sido mais um entre os 400 accionistas da SLN em 2003 —, Cavaco nunca quis confirmar a relação que teve com a SLN. Esta semana manteve a mesma postura. O Expresso já tinha revelado, em Fevereiro de 2008, que Cavaco Silva fora accionista da SLN, informação que na altura foi confirmada pela própria SLN. Em Novembro questionou o PR, pedindo-lhe que explicasse essa relação. Cavaco não quis fazer comentários. Em vez disso, fez sair, a 23 de Novembro (um dia após sair a notícia), o comunicado a que alude.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Digamos que Cavaco Silva tem jeito para os negócios, até é professor de economia.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Verifique-se a cotação das acções no momento em que Cavaco as vendeu.»

ESPANHA: PRIMEIRO BAPTISMO CIVIL

«David, un bebé de dos meses, se ha convertido este sábado en el primer andaluz en recibir un bautizo civil en una ceremonia celebrada en El Borge, un municipio de la comarca malagueña de la Axarquía de unos mil habitantes.

Durante el acto, que se ha desarrollado en la Casa de la Cultura, la pila bautismal y el agua bendita se han sustituido por la lectura de artículos de la Carta Europea de los Derechos del Niño y el compromiso de los padrinos de que el menor será educado en los valores democráticos de la paz, la igualdad y la libertad.

Los padres, Pablo y Laura, han explicado a los periodistas que ninguno de los dos es practicante de la religión católica, pero tenían claro que querían celebrar el nacimiento de su hijo. Por eso, cuando escucharon a través de la radio que el Ayuntamiento de El Borge había aprobado un reglamento para la celebración de bautizos civiles no lo dudaron un instante.» [20 Minutos]

ABELA PROVOCA AVARIA NUM AVIÃO

«Un vuelo de la compañía escandinava SAS con 143 pasajeros a bordo, que cubría la ruta de Oslo a Málaga, tuvo que dar la vuelta en pleno vuelo debido a las deficiencias provocadas por una abeja que se introdujo en una parte vital de la aeronave.

El incidente provocó que el vuelo 4683, cuya llegada a la ciudad andaluza estaba prevista a las 12.30, se retrasara casi cuatro horas, aterrizando finalmente pasadas las cuatro de la tarde (16.02), según informa el diario ABC. » [20 Minutos]

25 IMAGENS DE RELÂMPAGOS [Link]

NACHO KAMENOV

O CARTOON DO ANTÓNIO NO EXPRESSO: APANHADOS

TRAMONTINA

sábado, maio 30, 2009

O fim da linha da Justiça

Independentemente da opinião que cada um possa ter sobre a decisão do Tribunal da Relação de Guimarães de entregar a criança russa à tutela da mãe, este caso simboliza o fim da linha da nossa Justiça. Temos uma justiça que entretém o país com espectáculos pouco dignificantes, protagonizada por classes corporativas cujo grande objectivo é o enriquecimento fácil dos seus membros, que pouco se importa com os danos infligidos ao país pela incompetência, vaidade, oportunismo, arrogância ou mesmo corrupção dos seus agentes.

Depois de anos a descarregar as suas frustrações nos políticos que elegem os portugueses descobrem que existe uma casta que, no mínimo, é co-responsável pela incapacidade de o país resolver os seus problemas. E ao contrário dos políticos não podemos escolher os magistrados e só podemos escolher os advogados se tivermos muito dinheiro para isso.

Os juízes deviam inspirar confiança nas suas decisões e são os primeiros a virem a público no dia seguinte a decidirem para dizerem que têm dúvidas quanto aos pressupostos dessas decisões. Os magistrados do Ministério Público deveriam ser independentes e garantir a legalidade democrática e substituíram os militares sul-americanos na lógica dos golpes de Estado, só que em vez de metralhadoras usam o expediente das fugas cirúrgicas ao segredo de justiça e à manipulação do calendário das investigações.

Os advogados tornaram-se numa classe abastada que enriquece à custa do mau funcionamento da justiça deixando de ser o símbolo da defesa dos direitos dos cidadãos para passarem a ser caixeiros-viajantes que vendem expedientes jurídicos.

É uma situação muito grave, ao contrário dos políticos não elegemos nem interferimos na escolha ou comportamento dos magistrados. Pior, têm poderes quase ilimitados em relação a políticos e muitos mais em relação ao cidadão comum. São cada vez mais os que têm medo de polícias e magistrados, ainda mais sabendo-se que há processos de investigação iniciados com cartas anónimas combinadas entre, polícias, magistrados e delatores mais ou menos cobardes.

Os sucessivos casos contra políticos do PS permitem recear que quem se mete com os magistrados leva, basta ver o ódio que alguns nutrem em relação a este partido, quem nem sequer mexeu muito nas suas mordomias abusivas.

Como resolver este problema?

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Parque Eduardo VII, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Enrique De La Osa/Reuters]

«People ran through flooded streets to chase after a vintage car in Havana Thursday.» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA


Manuela Ferreira Leite

Manuela Ferreira Leite ficou indignada por Vital Moreira ter dito aquilo que todos os portugueses sabem, o envolvimento de figuras gradas do PSD na maior fraude na história de Portugal. Para além de não ter havida qualquer linguagem indigna como a líder do PSD afirma esta tem pouco crédito para falar nestes termos.

Recordo-me de quando Manuela Ferreira Leite mal chegada ao cargo de ministra das Finanças ter afirmado que o su primeiro acto de combate à corrupção tinha sido precisamente a demissão do Dr. Nunes dos Reis. Não só mentiu porque o Dr. Nunes dos Reis já tinha tido a iniciativa de pedir a demissão, como foi indigna ao sujar o nome de alguém a não conseguiria dar lições de honestidade. Em matéria de linguagem digna Manuela Ferreira Leite não está em condições de criticar seja quem for.

FOI UMA ROUBALHEIRA SIM SENHOR

Se uma mega fraude de dois mil milhões não é uma roubalheira então o que é uma roubalheira?

AVES DE LISBOA



Garça-branca-pequena [Egretta garzetta]
Local: Terreiro do Paço

FLORES DE LISBOA


Flores de Grevília (Grevillea robusta)

TIRADA FÁCIL

«Trata-se de uma reflexão curiosa que passa por cima da memória dos tempos em que o PSD, no afã de fustigar a governação socialista em Portugal, tecia loas aos sucessos da política económica dos governos do Partido Popular espanhol, apresentando o caso do país vizinho como uma história de sucesso por contraponto ao marasmo do crescimento económico português. Descobrimos agora, pela boca dos próprios, que afinal o sucesso que incensavam era fruto da tal bolha.

A análise assim feita esquece que o crescimento do mercado imobiliário espanhol foi uma oportunidade para muitas pequenas e médias empresas portuguesas entre 2002 e 2008 que, confrontadas com a quebra do sector da construção em Portugal, encontraram no país vizinho contratos de subempreitada que muito contribuíram para a sua sustentabilidade nestes últimos anos. Tal como esquece que tais empresas, na maior parte dos casos, deram trabalho a muitas dezenas de milhares de portugueses e até acolheram um relevante número de imigrantes do Leste em Portugal que, não tendo trabalho no nosso país, se deslocaram para o país vizinho em busca de trabalho.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por António Vitorino.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

UMA CARREIRA

«O dr. Dias Loureiro é, suponho, de Coimbra ou dali perto. Pelo menos, tirou o curso de Direito em Coimbra e foi, depois do "25 de Abril", governador civil de Coimbra. Com Cavaco, veio para Lisboa e para secretário-geral do partido: no PSD, uma posição pouco exaltada. A seguir, lá conseguiu ser duas vezes ministro (Assuntos Parlamentares, primeiro, e, a seguir, Administração Interna). Dali em diante, andou por aquela zona indefinida onde os "notáveis" costumam circular. Presidente do Congresso (se me lembro bem), conselheiro de Santana (quando Santana formou Governo) e amigo íntimo de Cavaco, durante o longo, e voluntário, exílio do chefe. E, em 2006, reapareceu como conselheiro de Estado, por designação pessoal do Presidente: uma recompensa merecida.

Como político, Dias Loureiro não fez mais do que uma carreira vulgar. Um pouco acima da média, mas vulgar. Não deixou para trás nada de notável: uma ideia, uma reforma, uma simples medida. Parece que a sua grande glória é a de ter "enfrentado" o "buzinão" de 1994 - um pequeno episódio. Trabalhou evidentemente com eficiência e fidelidade, como centenas de outros no PSD e no PS. E, como centenas de outros, chegou aos quarenta ou cinquenta anos sem um futuro claro. Resolveu então fazer negócios. Segundo dizem - e corria na altura -, ganhou uma quantidade razoável de dinheiro: o que, em si, só o recomenda, sobretudo se, como ele garante, e não há razão para duvidar, o ganhou legalmente. De qualquer maneira, não deixou de ser um advogado da província, agora rico, promovido pelo PSD.

Isto, com a sua vida pregressa, provavelmente não lhe chegava. O lugar no Conselho de Estado, na prática sem valor, tinha a vantagem de lhe dar uma importância oficial. Quando começou o escândalo do BPN, Dias Loureiro compreendeu com certeza que se devia demitir para não embaraçar e comprometer Cavaco. A inocência dele não era a questão, a questão era não envolver Belém numa história sórdida. Mas, se por acaso se demitisse, confirmava o pior que se dizia dele e perdia o estatuto, para ele honroso, que tanto tempo, tanto esforço e, se calhar, tanta paciência lhe custara. Não quis voltar ao anonimato, escorraçado e, fatalmente, diminuído. Preferiu resistir e resistiu mal. Anteontem, acabou por reconhecer a evidência. A carreira dele, uma patética carreira de funcionário político habilidoso e vácuo, não é exemplar. Excepto no sentido em que é uma carreira típica do regime. » [Público assinantes]

Parecer:

Por Vasco Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A QUEDA DE UM SENHOR DO UNIVERSO

«O wonder kid do cavaquismo, que exprimiu de modo sublime a epopeia from rags to riches, acabou politicamente

Arenúncia de Dias Loureiro ao lugar de conselheiro de Estado foi um acto muito mal coreografado, que demonstra como pode ficar "enferrujado" um político de excepção após alguns anos sem praticar o ofício. De facto, se me tivessem perguntado qual era o pior momento para esta renúncia, não teria dúvida em dizer que seria após a (previsível, e aliás prevista por Loureiro) presença de Oliveira Costa na Assembleia da República para abrir o saco, e em plena campanha eleitoral (prejudicando o PSD, ainda que a este partido nenhuma culpa possa ser atribuída).

Em minha opinião, o melhor momento deveria ter sido após Cavaco Silva lhe ter afirmado a confiança. Se nesse momento renunciasse, sempre poderia afirmar que o fazia, apesar da (inequívoca) expressão presidencial, como um elegante gesto para lhe evitar hipotéticos incómodos. Chego a admitir que havia da parte do Presidente uma subtil sugestão, talvez não percebida. Também não estaria mal se tivesse renunciado logo após as primeiras imputações, com a clássica afirmação de que o faria para se poder defender melhor. Ou que o fizesse quando, sem sensatez (incompreensível num homem que geria a comunicação com enorme maestria), foi explicar-se e defender-se à RTP: se renunciasse em cima do programa marcaria pontos, pelo menos no plano mediático, e poderia beneficiar da lógica do "coitadinho", tão cara à generosa e lacrimejante alma portuguesa.

Nada do que atrás escrevo é original. Como dizer que ele se presume inocente e até que pode não ter cometido nenhum crime. Só que não há ninguém - mesmo os que afirmam ser seus amigos - que não afirme, pelo menos, que ele cometeu erros de julgamento muito graves. Agora, como se diz no Brasil, Inês é morta. Dias Loureiro, o wonder kid do cavaquismo, alguém que exprimiu de modo sublime a epopeia from rags to riches em que se realçaram alguns como Duarte Lima ou o próprio Oliveira Costa, acabou politicamente. E isso é que talvez mereça alguma reflexão adicional.

Tenho estigmatizado a forma pelintra e miserabilista como são remunerados os políticos; tenho realçado que nada justifica que se censure um quadro político que, tendo chegado aos pináculos da fama, faça a transição para a vida empresarial; não me canso de criticar a presunção pública, mais ou menos iniludível, de falta de seriedade e de ética quando ex-políticos ganham dinheiro (ainda que em negócios especulativos ou que são viabilizados apenas devido a contactos que se mantiveram após a saída do poder). Nunca estive nesse mundo, nunca fiz esses negócios, nunca ganhei dinheiro que não fosse com trabalho árduo.

Penso, por tudo isso ter legitimidade para olhar para este fenómeno de um ponto de vista sociológico, dir-se-á. Para concluir que, com a desgraça de Dias Loureiro, acabou simbolicamente uma época, o tempo do cavaquismo. Então, à sombra do rigor ético de Cavaco Silva, assistiu-se a um acumular súbito de riqueza, a um conjunto de oportunidades para quadros dirigentes da máquina do Estado e a um conúbio entre poder político e poder económico, como não tenho memória de presenciar nem provavelmente voltarei a conhecer.

Estas pessoas, de um modo geral, chegaram ao exercício da política sem grandes recursos, que não fosse o sentido de oportunidade, a inteligência prática, a determinação de parvenus, a dedicação de ambiciosos, a resistência à fadiga, o facto de pouco ou nada terem a perder. Em parte à sombra de Cavaco, mas também muito por mérito próprio, tiveram um sucesso para além de tudo o que poderiam imaginar. E tiveram sorte: a cornucópia de fundos comunitários, os novos grupos económicos (à procura de contactos, de acessos, de respeitabilidade), as privatizações, a acumulação de riqueza na bolsa, tudo isto - numa época de media menos enervados com falta de vendas e, por isso, que os não sujeitavam a escrutínio - abriu portas e futuros insuspeitados.

Na fase formativa da sua vida política, de um modo geral jovens, vindos de cidades de província, provaram o fruto encantatório e embriagante do poder e de tudo o que a ele se liga. Ganharam eleições, destruíram oposições, comandaram legiões, conspiraram, foram recebidos nos salões da alta burguesia e nos "montes" da velha aristocracia, acreditaram que Portugal mudara, que era um país novo e diferente e que eles estavam destinados - ungidos pela deusa da Oportunidade ou bafejados pela deusa da Fortuna - a ser a nova elite que se perpetuaria no poder e nos poderes.

Para sua protecção faltou-lhes algum cinismo, algum pessimismo histórico, alguma formação cultural. Acreditaram que era só mérito o que - sendo-o, sem dúvida - foi sobretudo acaso, sorte, conjugação de factores favoráveis. Ficaram arrogantes, auto-suficientes, vingativos. Lembro-me de um que, perante algumas notícias que lhe desagradaram no Semanário, a cujo Conselho de Administração eu presidia, me espetou o dedo ameaçador: ainda hoje sorrio, com a ternura que o tempo nos dá quando o medo dos poderosos não esteja imbuído nos nossos genes.

O grande erro - o principal erro - de Dias Loureiro foi essa arrogância de predestinado, essa convicção de quem se habituou a ser um "Senhor do Universo". Como há dias o seu amigo Luís Delgado explicou, referindo-se à sua primeira audição na Assembleia da República, chegou lá sem uma nota, sem um papel, desleixadamente, sem preparação, pois no fundo da sua alma sabia que iria sair vencedor daquela maçada, devido à sua experiência, à sua inteligência, ao seu poder e até ao seu spleen.

Não foi assim. Já não podia ser assim. Mesmo os eternos vencedores acabam por perder. Ficam melhores depois disso, mas essa é outra história. Mas escolher Loureiro para o Conselho de Estado foi já um erro de Cavaco. A melhor forma de o corrigir, fica a sugestão, é nomear Fernando Nogueira.» [Público assinantes]

Parecer:

José Miguel Júdice.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

CAVACO LAMENTA IMPASSE NA ESCOLHA DO PROVEDOR DE JUSTIÇA

«Cavaco Silva, Presidente da República, afirmou esta sexta-feira no Porto que o impasse na eleição do Provedor de Justiça "atinge a credibilidade das instituições democráticas".» [Correio da Manhã]

Parecer:

O problema é fácil de resolver, basta telefonar à amiga Manela e recordar-lhe de que quando era primeiro-ministro escolhia para o cargo militantes do PSD.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se a sugestão.»

VITAL MOREIRA DISSE O QUE TODA A GENTE SABE

«O escândalo do BPN chegou à campanha para as eleições europeias depois de ontem à noite, em Évora, o cabeça-de-lista do PS ter associado "figuras gradas" do PSD àquilo que considerou ser "a roubalheira do BPN".

'Certamente por acaso, todos aqueles senhores são figuras gradas do PSD. E estamos à espera que o PSD se pronuncie sobre esta vergonha, que é justamente a roubalheira do BPN', afirmou Vital Moreira durante um comício na cidade alentejana.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Era inevitável que alguém recordasse o óbvio, os senhores do PSD usaram o seu banco para provocar um buraco financeiro de dois mil milhões de euros.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

OS NEGÓCIOS DO BPN EM PORTO RICO FORAM FINANCIADOS PELO INSULAR

«O negócio ruinoso do Grupo Sociedade Lusa de Negócios (SLN)/Banco Português de Negócios (BPN) em Porto Rico, no qual intervieram Dias Loureiro e o seu amigo libanês El-Assir, terá sido financiado com créditos do BPN Cayman e do Banco Insular, instituição virtual em que se apuraram créditos incobráveis de 300 milhões de euros. O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, recebeu ontem a carta de Dias Loureiro pedindo para ser ouvido no caso BPN.

A averiguação dos negócios ruinosos do Grupo SLN/BPN, à qual o CM teve acesso, é categórica: “Para além dos 21 milhões de dólares pagos pela compra da EAF [Excellence Assets Fund Limited], em 25-03--2003 foram transferidos 14,2 milhões de euros para o EAF, por débito das sociedades não-residentes Delas, Ilea e Adler, provavelmente financiadas pelo BPN Cayman ou Banco Insular, dívidas essas que depois terão sido transferidas para outras entidades, já que as contas se encontram actualmente saldadas.” » [Correio da Manhã]

Parecer:

Bem, Dias Loureiro assinou sem ver e, pelos vistos, sem saber de onde vinha o dinheiro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao PGR porque razão o MP não parece interessado em investigar Dias Loureiro.»

SINDICATO DOS JORNALISTAS CRITICA A ESPOSA DO SENHOR MONIZ

«"Consideramos esta forma de estar no jornalismo e de fazer jornalismo reprovável", afirmou o presidente do Conselho Deontológico (CD), Orlando César, em declarações à Lusa.

"O Conselho Deontológico não pode deixar de reprovar o desempenho de Manuela Moura Guedes na condução do 'Jornal Nacional - 6.ª feira' e concitar a própria e a direcção da TVI ao cumprimento dos valores éticos da profissão", refere o órgão em comunicado hoje divulgado. » [Diário de Nótícias]

Parecer:

Pedir ética à esposa do senhor Moniz é a mesma coisa que tentar fazer-lhe entender que há muito que perdeu o ar de quem tem 18 anos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Deixem a família Moniz descansada.»

VITAL IRRITA MANUELA FERREIRA LEITE

«A líder do PSD entrou hoje na campanha das europeias a matar. Ao lado de Paulo Rangel, numa arruada em Aveiro, Manuela Ferreira Leite acusou o cabeça de lista do PS ao Parlamento Europeu de "linguagem indigna" na campanha eleitoral. » [Diário de Notícias]

Parecer:

É curioso como os dirigentes do PSD têm-se aproveitado do caso Freeport e esperavam passar incólumes por cima do buraco de dois milhões provocado pelos seus amigos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Ferreira Leite onde está a linguagem indigna.»

EUROSONDAGEM: AUMENTA A DIFERENÇA ENTRE PS E PSD


«De acordo com os números contabilizados pela Eurosondagem, a distância entre o PS e o PSD é alargada face à anterior sondagem da mesma entidade (que tinha concluído um empate técnico), ainda que os dois partidos subam nos resultados.

Nesta sondagem, feita para a SIC/Expresso/Rádio Renascençao PS subiu 1,2 por cento até os 35,5 por cento das intenções de voto. Quanto ao PSD, atingiu os 32,5 por cento, fixando a diferença entre os dois partidos nos três por cento.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Será que desta vez Paulo Rangel também ficou contente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao candidato do PSD.»

REGABOFE NA EMBAIXADA PORTUGUESA EM DACAR

«A comunicação social senegalesa revelou que várias personalidades da vida social de Dacar frequentavam a embaixada portuguesa à procura de acompanhantes de luxo.

Uma celebridade do mundo do espectáculo no Senegal também é citada igualmente no processo que levou ao desmantelamento de uma rede de "prostitutas de luxo", geralmente conhecidas como "call girls".» [Diário de Notícias]

Parecer:

Estes embaixadores parecem ser muito dados às brincadeiras.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»

MAIS UMA VÍTIMA DE PRESSÕES

«A pivô da TVI diz que está de consciência tranquila em relação ao seu desempenho profissional no polémico Jornal Nacional da TVI. “Mas sinto que tenho que ter mais cuidado”, afirma Moura Guedes, em relação ao acompanhamento do caso Freeport.

As declarações de Moura Guedes surgem no âmbito de uma entrevista que será publicada na edição de amanhã do “Expresso”, na qual aborda os dois episódios mais recentes que foram alvo de polémica: o confronto com José Sócrates a propósito do tratamento noticioso dado ao caso Freeport e a discussão em directo com Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados. » [Jornal de Negócios]

Parecer:

É caso para dizer que lhe estalou o botox!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a competente gargalhada, se é que isto não é ridículo demais para rir.»

CDS REDUZIDO A MICRO PARTIDO?

«Vital Moreira ganha uma grande vantagem sobre Paulo Rangel e Nuno Melo, do CDS-PP, fica fora do Parlamento Europeu. São estas as duas principais ilações da sondagem realizada pela Intercampus para a TVI e Rádio Clube Português.

Na projecção dos resultados da sondagem, o PS atinge os 37,1%, o que lhe garante entre nove e dez deputados. O PSD fica-se pelos 32 (7 a 9 deputados), o Bloco atinge o limiar dos 10% (mais precisamente 9,9) e pode estar entre dois e três deputados. Em quarto lugar surge a CDU com 7,7 (1 ou 2 deputados) e no quinto vem, então, o CDS-PP, com apenas 3,5%, o que deixa Nuno Melo fora do Parlamento Europeu. Os outros partidos, todos juntos, deverão chegar aos 4,9%. » [Portugal Diário]

Parecer:

Será desta que nos livramos de um dos Portas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao Pulinho das feiras.»

ALEXANDER ZADIRAKA


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