quarta-feira, janeiro 20, 2010

O estranho silêncio dos magistrados


Se eu vivesse no Reino Unido este post não faria sentido, chamar-me-iam doido se chamasse a atenção para o facto de há mais de duas semanas não se ouvir uma entrevista do procurador-Geral, umas bocas da dra. Maria José Morgado sobe a corrupção, um alerta dramático de um dos sindalistas das magistraturas, nem sequer o Presidente da República se manifestou preocupado com um qualquer processo. Este silêncio dos magistrados está para a democracia portuguesa com o regresso dos militares aos quarteis está para uma república das bananas.

Só que como português aprendi que quando a esmola é grande até o pobre desconfia, o silêncio em torno de alguns processos até é demais, diria mesmo que quando deveria ter havido silêncio houve o sarrabulho a que se assistiu, agora que os portugueses gostariam de ter notícias ninguém diz nada. É o que sucede, por exemplo, com processos como o Caso Freeport ou a suave Operação Furacão. O Caso Freeport porque daqui a uns tempos será arqueologia judicial no Reino Unido e agora que os britânicos mandaram o que tinham e não tinham e já só falta ouvir as pedras da calçada fez silêncio, ficamos a pensar que novidades só quando se realizarem as próximas legislativas, parece que os parazos deste processo se medem por legislaturas. O segundo porque prometeu muito, envolvia milhões e milhões e os responsáveis do MP até já anunciaram que o seu termo estava para breve.

Há qualquer coisa de estranho no silêncio de que de forma repentina se abateu sobre o Casso Face Oculta, os jornais deixaram de ser abastecidos com deliciosas violações do segredo de justiça, o juiz de instrução não prestou os prometidos esclarecimentos à comunicação social, nem sequer apareceu mais um arguido apanhado graças às sofisticadas tecnologias de escuta, compradas num saldo da secreta israelita.

Atá parece que, de repende, todos combinaram calars-e, como se obedecessem às mesmas ordens. Até no meio polítco o proesso foi esqucido, Cavaco Silva deixou de andar preocupado, Manuela Ferreira Leite deixou de exigir que as intimidades pecaminosas de Sócrates fossem tornadas públicas e Jerónimo de Sousa deixou de exigir que as investigações fosse até ao fundo.

Há qualquer coisa de estranho neste silêncio.