terça-feira, fevereiro 02, 2010

Coices do Dia

JUMENTO DO DIA

Mário Crespo

Há muito que as colunas opinião de Mário Crespo no Jornal de Notícias são armas de arremesso do PSD, é rara a semana que não recebo cópias em mais enviadas religiosamente por militantes do PSD, não admira que a sua última crónica, recusada pelo jornal, tenha sido publicada numa página do PSD. Muitas dessas crónicas são pura agressão, a última mais do que uma opinião era uma acusação que, segundo o jornal, Mário Crespo não queria ver ser contraditada pelos visados pelo seu ódio.

Mário Crespo queria acusar sem direito a resposta e defesa, queria que eu acreditasse que Sócrates e alguns dos seus ministros vão para as mesas dos restaurantes berrar ameaças contra os jornalistas incómodos. Sócrates pode ser tudo, mas não é burro a esse ponto e não é difícil a Crespo arranjar "testemunhas " do que acusou.

Se Mário Crespo quer ser herói da liberdade chegou com algum atraso, um atraso de mais de trinta anos.

E FICA TUDO NA MESMA

É quase deprimente ver um ministro das Finanças vir dizer que ficou surpreendido com o défice, mais uma vez recordo-me a anedota aqui contada muitas vezes, a do compadre que apanhado numa rusga a uma casa de "meninas" depois de ver as suas parceiras escaparem com a desculpa de que eram cabeleireiras perguntou, indignado, se, afinal, a "menina" era ele.

Teixeira dos Santos foi surpreendido duas vezes seguida, em ambos os casos por pulos do défice na ordem de 2%, em Outubro descobriu que o défice tinha subido de seis para oito e agora desses oitos para mais de nove. Sejamos honestos, para que o défice tenha subido em três meses na ordem dos quase quatro pontos ou o ministro andou a aldrabar, ou o andaram a enganar ou alguém se enganou a fazer as contas.

Em qualquer dos casos alguém deveria assumir, consoante os casos, a responsabilidade política ou técnica e demitir-se, isto é um país e não propriamente um clube columbófilo.

O ELO NAMORISCENTE

«No último Fugas, Sandra Silva Costa puxou-me as orelhas por nunca ter escrito sobre o verbo namorar. Lá fui ao Dicionário de Moraes descobrir o que não sabia sobre namorar. É muita coisa. Acontece que a língua portuguesa - e os linguadeiros e linguistas portugueses que a acompanham - são muitíssimo namoristas.

Veja-se, para nosso terno espanto, a quantidade de variações e sentidos do namorar. Excepto Caetano Veloso no Menino do Rio, nada precisamos de importar palavras como flirt. Para já, namorada é a mulher a quem se faz a corte; que é galanteada por alguém. Pode não nos ligar nenhuma. Namorar é, antes do mais, fazer o possível por inspirar amor a alguém. Não há cá mão na perna: há apenas o esforço de tentar que possa haver.

Namorável é quem pode ser namorado. Poucos namoros resultam. Os que resultam são aqueles em que a pessoa que foi namorada corresponde ao esforço, respondendo com algum amor. Um em dez já é muito bom. É por isso que a palavra namoradeiro tem tantas irmãs: namorente; namoradiço... Significa alguém que se atira a (que namora) uma ou muitas pessoas ao mesmo tempo e ao longo da vida, independentemente de ter êxito ou não.

O namoradeiro é quem gosta de namorar, mesmo que ninguém goste dele. Muita gente gosta de ser namorada e do luxo de rejeitar quem se atreveu a namorá-la. Há um agradecimento secreto: "Pelo menos sabes o que é bom. Agora vai-te embora". À táctica de namorar chama-se namorismo. É de estudar, sim senhora.» [Público]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

MAIS UM FRACASSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

«Helena Lopes da Costa, ex-vereadora social-democrata da Habitação na Câmara de Lisboa, não será julgada no âmbito processo de atribuição de casas pelas autarquia, refere a decisão instrutória relativa ao caso, divulgada esta segunda-feira.

O Ministério Público já fez saber que irá recorrer da decisão de não pronunciar a ex-autarca, que estava acusada de 21 crimes de abuso de poder. » [Correio da Manhã]

Parecer:

Começa a ser difícil confiar neste Ministério Público

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Pinto Monteiro de a Procuradoria-Geral da República vai pedir desculpa a Helena Lopes da Costa.»

MAIS UM CANDIDATO A HERÓI DA LIBERDADE

«O jornalista da SIC Notícias Mário Crespo denuncia esta segunda-feira, num artigo publicado no site do Instituto Francisco Sá Carneiro, ter sido o centro de uma conversa entre José Sócrates, Jorge Lacão e Pedro Silva Pereira, na qual terá sido descrito como "mentalmente débil".

No texto, intitulado 'O Fim da Linha', Mário Crespo afirma que a conversa ocorreu no dia 26 de Janeiro, dia da entrega do Orçamento no Parlamento, num hotel de Lisboa. À mesa estavam o primeiro-ministro, o ministro dos Assuntos Parlamentares, que tem a tutela da Comunicação Social, o ministro da Presidência e um executivo de televisão, que o jornalista não identifica. 'Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil ('um louco') a necessitar de ('ir para o manicómio'). Fui descrito como 'um profissional impreparado', pode ler-se no texto.» [Correio da Manhã]

Parecer:

Pela forma como os comensais gritavam deviam estar a pensar que estavam a almoçar numa tasca.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Informe-se Mário Crespo que para herói da liberdade chegou com um atraso de mais de trinta anos.»

A ANEDOTA DO DIA

«O ministro das Finanças refutou hoje qualquer 'engenharia' para esconder os números do défice e da dívida pública ao longo de 2009, explicando que o saldo se agravou em 3,5 mil milhões nos últimos dois meses do ano. Contudo, Teixeira dos Santos admitiu que errou nas previsões.

"Eu engano-me, mas não engano, e não engano deliberadamente", afirmou o ministro, que está hoje a ser ouvido no âmbito da proposta de Orçamento do Estado para 2010 pelas comissões parlamentares do Orçamento e Finanças e dos Assuntos Económicos.

O ministro explicou que foi confrontado em Outubro com uma interrupção da recuperação nas receitas fiscais (relativamente ao mês de setembro), e que o saldo dos subsectores Estado e Segurança Social em Dezembro era de -13,2 mil milhões de euros, valor que se agravou.» [Diário de Notícias]

Parecer:

É caso para dizer que o dito é sempre o último a saber.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Ofereça-se uma calculadora ao ministro.»

A NOVIDADE DO DIA

«Segundo avança a edição de hoje do Jornal de Negócios, a dívida pública e o endividamento externo irão subir devido às duas linhas TGV Lisboa-Porto. Conforme adianta o jornal, a incorporação de material importado vai fazer crescer o endividamento externo e os elevados custos de investimento vão aumentar a dívida pública até que os lucros operacionais permitam amortizar os empréstimos.

As conclusões aparecem no estudo "Promoção de Investimento pelo Estado e Sustentabilidade das Contas Públicas", que compara os grandes investimentos públicos de acordo com vários critérios como o estímulo ao crescimento, potencial de criação de emprego e impacto na dívida pública e no endividamento externo, adianta o Jornal de Negócios.» [Diário de Notícias]

Parecer:

O problema é saber até que ponto poderemos confiar nas contas de um ministro que se enganou de forma tão desastrada na previsão do défice.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao ministro das Finanças se usou nestes cáculos a calculadora nova que lhe oferecemos.»

MAIS UMA VÍTIMA DO MINISTÉRIO PÚBLICO?

«A Câmara do Porto admitiu hoje que já tinha conhecimento do processo de facturas falsas que alegadamente envolve a vereadora Guilhermina Rego mas sustenta que não existe qualquer envolvimento da mesma nos factos que lhe deram origem.

A vereadora do Conhecimento e Coesão Social, Guilhermina Rego, "explicou, em devido tempo, ao presidente da Câmara [Rui Rio] os contornos do mesmo [processo], tendo ficado claro que não existe, da sua parte, qualquer envolvimento nos factos que lhe deram origem", afirma, em comunicado enviado à agência Lusa, a autarquia.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por este andar todos os portugueses serão arguidos a partir do momento em que nascem.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelo julgamento.»

A RESPOSTA DO JN A MÁRIO CRESPO

«O jornalista Mário Crespo foi até ontem colaborador de opinião do Jornal de Notícias. Essa colaboração cessou por sua vontade. Acontece que, no domingo à noite, o director do JN o contactou dando-lhe conta das dúvidas que lhe causava o texto que Mário Crespo enviara para publicação no dia seguinte. Basicamente, no entender do director do JN o texto de Mário Crespo não era um simples texto de Opinião mas fazia referências a factos que suscitavam duas ordens de problemas: por um lado necessitavam de confirmação, de que fosse exercido o direito ao contraditório relativamente às pessoas ali citadas; por outro lado, a informação chegara a Mário Crespo por um processo que o JN habitualmente rejeita como prática noticiosa; isto é: o texto era construído a partir de informações que lhe tinham sido fornecidas por alguém que escutara uma conversa num restaurante.

Da conversa entre o director e o colaborador do jornal resultou que este decidiu retirar o texto de publicação e informou que cessava de imediato a sua colaboração com o jornal, o que a Direcção do JN respeita.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

É evidente que Mário Crespo não vai responder.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se um comentário a Mário Crespo.»

CAVACO FAZ CAMPANHA À CUSTA DO ORÇAMENTO

«O presidente da República anuncia amanhã a segunda jornada do Roteiro das Comunidades Locais Inovadoras. É a primeira iniciativa deste género após a conclusão das negociações que desbloquearam o Orçamento.

Caavaco Silva encara este Roteiro como um esforço de mobilização da “capacidade inovadora” dos portugueses “para ultrapassar a difícil e preocupante situação económica e social em que Portugal se encontra e combater as persistentes desigualdades territoriais do desenvolvimento”.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Cavaco Silva faz campanha desde que tomou posse.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se o pobe desempenho de Cavaco como PR.»