segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Garça-real (Ardea cinerea) na Quinta das Conchas e dos Lilazes, Lisboa

IMAGEM DA SEMANA

[Kate Penn/The York Daily Record via Associated Press]

«FOLLOW THE ARROWS: A pile of snow in front of a house in Red Lion, Pa., Thursday was spray-painted to indicate that a car sat underneath. The Northeast was walloped by a snowstorm that brought everyday activities to a halt.» [The Wall Street Jornal]

JUMENTO DO DIA

Paulo Rangel, candidato a fugir do Parlamento Europeu

Paulo Rangel tem aquele tique de Chico esperto que faz dele um grande candidato cavaquista à liderança do PSD, acha que o governo não deve cair mas que deveria dar um sinal demitindo a administração da PT.

Isto é esperteza saloia, o que o pequeno Rangel está a sugerir é que o governo admita a culpa mas como não convém uma crise política agora que o PSD está sem liderança, Sócrates poderia ir entretendo-se demitindo a administração da telefónica. Quando os cavaquistas o conseguissem eleger líder do PSD então sim, Sócrates deveria demitir-se ou ser demitido.

Só há um pequeno problema, a PT é uma empresa privada e sugerir que o governo use a golden share para mudar a administração é tão grave como o teria sido Sócrates ter decidido os negócios da empresa no sector da comunicação social.

É evidente que o pequeno Rangel apenas quer dar nas vistas e com estas declarações disparatadas apenas pretende ser o centro das críticas do PS, assim daria razão a Pacheco Pereira que defende a sua candidatura com o argumento de que é a maior vítima dos ataques daquele partido.

«Para Paulo Rangel, "a bola está do lado do Governo e não está do lado da oposição", considerando que "é urgente o afastamento dos dois administradores da PT que são nomeados pelo Estado", referindo-se às notícias publicadas sobre o caso Face Oculta.

"Seja qual for a verdadeira história, depois das alegações graves que estão patentes na opinião pública, os administradores nomeados pelo Governo para a PT não têm condições objectivas para exercerem com credibilidade a representação dos interesses do Estado nesta empresa", realçou o candidato à liderança do PSD. » [Diário de Notícias]

A DOENÇA DE MANUELA MOURA GUEDES

Manuela Moura Guedes, a auto-eleita jornalista-capitã de Abril, meteu baixa no dia 28 de Setembro de 2009 e desde então anda a gozar com os portugueses e com os seus colegas da VI, vindo à custa de um ordenado pago pela TVI e pelos portugueses diverte-se em festas, saídas à noite, fotografias de bruxa no Expresso e outros tratamentos médicos. É um verdadeiro modelo para o país esta jornalista mal encartada!

«De baixa médica desde o dia 28 de Setembro, a apresentadora tem agora tempo para retomar velhos hábitos. E, pelos vistos, é isso que a jornalista tem feito.

Fã confessa de saídas nocturnas, Manuela parece ter retomado este velho hábito. A jornalista esteve na passada quinta-feira na festa de aniversário da agência de modelos L´Agence, que aconteceu no bar Silk, no Chiado. Consigo estava Ana Leal, jornalista do canal de Queluz e amiga pessoal de Moura Guedes. Aliás, Ana Leal tem apoiado a jornalista desde o dia que esta soube que seria afastada do ecrã da TVI.

Descontraídas, as duas amigas colocaram a conversa em dia e foi com um largo sorriso que notaram a presença da VIP junto delas. O relógio marcava quase três horas da madrugada quando abandonaram o espaço» [VIP]

FOTOGRAFIA DE UMA DECADÊNCIA

«Um homem de sapatos de verniz e sorriso congelado é transportado, hirto e reclinado, num carrinho de mão. A foto foi publicada anteontem pelos jornais espanhóis. O homem ia para o armazém do Museu de Cera de Madrid, de onde certamente nunca mais sairá. Até agora o homem era aquele de quem não se perguntava: "Tem estátua [ou figura de cera], porquê?" Não se perguntava porque nos habituamos a não fazer perguntas simples. Jaime de Marichalar estava no Museu de Cera porque era genro do Rei de Espanha e, também por o ser, era duque consorte de Lugo, recebia o tratamento de "Excelencia" e a consideração de "Grande de España." Há tempos, acabou o seu casamento com a princesa Elena e, como se esse fosse a sua prova de vida, perdendo-o, passou a ser um ex total: ex-duque de Lugo (de consorte ao azar), ex--"Excelencia" e ex-"Grande de España". Essa passagem para o nada aconteceu em Dezembro quando o divórcio foi formalizado, mas a decadência suprema ilustrou- -a aquela foto. Bart Simpson, de uma família real (rainha do desenho animado televisivo), continua no Museu de Cera de Madrid. E, aposto, mesmo que um dia o pai o troque por um barril de cerveja, nunca Bart Simpson será deserdado para o armazém do museu. As pessoas devem ser homenageadas pelo que valem, uma a uma.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

OBRIGADOS, NAMORADAS

«Sei que as mulheres que nos amam não nos amam de maneira diferente, mas, como nunca se sabe, deixei-as de fora, falando apenas pelo meu género: a malta.

Minha amada querida. O meu pai, logo depois de se ter apaixonado pela minha mãe, disse-lhe, em pleno namoro (ela uma mulher inglesa casada, com uma filha pequena; ele um solteirão português): "Se soubesses quanto eu te amava; destruías-me já." E disse a verdade. Era tanto o amor e o ciúme que lhe tinha, que fez mal à mulher que amava, minha mãe, e mal ao homem que a amava; ele próprio; meu pai.

O amor é um castigo; é um desespero; é um medo. O amor vai contra todos os nossos instintos de sobrevivência. Instiga-nos a cometer loucuras. Instiga-nos a comprometermo-nos. Obriga-nos a cumprir promessas que não somos capazes de cumprir. Mas cumprimos.

Eu amo-te. E não me custa. É um acto de egoísmo. Mesmo que tu me odiasses mas te odiasses tanto a ti própria que não te importasses de ficar comigo, eu seria feliz e agradeceria a Deus a tua inconsciência; a tua generosidade; qualquer estupidez ou inteligência que te mantivesse perto de mim.

A sorte não é amar-te nem tu me amares. A sorte é ter-te ao pé de mim. Tu podes estar enganada. Deves estar enganada. Mas ninguém neste mundo, por pouco que me ame ou muito que te ame, está mais certa para mim.

Obrigado.» [Público]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

NEM RANGEL NEM AGUIAR-BRANCO QUEREM DESISTIR

«O candidato à liderança do PSD Paulo Rangel afastou hoje a hipótese de a sua campanha se fundir com a de Aguiar Branco, considerando haver "mais diferenças entre a sua proposta e as outras do que entre as outras duas".

"Enquanto as outras candidaturas estão numa lógica pessoal e de continuidade, a minha está numa lógica de ruptura", afirmou, considerando que tal não divide o eleitorado do PSD.» [Diário de Notícias]

«É o terceiro candidato a entrar na corrida à sucessão de Manuela Ferreira Leite como presidente do PSD. O que traz o seu projecto de novo a este combate político? Como se diferencia a sua candidatura das que já eram conhecidas, de Pedro Passos Coelho e Paulo Rangel?

Há quem queira mudar, há quem queira romper. Eu proponho-me unir. Uma candidatura que pretende estar acima das sensibilidades e das facções e que tem uma visão não tribal do PSD. É um traço distintivo muito importante.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Vai ter de ser Cavaco Silva a resolver o problema.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Cavaco Silva se já pôs os seus assessores no terreno a dirimir o conflito ou se vai recorrer à solução da moeda ao ar.»

A PIADA DO DIA

«Apesar das duras críticas que têm dirigido ao primeiro-ministro no âmbito das escutas sobre um alegado plano de controlo dos media, os partidos da oposição recusam--se a forçar a demissão do Governo através da apresentação de uma moção de censura na Assembleia da República (AR). Contactados pelo DN, PSD, CDS e Bloco apontam a "conjuntura económica" como o principal motivo para não aceitarem o desafio que já havia sido feito pelo número dois do PS, António Costa. E que ontem voltou a ser sugerido por Capoulas Santos, vice-presidente da Comissão Política socialista.» [Diário de Notícias]

Parecer:

É comovente esta preocupação da oposição com a situação económica ao ponto de serem unânimes na manutenção de Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

PETIÇÃO EM DEFESA DO GOVERNO ELEITO

«Cerca de 400 pessoas já assinaram uma petição, colocada na internet este sábado, que representa «uma tomada de posição» em relação à «completa subversão do regime democrático» que se está a passar em Portugal e perante a «campanha brutal» que tem sido levada a cabo contra José Sócrates.

O manifesto, cujos primeiros signatários são Tiago Barbosa Ribeiro e Carlos Manuel Castro, dois militantes socialistas, diz ainda que se «procuram criar as condições para impor ao país uma solução rejeitada nas urnas pelos portugueses». » [Portugal Diário]

FINANCEIRAS AJUDARAM A GRÉCIA A ESCONDER A DÍVIDA

«Os instrumentos financeiros que estimularam a crise financeira nos Estados Unidos foram usados por Wall Street para ajudar a Grécia e outros países a ultrapassar os limites de endividamento da União Europeia na última década, segundo um artigo publicado este domingo pelo «The New York Times».

Segundo entrevistas e gravações, que o jornal norte-americano teve acesso, instituições como os bancos Goldman Sachs e JP Morgan desenvolveram instrumentos financeiros que permitiram que os governos da Grécia, Itália e outros países, conseguissem mais capital sem que o aumento do endividamento provocasse suspeitas. » [Portugal Diário]

Parecer:

Quando as financeiras ajudam um país a aldrabar os parceiros da UE algo está podre nesta Europa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte a Teixeira dos Santos se as contas portuguesas não escondem nada.»

ESTRANHO CONCEITO DE UNIDADE

««Apoio a candidatura de José Pedro Aguiar-Branco, mas neste momento não posso deixar de apelar para que quer ele, quer Paulo Rangel estejam à altura do momento histórico que vivemos, colocando o interesse nacional acima dos interesses pessoais e consigam um entendimento que permita ao PSD apresentar-se ao país unido, com um líder forte e com a credibilidade necessária para ser uma alternativa de esperança», declarou Alexandre Relvas à Lusa. » [Portugal Diário]

Parecer:

Parece que para Alexandre Relvas, o homem que publicou o artigo de Mário Crespo, numa página do PSD, a candidatura de Passos Coelho, basta Rangel juntar-se a Aguiar-Branco para que o PSD apareça unido. Terá pensado o mesmo nas últimas directas, ou na ocasião deu jeito a candidatura de Pedro Santana Lopes?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Alexandre Relvas se já ouviu falar de Pedro Passos Coelho.»

N'A ESCADA DE PENROSE

«TUDO BONS RAPAZES

Mário Crespo

Na edição de dia 2 de Janeiro de 2009 do jornal Público, Eduardo Cintra Torres, insuspeito de simpatia pelo governo, escrevia dele o seguinte:

Em Maio do ano passado, o também insuspeito João Gonçalves explicava assim a súbita metamorfose:

Mário Crespo andou um tempão a servir a agenda do governo no seu programa Jornal das 9. A cadeira dos convidados parecia a cadeira do poder, de tanto que nela se sentaram os ministros Silva Pereira e Santos Silva. No auge desta opção editorial, o jornalista afirmou em entrevista ao Semanário Económico (15.01.09) que nas próximas eleições “provavelmente” votará (ou votaria) Sócrates; e noutra entrevista, ao CM (12.01.09), disse que “provavelmente” irá (ou iria) em breve para Washington por grandes temporadas (por coincidência, foi anunciado esta semana pelo Diário da República que o próximo conselheiro de imprensa em Washington será Carneiro Jacinto, ligado ao PS). Entretanto, a linha editorial de Crespo mudou, e de que maneira, quer no seu programa, quer nos seus artigos de opinião no Jornal de Notícias. Passou a criticar abertamente o poder PS; os ministros políticos do governo já não aquecem a cadeira do Jornal das 9. Crespo não explicou a sua radical mudança editorial entre Janeiro e Março, explicação que seria não só normal como desejável. Mudar de opinião não é crime, nem para um lado nem para o outro, mas 180 graus é muita mudança.

Um vintém é um vintém e um borra-botas é um borra-botas, e é natural que se comporte como tal. De limpa-babas de Kaúlza de Arriaga (foto por demais conhecida) a acende-cigarros de Mário Tomé (pesquise-se o Google por "Mário Crespo" "Mário Tomé"; a foto é de baixa qualidade), os sabujos não olham a ideologias. (Um aparte: Tomé esteve no lançamento do livro da criatura; do fantasma de Kaúlza não houve notícia de avistamento.) E quanto ao último número do artista, a mim pareceu-me um Naked Lunch, com direito a sequela.

José Eduardo Moniz

Relativamente a este (Manuela é inócua, uma marioneta nas mãos do marido), convém relembrar as suas relações com o poder laranja no tempo das maiorias cavaquistas, desta feita por Baptista-Bastos, creio que também livre de qualquer suspeita de simpatia pelo governo e pelo partido que o suporta. Escreveu ele no Diário de Notícias de 10 de Fevereiro:

Um ex-ministro, agora protestador grave e atroz, foi, na sombria década cavaquista, controleiro da RTP. E um dos agora acusadores da falta de liberdade era o zeloso varejeiro do noticiário. Não cauciono, de forma alguma, tentativas de domínio da imprensa pelo poder político. Mas não colaboro neste imbróglio, que tem estimulado a perda do sentido das coisas e a adulteração da verdade histórica. A reabilitação de falsos fantasmas apenas serve para se ocultar a medonha dimensão do que ocorreu na década de 80. Os saneamentos, a extinção de títulos, a substituição de direcções de jornais e a remoção de jornalistas incómodos por comissários flutuantes eram o pão nosso de cada dia. Já se esqueceram?

(Creio que não será difícil adivinhar quem são o ministro e o controleiro.)

A administração da RTP nomeada pelo último governo de Cavaco fez um acordo milionário com Moniz, para que este cessasse as suas funções na estação pública. No entanto, Moniz continuaria a trabalhar em exclusivo para a RTP, produzindo um mínimo de 60 horas de programação anuais. O contrato previa além disso uma remuneração fixa mensal de 870 contos ao ex-funcionário e uma cláusula indemnizatória, em caso de rescisão de contrato, de 1,2 milhões de contos. A história toda está relatada do Público de 16 de Maio de 2002.
Entretanto, o ano passado terá alegadamente existido um plano do governo para dominar alguns órgãos de comunicação e afastar jornalistas incómodos. Entre eles estariam José Eduardo e Manuela, e uma das empresas envolvidas seria a Ongoing, que entretanto contratou Moniz quando este saiu da TVI pelo seu próprio pé. Confusos?

Semanário SOL

Resultando de uma cisão de jornalistas do Expresso, entre os quais o seu director, José António Saraiva, teve como accionistas fundadores a Comunicação Essencial, que agrupava as participações dos jornalistas, a JVC, de Joaquim Coimbra, militante do PSD, o BCP e a Imosider. [O facto de os dois semanários de referência terem estado simultaneamente sob a alçada do PSD (o Expresso pertence ao Grupo Impresa, de Balsemão) não parece ter suscitado nunca dúvidas quer aos reguladores quer aos recentes arautos da liberdade de expressão.]

Em 2009, o jornal é vendido à Newshold (84% do capital), saindo BCP e Imosider do quadro accionista e ficando Coimbra e os jornalistas com 8% cada. Ora a Newshold é uma sociedade ligada à cúpula angolana (nomeadamente a Isabel dos Santos, filha do presidente), certamente formada por democratas respeitadores da liberdade de expressão e cujo capital não estará seguramente manchado pela corrupção nem pela exploração abusiva das riquezas de um país por uma elite de criminosos. No entanto isso não parece preocupar demasiado a direcção do semanário nem Felícia Cabrida, a inquisidora de serviço na pesquisa - ou deverei dizer fabricação - de pecados socialistas.

Se estivéssemos nos Estados Unidos, tantas vezes apontados como modelo de virtudes pelas virgens agora ofendidas, como reagiriam os demais partidos políticos e os cidadãos se um jornal detido pela cúpula de um país estrangeiro atacasse desta forma o seu governo eleito? Tendo em conta os interesses por detrás do SOL, este ataque - é lícito perguntar - deve-se a quê? Terá o nosso embaixador em Luanda ou o MNE feito algum reparo à constituição recentemente aprovada pelo parlamento angolano? Estará algum acordo económico luso-angolano em cima da mesa ou alguma dívida daquele país prestes a vencer? Quererá Isabel dos Santos adquirir uma participação nalguma das empresas envolvidas no suposto plano e que se vêem agora fragilizadas? Ou trata-se de uma mera luta de audiências e de descredibilização de competidores, em que os fins justificam os meios?

O certo é que a versão do SOL que foi distribuída em Angola não inclui as duas páginas onde era referido Joaquim Oliveira, sócio da filha de Eduardo dos Santos na ZON e detentor de diversos interesses naquele país africano. Apesar das desculpas esfarrapadas dos responsáveis do jornal, o certo é que o SOL parece padecer inequivocamente de um problema de liberdade de expressão. O facto do mesmo se localizar noutro continente parece ser o suficiente para que perca qualquer significado. Bem prega frei Tomás...

SHELEGEDA

LIGA CONTRA CANCER