segunda-feira, março 15, 2010

Adeus, até à próxima oportunidade

Se as sondagens apontassem para uma vitória eleitoral do PSD os candidatos à liderança do PSD seriam os mesmos?

É evidente que não, os cavaquistas não iriam entregar o PSD aos “comandos” de Paulo Rangel, descobririam que o candidato à presidencia tansitória do PSD não tem o mínimo de condições para ser primeiro-ministro. Os cavaquistas funcionam com base nas expectativas de chegarem ao poder, apostam tudo quando esse cenário é realista, arranjam uma segunda figura para entreter o partido quando prevêm que vão ser oposição.

Foi assim que nasceu o cavaquismo, com a famosa rodagem do automóvel novo de Cavaco Silva, faz parte da matriz genética deste grupo. Essa gente não é nem de direita nem do centro, nem liberal ou social-democrata, apenas querem exercer o poder sem se esforçarem muito para o alcançarem. Pergunte-se a alguém se sabe quem são os vice-presidentes de Manuela Ferreira Leite ou informem-se sobre quantas horas dedicaram alguns dos seus vice-presidentes durante a última campanha eleitoral.

Com a crise financeira reapareceram em cena, até foi notícia o envolvimento dos agora desaparecidos assessores de Cavaco Silva na eleição e, mais tarde, na elaboração do programa do PSD, esse envolvimento chegou ao ponto de um braço direito do PSD ter lançado suspeitas de escutas a Belém, o que encaixava na perfeição no discurso da asfixia democrática. Ainda se animaram com o resultado das eleições europeias, mas mal se aperceberam de que iriam ser derrotados nas legislativas desapareceram.

Bem tentaram empurrar Marcelo Rebelo de Sousa na esperança de encorajar Cavaco Silva a provocar uma crise logo que a Constituição lhe permita dissolver o parlamento, até programaram um inquérito parlamentar da treta para encenar o golpe. Mas Cavaco deve ter conhecido o resultado das sondagens e deu uma entrevista em que disse tão pouco que parece ter engolido um bolo-rei virtual enquanto a Judite Sousa lhe fazia perguntas.

Com a divulgação das sondagens Marcelo percebeu que iria perder tempo. Até porque Marcelo já percebeu que o caso Freeport vai virar-se contra os que como ele o usaram para tentar derrubar José Sócrates e que o caso Face Oculta não passou de uma tentativa de golpe de estado desajeitado. Percebeu também que depois das intervenções de personalidades como Paes do Amaral e Ângelo Paupério na Comissão de Ética do parlamento o inquérito parlamentar está condenado a ser um fiasco.

De resto, Marcelo é mais eficaz a fazer oposição em programas televisivos, pode disfarçar-se de comentador desinteressado e ainda é pago, além disso, se como comentador não consegue vencer Sócrates dificlmente o conseguira enquanto líder partidário.

Os cavaquistas fizeram como o piloto da anedota que se embrulhou com a hospedeira e entregou os comandos do avião ao macaco, os nossos iluistres cavaquistas meteram uma palhina no rabo de Paulo Rangel que até ficou todo animado e foram à sua vida, regressarão quando o regresso ao poder for quase certo, como sucedeu com Durão Barroso.