sábado, abril 24, 2010

Diz o roto ao nu

Parece que o líder sindical dos juízes gostam muito pouco de ouvirem os advogados na comunicação social, o que se compreende pois nos tribunais é tudo mais fácil, numa tradição vinda dos tribunais plenários mandam calar os advogados sempre que lhes dá na gana e só os aturam enquanto lhes apetece, aos advogados resta “amochar” não vão os seus clientes sofrer a vingança divina.

Desta vez António Martins, o presidente da absurda Associação Sindical dos Juízes Portugueses, foi um pouco mais longe do que o costume e de cima do seu alto estatuto disse «"Há advogados que, quando insatisfeitos com a decisão do juiz, surgem na comunicação social a pressionar futuras decisões. Isto é uma clara violação dos estatutos da Ordem. Se compactua com esta situação então não serve para nada e deve ser extinta", afirmou António Martins, acrescentando: "Isto é ainda mais grave, pois cria uma situação de disparidade entre o cidadão que tem acesso a um advogado mediático e o que não tem essa possibilidade."».

Postura curiosa a que é assumida pelo destacado líder sindical do proletariado da toga, se a Ordem vem questionar as decisões dos juízes deve ser extinta. Até parece que o líder sindical está a usar o estatuto de sindicalista para se manifestar publicamente sobre uma questão que tenha que ver com os direitos dos trabalhadores juízes. Seguindo a lógica do sindicalista António Martins as sua associação sindical há muito que deveria ter decidido extinguir-se, já o ouvi falar dezenas de vezes à comunicação social e nunca o ouvi falar de questões sindicais.

O que diria o sindicalista dos juízes das muitas intervenções dos sindicalistas dos magistrados do Ministério Público? Não tenho memória de o ter ouvido pedir a extinção deste sindicato face às sucessivas intervenções na vida política portuguesa, até foram recebidos por Cavaco Silva no contexto de uma situação em que uns magistrados queriam tramar outro magistrado, uma das mais elegantes intervenções sindicais deste país de sindalismo da treta.

Está difícil de calar o bastonário da Ordem dos Advogados e já que em democracia é impossível mandá-lo para fora da "sala", resta extinguir a Ordem. Enfim, cada um comemora o 25 de Abril como sabe.