domingo, julho 11, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Na Sé de Lisboa

JUMENTO DO DIA

José Manuel Fernandes, blogger

José Manuel Fernandes já foi director do Público, o jornal de Belmiro de Azevedo que pretende ser um jornal de referência, agora escreve disparates destes:

«Se Portugal tivesse ganho à Espanha na África do Sul era bem provável que, no dia seguinte, o Governo se tivesse abstido de utilizar a golden share na assembleia geral da PT e não estivesse montada toda a actual trapalhada. Mas como, infelizmente, Ronaldo não esteve à altura de Eduardo, José Sócrates farejou a oportunidade de cavalgar uma causa “patriótica” e armou-se em “Padeira de Aljubarrota”. » [Blasfémias]

É quase uma ofensa a posteriori aos que durante anos leram os seus editoriais, só não me sinto gozado por esta cabecinha que deve ter tanta inteligência como as novas bolas da FIFA porque nunca lhe dei grande importância intelectual.

A QUESTÃO POLÍTICA E IDEOLÓGICA

«Para Durão Barroso, não há nada de ideológico nem de político na proibição de golden shares. Trata-se de uma questão jurídica. Claro que é uma questão jurídica, mas é também evidente que não é. Os Tratados vinculam os Estados-membros e era previsível que o Tribunal de Justiça Europeu decidisse pela ilegalidade das acções com direitos especiais na PT, por violação do princípio da livre circulação de capitais. Mas o direito é também um reflexo de opções ideológicas e políticas e não uma codificação de escolhas neutras. E a decisão de impedir os Estados de formalmente deterem direitos especiais em empresas de sectores estratégicos é tudo menos neutra. Serve, aliás, para revelar como a Europa optou por evitar confrontar-se com os problemas do edifício regulatório que estava a construir. Hoje, os Estados têm menos direitos que o mercado e, consequentemente, os poderes políticos nacionais encontram-se feridos de morte, sem que exista uma entidade europeia que desempenhe as funções que no passado cabiam ao Estado. Em muitos aspectos, a solução é boa: os mercados criam riqueza e geram competição; o problema são os sectores estratégicos (dos recursos naturais às telecomunicações). Aí, não podemos esperar que o interesse nacional seja a soma de interesses privados, mesmo que racionais. O bem comum precisa de mercados livres, mas, como provam muitos exemplos pela Europa fora, requer também uma dose de proteccionismo. A menos que a Europa passe a desempenhar a função protectora que no passado desempenharam os Estados-nação. No fundo, a questão política e ideológica que não tem sido debatida. » [i]

Parecer:

Por Pedro Adão e Silva.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

O QUE ESCONDIA A TOALHA DE PUYOL?

«Aguardava-se que o Mundial 2010 na África do Sul fosse unir um país marcado pelas suas diferenças. E confirmou-se. Aliás, confirmou-se e reconfirmou-se. Jogos no país do xhosas (Port Elizabeth) e no país dos zulus (Durban) e no país dos mulatos (Cidade do Cabo) e no Soweto da resistência negra (Soccer City) fizeram com que os colégios sul-africanos de maioria branca tenham pedido à federação de soccer (como eles chamam ao futebol) que lhes ensinem a fazer campos de futebol ao lado dos tradicionais de cricket. Isso quanto ao confirmou-se. O reconfirmou-se não aconteceu em regiões tão longínquas: os separatistas catalães estão preocupados com tanta bandeira espanhola nas varandas de Barcelona: "Enquanto nos distraímos, já há mais bandeiras espanholas do que senyeres [catalãs] nas varandas", lamentou-se Carod-Rovira, vice-presidente da Generalitat, e independentista. A Câmara de Barcelona, que tinha resistido a mostrar os jogos em ecrãs gigantes, teve de recuar: domingo, na final, já os haverá. Também Espanha acabou por se unir à volta do futebol, todos ao lado desta selecção cuja base (a que jogou contra a Alemanha) tem 5 catalães, 2 castelhanos e um canário, asturiano, basco e andaluz. A rainha Sofia entrou no balneário e bateu palmas a um golo, enquanto Plácido Domingo cantava "Que viva España!". A toalha do catalão Puyol escondia um espanhol.» [DN]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PASSOS COELHO RADIOACTIVO

«A utilização da energia nuclear, que será discutida pelo PSD na elaboração de um plano energético, dividiu hoje os especialistas ouvidos pelo líder social-democrata, com Mira Amaral a favor e Carlos Pimenta contra essa opção.

À saída do encontro na sede do PSD, em Lisboa, o especialista em Ambiente e antigo eurodeputado do PSD Carlos Pimenta afirmou que "o nuclear não cabe em Portugal", enquanto que o antigo ministro da Indústria e Energia Mira Amaral considerou que a questão deve ser discutida.

Apesar de não ter sido objeto de discussão na reunião, o vice presidente social democrata Moreira da Silva tinha já afirmando aos jornalistas que a energia nuclear será considerada na elaboração de um plano energético, mas não é a "prioridade" dos sociais democratas, que exigem ao Governo maior eficiência energética.» [Expresso]

Parecer:

Se não há conclusões sobnre a energia muclear como é que vai ser considerada no programa, isso apesar da famosa dívida externa? Veremos quando se chegarem à frente os empresários interessados no negócio. Aos poucos vamos percebendo quem patrocina Pedro Passos Coelho, primeiro os interessados nos negócios na saúde, agora os do nuclear, pelo meio foi a Espanha passar a mão pelo pêlo da Telefónica.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se pelo programa eleitoral do PSD.»

TEREMOS DE OS ATURAR

«Viajar nos autocarros da Carris e da Vimeca que servem o terminal rodoviário de Algés está a tornar- -se "cada vez mais perigoso, desde que começou o Verão", denunciam vários passageiros. Queixam-se de grupos de jovens que utilizam aquelas carreiras para chegar até Algés, onde depois apanham os comboios da Linha de Cascais para as praias da costa do Estoril. Relatam que esses grupos "entram e levam tudo à frente, não pagam bilhete, empurram as pessoas, insultam-nas e até as ameaçam". Há utentes que falam mesmo em roubos a passageiros.

"E não há nada a fazer", lamentam os passageiros e os próprios motoristas, referindo que a carreira 750 da Carris (Estação do Oriente/Algés) "é uma das mais problemáticas, porque passa por zonas complicadas como Alto da Damaia, Buraca, Bairro do Zambujal e Bairro da Boavista". Da empresa Vimeca, algumas das carreiras mais frequentadas por grupos indesejáveis têm os números 10, 12 e 162, servindo Monte Abraão, Bairro do Zambujal e Damaia.» [DN]

Parecer:

Fico com a impressão de que os cidadãos deste país são obrigados a viver com medo com magistrados, polícias e governantes a assobiar para o ar. Se esta gente não sabe comportar-se em sociedade e agridem quem paga os impostos que, não raras vezes, vão parar a subsídios então só há uma solução, a prisão para quem não cumpre as regras.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Adoptem-se instrumentos legais eficazes.»

ORGULHOSAMENTE SÓS?

«Em declarações sobre a posição do PSD na utilização da golden share no negócio da Vivo, o secretário geral social democrata, Miguel Relvas, afirmou hoje "O 'orgulhosamente sós' é uma tática suicida, não é assim que se defende os interesses dos portugueses, de um Governo pretende-se um discurso elevado, soluções para os milhares de portugueses desempregados, para o número crescente de pobres, para a insegurança nas nossas cidades".

Hoje, no semanário Expresso, o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, critica as declarações de Pedro Passos Coelho na visita a Espanha, considerando que a "digressão espanhola do líder do PSD foi uma vergonha". » [Expresso]

Parecer:

Relvas parece ignorar que os seus amigos espanhóis são herdeiros do franquismo, esse sim partidário, tal como o salazarismo, do orgulhosamente só. A verdade é que Pedro Passos Coelho ignorou uma regra elementar, o que se come em casa não se diz na rua.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Diga-se ao Relvas que antes orgulhosamente sós do que o orgulhosamente acompanhados pela Telefónica ou Aznar.»

SÓCRATES FALOU COM LULA SOBRE FUSÃO DA PT COM A OI

«O primeiro-ministro José Sócrates consultou o presidente brasileiro, Lula da Silva, sobre a possibilidade de uma fusão entre a PT e a Oi, empresa brasileira de telecomunicações, quando visitou oficialmente o Brasil, no final Maio. Ou seja, já depois de ser conhecido, a 10 de Maio, o interesse da espanhola Telefónica em adquirir a Vivo.

O i questionou o governo português e a presidência da República brasileira sobre a notícia avançada na quinta-feira pela "Folha de S. Paulo", que dá conta das conversas - até agora secretas - entre Sócrates e Lula da Silva. Nem Lisboa nem Brasília desmentiram a informação e ambas optaram simplesmente por não comentar o assunto.

Na data em que decorreu a conversa, a Telefónica tinha oferecido 5,7 mil milhões de euros para adquirir os 30% da PT na Vivo. O presidente brasileiro terá alertado Sócrates para as barreiras que existem à criação de uma empresa de telecomunicações luso-brasileira, mas concordou com a ideia. Em resposta, o primeiro-ministro afirmou que vetaria a venda da Vivo aos espanhóis como forma de Portugal ganhar tempo até encontrarem uma solução.» [i]

Parecer:

Antes os brasileiros do que os espanhóis da Telefónica e do Passos Coelho.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

QUEM QUER TRAMAR O BCP?

«Se recebeu um SMS sobre a saúde financeira de um banco português, não vale a pena responder. Do outro lado não haverá resposta. As mensagens fazem parte da intriga que nas duas últimas semanas tem assolado a banca portuguesa, e o BCP em especial.

Ontem, essa intriga financeira chegou aos telemóveis, emails e mesmo ao Twitter. A instituição bancária presidida por Carlos Santos Ferreira desmentiu secamente: "Não vamos comentar intrigas nem rumores." Ou seja, o BCP está bem e recomenda-se.

Aliás, o i soube junto de fonte angolana que o maior banco privado português pode contar com o apoio dos seus accionistas angolanos e mesmo de outras instituições de Angola que estarão dispostas a injectar liquidez no banco em várias tranches, até Outubro, se o Millennium BCP precisar. Numa primeira fase, através da Sonangol, que poderá fazê-lo de forma simples, inclusivamente recorrendo a meros depósitos em conta. Esse terá sido o resultado de uma reunião entre administradores do BCP e representantes dos accionistas angolanos, que teve lugar há duas semanas.» [i]

Parecer:

Cheira-me a negócios de acções.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela investigação.»

PEIXERADA ARTÍSTICA

«"O Ministério da Cultura manifesta a sua grande satisfação por esta decisão, que vem permitir finalmente que a DGArtes se liberte de constrangimentos vários que têm vindo a dificultar a sua acção", diz o ministério em comunicado enviado à imprensa.

O director-geral das Artes, Jorge Barreto Xavier, demitiu-se ontem do cargo alegando "divergência" com a ministra da Cultura Gabriela Canavilhas, "sobre o modo de desenvolvimento das políticas de apoio às artes", segundo a agência Lusa.» [DE]

Parecer:

Se a ministra não gostava do dg porque razão o manteve e esperou que este pedisse a demissão?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se à ministra.»

CONFAP CONTRA ENCERRAMENTO DE ESCOLAS

«A Confederação das Associações de Pais apelou hoje, sábado, às associadas para que rejeitem orientações das direcções regionais para o encerramento de determinadas escolas e reiterou que avançará com providências cautelares para contrariar essa medida.

"A Confap apela a todas as associações de pais para que rejeitem categoricamente as orientações que cheguem por telefone da Direcção Regional de Educação de Lisboa ou de outras direcções regionais que adoptem o mesmo caminho em que notifiquem as escolas de que estas vão ser extintas", disse à Lusa o presidente da Confap, Albino Almeida.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Eu gostaria de saber quantos dos pais destas escolas estão numa associação de pais integrada nesta Confap.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se.»

THOMAS DOERING