quinta-feira, agosto 19, 2010

Pobreza política

No próximo ano haverão eleições presidenciais e em vez de avaliarmos a prestação de Cavaco Silva a direita e a esquerda vão confrontar os seus candidatos em torno do que fará o próximo presidente ao actual governo constitucional. Cavaco vai renovar a sua promessa de cooperação estratégica não se pronunciando sobre o que vai fazer, aproveitará o discurso do seu adversário para se afirmar como elemento estabilizador quando foi a Presidência da República a principal fonte de instabilidade política a seguir às investigações manhosas conduzidas por alguns procuradores. Alegre apresentará como principal argumento a promessa de que não derruba governos sem explicar como isso se compatibiliza com o estatuto de líder da oposição que tanto apreciou durante os últimos anos ou com o facto de a sua candidatura ter sido lançada pelo partido que mais odeia os actuais governo e primeiro-ministro, não hesitando em aliar-se à direita chegando mesmo a fazer o trabalho sujo.

Ainda não estamos a meio da legislatura e o líder da oposição faz a gestão da sua agenda política em função das sondagens, assume uma postura de político responsável e sobe nas sondagens, acha que pode chegar ao poder e que o ideal seria o PS fazer o trabalho difícil enquanto propõe uma revisão constitucional à medida dos interesses que o apoiam e desce nas sondagens, no fim fica na dúvida sem saber se deve apostar em eleições antes que os eleitores o conheçam melhor ou se deve apostar na gestão da sua imagem e apostar mais um pouco.

De um governo minoritário esperar-se-ia audácia, ministros a arregaçar as mangas multiplicando projectos que envolvessem os portugueses e uma aposta em todos os portugueses e não apenas nos grandes empresários e nos grandes negócios. Em vez disso, temos um governo que opta pela defensiva, em vez de apostar no dinamismo condiciona a sua agenda ao jogo da oposição e do presidente.

Perante um governo fragilizado seria de esperar que as oposições apresentassem projectos inovadores e políticas alternativas, em vez disso o BE alia-se ao PSD em golpes sujos, Paulo Portas opta por uma agenda política em função da conjuntura e propõe disparates.