sábado, setembro 11, 2010

Qual será a estratégia de Sócrates nas presidenciais?

É evidente que o PSD vai tentar surfar na vaga das presidenciais aproveitando os erros do PS, tentará igualmente confundir o secretário-geral do PS com o primeiro-ministro aproveitando o que Sócrates diz enquanto líder partidário para fomentar um conflito institucional entre o primeiro-ministro e o Presidente da República. Se Sócrates não cometer erros não será difícil ao PSD aproveitar os disparates de outros dirigentes do PS, como sucedeu com o comunicado disparatado de Edite Estrela.

O Bloco de Esquerda tentará a todo o custo passar a imagem de que Manuel Alegre é o seu candidato e que são os seus militantes os mais fervorosos apoiantes da candidatura pressionando o PS e Sócrates a envolver-se num discurso político mais radical. Se o PS cair no erro de transformar Manuel Alegre no seu Otelo não só fornecerá a Pedro Passos Coelho a oportunidade de ganhar votos ao centro como dará ao PSD os louros de uma vitória provável de Cavaco Silva.

Curiosamente a estratégia do PCP será a mais neutra na perspectiva da posição de Sócrates, o seu candidato bate-se por princípios e enquanto o BE pretende criar roturas e divisões no PS o PCP procura proteger o seu eleitorado e aproveitar-se da estratégia manhosa da extrema-esquerda de Francisco Louçã. O BE sairá vitorioso se conseguir dividir o PS com uma derrota de Manuel Alegre ou se o seu candidato conseguir passar à segunda volta com uma votação expressiva. O PCP ganha se o seu candidato tiver uma boa votação estando interessado em que Alegre passe à segunda volta com uma votação fraca para que uma possível vitória dependa do apoio do PCP, numa altura em que O BE deixa de contar.

O problema de Sócrates é saber como sair ileso da presidenciais, sem comprometer o relacionamento com o futuro presidente (principalmente se este for Cavaco Silva), sem permitir que uma eventual vitória de Cavaco Silva se traduza numa vaga de fundo para Passos Coelho e sem que uma vitória de Manuel Alegre seja uma vitória do Bloco de Esquerda.

Enquanto secretário-geral do PS e, por inerência, apoiante de Manuel Alegre tem por adversário Cavaco Silva. Mas como primeiro-ministro tem como adversários os partidos que apoiam Cavaco, o BE que apoia Manuel Alegre,e o pessoal do MIC que já tem como explicação para uma eventual derrota de Alegre a falta de empenho de Sócrates pois é sabido que o primeiro-ministro não vai andar a disputar as câmaras de televisão com o Francisco Louçã, pode sair a ganhar ou a perder destas presidenciais independentemente de quem vencer as eleições.

É uma ironia do destino que seja o PCP e o seu candidato os que têm uma estratégia menos perigosa para Sócrates, não me admiraria nada que muitos apoiantes de Sócrates que desejam a vitória de Manuel Alegre optem por votar no Francisco Lopes na primeira volta livrando-se assim da “sarna” dos bloquistas. Para muitos eleitores a escolha é votar em Alegre tramando o Sócrates ou votar por este candidato não fazendo o jogo de Louçã.

Resta agora saber qual será a estratégia de José Sócrates.