sábado, setembro 18, 2010

Um país (des)governado por sondagens

O governo governa em função das sondagens, o presidente preside em função das sondagens, a oposição opõe-se em função das sondagens, os magistrados investigam em função das sondagens, até o presidente da FPF escolhe seleccionadores em função das sondagens neste país deixaram de haver projectos, é impossível pensar no longo prazo e sem maioria absoluta até a duração da legislatura depende das sondagens.

Veja-se o caso de Pedro Passos Coelho, fez dezenas de entrevistas e subiu nas sondagens, deu uns tiros nos pés e desceu nas sondagens, agora volta a dar dezenas de entrevistas na esperança de subir nas sondagens. Em quatro semanas apresentou dois projectos de revisão constitucional, deu o dito pelo não dito e volta a dizer o mesmo, não gostava do estado social e transformou-se no seu maior defensor, ele que dizia que não se guiava por sondagens quando estas lhe eram favoráveis tornou-se num toxicodependente de sondagens.

Quem governa este país são os centros de sondagens, os resultados das últimas eleições deixaram de ter legitimidade a desde o momento em que foram publicadas sondagens prognosticaram resultados eleitorais diferentes, os deputados não passam de paus mandados sem qualquer legitimidade, apenas estão lá até que estejam reunidas condições políticas para dar expressão eleitoral a sondagens que sejam do agrado da oposição. O PSD usou-os para apresentarem um projeccto de revisão constitucional sem os ter ouvido, só faltou irem ao gabinete de Jaime Gama com a farda da DHL.

Pobre país este que é incapaz de enfrentar os problemas e em vez de encontrar soluções vive num ciclo de palhaçadas em que os políticos vão dando piruetas para depois irem conferir através de sondagens se o público aplaudiu as suas últimas macaquices.