quarta-feira, setembro 15, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Bairro da Sé, Lisboa

JUMENTO DO DIA

Pedro Passos Coelho, (por enquanto) líder do PSD

Não me admiraria nada se o futuro programa eleitoral de Pedro Passos Coelho fosse resultado de um programa do tipo "ajuda-me" ou elaborado durante um reality show do tipo "Big Brother" promovido pela TVI tendo como intervenientes o Paulo Teixeira Pinto, o Bacelar, a Manuela Moura Guedes mais o pessoal do Albergue Espanhol.

É evidente que o PSD não pode rever a Constituição sozinho pelo que o anteprojecto ao quadrado agora apresentado não passa de uma palermice de Pedro Passos Coelho que apenas serviu para revelar um líder do PSD ignorante em matérias mais complexas, dependente de conselhos de gente deslocada da realidade e sem capacidade para prever as reacções dos eleitores às suas propostas. Pior ainda, mostrou um líder que pensa em função das sondagens e. pior do que isso, sem coragem para ser coerente e levar as suas propostas até ao fim.

Será que recupera a credibilidade? Duvido e um político sem credibilidade é um político morto, começa a ser tempo de o PSD começar a procurar outro líder, até porque com este não poderão contar com a ajuda de Cavaco Silva.

«O PSD vai deixar cair do seu anteprojecto de revisão constitucional o despedimento por "razão atendível", substituindo por "razões legalmente atendíveis", com referência à Carta Europeia dos Direitos a qual impõe a defesa dos cidadãos contra o despedimento arbitrário. Moção de censura construtiva também salta da proposta.

A intenção do PSD é combinar segurança no emprego com flexibilidade, segundo foi divulgado num encontro entre o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, e directores dos órgãos de comunicação social.

O anteprojecto de revisão constitucional do PSD, divulgado publicamente na segunda quinzena de Julho, retirava da Constituição da República Portuguesa a expressão "sem justa causa" na parte que se refere à proibição dos despedimentos.

Em relação a este último ponto, o PSD introduzia a expressão "sem razão atendível", proposta que gerou críticas nos sectores político e sindical, que acusaram o maior partido da oposição de pretender facilitar os despedimentos.» [DN]

O PROJECTO DE REVISÃO CONSTITUCIONAL DO PSD

Primeiro havia um anteprojecto de projecto de revisão constitucional, hoje foi aprovado o anteprojecto que afinal era um anteprojecto do anteprojecto agora aprovado. O melhor é esperar, ainda vai haver um anteprojecto do anteprojecto do anteprojecto.

ALGUÉM ME AJUDA?

Preciso encontrar o médico da Manuela Moura Guedes, pode ser que tenha alguns exemplares da bactéria ou vírus da doença da esposa do senhor Moniz. Também quero ter uma doença que me deixe divertido e que seja curada com festas e praia!

Anda por aí tanta gente incomodada com o que se gasta em apoios sociais e não há nenhuma voz que critique esta situação? Parece-me que só querem acabar com o Estado Social dos pobres, os dos ricos dá jeito.

O PRINCÍPIO DA MELHORIA INCONTESTÁVEL

Com este princípio simples o Presidente da República "despachou" anteprojecto de revisão constitucional do PSD. Fica tudo dito.

A ADSE NÃO IA MORRER?

«De vez em quando os governos lançam para o espaço o foguetão de uma importantíssima reforma qualquer. Acontece frequentemente que esse tremendo ruído cai no silêncio escuro do vácuo sem que, aparentemente, nada no universo mexa um milímetro. É de desconfiar...

Há uns anos, José Sócrates e o então seu ministro da Saúde, Correia de Campos, declararam o fim dos subsistemas de saúde. Vou até ser mais exacto: em 15 de Novembro de 2006, o Governo determinou o fecho, por exemplo, da Caixa de Previdência dos Jornalistas, um dos tais subsistemas. O funeral foi marcado para 1 de Janeiro de 2007.

Já em Junho de 2005, o mesmo Governo integrara a assistência dos militares, polícias e funcionários da justiça na ADSE de todos os outros funcionários públicos. No entretanto, criou uma Comissão para a Sustentabilidade do Financiamento do Serviço Nacional de Saúde. Os comissários apressaram-se a recomendar, em Maio de 2008, a retirada da ADSE, passo a citar o respectivo relatório, "do espaço orçamental dos subsistemas públicos, sendo evoluções possíveis a sua eliminação ou a sua auto-sustentação financeira". Trocando por miúdos, depois do ataque aos subsistemas mais pequenos, parecia que a ADSE ia morrer.» [DN]

Parecer:

Zangado porque o Estado deixou de financiar a sua Caixa o jornalista Pedro Tadeu quer que se acabe a ADSE, confundindo uma recomendação de um grupo de estudo com uma decisão governamental. Aliás, mistura a Caixa de Previdência dos Jornalistas que foi extinta com outros subsistemas integrados na ADSE, argumentando com aqueles subsistemas para acabar com esta. Um raciocínio brilhante mas que não terá acolhimento nem por parte do Passos Coelho, este nunca iria acabar com uma das fontes de rendimento dos hospitais privados.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Arquive-se.»

OS PRINCÍPIOS E A SUA APLICAÇÃO

«É comum os Estados pagarem resgate aos terroristas que sequestraram os seus cidadãos. A Argélia quer que a ONU denuncie essa prática e compreende-se o seu interesse. Com a vaga de sequestros no Magrebe, a Al-Qaeda já recolheu 50 milhões de euros, dinheiro com que melhor se armou e organizou - e desestabilizou os governos locais. Argel apontou os governos europeus que cederam à chantagem e pagaram pela libertação de seus cooperantes e turistas: este ano, à cabeça vem Espanha, que deu 8 milhões de euros por três raptados. O jornal El Mundo perguntou ao embaixador argelino na ONU: "Não acha que se os resgates não fossem pagos, os cooperantes já estariam mortos?" Resposta: "Se calhar sim, mas se Espanha pagou os resgates, mais cidadãos seus serão raptados..." O preço de um resgate hoje anda à volta de cinco milhões de euros por refém, o que torna a libertação só possível num negócio entre os terroristas e os governos - um cidadão isolado não pode pagar tanto. O "dever ser" é claro: governo que paga, não só alimenta os terroristas como, mostrando-se fraco, torna mais vulneráveis os seus cidadãos a futuros raptos. Mas depois há os casos concretos para complicarem as certezas claras. Este ano já foram mortos um francês e um inglês porque não foi pago resgate. Suspeito que os respectivos governos não sejam populares em casa desses infelizes. » [DN]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

PASSOS PERDIDO

«Na verdade, nada poderia ter acontecido, em parte por cobardia do líder do PSD. Se Passos Coelho verdadeiramente quisesse que fossem marcadas eleições antecipadas, deveria ter apresentado uma moção de censura no Parlamento que, a ser aprovada, significaria a demissão do Governo. Não o fez, preferindo tentar colocar esse ónus nas pessoas do Presidente da República e do primeiro-ministro, que deveriam ter tido - na opinião do presidente do PSD - a clarividência de se demitir (no caso de Sócrates) ou de dissolver o Parlamento (no caso de Cavaco Silva). Ora nem Cavaco entendeu estar em causa o regular funcionamento das instituições nem Sócrates que as condições para governar se tinham esgotado.» [DE]

Parecer:

José Reis Santos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

QUEIROZ: AFINAL TAMBÉM É UMA QUESTÃO DE DINHEIRO

«Carlos Queiroz não abdicará de uma indemnização pelo seu despedimento como seleccionador nacional e volta a apontar o secretário de Estado da Juventude e Desporto, Laurentino Dias e o vice-presidente administrativo da FPF, Amândio de Carvalho, como responsáveis de uma operação de "linchamento público", que culminou no seu despedimento.

Em entrevista à RTP1, ontem à noite, Carlos Queiroz revelou que não esperava o despedimento, porque "nunca foi essa a posição do presidente Gilberto Madaíl" e, inclusivamente na última reunião este tinha-se manifestado favorável à sua continuidade.» [DN]

Parecer:

Começou pela defesa da honra e agora diz que a sua honra tem preço.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pague-se.»

PASSOS VOLTA A RECUSAR ALTERAÇÕES NAS DEDUÇÕES

«"Pior do que não ter um Orçamento é ter um mau Orçamento", assegurou ontem o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, que lembrou que os sociais-democratas colocaram duas condições claras para a sua viabilização: um corte na despesa pública e que a carga fiscal não aumente por via da redução das deduções em matéria de Saúde e de Educação em todos os escalões de IRS. "Claro que é para todos os escalões", frisou Passos, numa frase que não permite negociações.

Falando à SIC, o líder laranja frisou que se o executivo "não cumprir" o que acertou com o PSD e com Bruxelas aquando da negociação do PEC 2 - e que passa por em 2010 se cortar 1000 milhões de despesa pública - este "perde toda a credibilidade". Segundo Passos Coelho, o PSD deu ao Governo todo o apoio a um PEC 2 "para que o País não acabe como a Grécia".» [DN]

Parecer:

Isto é, esqueceu-se do que acordou no PEC.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Passos Coelho se sabe o que é ser um homem de palavra.»

MORREM CENTENAS DE PATOS NA RIA FORMOSA

«Há animais que se arrastam em cima do alcatrão quente, na estrada que circunda a ETAR, em Faro, numa tentativa de alcançar a água. Mas os que lá chegam não conseguem voar e rapidamente perdem as forças. São essencialmente patos e galeirões e estão a morrer na estação de tratamento de águas residuais dos Salgados, para onde é canalizado uma parte dos esgotos de Faro. Desde o final de Agosto, já terão sucumbido mais de 200 animais.

Diariamente, a empresa Águas do Algarve tem recolhido uma média de dez cadáveres na sequência de um surto que diz ter começado a 29 de Agosto. Mas técnicos do Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens (RIAS) dizem ter detectado aves mortas com mais tempo, "talvez do início de Agosto", contou ao DN Carla Ferreira, médica-veterinária do RIAS, com sede em Olhão. » [DN]

Parecer:

Um dia destes apenas teremos perdizes de aviário.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»

A SUGESTÃO DO GOVERNO ALEMÃO

«O crescimento da economia portuguesa está a perder força e o Governo não está a conseguir tornar empresas e salários mais competitivos, disse ontem Michael Meister, vice-líder do Partido Democrata Cristão, numa entrevista em Berlim.

Citado pela Bloomberg, o responsável adiantou que o Governo português podia começar por investir mais na educação e nas tecnologias.

"Todos os países têm de fazer a sua parte para estimular a economia na zona euro, não apenas cortar ferozmente como Portugal tem feito", disse Meister.» [DE]

Parecer:

Está a dar razão a Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se dados para que o senhor Meister conheça melhor Portugal.»

A ANEDOTA DO DIA

«A informação está a ser avançada pela Lusa, que cita um dos membros deste órgão executivo.

A reunião da comissão política do PSD começou cerca das 11:20 e terminou perto das 15:00, sem que houvesse declarações à comunicação social nem no início nem no final.» [DE]

Parecer:

É estranho, agora que o projecto levou a segunda demão nem falaram à comunicação social isto depois de Passos Coelho ter falado em intoxicação. Mas, pelo que se vê, o líder resolveu o problema ao pequeno almoço, isto é, fez gato sapato da comissão política nacional.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

REVISÃO CONSTITUCIONAL DO PSD PREVÊ EXPERIÊNCIAS PILOTO

«O projecto de revisão constitucional apresentado hoje, terça-feira, pelo PSD propõe acrescentar ao actual artigo sobre a formação de regiões administrativas a criação de "regiões-piloto", por um período transitório e a título experimental.

Na Constituição da República Portuguesa, o actual artigo 255.º afirma que "as regiões administrativas são criadas simultaneamente, por lei, a qual define os respetivos poderes, a composição, a competência e o funcionamento dos seus órgãos, podendo estabelecer diferenciações quanto ao regime aplicável a cada uma".» [Jornal de Notícias]

Parecer:

É uma novidade uma Constituição prever a realização de experiências piloto.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

A NOTÍCIA QUE NÃO FOI NOTÍCIA

«A taxa de desemprego estimada pela OCDE para Portugal recuou em Julho para os 10,8 por cento, mas o país manteve-se no quarto lugar do 'ranking' da organização.

No conjunto dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a taxa manteve-se em Julho nos 8,5 por cento (os mesmos observados em junho), com o número de desempregados a manter-se nos 45,5 milhões de pessoas.» [JN]

E o jornal Público tem um jornalista tão distraído que nem deu pela descida:

«Portugal, com 10,8 por cento, tinha a quarta taxa mais elevada da Organização, a seguir à Espanha (20,3 por cento), Eslováquia (15,0%) e Irlanda (13,6%). A Coreia do Sul (3,7%) e a Áustria (3,8%) tinham as taxas mais baixas. Estes valores estão corrigidos da sazonalidade e harmonizados para efeitos de comparação internacional.

Este valor relativo a Portugal é coincidente com o do Eurostat, estando um pouco acima dos 10,6 por cento calculados pelo INE para o segundo trimestre. Mas, seja qual for a fonte, trata-se também de um máximo histórico.» [Público]

Parecer:

Se ao menos o desemprego tivesse aumentado....

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Registe-se.»

ALENA ADAMENKO