segunda-feira, novembro 15, 2010

Como vamos pagar a dívida pública?


(Fonte: Pordata)

Durante anos os nossos políticos nunca colocaram a dívida pública na agenda, o problema sempre foi o défice, até se esqueceram de que uma das exigências do euro, para além dos limites aos défices orçamentais, era o limite estabelecido à divida pública. O tema apenas ganhou importância com a crise grega, mesmo quando Manuela Ferreira Leite no congresso do PSD que se seguiu às directas que a escolheram para líder do PSD se referiu às obras públicas argumentou que o dinheiro deveria ser usado para os mais necessitados em vez de ser gasto em obras. Mais tarde surgiu o argumento de que as obras esgotavam a capacidade de crédito da economia e só muito depois veio o argumento de que não havia dinheiro.

Apesar da situação ser grave e poder tornar-se incontrolável face à subida das taxas de juro e, em consequência, do custo do serviço da dívida não se vê ninguém questionar como é que o país sai desta situação o que implica questionar como é que vai pagar esta dívida ou, pelo menos, limitá-la a níveis suportáveis. Antes pelo contrário, continua a ouvir-se falar de grandes projectos não reprodutivos, de manter um estado social alimentado de borlas e de subsídios, da manutenção das SCUT e de outros esquemas que têm alimentado a dívida pública.

Os sacrifícios impostos a alguns não servirão de nada a não ser manter mordomias e subsídios durante mais um ano pois mais tarde ou mais cedo será o serviço da dívida a alimentar o défice público. O país precisa de soluções e cabe aos políticos que se têm feito eleger democraticamente demonstrar que a democracia não serve apenas para distribuírem os benefícios e mordomias do poder pela imensa classe política que se alimenta do orçamento, mas também para encontrar soluções para o país.

De nada serve a Sócrates pensar que a recuperação económica permitirá iludir o problema e Passos Coelho nunca irá governar em tempo de vacas gordas por mais medidas de austeridade que apoie. O problema já não é apenas saber qual vai ser o défice de 2010, ou se o OE para 2011 permitirá atingir as metas orçamentais estabelecidas. O problema é saber como se paga uma dívida pública à custa da qual muita gente deste país enriqueceu e que pode levar o país a uma dolorosa bancarrota.

Já não basta prever o défice para 2011, até porque este défice significará mais dívida, impõe-se ao poder dizer aos portugueses como é que esta dívida será paga. É urgente que se apontem soluções, se estabeleça um calendário e que se adoptem mecanismos que impeçam os governos de iludirem os portugueses conduzindo o país para a bancarrota.