domingo, novembro 14, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Rua Augusta, Lisboa

JUMENTO DO DIA

Luís Amado

As declarações de Luís Amado sugerindo uma coligação fazem todo o sentido ainda que fora de tempo e com o objectivo de encobrir a necessidade de uma remodelação governamental. O que não faz sentido é que sugira que está disponível para "ceder" o seu cargo pois como se sabe não é ministro vitalício nem cabe a ele escolher ministros.

«O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, disse em entrevista ao Expresso que a situação portuguesa reverte-se com a criação de um Governo de coligação. O ministro pondera mesmo ceder a pasta dos Negócios Estrangeiros para “mais facilmente se conferir uma solução de estabilidade governativa” e classifica a política portuguesa de “aberrante”. » [i]

SERRALHEIRO MECÂNICO M/F

Se alguém está interessado sem ser serralheiro mecânico pode informar-se num desdobrável distribuído nos centros de emprego de Lisboa, fica a saber que pode ganhar 70 a 80 contos a valores de ... 2000.

Isto é, a promoção do emprego em Portugal faz-se com prospectos de 2000! Compreende-se, apesar de défices quase pornográficos e com a dívida pública a chegar a níveis impensáveis nunca houve dinheiro para um desdobrável novo.

QUANTO VALE A PALAVRA DE UM MINISTRO

«Se há ministros num Governo de que se espera total rigor e quase zero de política é do da pasta das Finanças. Quando Teixeira dos Santos substituiu Campos e Cunha no Executivo de José Sócrates, trazia no curriculum a qualidade técnica impoluta e a independência política q.b. As eleições legislativas de há um ano alteraram por completo o rótulo que lhe estava colado e aquele que melhor servia o País.

Teixeira dos Santos tem cometido demasiados erros. Alguns deles muito graves. Muitos perfeitamente evitáveis, o que é ainda mais de lamentar. Elenco, com exemplos, cinco deles, que revelam o que tem sido o seu último ano nas Finanças. O erro sobre o défice orçamental de 2009, que, com umas eleições pelo meio, subiu quase três pontos, foi o primeiro sinal. Sabe-se o que aconteceu: não foi o ministro que se enganou. Foram os portugueses que, por motivos puramente eleitoralistas, foram enganados. Seguiram-se as garantias, internas e externas, ao longo de todo o Verão, de que o défice estava controlado para este ano de 2010. Também se sabe o que aconteceu: está assumido o "buracão" nas contas públicas identificado por Eduardo Catroga, que nem o recurso ao Fundo de Pensões da PT consegue cobrir. O último, e o mais absurdo, foi o traçar de um limite para os juros da dívida nacional antes de Portugal ter de recorrer a ajuda internacional. Embalado pela euforia do acordo com o PSD para aprovação do Orçamento para 2011, Teixeira dos Santos achou que podia publicamente assumir um número, 7%. Sabe-se o que se passou esta semana: os mercados puseram o ministro à prova e elevaram os máximos muito acima do seu limite, obrigando os seus colegas de Governo a desdizê-lo.» [DN]

Parecer:

Por Filomena Martins.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

BISTO DE FARO MANDA REZAR PELOS DESEMPREGADOS DA GROUNDFORCE

«No encerramento do Lausperence Diocesano, na noite desta sexta-feira, o bispo pediu aos cristãos para incluirem na sua oração os trabalhadores despedidos esta quarta-feira.

D. Manuel Quintas apelou na vigília na Igreja matriz de São Pedro aos cristãos: "E porque pertencemos a uma Igreja que está inserida no mundo e vive as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias da humanidade, gostaria que a nossa oração desta noite incluísse também os 336 trabalhadores da Groundforce que receberam essa notícia que transformou tantos dos seus sonhos em pesadelo".» [CM]

Parecer:

Com tanto desemprego não vão faltar rezas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao bispo se as rezas são um exclusivo dos despedidos pela Groundforce.»

PORTUGUESES ESTÃO A VENDER O OURO

«Se a crise é sentida por quase todos os portugueses e a estatística dos assaltos a particulares é na ordem das dezenas por semana, então é na valorização extrema do ouro que quem quer investir ou transformá-lo em dinheiro se refugia. Afinal, o grama deste metal é o mais seguro dos investimentos, visto que em 1999 valia 6,19 euros (ao câmbio actual) enquanto ontem a cotação era de 32,52 euros.

Se os motivos referidos já seriam por si só suficientes para aliciar os portugueses a vender um tipo de bem valioso, amealhado por várias gerações na família, a forma fácil como se processa a sua actual venda acabou com os pruridos a quem ainda os tinha. A vontade de realizar dinheiro é facilitada - pode até dizer-se quase forçada - por uma rede de centenas de lojas espalhadas pelo País que, munida de uma forte campanha publicitária, seduz até os mais desconfiados com este modo de realizar dinheiro, pois o pagamento da transacção é realizado em segredo e de imediato. » [DN]

Parecer:

Ao preço e com as dificuldades que os portugueses atravessam era de esperar.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Ficam os dedos.»

MULTIPLICAM-SE O QUE PEDEM A SUBSTITUIÇÃO DE TEIXEIRA DOS SANTOS

«O número de socialistas que nos últimos dias tem vindo pedir a remodelação do ministro das Finanças não pára de crescer e a relação de Teixeira dos Santos com alguns ministros, por causa dos cortes, é tensa, segundo apurou o Diário Económico. Algumas vozes têm vindo a público pedir a imediata remodelação do ministro das Finanças como forma de dar confiança aos mercados, manifestando o desconforto de alguns socialistas em relação ao ministro.

Primeiro, foi João Proença, da UGT, a defender uma remodelação no Governo, incluindo Finanças, depois foi o eurodeputado (cabeça de lista pelo PS) Vital Moreira e, ontem, foi a vez de Ana Gomes. A socialista defendeu que uma remodelação nas Finanças ajudaria a "recuperar a credibilidade e a dar horizontes de crescimento" à economia portuguesa. Tese também defendida por João Proença e Vital Moreira.» [DE]

Parecer:

É uma inevitabilidade.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Edite Estrela o que vê de bom no ministro.»

PSD QUER ALARGAR CORTES SALARIAIS NAS EMPRESAS DO ESTADO

«O PSD vai sugerir ao governo que o corte salarial previsto para os gestores das empresas públicas seja alargado a todos os órgãos sociais das empresas, dos quais fazem parte, por exemplo, os conselhos fiscais, confirmou ao i o líder da bancada do PSD, Miguel Macedo. As remunerações base dos gestores públicos foram reduzidas 5% na segunda metade de 2010 e em 2011 vai ser cortada uma fatia adicional de 10%. No total, há uma redução de mais de 15% nos vencimentos dos conselhos de administração das empresas do Estado, que se estende aos reguladores como o Banco de Portugal. Agora o PSD pretende que o corte seja alargado aos outros órgãos sociais e vai propor essa alteração na reunião de segunda-feira com o PS e o governo onde serão abordadas as alterações ao Orçamento do Estado (OE) na especialidade.» [i]

Parecer:

Faz todo o sentido.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

O CASTILHINHO RECUA NA ADSE

«O Governo decidiu voltar atrás e analisar a sua proposta inicial de que os funcionários públicos pudessem renunciar à ADSE, avança o «Correio da Manhã».

A garantia foi dada pelo secretário de Estado Castilho dos Santos, que revelou ainda que as dívidas à ADSE ascendem aos 117 milhões de euros. » [Portugal Diário]

Parecer:

Quem se terá lembrado de promover este gaiato incompetente a secretário de Estado?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Sócrates.»

SANTANA LOPES TAMBÉM DEFENDE A SUBSTIUIÇÃO DE TEIXEIRA DOS SANTOS

«Pedro Santana Lopes defendeu este sábado, no comentário político do Jornal Nacional da TVI, que a entrevista de Luís Amado revela que o «governo acabou», considerando, no entanto, que José Sócrates ainda tem uma «última cartada» para salvar este executivo.

«Quando o ministro em exercício de um governo diz isto que disse Luís Amado, o governo acabou. Quer dizer, politicamente esgotou-se. É uma evidência que este governo (...) acabou. Estamos todos à espera de quem é que o vai substituir», disse Santana Lopes.

Apesar da convicção na «morte» deste Governo, o ex-primeiro-ministro considera que uma troca na pasta das Finanças poderá dar ainda mais algum fôlego ao actual primeiro-ministro.» [Portugal Diário]

Parecer:

Mais um.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Sócrates porque não remodela o governo.»

ROBERTO PALLADINI