sexta-feira, novembro 26, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Travessa do Fala-só, Lisboa

IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO

Rio Lis, Leiria [J. Barbosa]

Ericeira [P. Santos]

Malaguetas a secar na Aldeia de Monsanto [A. Cabral]

JUMENTO DO DIA

Vieira da Silva, ministro da Economia

Logo nas primeiras horas do dia da greve geral já era evidente a estratégia de comunicação do governo visando desvalorizar a greve geral convocada pela CGTP e UGT, que era uma greve geral, que com greves não se resolvia o problema e que os sindicatos não tinam apresentado alternativas. Alguém percebeu que o segundo argumento cheirava a mofo, que o segundo criado por um idiota que alguém promoveu a secretário de Estado era ridículo, restava o argumento de que a greve não foi geral.

É evidente que dificilmente todos os portugueses parariam e como não há qualquer regra que defina o que é uma greve geral e o que é uma greve parcial esta greve estaria condenada a ser parcial. Passado um dia o ministro da Economia não encontrou novos argumentos e repete a cassete que lhe foi enviada ainda antes da primeira hora de greve.

Todo o governo parece sofrer de autismo e insistir em não perceber que está a perder autoridade, que os cortes nos vencimentos dos quadros qualificados da Administração Pública é uma medida com consequências negativas que vão para além do corte na despesa e que o PS caminha para uma derrota eleitoral histórica que porá em causa a sua sobrevivência enquanto partido do poder.

«O ministro da Economia pronunciou-se esta quinta-feira sobre a greve geral, considerando que foi uma “greve parcial” com “algum impacto” na Administração Pública e “muito minoritário” no privado. José Vieira da Silva sublinhou que as medidas de austeridade são "imprescindíveis".» [CM]

PARA LÁ DA REMODELAÇÃO

«O tema da remodelação impõe-se - e pensar para lá dela, ainda mais. Quanto à remodelação, o que a impõe não são, apesar do que alguns infelizes fait-divers podem levar a pensar, razões de circunstância. Não, o que impõe a sua necessidade é um balanço honesto do primeiro ano desta legislatura.
Sobretudo por três razões. A primeira é que a maioria relativa resvalou progressivamente, por falta de capacidade de diálogo e de negociação (e com a inegável cumplicidade da oposição), para o impasse político. Impasse que, dada a sua conjugação com a prolongada negação da evidência da crise até ao último Verão, ameaça ter consequências pesadas para o País. Como o caso da Irlanda acaba de mostrar, as evidências acabam sempre por ganhar à teimosia...

A segunda é que, tendo o seu programa eleitoral (obras públicas, impostos, etc.) sido em boa parte abandonado por força das circunstâncias, o País ficou sem estratégia, política ou económica, tudo se reconduzindo casuisticamente à contabilidade corrente e à execução orçamental. Quando a austeridade sem mais se transforma no programa de governo, o desespero torna-se num generalizado sentimento nacional.

A terceira é que, enquanto uma parte dos membros do Governo escolhidos mostrou pouca capacidade para a função, uma outra parte revelou grande desadequação às respectivas pastas, tendo entretanto o primeiro-ministro vindo a perder a indispensável autoridade sobre os ministros, bem como capacidade de coordenação do colectivo governamental.» [DN]

Por:

Manuel Maria Carrilho.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

QUAIS DADOS SENHORA SECRETÁRIA DE ESTADO

«A secretária de Estado para a Igualdade estimou esta quinta-feira que o fenómeno da violência doméstica tenha registado uma redução de 10 por cento na última década, apesar do aumento do número de participações.

Elza Pais falava no final do Conselho de Ministros, depois de o Governo ter aprovado o IV Plano Nacional de Combate à Violência Doméstica, cuja aplicação vai estender-se a 2013.

"Temos dados que indicam que, nos últimos dez anos, a violência doméstica diminuiu dez por cento na sua dimensão real. No entanto, as participações às forças de segurança aumentaram em média 10 por cento ao ano", disse. » [CM]

Parecer:

As participações aumentam, o numero de mulheres assassinadas aumenta, os governos pouco ou nada fizeram e a secretária de Estado diz que nos últimos dez anos, por coincidência os de governação do PS, a violência doméstica diminuiu? De um lado dados evidentes, dos outro temos os dados da governante e que só ela os conhece.

Alguém devia dizer à governante que o problema é demasiado sério e vergonhoso para que sirva de propaganda.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se á secretária de Estado que prove o que afirma com os tais dados que afirma possuir, dados e não palpites oportunistas.»

O DESESPERO LEVA A EXCESSOS

«A reacção do deputado socialista Eduardo Cabrita surgiu após Bernardino Soares, do PCP, ter afirmado que a greve geral de quarta-feira “provoca grande incómodo na bancada socialista [...] porque é a bancada que vai aprovar em conjunto com o PSD este orçamento”.

Eduardo Cabrita respondeu ao deputado do PCP que a greve “existe em Portugal” muito “por acção do PS” e que “não existe é na Coreia do Norte do senhor deputado Bernardino Soares”. Afirmou ainda que os partidos à esquerda do PS são “uma esquerda inútil” que em nada contribuem para as soluções.»
[CM]

Parecer:

Portugal deve muito à luta do Cabrita pela democracia.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso amarelo.»

CINCO JORNALISTA DO SOL VÃO A JULGAMENTO

«A divulgação de escutas telefónicas e de outras informações relacionadas com o processo "Face Oculta" vai levar cinco jornalistas do jornal "Sol" a julgamento pelo crime de violação do segredo de justiça. A decisão de pronunciar os jornalistas foi tomada hoje. Fátima Esteves, advogada do jornal, não foi pronunciada.

De acordo com a decisão instrutória, a que o DN teve acesso, o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa considerou que os jornalistas Vítor Rainho, Felícia Cabrita, Luís Rosa, Ana Paula Azevedo e Graça Rosendo tiveram acesso "de maneira ilícita" a dados do processo "Face Oculta", que estava a ser investigado na comarca de Aveiro. Isto porque, segundo a decisão, o sub-director do semanário Vítor Rainho constituiu-se como assistente no processo, e "deu conhecimento" das peças processuais aos restantes jornalistas. » [DN]

Parecer:

Acabou a impunidade?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao MP se sabe ou investigou quem deu as escutas aos jornalistas.»

MARIA DE MEDEIROS QUER SER ESPANHOL

«Maria de Medeiros, de 45 anos, falava numa conferência de imprensa para anunciar o recital que vai dar na sexta-feira na ilha de La Palma (Canárias) e sublinhou que "está na hora" de fazer a união dos dois países num único estado, visto que "as identidades culturais e linguísticas estão muito definidas e, além disso, a união faz a força".

Na opinião da actriz, os dois países "têm tantas coisas que os unem e tanta riqueza cultural em cada uma das suas regiões que devemos tentar a união".» [DN]

Parecer:

Já vi melhores argumentos para acabar com a independência de Portugal.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Maria de Medeiros se tem a certeza de que a Espanha nos quer.»

PORTUGAL ESCAPA A FALÊNCIA MAS TERÁ DE PEDIR AJUDA

«Portugal vai ter mesmo de pedir ajuda à União Europeia (UE) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), mas evitará uma falência técnica, cenário cada vez mais provável na Grécia, diz a Economist Intelligence Unit (EIU), o gabinete de estudos da conceituada revista The Economist. O pior é que quanto mais tarde o País pedir ajuda, mais caro ficará o empréstimo, avisa a entidade.

A equipa de economistas da EIU - que nos últimos anos têm tido uma relação muito próxima com Portugal, promovendo debates alargados sobre a economia - está agora convencida de que Portugal conhecerá o mesmo destino da Irlanda: deixará de conseguir ir ao mercado pedir crédito a preços razoáveis, projectando a entrada das verbas de socorro no decorrer do próximo ano. Há analistas que apontam já para o início de 2011. » [DN]

Parecer:

E com as excepções aos cortes nos vencimentos a situação será cada vez mais duvidosa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»

AINDA HÁ DÚVIDAS QUANTO À INCOMPETÊNCIA DE TEIXEIRA DOS SANTOS?

«Sobre Portugal, o banco alemão refere que "não houve qualquer sinal de uma bolha de crédito, com o montante total dos empréstimos a avançar a um ritmo moderado, médio, de apenas 6% por ano." Ao contrário do que sucedeu na Irlanda, que entre 2002 e 2007 registou um aumento médio superior a 26% por ano, ao mesmo tempo que a dívida nominal das empresas triplicou em menos de cinco anos.

Para Schildbach, a crise económica e financeira de Portugal e da Grécia prendeu-se, sobretudo, pela prática de "políticas orçamentais que conduziram a uma enorme perda de confiança nos mercados de capitais, nos tempos actuais de recessão."» [DE]

Parecer:

Sócrates vai pagar cara a escolha de Teixeira dos Santos para ministro das Finanças.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver até onde Teixeira dos Santos vai afundar o país.»

A AUSTERIDADE NÃO É PARA TODOS

«Os sociais-democratas não vão voltar atrás na votação e vão abster-se na votação do projecto do PCP que prevê um agravamento em 1,5% das taxas das mais valias bolsistas o que vai levar a um chumbo no plenário.

"O Orçamento que estamos a apreciar é da exclusiva responsabilidade do PS com opções que foram tomadas pelo PS. Há normas que o PSD queria ver diferentes? Claro que existem", explicou, mas mesmo assim o PSD não voltou atrás.» [i]

Parecer:

Quando op país declarar a bancarrota acabam-se as brincadeiras.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se.»

AZAR, NÃO ESTIVE NO PROGRAMA DA OPRAH

E APOIA A CANDIDATURA DE CAVACO SILVA?

«Ao longo dos últimos 30 anos, o pensamento político de Francisco Sá Carneiro desapareceu no PSD, apesar de as sucessivas lideranças invocarem constantemente o legado do fundador do partido. Mas terá sido nos governos de Cavaco Silva (1985/1995) que a mensagem política de Sá Carneiro foi completamente banida. Em 10 anos, assistiu-se à acentuada alteração da "matriz ideológica" do PSD, à "destruição do pensamento estratégico" do antigo primeiro-ministro da AD e à "mudança da natureza sociológica" do partido.
Um retrato muito pouco simpático de Cavaco Silva e do consulado cavaquista consta do livro O meu Sá Carneiro - Reflexões sobre o seu pensamento político (D. Quixote), do advogado José Miguel Júdice, que, à semelhança do que aconteceu nas últimas presidenciais, voltou a ser convidado para integrar a Comissão de Honra da recandidatura do Presidente da República. A obra chega às livrarias no fim-de-semana e será apresentada no dia 30, às 18h30, no El Corte Inglés, por Manuel Braga da Cruz, reitor da Universidade Católica.

Cavaco Silva, que "entrou na cena política como o verdadeiro herdeiro" de Sá Carneiro, "procurando assumir o seu estilo frontal e sem cedências", acabou por transformar o PSD num partido "feito à sua imagem e semelhança: um partido tecnocrático, um catch all party, ou seja, um partido sem fronteiras, onde todos poderiam vir plantar a sua tenda, desde que aceitassem a liderança indiscutida do então primeiro-ministro, e assim ajudassem a conquistar votos e a manter suseranias". » [Público]

Parecer:

Será que Cavaco vai manter o convite a Júdice?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se aos responsáveis da candidatura de Cavaco Silva.»

SACRIFÍCIOS DISTRIBUÍDOS POR TODOS?

«O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, disse hoje esperar que os sacrifícios sejam distribuídos por todos e prometeu estar atento à adaptação dos cortes salariais ao sector empresarial do Estado.» [Público]

Parecer:

Este Passos Coelho tem um estranho sentido de humor.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

AUTISMO CONTABILÍSTICO

Não faltaria argumentos para questionar se o número de 3.000.000 de grevistas adiantado pela CGTP, muitos trabalhadores estão mais preocupados com o pouco que resta do ordenados, os precários vivem sob chantagem, o receio das chefias do Estado de uma vingança divina, na véspera o governo abriu uma excepção manhosa ao cortes de vencimentos, etc.

É evidente que o número peca por exagero, da mesma forma que também é evidente que os que não aderiram à greve manifestaram apoio a Sócrates ou concordância com as medidas. Do lado do governo também não faltaram argumentos e números ridículos, desde logo as declarações do trucidador Castilho porque tudo o que esta pobre alma diz é ridículo, ou a declaração da ministra do Trabalho de que o Metro encerrou por questões de segurança.

Estes números ciosamente combatidos pela Câmara Corporativa, tal como sucede com todos os números desagradáveis valem o que valem, os números que contarão serão os das próximas legislativas. Vou esperar para ver como os autistas os vão contestar.

DIMITRE PELTEKOV