domingo, fevereiro 27, 2011

Semanada

É uma pena que os segredos da Wikileaks sobre os submarinos não tenham chegado ao conhecimento dos contribuintes antes da aprovação do OE, assim os portugueses teriam consciência de que os governantes do PS e do PSD cederam aos desejos dos generais e almirantes e agora iríamos pagar os brinquedos submersíveis com aumentos de impostos e cortes no vencimento. Se acrescentarmos aos submarinos as PPP inventadas pelo eng. Cravinho para mostrar obra sem dinheiro, as SCUTS que fizeram de Guterres um homem generoso ao ponto desse estatuto o ter levado a um alto cargo governamental, a perda de impostos promovia pela zona franca das fundações privadas, os cargos de boys nos gabinetes, institutos e fundações públicas, as auto-estradas pouco frequentadas e outras despesas do Estado, ficamos a perceber que os sacrifícios a que os portugueses estão sujeitos resultam mais da crise de qualidade dos políticos do que da crise internacional.

Em pouco tempo Francisco Louçã apresentou duas moções de censura, a que apresentou inicialmente e que levou o país a dar uma imensa gargalhada, e a que acabou por apresentar ainda que até daqui a quase um mês possa ainda mudar de ideias e no momento da apresentação formal use novos argumentos. Inicialmente a moção era contra o PS e o PSD, até pediram ao PSD para não votarem favoravelmente, perante o ridículo Louçã puxou do seu habitual oportunismo e pôs-se a reboque da música dos Deolinda e dos licenciados que tiraram cursos onde não se aprende nada e agora querem emprego compatíveis com o seu elevado estatuto social de doutores da mula russa.

Luís Filipe Menezes tornou-se nesta semana num dos mais firmes apoiantes de Pedro Passos Coelho e a sua impaciência em derrubar o governo por conta da crise da dívida soberana só é superada por um conhecido assalariado de uma das empresas de um antigo vice-presidente do PSD que é um dos donos do SOL. Está-se mesmo a ver que Luís Filipe Menezes está empenhado um governo que salve Portugal, é o caso de um governo de Passos Coelho onde também esteja o seu filho deputado, o jovem do PSD que teve a ascensão mais meteórica e a quem ninguém conhece as qualidades.

O país ficou abalado com as declarações de Pinto Monteiro de que haviam escutas ilegais, foi o suficiente para que vários políticos e até um conhecido magistrado tenham vindo para a praça pública dar guinchos de virgem ofendidas. Andam todos a fazer de conta de que desconhecem que em qualquer feira de espionagem podem ser comprados equipamentos de escuta portáteis que qualquer um pode usar sem que tenham que recorrer às operadoras de telecomunicações com um mandato judicial nas mãos, aliás, qualquer membro de um governo deste país que quando um recebe um telemóvel não seja avisado de que pode estar a ser escutado e nenhum grande empresário fala ao telefone sem tomar medidas contra a eventualidade de estar a ser escutados. Esses equipamentos estão à venda e tanto quanto sei e ao contrário do que sucede nalguns países em Portugal a lei não impede qualquer uns de os comprar. Têm a certeza de que nenhuma polícia portuguesa tem estes equipamentos e que a sua utilização está rigorosamente controlada? Não é por nada, mas há uns tempos foi notícia que agentes da PJ andavam a fazer vigilâncias por encomendas privadas…

Armando Vara, um dos príncipes da monarquia em que se transformou a democracia portuguesa mandou os cidadãos que aguardavam por uma consulta, passou-lhes à frente e obteve o atestado que pretendia sem mais maçadas. Não entendo tanta indignação, há muito que uma boa parte dos portugueses trata os amigos dos governantes e até os amigos dos amigos com gente superior a quem temos de admitir tudo não nos vá acontecer alguma coisa má quando menos estamos à espera.