sexta-feira, março 25, 2011

Aumentar o IVA?

Para além de revelar a falta de seriedade política por parte de quem há pouco tempo colocava como condição para aprovar o orçamento não ser aumentado o IVA, a proposta de Pedro Passos Coelho de resolver o problema aumentando este imposto revela também impreparação e incompetência. Pobres dos alunos das cadeiras que o líder do PSD lecciona, têm um professor que se gaba de ter sido o melhor aluno do curso de gestão (é uma pena que não tenha sido em Harvard) e não tem a mais pequena noção do que diz, é por estas e por outras que anda por aí muita gente com diplomas que valem menos do que as velhas acções da Torralta.

Para resolver as metas orçamentais capazes de superar as dificuldades financeiras o aumento do IVA teria de ser na ordem dos 10%, os 2% do limite de 1 ou 2% proposto por Pedro Passos Coelho não passam de trocos. Mas pior do que isso é ver alguém pensar que a receita fiscal são como os salsichas , mete-se a taxa de um lado e sai a salsicha do outro.

Antes de mais um aumento do IVA só contribuiria para agravar a recessão, correndo um sério risco de a contracção da actividade económica absorver a receita adicional esperada, isto é, de um lado cobrava-se mais sobre as compras e do outro fazer-se-iam menos compras. Por outro lado é sabido que o aumento do IVA estimula a evasão fiscal, como ficou evidente com o aumento de dois pontos decidido por Manuela Ferreira Leite, empurrando a actividade económica para o mercado paralelo.

Em segundo lugar um aumento do IVA repercute-se na taxa de inflação pelo que um aumento substancial deste imposto cria um novo problema à economia portuguesa. Uma alta de preços traduz-se numa diminuição da competitividade externa e em consequência num maior desequilíbrio das contas externas e, por via disso, em mais recessão pois a uma diminuição da procura interna acrescentar-se-ia uma contracção da procura externa.

Em terceiro lugar um aumento do IVA conduz a uma repartição socialmente injusta dos sacrifícios exigidos pela correcção das contas públicas, pois penaliza fortemente alguns grupos sociais em detrimento de outros. A classe média que já teve de suportar os maiores aumentos dos impostos sobre o rendimento e os cortes dos vencimentos pagaria agora uma factura adicional por via do consumo. É sabido que os mais ricos pagam menos IVA sobre o conjunto dos seus rendimentos, o mesmo sucedendo com os mais pobres cujo consumos se concentra em bens sujeitos a taxa reduzida.

Com esta proposta irresponsável ficámos a saber que Passos Coelho tem mais olhos do que barriga, não resistiu à tentação do assalto ao poder, mesmo sem saber o que iria dizer no dia seguinte, tendo optado pela primeira baboseira que o Relva ou qualquer outro idiota lhe soprou ao ouvido. Temos, portanto, um candidato a primeiro-ministro cujas propostas para resolverem os problemas do país não passa de um saco de bitaites.