quarta-feira, abril 06, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




FOTO JUMENTO


Flor do Parque Florestal de Monsanto, Lisboa
IMAGENS DOS VISITANTES D'O JUMENTO


Pelourinho de Óbidos [A. Cabral]
IMAGEM DO DIA

[Reuters]

«IN THE MIDDLE: A worker napped near ducklings at a farm on the outskirts of Jiaxing, Zhejiang Province, China, Tuesday. » [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA


Bagão Félix, conselheiro de Cavaco

Desde que foi convidado para conselheiro de Estado Bagão Félix tem andado numa tal exitação que não sai das primeiras páginas dos jornais, tem gostado tanto do protagonismo que decidiu chamar a si o papel de julgador de Sócrates, o que não é nada de novo, quando chegou a ministro do Trabalho o ministério começou a vasculhar os arquivos em busca de acusações a Ferro Rodrigues, mais tarde destacou-se como um dos homens mais activos no Processo Casa Pia.

Desta vez meteu-se decidiu confundir o Conselho de Estado com uma roda de amigos e veio acusar Sócrates de ser mentiroso, coisa que, convenhamos, neste país já não surpreende ninguém, não há idiota que não lhe chame isso e da fama não se vai livrar. Mas de entre todos os conselheiros de Estado porque razão só Bagão veio a público chamar mentiroso a Sócrates?
  
A resposta é simples, porque não está à altura do cargo e o facto é que Almeida Santos já o desmentiu e nenhum dos seus amigos do Conselho de Estado veio em sua defesa. Enfim, Cavaco anda mesmo bem aconselhado.
 
Resta-nos esperar que Bagão Félix venha esclarecer que no momento em que imaginava que estava a ser discutido a ajuda intercalar tinha ido fazer xixi.
 
«Bagão Félix disse esta terça-feira à Antena 1 que José Sócrates mentiu ontem na entrevista que deu à RTP ao negar que um pedido de empréstimo intercalar tenha sido assunto de conversa no Conselho de Estado.



«Não vou revelar o que se passou no Conselho de Estado, mas ouvi ontem o primeiro-ministro a dizer que esta questão não tinha sido abordada no Conselho de Estado..., acho que o senhor primeiro-ministro ou é surdo - o que não é - ou estava distraído - o que não estava - ou é mentiroso», disse aos microfones da Antena 1. «Na ética política não vale tudo. E lamento dizer isto do primeiro-ministro do meu país».» [Portugal Diário]

 A ESTRATÉGIA DA DIREITA

A estratégia política de Cavaco Silva e de Pedro Passos Coelho lembra-me os incendiários que ateiam fogo às matas e depois vão a correr para o quartel de bombeiros oferecerem-se para serem os primeiros a combater o incêndio.


 

 OS MONSTROS DO NOSSO TEMPO

«A União Europeia vive um dos momentos mais difíceis da sua história, desde que foi criada pelo célebre Tratado de Roma, em 1957. A economia especulativa, engendrada pelo neoliberalismo, comanda em absoluto a política, através desses monstros sagrados que são os sacrossantos mercados. São eles que, impunemente, obrigam os Estados a ajoelhar-se, sempre que necessário, em função dos interesses do momento, mediante a vontade dos multimilionários que os controlam, com a ajuda dessa invenção diabólica: as chamadas agências de rating, que classificam os Estados e os bancos nacionais, sem qualquer objectividade, em virtude dos interesses (que variam) dos senhores dos mercados. Mas nunca falam dos escândalos dos paraísos fiscais nem dos negócios multimilionários da chamada economia virtual...
  
Tudo isso, e a dependência intolerável da política, em relação à economia - e não, ao contrário, como sempre sucedeu, até à vitória do neoliberalismo -, bem como o conúbio entre certos políticos e o negocismo, e a perda dos valores éticos, conduziu-nos à crise global, que paralisa a União Europeia que está a levar-nos à decadência e, porventura, à desintegração.
  
Trata-se de uma situação que aflige todos os Estados-membros da União Europeia, uns mais e outros menos, como é natural, sobretudo os da Zona Euro - mas não só, tenha-se em conta a dramática situação do Reino Unido - e das respectivas populações, que cada vez menos se revêem nos seus líderes...
  
Como sair, então, desta tão grave crise, global e múltipla? Falo agora do Ocidente e, em especial, da União Europeia, à qual Portugal pertence e deve continuar a pertencer. Respondo: só vejo um caminho, dado o colapso evidente da ideologia neoliberal: mudar o modelo de desenvolvimento económico - como disse o Presidente Obama, no discurso que proferiu na cerimónia de posse e que ainda não conseguiu concretizar -, criando um novo paradigma. Curiosamente, como demonstra a rapidez do tempo actual, em escassos vinte anos assistimos ao fracasso de duas ideologias contrárias, que marcaram o século xx: o comunismo e o neoliberalismo.
  
Estamos agora a viver uma nova revolução, que espero seja pacífica, até ao fim: criar um novo paradigma, que reestabeleça o primado da política, com valores éticos estritos, sobre a economia, que controle e regularize os mercados, acabando com os paraísos fiscais, as economias virtuais, as agências de rating e todas as malfeitorias do género, punindo os responsáveis sem escrúpulos, políticos e económicos, que nos conduziram à crise em que nos encontramos. Continuam a existir, infelizmente, no interior dos Estados-membros da União Europeia, vários Madoffs à solta... O que é uma vergonha e um péssimo sintoma, que urge acabar.» [DN]

Autor:

Mário Soares.

 ACHEGA PARA UMA LÓGICA NACIONAL

«Li, juro. O jornalista foi esperar os passageiros do voo Rio-Lisboa que teve de fazer uma aterragem de emergência em Salvador. Houve uma explosão, sentiu-se cheiro a queimado, viu-se fumo na cabina, até que o avião aterrou na pista cercada por ambulâncias e carros de bombeiros. Que susto, não é? Pois ainda não viram nada... No texto da agência publicado pelos jornais, cito o parágrafo a seguir ao susto: "O pior mesmo, segundo o testemunho [de uma] passageira, passou-se já em pleno aeroporto de Salvador..." E a testemunha, confirmada por outros passageiros, insistiu (e os jornais publicaram): "Aí é que foi pior..." Ali, no aeroporto de Salvador. Ali, pois, aconteceu o indizível mesmo para as pessoas curtidas por uma quase desgraça recentíssima. Mas aconteceu, o quê? Uma bomba, como a da ETA em Barajas? Um homem-bomba, como recentemente no moscovita aeroporto de Domodedovo? Racketing da polícia como no aeroporto de Kinshasa?... Vou directo ao horror sofrido pelos passageiros: "Estiveram até depois das 06.00 até que foram transferidos para um hotel." Vocês dão-se conta? Horas até ser transferido para um hotel! Sou mesmo um artolas. Estivesse eu naquele voo, tinha ido para o bar comemorar não ter ido para o galheiro e escapava-me a oportunidade de pôr nos meus cartões de visita: "Fulano de Tal - Ex-sobrevivente de uma transferência demorada para um hotel em Salvador." Nunca me faltaria conversa nos jantares sociais.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.



 BASÍLIO HORTA INCRÉDULO

«Falando à margem de do lançamento da iniciativa empresarial Global Management Challenge, que decorreu em Lisboa, o responsável abordou ainda o papel da oposição sobre a eventual intervenção do Governo de gestão no pedido de ajuda externa.
   
"Deitaram abaixo o Governo, não aprovaram o PEC e agora vão pedir a quem deitaram abaixo para fazer as coisas? Eu não percebo nada, se calhar sou eu que estou a ver mal", disse em tom coloquial o responsável da AICEP.
  
Já na sexta-feira Basílio Horta que recordou ter lidado "directamente" com a presença do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Portugal, em 1978, e lembrou que "o FMI é cego" e "não tem a humanidade que um qualquer Governo, por muito pior que seja, tem".» [DN]

Parecer:

Ninguém percebe.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelas eleições.»

 PASSOS COELHO JÁ SE DESENRASCOU

«O presidente social democrata, Pedro Passos Coelho, garantiu hoje que fará tudo para evitar subidas de impostos mas que prefere, caso tudo o resto falhe, "mexer na estrutura do IVA a ter que cortar pensões e reformas".
 
O líder do PSD esteve segunda-feira no Clube dos Pensadores, em Gaia, tendo, após as questões do público, voltado a falar da situação fiscal do país. "A resposta dos impostos torna-se inevitável quando mais nada resulta - não foi por acaso que um dia tive que condescender em dar ao Governo essa possibilidade - mas ela não pode transformar-se, como resposta emergente, na resposta normal e contínua", criticou. Para Passos Coelho quando esta se transforma numa resposta normal e contínua "significa que os governos não fazem aquilo que é necessário e portanto estão sempre na última instância de ter que fazer o que não deviam".» [DN]

Parecer:

Ao fim de uma semana arranjou um argumento ridículo para justificar aumento do IVA.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

 AJUDA INTERCALAR

«A Comissão Europeia afastou hoje a possibilidade de Portugal poder recorrer a outro mecanismo de ajuda diferente daquele que está previsto desde há um ano e que pressupõe a negociação de um programa de ajustamento económico com condições estritas.
 
"Os Estados-membros da Zona Euro chegaram a acordo para criar um mecanismo em maio último e é apenas isso que existe hoje", disse o porta-voz comunitário para os Assuntos Económicos e Monetários, acrescentando que "para além disto não existem outros mecanismos".» [Expresso]
  
«A ideia foi sugerida pelos conselheiros Vítor Bento e Bagão Félix e teve a recetividade do Presidente.

  
Um empréstimo intercalar de urgência do FMI, sem a intervenção da União Europeia, foi a solução apontada para Portugal enfrentar o novo período crítico dos mercados em junho.» [Expresso]

Parecer:

Os conselheiros de Estado convidados por Cavaco Silva devem achar que a Comissão Europeia é a tasca da coxa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns pela ideia a Bagão Félix e Vítor Bento.»

 PASSOS COELHO PROMETE O IMPOSSÍVEL

«Apesar do quadro recessivo apontado para este ano e que para alguns economistas se irá prolongar por mais anos, o líder do PSD entende que é decisivo um crescimento económico de pelo menos "3 a 3,5% nos próximos dois, três anos". Se tal não acontecer, Passos Coelho alerta que "não há pacotes de austeridade que valham".
  
Durante a sessão do Clube dos Pensadores, ontem em Gaia, Passos Coelho deu ainda a receita:"Para pôr a economia a crescer temos que olhar para as PME e para as condições de canalizar recursos financeiros para essa actividade. Temos de fazer a aposta no empreendedorismo, valorizar o mérito, pôr de lado a batota e dar incentivo quer à entrada de capitais externos ", valorizou.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Resta saber como conseguirá tais taxas de crescimento.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao líder do PSD.»
  


 LESZEK BUJNOWSKI 
  




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