sábado, junho 04, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Garça-real [Ardea cinerea] na Quinta das Conchas, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Azulejaria portuguesa, "Praia das Mulheres", Chamusca [A. Cabral]
  
Jumento do dia


Jerónimo de Sousa

O líder do PCP foi um dos que ajudaram a direita a forçar eleições e se esta as ganhar muito deve a Jerónimo de Sousa, aliás, não é por acaso que uma personagem como Bagão Félix chegou mesmo a sugerir a sua entrada para o governo, ainda que já se tenha esquecido da promessa e agora diga que a aliança natural é entre o PSD e o CDS.
 
Jerónimo de Sousa desejou uma mudança de governo mesmo sabendo que se a direita ganhar vai ter mesmo políticas de direita a sério, vai mobilizar os seus camaradas para defender o que está, isto é, o que no passado recente acusou de política de direita.
 
Mas Jerónimo de Sousa está contente, está convencido de que a direita terá a maioria parlamentar e o PCP terá a maioria da rua. O problema é que esquece que não estamos a viver a revolução russa, qualquer que seja o governo que aia das eleições é um governo legítimo e com legitimidade para implementar o seu programa e que em democracia não há legitimidade da rua ou como o líder comunista prefere chamar, legitimidade social. Jerónimo de Sousa continua fiel à sua rejeição da democracia e não aceita que em democracia a única legitimidade é a que decorre da escolha dos eleitores.
 
O PCP não representará mais do que os deputados que elegeu e a sua legitimidade social será apenas a que corresponde aos eleitores que nele votaram.

«Interessante para o líder comunista é, também, "ver Belmiro de Azevedo, que em tempos apoiou o PS", apoiar agora o PSD. Jerónimo sublinhou que, mesmo que a Direita tenha mais votos nestas eleições, não terá "força social suficiente para impor essas medidas drakonianas" que estão previstas.
 
"A Direita social não chega para ter essa força social", reforçou o candidato da CDU, lembrando que, ao longo das três últimas décadas, viu "grandes maiorias absolutas". "Já experimentaram todas as formas, mas, passados uns meses, perante a luta social, acabaram por ser derrotados", destacou Jerónimo, prometendo luta após as eleições deste domingo. "Estamos convictos de que isto não vai acabar dia 5", assegurou, após já ter apelado à reacção dos portugueses que se sentirem "enganados". Se PS, PSD e CDS pensam que, "votos contados e arrecadados, tudo vai ser como um passeio pela alameda estão enganados".» [DN]

 Solidariedade entre hiper-merceeiros
 
Compreende-se a participação de Belmiro de Azevedo na campanha de Passos Coelho, se Sócrates tivesse permitido a Belmiro comprar a PT ao preço da uva mijona o hiper-merceeiro do Continente estaria hoje mais rico e recatado. ´E depois da participação do empenho do hiper-merceeiro do Pingo Doce o Belmiro não só não quereria ficar atrás como desta forma impede o boicote aos empresários oportunistas, quem boicotar um terá de comprar ao outro pois o mercado é um oligopólio.

 ATRÁS DE MIM VIRÁ QUEM BEM DE MIM FALARÁ

Nos últimos anos assisti a muita coisa, vi muita oposição a medidas governamentais, eu próprio me opus a algumas medidas e me senti atingido pelos meus interesses, quando um país sofre reformas isso é inevitável e se tiver de enfrentar a maior crise financeira mundial de que os vivos têm memória estão reunidas as condições para todos terem razão para protestar.
 
Vi muito boa gente dizer que eram eleitores arrependidos, alguns eram figurantes e outros estariam mesmo arrependendidos. Mas se a direita governar vou ver muito boa gente que no passado se arrependeu por pouca coisa vir a arrepender-se novamente por muito mais.
 
Vi muita manifestação em defesa de serviços de saúde sem qualidade que foram encerrados porque o Estado disponibilizou serviços mais modernos. Não tenho dúvidas de que muitos desses vão ter saudade dos serviços que rejeitaram.
 
Vi muitos professores estarem dispostos a entregar o país a qualquer um desde que os deixassem sossegados com os seus pequenos privilégios. Vou ver muitos professores descontentes por deixarem de ter tido avaliações, mas sim porque com o apoio ao ensino privado será necessário poupar recursos no ensino público, basta aumentar uma ou duas horas de trabalho por semana dando razão ao argumento de que se queriam dedicar ao ensino ou aumentar o número de alunos por turma para quinze ou vinte mil professores se verem definitivamente livres da avaliação porque os desempregados não são avaliados.

Vi muitos polícia protestarem por tudo e mais alguma coisa, protestarem porque as suas ex-esposas deixaram de ter acesso ao sistema de saúde dos polícias e por outras aberrações. Mas vou vê-los protestar novamente quando se puser fim aos serviços remunerados que fazem concorrência desleal à custa do uso dos recursos públicos.

Na hora de defender os nossos interesses é fácil esquecer o que se fez, é por isso que o povo costuma dizer que atrás de mim virá quem bem de mim falará.
     
 

 Por nós

«Houve muito quem pedisse uma campanha diferente, "positiva". Não aconteceu. Andamos há um mês a ouvir acusações mútuas. É pena. É pena que não se tenha aproveitado este tempo para esclarecer as pessoas sobre o momento terrível que passamos e a forma de sair dele, em vez de o usar para arranjar culpados de circunstância. É lamentável que haja partidos a querer fazer crer ao País que a crise que se vive e o elevado nível de desemprego são exclusivo resultado do desempenho do Governo em funções - e se não vale a pena invocar os exemplos de países da UE, como Espanha, com desemprego a níveis históricos mas com governos socialistas, que tal lembrar que os mui liberais EUA, do despedimento sem justa causa, dos contratos libérrimos e do "muito pouco Estado", contam mais de 9% de desemprego? É lamentável que haja quem insista em confundir a elevada dívida do País com dívida do Estado, quando grande parte dela é de origem privada; é triste que haja quem se vanglorie de "sermos o único país do mundo em recessão", quando a Dinamarca (por acaso governada por dois partidos de centro direita liberal) acaba de entrar no mesmo estado.
 
E é lamentável que o PS tenha escolhido fazer uma campanha contra o PSD, sem se dar conta de que era preciso diagnosticar erros e apresentar claramente soluções. É verdade que tinha a tarefa mais difícil: todos os executivos, de direita ou esquerda, estão a ser penalizados nas urnas e sondagens. E é verdade também que mesmo assim, e a crer nas sondagens, não é óbvio que o País estivesse doido para mudar de Governo - por mais que o discurso de toda a oposição se concerte em culpar Sócrates por todos os males possíveis e imaginários e portanto em prometer, implicitamente, que basta removê-lo para que os amanhãs cantem e o sol brilhe para todos.
 
Ora, como é óbvio, ninguém nos pode prometer tal. Porque aquilo a que se dá o nome de "atrasos estruturais" do País não se resolve numa legislatura; porque há demasiado - e como aprendemos isso no último ano - que não depende só de nós. Como decerto não depende das dezenas de medidas do memorando. Há lá coisas razoáveis, certo. Mas alguém crê, por exemplo, que facilitar despedimentos cria emprego aos molhos, e, como alguns prometem, "de qualidade"? Que aumentar o IMI incrementa o mercado de arrendamento? Nada mais saloiamente português que esta coisa de achar que "os estrangeiros" pensam melhor; nada mais infantilmente salazarista que atribuir a técnicos uma superioridade intrínseca e uma "virgindade" ideológica que negamos aos políticos, esses malandros.
 
Está na hora de crescer. De percebermos que, se não há homens providenciais - e deus nos livre -, querer atribuir as culpas de tudo a alguém, como quem exorciza um demónio, não é programa de governo, é negacionismo. Não precisamos de autos da fé; precisamos de coragem. Como na célebre frase de Kennedy, perguntemos que pode cada um fazer. Por si, por nós. E depressa, porque cada dia, como cada voto, conta.» [DN]
       

 Jerusalém: cão condenado à morte por apedrejamento

«Um tribunal de rabis de Jerusálem condenou um cão à pena de morte por lapidação, alegando que o animal estava possuído pelo espírito de um advogado que havia sido amaldiçoado vinte anos antes.

O caso, segundo conta o diário ‘Yediot Aharonot, ocorreu na passada quarta-feira quando o cão entrou no tribunal de uma das comunidades ultra ortodoxas do bairro Meã Shearim e se negou a abandoná-lo, apesar das repetidas tentativas dos guardas.» [CM]
     
 Ladrão descuidado
 

«Um norte-americano a quem roubaram o computador portátil teve a brilhante ideia de activar à distância a câmara fotográfica do mesmo para fotografar o ladrão com a mão na massa... Joshua Kaufman conseguiu fotografar o ladrão a usar o computador em vários locais, incluindo na cama e no carro. O dono do portátil ainda conseguiu descobrir a localização do homem, facilitando o trabalho da polícia, que só teve de ir lá apanhá-lo.» [CM]
     
 Político da direita italiana recusa-se a cumprir promessa eleitoral

«Os políticos poderão começar a pensar duas vezes antes de fazerem certas promessas. Clemente Mastella, por exemplo, prometeu suicidar-se caso o seu maior inimigo fosse eleito presidente da Câmara de Nápoles.
 
O ex-ministro da Justiça italiano não contava que Luigi de Magistris vencesse a segunda volta das eleições municipais. O certo é que venceu e é desde segunda-feira o novo autarca da maior cidade do sul de Itália. » [DN]