domingo, junho 19, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Terreiro do Paço, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


"Mais amigo do ambiente não há" [A. Cabral]
  
A mentira do dia d'O Jumento
 
A primeira decisão do futuro governo já está tomada, Pedro Passos Coelho designou Paulo Macedo para organizar uma missa de acção de graças na Sé de Lisboa quando o governo cumprir o primeiro ano da legislatura. Também se sabe que nas reuniões do conselho de ministros os membros do governo terão uma corneta, para além do tradicional computador, caberá a Paulo Macedo promover uma sessão de cornetadas antes das reuniões, seguindo uma tradição dos seminários de dirigentes da DGCI nos tempos em que era director-geral.

Jumento do dia


Paulo Portas

Se Paulo Portas não vai apoiar a candidatura de Nobre à presidência da Assembleia da República não faz qualquer sentido tomar o pequeno-almoço como aqueles que não passará de mais um deputado eleito pelas listas de outro partido. Nem faz sentido que não tendo tido qualquer negociação com Nobre venha agora apresentar-lhe qualquer justificação, quem tem de o fazer é Passos Coelho que o convidou e prometeu o que não podia prometer. Será que Portas mantém a oposição à escolha de Nobre e na hora da votação os deputados do CDS não dar o dito por não dito?
«Paulo Portas esteve ontem de manhã a tomar o pequeno-almoço com Fernando Nobre, deputado independente eleito pelo PSD.» [DN]

 O discurso do Estado social

O PS parece não ter percebido ainda que o discurso do Estado social o conduziu à derrota eleitoral e tanto Assis como António José Seguro insistem em criticar o novo governo com este argumento. A verdade é que os portugueses têm do Estado social uma percepção bem diferente da que têm as elites do PS e enquanto não perceberem o que têm não são sensíveis a esta argumentação. Por outro lado, à sombra da defesa do Estado social foram cometidas demasiadas asneiras.

 Um governo inexperiente e estrangeirado

O novo governo é triplamente inexperiente, uma boa parte dos seus políticos nunca exerceram funções públicas desconhecendo totalmente as regas de jogo no Estado, alguns nem sequer exerceram funções numa empresa nunca tendo saído das salas de aula como é o caso do ministro da Economia, a generalidade não tem experiência política. Como se isso não bastasse alguns nem sequer conhecem a realidade portuguesa a não ser pelos indicadores estatísticos e pelas conversas nas férias.

 Dúvida

O que é feito dos jovens à rasca, já se terão desenrascado?

 Fernando Nobre na presidência do parlamento?

Se o PS vetar o nome de Fernando Nobre está a ajudar a eleger Mota Amaral. Estará a fazer bem? Por um lado está a ajudar a eleger alguém mais à direita como Mota Amaral ou um "empregado" do Alberto João, Do mal o menos.

 Um governo de "tesos"

Anda por aí muita gente a comentar as recusas a Passos Coelho ou as razões de tanta juventude no governo. A verdade é que À excepção de Paulo Macedo os restantes membros do governo não exerciam empregos em empresas e isso significa que têm o estatuto de tesos, quando saírem do governo subirão na vida. E mesmo no caso de Paulo Macedo que vai ganhar muito menos como ministro do que ganhava como director-geral temos que perceber que o homem poderá ter sido obrigado a aceitar a determinação divina de evangelizar o governo.

 E os secretários de Estado?

escolhidos os ministros resta agora saber o nome dos seus ajudantes, os secretários de Estado. Ou estamos muito enganados ou ficam como secretários de Estado os homens do partido lembrando, isto é, corre-se um sério risco de os secretários de Estado terem mais força política do que os ministros, Isto não augura nada de bom, passada a lua de mel virão os conflitos e não é a primeira vez que se demitem ministros de governos portugueses por perderem batalhas políticas com os secretários de Estado que lhes foram impostos pela máquina partidária.
    
 

 Porque amo o meu jornal

«O jornal francês Libération publicou o relatório do procurador de Nova Iorque que investiga o caso Dominique Strauss-Kahn. Título do jornal: "Ao ser preso, DSK invocou a imunidade diplomática e depois pediu uma sanduíche." E no texto repete-se que DSK "invocou a imunidade diplomática durante a sua prisão mas depressa se adaptou às circunstâncias e pediu uma sanduíche." Ora, DSK foi detido às 16.40, de um sábado, quando foi mencionada a imunidade diplomática. Só no domingo, às 21.20, perguntado se queria comer, DSK pediu uma sanduíche. Os relatórios oficiais relatam ao minuto - o que é mau para os jornalistas trafulhas, que ficam com a careca descoberta. Um leitor indignou-se com o jornal: "'Depressa se adaptou às circunstâncias'?! Mas já se tinham passado mais de 24 horas!" Parece coisa pouca e, de facto, outro leitor contemporizou: "Porquê assassinar o Libération? Todos os jornais fazem o mesmo..." Voltou à carga o primeiro leitor: "Porque amo o meu jornal." Eu sei do que ele fala. Devo uma legenda ao Libération. Em 1978, era ele um jornal da esquerda da esquerda, publicou uma foto do político de direita Aldo Moro, retratado, olhos de medo, quando estava raptado pelas esquerdistas Brigadas Vermelhas. Legenda: "Quando uma vítima, qualquer que seja o seu lado, nos olha assim, é com ela que estamos." Um jornal são factos, uma missão e uma moral, quando se torna uma coisa burra é parte da nossa liberdade que se perde.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.
   
 O choque do presente

«Há certamente alguma coisa de intrinsecamente português na crise que atravessamos.
 
Coisas mal feitas ou que podiam ter sido feitas melhor, problemas estruturais, maneiras de ser e de estar, clima, rotinas, atrasos. Mas aquilo que realmente determina o essencial do momento negativo em que nos encontramos não é da nossa responsabilidade. É, sobretudo, deste tempo civilizacional que nos coube viver. E, já agora, também da incapacidade de o pensar e entender.


Conjunturalmente, os economistas culpam o excesso de despesa do Estado; o esquerdismo diz que a origem do mal está no comportamento agiota e predador dos bancos; a direita aponta o dedo aos que não querem trabalhar; os demagogos acusam os políticos; e todos por junto não têm dúvidas de que foi Sócrates o causador da nossa desgraça. Argumento que, servindo de desculpa a néscios e inteligentes, a seu tempo irá desvanecendo por via dos ventos da cronologia.


Nestes simplismos, esquece-se com demasiada frequência que atravessamos um período histórico de aceleradas transformações. Tão velozes e profundas que pessoas e instituições têm uma enorme dificuldade em acompanhar-lhes o passo.


No topo da dinâmica de mudança está a revolução tecnológica e o tremendo maremoto que varre saberes, profissões, atividades e economias inteiras. Efeito que é potenciado pela globalização e pela legítima aspiração a melhor vida dos pobres, da China ao Brasil. No mundo da agressiva competitividade do lucro há sempre quem consiga produzir mais barato e atire, tanta vez do outro lado do planeta, imensas multidões para o desemprego.


Acresce que temos assistido a uma franca decadência do papel regulador e de moderação social dos Estados. Em nome da liberdade de iniciativa, muito positiva em si mesmo, é o sentido do bem comum, da ética e da responsabilidade social que se vai perdendo. Os Estados, que sempre foram a antecâmara dos economicamente poderosos, são hoje quase totalmente dominados pelo interesse privado. Neste contexto, o permanente ataque à política, aos políticos e à democracia representativa tem claramente um objetivo ideológico de favorecimento dos poderes não-democráticos.


Há ainda a considerar o efeito do número. Pense-se em Portugal. Com menos gente do que tantas cidades - São Paulo, Bombaim, Xangai ou Istambul têm cerca de 20 milhões cada -, torna-se difícil competir numa lógica de quantidade que gera qualidade. Se, a título de argumento, imaginarmos que o mundo produz um génio por cada 10 milhões de habitantes, nós só temos direito a 1.


Por fim, e não menos importante, temos o fenómeno do ruído e consequente confusão mental, cultural e civilizacional, gerado pela média. A informação praticamente desapareceu, para dar lugar a uma verdadeira doutrinação quotidiana levada a cabo pelos meios de comunicação cada vez mais poderosos e omnipresentes. O jornalismo transformou-se numa militância. O campo do informativo é agora o palco privilegiado da política antipolítica.


É assim que imaginar que os nossos problemas irão desaparecer através das simples receitas da redução das despesas do Estado local, diminuição das suas funções, privatização de tudo e fechamento nacional, cedo revelará ser uma grande ilusão. Há efetivamente que diminuir o papel do Estado, nalguns casos drasticamente, naqueles domínios em que ele interfere com a vida e a liberdade dos cidadãos. Mas, por outro lado, não se pode deixar de o reforçar nos campos fundamentais de acesso ao conhecimento, à saúde e bem-estar, e na defesa intransigente dos direitos de cidadania, trabalho e consumo.
Ora isto não pode ser feito sem fortes convicções democráticas. O mesmo é dizer sem um manifesto sentido do bem comum. E aí, não há nada no horizonte da próxima governação de direita que aponte nesse sentido. Algumas ideias que aí vêm são mesmo bastante perniciosas. A desvalorização da educação, a sobrevalorização de tudo o que é privado, o nacionalismo e o populismo, só podem favorecer o atraso e a incapacidade de estarmos e sermos parte ativa no mundo. Não há nada de mais nefasto na procura de soluções do que não perceber o problema.» [Jornal de Negócios]

Autor:

Leonel Moura.
  
 "Cortar na Educação"

«Para quem, como eu, considera da maior importância um serviço público de televisão, a notícia de que PSD e CDS-PP irão privatizar um dos canais da RTP, provavelmente a RTP1, deveria ser preocupante. Então porque não é?
 
Fundamentalmente porque nenhum dos governos que legislaram sobre serviço público de televisão se preocupou em definir com clareza o conceito e os limites do que seja esse serviço público, abrindo portas a que sucessivas gestões da empresa fossem mantendo a RTP1 numa pantanosa situação de ambiguidade concorrencial com o telelixo dos canais comerciais e, salvo raras excepções, exilando para a RTP2 tudo o que cheirasse a serviço público (considerando este um fardo na guerra pelas audiências e pelos recursos publicitários).
 
Ora a primeira pergunta que se poderia pôr a propósito da RTP1 é se uma televisão pública, financiada pelo OE, deverá estar envolvida em guerras de audiência ao ponto de muita da sua programação ser dificilmente discernível da dos canais privados. Até porque programas como os documentários de Joaquim Furtado sobre a guerra colonial, ou mesmo, apesar de tudo, o "Prós & Contras", parecem provar que nem só com telelixo se asseguram "shares".
 
Diz João Carlos Silva, ex-presidente da RTP, que cortar na televisão pública é o mesmo que "cortar na Educação". Espero que não esteja a pensar em salas de aula como o "Praça da Alegria", o "Preço certo" ou o "Último a sair".
 
Para quem, como eu, considera da maior importância um serviço público de televisão, a notícia de que PSD e CDS-PP irão privatizar um dos canais da RTP, provavelmente a RTP1, deveria ser preocupante. Então porque não é?
 
Fundamentalmente porque nenhum dos governos que legislaram sobre serviço público de televisão se preocupou em definir com clareza o conceito e os limites do que seja esse serviço público, abrindo portas a que sucessivas gestões da empresa fossem mantendo a RTP1 numa pantanosa situação de ambiguidade concorrencial com o telelixo dos canais comerciais e, salvo raras excepções, exilando para a RTP2 tudo o que cheirasse a serviço público (considerando este um fardo na guerra pelas audiências e pelos recursos publicitários).
 
Ora a primeira pergunta que se poderia pôr a propósito da RTP1 é se uma televisão pública, financiada pelo OE, deverá estar envolvida em guerras de audiência ao ponto de muita da sua programação ser dificilmente discernível da dos canais privados. Até porque programas como os documentários de Joaquim Furtado sobre a guerra colonial, ou mesmo, apesar de tudo, o "Prós & Contras", parecem provar que nem só com telelixo se asseguram "shares".
 
Diz João Carlos Silva, ex-presidente da RTP, que cortar na televisão pública é o mesmo que "cortar na Educação". Espero que não esteja a pensar em salas de aula como o "Praça da Alegria", o "Preço Certo" ou o "Último a sair".» [JN]

Autor:

Manuel António Pina.
     

 O BE não se cansa de analisar os resultados eleitorais

«A Mesa Nacional do Bloco de Esquerda reúne hoje, em Lisboa, para analisar os resultados eleitorais das legislativas, onde o perdeu metade da sua bancada parlamentar, e eleger a nova comissão política.
 
Esta é a primeira reunião do órgão máximo do partido desde a última convenção, que se realizou em maio, onde a liderança de Francisco Louçã elegeu 65 dos 80 lugares que compõem a Mesa Nacional, reforçando a sua posição em relação a 2009.
 
Na agenda da reunião estão os resultados das legislativas de 5 de Junho em que o BE obteve praticamente metade dos votos de 2009 - 288.076 votos, correspondentes a 5,19 por cento - elegendo três deputados em Lisboa, dois no Porto, um por Aveiro, um por Faro e um por Setúbal.» [DN]

Parecer:

Ridículo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Louçã que pergunte aos eleitores porque não votaram nele que é tão bom.»
  
 Começa mal a coligação

«O presidente da Distrital de Leiria do PSD, Fernando Costa, exortou o CDS a votar em Fernando Nobre para a presidência da Assembleia da República para evitar «um incidente com consequências graves» para o Governo de coligação.
 

«Caso o CDS vote contra [o nome de Fernando Nobre para a presidência da Assembleia da República (AR)] será um sinal da primeira areia na engrenagem do funcionamento do novo Governo e um incidente com consequências graves», disse à Lusa Fernando Costa, presidente da Comissão Política Distrital de Leiria do PSD.
 
Fernando Costa considera que a atribuição de «três ministérios importantes» ao CDS-PP demonstra «a forma exemplar como foi tratado pelo PSD», pelo que, «depois deste acordo a rejeição de Fernando Nobre seria inexplicável». » [Portugal Diário]

Parecer:

A coligação não durou um dia sem se ouvirem "tiros"

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
  

 Greece: Still in crisis [Boston.com]