terça-feira, julho 12, 2011

Pobre Europa

Assistir a uma entrevista dada por Durão Barroso a uma televisão é um exercício deprimente e ajuda a reconhecer as verdadeiras causas e a real dimensão da crise europeia. O líder da Comissão Europeia fala de economia com linguagem de cavador (como uma vez Sousa Franco disse de Jorge Coelho), tem um discurso sem dimensão intelectual e cheio de banalidades, revela-se um político pequeno e mesquinho ao falar de assuntos domésticos ignorando a sua posição e tratando o país como um galinheiro.

Quando um líder da Comissão ignora o desmoronamento da zona euro e concentra a sua atenção na austeridade num dos mais pequenos países da Europa percebemos que o mal não está nas agências de rating como os oportunistas tentam agora fazer crer. O problema está na vulnerabilidade de uma Europa sem líderes à altura que perante as consequências da sua inércia reagem à Cavaco Silva, depois de terem imposto programas de austeridade a três países descobrem que o mal é de as agências de rating serem americanas, disfarçam a incompetência com nacionalismos, um velho truque usado por políticos sem estatura.

É fácil dizer agora que a nacionalização do BPN foi um erro posição que até deverá estar certa, mas quando a fraude conduzida pelo núcleo do cavaquismo conduziu o banco à falência ninguém, além do PCP e do BE questionou tal decisão. Foi benéfica para os banqueiros que mais tarde se juntaram para recusar crédito ao Estado, foi uma bênção para os cavaquistas da SLN que assim transferiram para os contribuintes os prejuízos provocados pelas suas tropelias e foi do agrado de uma Europa que apelava ao investimento público para delimitar os prejuízos da crise do sub prime e até levantou o limite aos défices estabelecido na zona euro.

É a falta de visão de dirigentes europeus, mais preocupados com o seu cargo e em manter as mordomias que conquistaram, que está a conduzir a Europa à maior crise da história da União Europeia. Gente pequena que não hesitou em empobrecer os cidadãos de três ou quatro países que vergonhosamente chamam periféricos, que para não questionarem os grandes interesses europeus destruíram décadas de esforços para aumentar a coesão social.

Durão Barroso não foi grande coisa enquanto militante do MRPP, da sua passagem como secretário de Estado só ficou para a história uma manta da TAP, foi um primeiro-ministro incompetente e que acabou a esconder o défice com vendas de património e de dívidas fiscais à banca e como presidente da Comissão Europeia não passa de um dano colateral da invasão do Iraque, operação militar que apoiou com base em factos que sabia ou tinha fortes razões para pensar que eram mentira e graças à qual conseguiu apoios para ultrapassar António Vitorino e ficar com o cargo de presidente da Comissão Europeia.