domingo, julho 03, 2011

Semanada

Esta foi uma semana em que os portugueses ficaram a saber que uma personagem como Manuela Moura Guedes e o marido conseguiram impedir que alguém de quem não gostam fosse membro do governo. Se tais personagens têm tanto poder é legítimo questionar quem escolheu os membros do governo, é legítimo pensar que o critério de escolha dos membros do governo tenha resultado mais de jogos de interesses e de ódios do que de critérios de competências.

Ficaram também a saber que Sócrates era o mentiroso e Passos Coelho é que tem o proveito, o agora primeiro-ministro nem esperou muito para dar o dito pelo não dito e decidir o contrário do que prometeu. Como de costume justificou a apropriação das prendas de Natal com uma situação inesperada, mas como é mais fácil apanhar um mentiroso do que um coxo a mentira durou pouco e o destino é tão irónico que uma das mentiras foi proferida no passado dia 1 de Abril.

Quem deve estar muito contente com a versão liberal do Pinóquio é a classe dos professores, vão continuar a ser avaliados e ainda levam com um corte no rendimento como todos os portugueses que ganham a vida trabalhando, declaram o que ganham e ganham mais do que o salário mínimo. Ainda não perderam a esperança de verem satisfeitas as suas reivindicações mas começa a ser evidente que com a retórica do vamos trabalhar deste governo dificilmente vão conseguir serem os únicos funcionários públicos a serem avaliados com base no pretendido modelo de auto-avaliação defendido por Mário Nogueira. Terão ainda de fazer um exame de ingresso, mas contra isso ninguém protesta pois não afecta os que já são professores e descontam para o sindicato, esses estão defendidos de mais maldades. Mas tenham cuidado, não vá o governo aumentar o horário lectivo, reduzir as horas atribuídas a algumas tarefas não lectivas e aumentar o número de alunos por turma, se o fizer irão para o desemprego mais muitos milhares de professores. Os professores estão de parabéns pela ajuda que deram à eleição de um governo de direita, um dia destes ainda os vamos ver apelar ao regresso do maldito José Sócrates.

Quem também já deve estar com saudades do José Sócrates é o Carvalho da Silva e o seu pessoal da CGTP, com a privatização de empresas públicas e as alterações da legislação laboral é muito que provável que muitos sindicalistas profissionais tenham que voltar a trabalhar.

É caso para dizer a Sócrates que não volte e ande por lá a estudar filosofia, este país vai ficar bem mais divertido do que alguma vez se imaginou. Ainda vou ver o senhor Palma a falar bem do governo de José Sócrates e que o caso Freeport foi um mal entendido.