domingo, julho 10, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Restaurante "Tavares Rico", Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Pôr do sol no Tejo [A. Cabral]
 
Jumento do dia


João Duque
 
Foi lindo ouvir João Duque (SIC Notícias) ao lado de economistas como Manuela Silva e Jacinto Nunes criticar as agências de rating e estranhar a razão porque o BCP não avalia a qualidade da dívida europeia. Pois, mas acontece que João Duque foi o primeiro economista português a apressar-se a comentar a descida do rating da dívida portuguesa decidida pela Moodys, e o que disse João Duque? Vejamos:
  
«O economista João Duque desvalorizou hoje o corte do ''rating'' de Portugal feito pela agência de notação financeira Moody''s, acreditando numa reviravolta nos mercados até final do ano.

"Prefiro uma crise em ''v'', afundar rápido para depois começar a subir, que uma crise que não tem ''v'', é só um dos lados, é um plano inclinado", disse o economista à agência Lusa, no dia em que a Moody''s cortou em quatro níveis o ''rating'' de Portugal de Baa1 para Ba2, colocando a dívida do país na categoria de ''lixo''.

Com "algum esforço e muita dureza" Portugal pode "voltar rapidamente aos eixos", e o importante agora, frisa João Duque, é mostrar "até final do ano" que o país está a cumprir o acordo firmado com a ''troika'' internacional.» [i]

Pois, nem a mais pequena discordância em relação à Moody's e muito menos qualquer crítica ao BCE, convencido de que o país e Bruxelas iam aceitar ordeiramente as decisões do mercado, como em tempos Cavaco defendia, o economista cavaquista João Duque aceitou o corte e pensando que estava defendendo a estratégia do governo até se adiantou descobrindo que uma crise em "v", leia-se bancarrota, até tinha vantagens para o país.
 
Gosto muito do João Duque como pessoa, mas confesso que se estivesse na posição dele em vez de ter ido à SIC Notícias ter-me-iam deitado mais cedo, de um catedrático, conselheiro privado de Cavaco Silva e presidente do (meu) ISEG espero rigor, diria mesmo honestidade intelectual, o mesmo rigor e honestidade intelectual que aprendi com a Dra. Manuela Silva que estava sentada precisamente ao seu lado.
  
 Hipocrisia é...

Cavaco assumir agora o estatuto de grande lutador contra a perversão das agências de rating chegando ao desplante de afirmar que há muito que a Europa deveria ter tomado posição, quando num passado recente e enquanto em Portugal e na Europa se levantavam vozes contra as agências de rating o mesmo Cavaco pedia respeitinho pelos mercados.
 
Ficamos a pensar que para o Presidente da República há dois pesos e duas medidas na defensa dos interesses nacionais, quando o seu partido governa é intransigente na defesa de Portugal e quando outro partido governa é radical na defesa dos mercados e das agências de rating.
 
Desta vez não recordou o que disse no passado ou mandou consultar o site da Presidência da República para vermos como sempre criticou as agências de rating.

 Coincidência de títulos

N'O Jumento':

"Contra as agências de notação, marchar, marchar"

No jornal 'i' o artigo de Liliana Cerdeira e Sónia Valente:
 
"Cavaco e governo unidos. Contra as agências marchar, marchar"
 
Já se sente a mudança na direcção do 'i' o mesmo jornal que em tantos se armou em bufo e dedicou a primeira página a este blogue, copia-lhe agora os títulos:
     

 O quê?

«O Presidente da República, Cavaco Silva, recomendou este sábado "um pouco mais de estudo" aos que sofrem de "ignorância na análise" financeira, numa alusão às agências que, na semana passada, desceram o 'rating' de Portugal em quatro níveis. » [CM]

Parecer:

Por este andar Cavaco ainda ultrapassa o Louçã pela esquerda!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 Sócrates pediu uma licença sem vencimento na C.M. da Covilhã

«José Sócrates pediu, nos termos da lei, uma licença sem vencimento das funções de engenheiro na Câmara da Covilhã para ingressar numa instituição universitária internacional, disse à Agência Lusa fonte próxima do ex-primeiro ministro. » [DN]

Parecer:

Faz muito bem...

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Que se divirta com o espectáculo triste que estão dando os seus antigos adversários políticos.»
  
 Aqui há gato...

«A Procuradoria Distrital de Lisboa ordenou a abertura de um inquérito, na sequência de uma denúncia recebida pelo PSD durante a campanha para as eleições legislativas, que avisava os principais membros da direcção do partido que estavam a ser alvo de escutas ilegais, avança o jornal Sol.

A denúncia foi feita através de uma carta endereçada a Miguel Relvas, na altura secretário-geral do PSD, que referia o envolvimento de uma magistrada numa operação de escutas ilegais.

O inquérito, ordenado pela procuradora distrital de Lisboa, Francisca Van Dunem, vai tentar apurar se existiram os crimes de violação das telecomunicações e de gravação ilícita.» [i]

Parecer:

De facto Relvas é um santo e quaisquer escutas que lhe tivessem feito só poderiam ser ilegais, legais foram as escutas ilegais que fizeram a Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  
 Uma DGCI em cada autarquia?

«O presidente da câmara de Sintra, Fernando Seara (PSD), sugeriu hoje a criação de experiências-piloto para permitir que as autarquias possam cobrar os seus próprios impostos, no âmbito de transferência de competências da administração central para as autarquias.

Seara destacou que "momentos de dificuldades financeiras do Estado significam sempre" centralização de competências.

"Agora resta saber se o Estado português pode continuar com a centralização de um conjunto de competências na administração central a todos os níveis: ambiente, ordenamento do território, a nível fiscal", salientou»» [i]

Parecer:

Seria uma excelente negócios para os autarcas e seus amigos. Seria o bom e o bonito ver os autarcas a cobrar impostos e, por exemplo, a gerir os benefícios fiscais.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mande-se um garrafão cheio de água de malvas ao autarca de Sintra.»
  
 Positivo

«De acordo com o jornal “Sol”, Passos Colho quer que seja o governo a dar o exemplo e por isso decidiu cortar nas despesas dos vários gabinetes.

Desta forma, proibiu os ministros, e todos os membros do Governo, de utilizarem as viaturas oficiais ao fim-de-semana e nas deslocações pessoais.

O próprio primeiro-ministro comprometeu-se a usar o carro pessoal sempre que não estejam em questão funções no âmbito do seu cargo.

Os onze ministros, e todos os membros dos respectivos gabinetes, deixarão de ter direito também ao uso de cartão de crédito para pagamento de despesas de representação.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Medidas simples que há muito deveriam ter sido adoptadas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»
  
 A anedota do dia

«O Presidente da República garante que não mudou de opinião no que às agências de rating diz respeito, explicando que só agora existe um «reconhecimento» europeu de que estas constituem uma «ameaça».

Questionado pelos jornalistas, em Vale do Lobo, onde assistiu ao início da 5.ª Taça de Golfe Portugal Solidário, sobre a comparação entre palavras suas de 2010, em que afirmava que «não vale a pena recriminar as agências de rating», e as de ontem, em que as criticou duramente, Cavaco Silva recomendou «um pouco mais de estudo» aos que sofrem de «ignorância na análise» financeira.» [Portugal Diário]

Parecer:

Este Cavaco tem um excelente sentido de humor.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»