quinta-feira, julho 14, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Palácio dos Marqueses de Fronteira, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Extremo Oeste da Ilha de São Miguel, Açores [A. Cabral]
  
Jumento do dia


Passos Coelho

As contas públicas não só são um assunto demasiado sério para servir de int riga política nas reuniões partidárias como não são secretas e muito menos para uso exclusivo do partido no poder. Quando Passos Coelho diz que encontrou um desvio colossal nas contas públicas está a afirmar algo que os mercados não podem interpretar de outra forma senão como uma situação de desastre, até porque a existir tal desvio não foi contabilizado pela troika.
 
Se tal desvio existe Portugal está na bancarrota e alguém aldrabou as contas,  os mercados de quanto enganando a troika e os portugueses. Passos Coelho está obrigado a esclarecer de quanto é o montante desse desvio colossal.
 
«O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou na noite de terça-feira, perante o Conselho Nacional do PSD, que o seu Governo encontrou um "desvio colossal em relação às metas estabelecidas" para as contas públicas.
 
De acordo com um dos elementos presentes na reunião do Conselho Nacional do PSD, que decorreu num hotel de Lisboa, Passos Coelho reiterou que o Executivo não se vai queixar da "herança" do PS, mas não deixou de fazer uma observação sobre o estado das contas públicas portuguesas.» [CM]
     
 

 Notas do subterrâneo

«Quanto vale um euro? Depende de onde esse euro se encontra. Não acreditam? Leiam o resto.

1. Quando, em 2002, as notas de euro começaram a sair dos nossos ATM, eu não ignorava que a nova moeda era uma concretização deficiente de uma boa intenção. Confesso, porém, que não achava o euro uma ideia muito má - apenas um bocadinho má -, convicto como estava de que, com o tempo, as malformações seriam corrigidas.

2. Também os mercados financeiros acreditaram que, embora a arquitectura do euro não comportasse mecanismos de apoio às economias em dificuldades, chegada a hora eles apareceriam por vontade dos estados membros. Só isso explica, note-se, que a dívida portuguesa pagasse um juro quase idêntico ao da alemã. A expressão "moeda fiduciária" significa que a sua aceitação assenta na confiança de que ela desfruta. Enquanto persistisse a fé no euro, tudo correria normalmente.

3. À chegada da recessão, no final de 2008, a Alemanha pediu solidariedade no combate à crise. Não estaria certo que alguns países se furtassem ao esforço colectivo beneficiando do sacrifício financeiro dos outros. Logo aqui, porém, a Alemanha pressionou todos os estados membros a introduzirem um subsídio temporário à aquisição de carros novos. Depois, violou as normas comunitárias ao conceder apoios directos à sua indústria automóvel. Finalmente, fez batota ao condicionar essas ajudas à garantia de que os fabricantes eliminariam postos de trabalho na
Bélgica, em Inglaterra e em Espanha, mas não na própria Alemanha.

4. A grande viragem veio no princípio de 2010, quando, convicta de que, para ela, o pior já passara, a Alemanha proclamou o princípio "cada um por si" e declarou que cada estado deveria tratar de reequilibrar rapidamente as suas contas públicas sem contar com a ajuda dos restantes. A solidariedade implícita entre os países da Zona Euro fora definitivamente revogada e os mercados entenderam o que isso significava. Os juros das dívidas soberanas dos países mais fragilizados começaram de imediato a divergir dos da alemã.

5. Considerada no seu conjunto, a Zona Euro tem uma situação financeira equilibrada, tanto interna como externamente. Mas isso torna-se irrelevante para os credores se a coesão deixa de preocupar as autoridades políticas e monetárias europeias, como é vontade assumida do Partido Popular Europeu que por agora comanda os destinos do Continente. Foram, pois, Merkel e o PPE os responsáveis pela quebra da confiança dos mercados financeiros na unidade da Zona Euro.

6. Esta política é, além do mais, tacanha. Na presente semana, cinco países da Zona Euro, incluindo a Espanha e a
Itália, integravam o "top ten" dos países com maior probabilidade de entrarem em incumprimento, evidenciando o completo fracasso da tentativa de isolar os países "periféricos" numa leprosaria longe da vista e do coração.

7. É hoje evidente que o tratamento dispensado aos pacientes agrava o seu estado de saúde, empurrando-os para a insolvência. Os sacrifícios que os países assistidos pela UE e pelo
FMI são obrigados a infligir aos seus povos não contribuem um iota para resolver o problema. Esta desoladora circunstância recorda irresistivelmente o desespero do homem do subterrâneo de Dostoievski: "O fim dos fins, meus senhores: o melhor é não fazer nada! O melhor é a inércia consciente! Pois bem, viva o subterrâneo! Embora eu tenha dito realmente que invejo o homem normal até à derradeira gota da minha bílis, não quero ser ele, nas condições em que o vejo (embora não cesse de invejá-lo. Não, não, em todo caso, o subterrâneo é mais vantajoso!) Ali, pelo menos, pode-se... mas estou agora também a mentir. Minto porque eu próprio sei, como dois e dois, que o melhor não é o subterrâneo, mas algo diverso, absolutamente diverso, pelo qual anseio, mas que de modo nenhum hei de encontrar! Para o diabo o subterrâneo!"

8. Querem toda a verdade? Cá vai ela, mas não se queixem se doer. É certo que os países sob ataque não podem permanecer no euro nem podem sair dele. Aí reside a esperança germânica de que a Zona Euro não se desmoronará. Mas não é preciso que eles saiam do euro, basta que o euro saia deles. Um dia, todos entenderão que um euro depositado em Portugal, em Espanha ou na Itália não vale o mesmo que um euro depositado na Alemanha ou na Holanda. As multinacionais que ainda não o fizeram, todas as grandes empresas e os cidadãos titulares de um património significativo carregarão num botão e, de um dia para o outro, secarão as tesourarias dos bancos locais. Nesse momento, vários países estarão na verdade fora da Zona Euro.

9. Cá no subterrâneo ainda temos Internet, através da qual ultimamente nos chegaram motivos de regozijo. O processo de desintegração chegou agora à Itália e à Espanha. Na ausência de meios financeiros bastantes para socorrê-las, chegámos ao fim da linha. Ninguém pode pagar tudo o que deve: nem a Grécia, nem nós, nem ninguém. Resta o plano alternativo há muito congelado pelo receio de correntes de opinião chauvinistas.

10. Com atraso considerável, Merkel reconhecerá por fim que, seja qual for o nome que queiramos dar-lhes, as euro-obrigações são as melhores amigas do euro e da Alemanha. Depois, quando se reformar, poderá intitular as suas memórias: "Frau Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Eurobond".»
[i]

Autor:

João Pinto e Castro.
     

 O Speedy Gonzalez da política económica

 
«O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, não precisou de mais de 180 segundos para explicar nesta terça-feira aos seus parceiros do euro as intenções do governo no que se refere à aplicação do programa de ajustamento português.» [Público]

Parecer:

Isso é que é espírito de síntese ou os parceiros não queriam perder mais tempo?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  
 As escolas não podem esperar pelo ministro

«A educação está a duas velocidades. De um lado, o ritmo do novo ministro, Nuno Crato, que até ao fim deste mês irá informar as escolas das alterações que pretende introduzir no próximo ano lectivo; do outro, o calendário da Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação (DGRHE), que impõe aos estabelecimentos de ensino prazos para decidirem sobre a organização curricular.

Como a máquina do Ministério da Educação não espera por Nuno Crato, terá de ser o próprio ministro a correr atrás dessa mesma máquina se quiser acompanhar o ritmo. O i quis saber se os prazos da DGRHE são compatíveis com as mudanças a introduzir já em Setembro e fonte da tutela explicou que estão a ser feitos "todos os esforços nesse sentido".

A mesma fonte esclareceu igualmente que as escolas não devem assumir que a nota da Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação significa que a tutela vai manter tudo como está: "Estão previstos alguns ajustamentos curriculares, que serão divulgados em breve." No meio destas duas velocidades estão as direcções escolares, que suspenderam esta tarefa até novas orientações do ministro da Educação, mas que agora se vêem obrigadas a retomar a empreitada, seguindo as directrizes do anterior governo.» [i]

Parecer:

O problema é que criticar é fácil, outra coisa é ter projectos estruturados para implementar. O ministro que quer fazer implodir a máquina do ministério parece estar a ser ultrapassado por ela.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «O ministro que diga o que quer.»
  
 Anedota

«"O desvio que foi encontrado foi um desvio grande em termos de resultados das contas públicas e exactamente por isso já foi apresentada uma medida do lado da receita e vão ser apresentadas medidas do lado da despesa para que o compromisso internacional possa ser cumprido, esse é o objectivo deste governo", frisou o deputado social-democrata.

Miguel Frasquilho falava no Parlamento ao ser questionado pelos jornalistas sobre o desvio das metas estabelecidas para as contas públicas, que Passos Coelho considerou ontem de "desvio colossal".» [DE]

Parecer:

Afinal, o desvio colossal é esse?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 O nacionalismo segundo a SONAE

«Num almoço para a apresentação do Relatório de Sustentabilidade do grupo Sonae, relativo a 2010, Paulo Azevedo afirmou hoje que a ‘holding' está a diminuir a exposição à banca portuguesa, transferindo a exposição aos bancos portugueses para os bancos estrangeiros.
 
"A Sonae tem vindo a diminuir as suas necessidades de financiamento. A nossa principal estratégia é não precisar. Temos vindo a reduzir a nossa exposição junto da banca portuguesa trocando por exposição lá fora".» [DE]

Parecer:

Lamentável.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proponha-se aos portugueses que evitem a exposição à SONAE.»
  
 Passos fica com as benesses das fundações

«O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, fica também com a competência (por lei atribuída ao Conselho de Ministros) dos assuntos correntes da Administração Pública, podendo subdelegá-la em outro membro do Governo, de acordo com a lei orgânica do XIX Governo Constitucional ontem publicada em Diário da República.
 
Tal como já tinha sido anunciado, a estrutura de missão para o acompanhamento da execução do memorando de entendimento com a 'troika' da ajuda externa também está na dependência de Passos Coelho, que, em caso de ausência ou impedimento, é substituído pelo ministro de Estado e das Finanças.» [DE]

Parecer:

Isto significa que é ele que decide quem pode ter muitos benefícios vendo as suas fundações aprovadas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Acompanhe-se o processo de aprovação de novas fundações privadas.»
  
 Portugal pode poupar mais de 500 milhões por ano

«Os líderes europeus abriram ontem a porta a um perdão parcial da dívida pública grega e à descida dos juros cobrados em parte do empréstimo da troika. Estas medidas estabelecem um precedente para o caso de Portugal, o país visto na Europa e nos mercados como segundo elo mais fraco da zona euro. Para Portugal, o corte da penalização sobre os juros cobrados pelo Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) poderia resultar numa diminuição anual máxima de 520 milhões de euros em encargos com a dívida contraída junto da troika, um valor praticamente equivalente aos cortes na Saúde exigidos para 2012.

"Isto suavizaria de forma significativa o serviço da dívida para a Grécia, a Irlanda e Portugal, melhorando a solvência sem custos adicionais para os contribuintes europeus", comentam três economistas do Barclays Capital, em Londres, numa nota enviada ontem aos jornais. "As taxas do FEEF deveriam ser reduzidas para um valor próximo do custo de financiamento", adianta a instituição.

Se a redução dos juros eliminar quase totalmente a componente de punição que o FEEF impõe aos países resgatados - a margem de lucro acima do custo de financiamento - a taxa pode ser (no mínimo) 200 pontos base mais baixa do que a actual, salienta o Barclays Capital. Segundo a Comissão Europeia, o FEEF cobra uma taxa média de 6,1% a Portugal pela tranche de 26 mil milhões de euros que empresta (um terço do pacote total, com outro fundo europeu e o FMI a assegurarem o resto). Uma redução de 200 pontos levaria, grosso modo, a uma poupança de 520 milhões de euros por ano em juros desta dívida - cerca de 3,9 mil milhões de euros ao longo do horizonte de sete anos e meio do empréstimo da troika. Este desagravamento, em termos anuais, equivaleria a um corte superior a 6% na factura total dos juros da República e criaria uma almofada orçamental de três décimas do PIB. »
[i]

Parecer:

Trata-se da correcção de uma asneira.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»
  
 CTT: administradores andam muito de carro

«Num espaço de apenas dois anos, quatro administradores dos CTT percorreram, com os seus carros de serviço - três Audi e um Mercedes - a quase totalidade dos quilómetros previstos para quatro anos. A derrapagem na quilometragem dos carros de serviço da administração vai custar à empresa 76 300 euros - mais 12 900 euros do que estava inicialmente previsto. E esse montante, segundo documentos a que o i teve acesso, será pago pelos CTT e não sairá do bolso dos administradores, contrariando as regras da empresa, que ditam que, quando um funcionário ultrapassa a quilometragem do seu carro de serviço, tem de se responsabilizar pelo excesso e pagar os quilómetros.

Derrapagem Em 2008, os CTT alteraram o regime interno de normas sobre viaturas de serviço e os carros passaram a ser adquiridos em regime de aluguer operacional a uma locadora. Cada contrato, estabelece a ordem de serviço a que o i teve acesso, tem uma duração de quatro anos e prevê um máximo de 100 mil quilómetros para cada carro. Mas mais de dois anos depois do início do contrato com a locadora, os quatro carros dos administradores dos CTT já percorreram a quase totalidade dos quilómetros contratualizados para os quatro anos. Dois dos Audis já percorreram 96% e 94% do previsto para os quatro anos e o Mercedes foi o carro que andou menos, apesar de já ter gasto 70% dos quilómetros. O outro Audi já andou 72% da quilometragem acordada. "Os veículos afectos aos membros do Conselho de Administração (CA) apresentam desvios significativos relativamente às quilometragens previstas contratualmente", lê-se numa proposta de alteração contratual, datada do mês passado e assinada pelo Conselho de Administração dos CTT, a que o i teve acesso. "Decorrido pouco mais de metade do período contratado (48 meses) denotam-se significativos desvios no que diz respeito às quilometragens previstas", admite o documento. »
[i]

Parecer:

E terão tempo para serem administradores?
  
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se.»
  
 Mário Nogueira já percbeu o que vai acontecer aos professores

«O corte de 803 milhões de euros na Educação pode acabar com o trabalho de mais de metade dos 36 mil professores contratados, alertou Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional de Professores.
 
"Isto pode querer dizer praticamente uma razia absoluta ao nível dos professores contratados e em muitos grupos disciplinares o aumento brutal de número de pessoas com horário zero", afirmou o sindicalista.» [i]

Parecer:

ainda o vamos ver a apelar aos professores para dizerem que não votam no PSD.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso cínico.»
  

 South Sudan: A new nation rises [Boston.com]