segunda-feira, novembro 21, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento 


 
Cores de Outuno na Quinta das Conchas, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Muro em Medelim [A. Cabral]
  
Jumento do dia


Francisco Louçã

Parece que o Louçã quer ressuscitar à custa da greve geral.

«O coordenador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, apelou a uma “grande” participação na greve geral de quinta-feira, que classificou como o princípio de um novo 25 de Abril. “Será o primeiro dia em que o país responde à troika.”» [Público]
       
 

 Porca miséria

«Não sei se Duarte Lima é culpado. Não sei e, para já, não quero saber. Presumo-o inocente, que é o estatuto devido a todos os portugueses que caem na alçada da justiça. Até prova em contrário, e a prova deve fazer-se apenas em tribunal. Mas não tenho ilusões, com o reality show montado à volta da sua detenção, o País inteiro já o condenou.

O que sei hoje é que as fugas de informação que permitem a montagem do circo mediático não são inéditas. Essas fugas de informação tanto podem servir jornalistas ávidos de mostrar serviço, como podem servir para os suspeitos destruírem provas ou preparem a fuga, mas nunca servem para fazer justiça. Com gente famosa ou poderosa é quase sempre assim que acontece. No final, quase nunca são condenados nos tribunais, mas já estão condenados na praça pública. Alguns magistrados do Ministério Público é assim que gostam que as coisas aconteçam. Incapazes de produzir prova irrefutável, não desarmam. Para eles a maior prova é a sua própria convicção. Não serve em tribunal, mas serve-lhes a eles.

Não é com Duarte Lima que estou preocupado; é com a justiça que tem o meu país. Um procurador-geral que diz que tudo isto é uma vergonha, mas que reconhece a sua incapacidade para resolver o assunto é a prova da falência de um Estado Democrático. Um presidente do Supremo que considera que Isaltino já devia estar preso e que atribui as culpas aos processos penal e civil é a prova da falência de um Estado Democrático. Poderiam seguir mais mil exemplos para mostrar que a justiça em Portugal não funciona, mas, tendo em conta que quem falou atrás foram os chefes da investigação e dos tribunais, não vale a pena gastar mais papel.

Penso que ninguém tem dúvidas de que é a Democracia que é posta em causa quando não há justiça. Perder soberania para os funcionários de 7.ª linha da troika é coisa pouca comparada com esta prepotência de uns quantos senhores da justiça em relação a todos os portugueses. Prefiro ouvir os disparates dos funcionários da troika, mesmo quando eles se metem onde não são chamados, do que ver milhões de portugueses acreditarem que podem julgar alguém com base no circo a que assistem nos órgãos de comunicação social.

Em relação à perda de soberania para os senhores da troika a opção é clara: ou queremos ser senhores do nosso destino sem o dinheiro dos outros, ou queremos o dinheiro deles e aceitamos que eles nos imponham as condições em que nos emprestam. Mas na justiça não há a alternativa que nos querem impor. Eu não quero cidadãos do meu país com a opção de serem condenados, por serem poderosos, na praça pública ou nos tribunais. A única alternativa que pode haver é a de serem condenados porque se prova a sua culpa ou inocentados porque não se prova a sua culpa.» [DN]

Autor:

Paulo Baldaia.
     
  Obrigado, sr. Kröger
«1. Esta semana, a troika veio-nos dizer que está tudo a correr bem. Como o Governo deve ter medo de que não acreditemos, combinou, presumo, com o sr. Jürgen Kröger ser este cavalheiro a dar as boas notícias.

Posso imaginar as palmadinhas de "nice work" dos comissários nas costas dos membros do Governo e os "yes" de satisfação pela boa nota obtida.

Como bom mestre decidiu conceder-nos uma palavrinha de acalento e um conselho para ainda melhorarmos mais o nosso desempenho.

"Portugal não é a Grécia, há estabilidade e as pessoas são boas", disse o bom do Jürgen. Não consta, sendo nós o país com mais problemas a seguir à Grécia, que um jornalista ou governante presente na sala se tenha lembrado de perguntar: "Quer Vexa dizer que nos devamos alegrar por sermos o penúltimo dos países em dificuldade?" ou "quando for para a Espanha dirá que os espanhóis não são os portugueses?" ou ainda "qual o 'x' a que corresponde na equação dos problemas económicos dos diversos povos a bondade?" A festa estava tão boa, as notícias eram tão encorajadoras que ninguém quis maçar o senhor. E fizeram muito bem, não fosse ele zangar-se. Manda quem pode, obedece quem precisa. Provavelmente, foi mesmo para não o aborrecer que ninguém lhe recordou que as duas primeiras avaliações do plano de ajuda à Grécia também foram excelentes. Os gregos, nessa altura, também eram bons, depois, com a implementação do brilhantíssimo plano, é que ficaram maus. Vá-se lá saber porquê.

Entusiasmado com a simpatia dos presentes, lá veio o conselho: "As empresas privadas também devem baixar os salários." Bem visto, sim senhor. Assim a nossa economia ficava mais competitiva. Claro que existe essa chatice de as leis não o permitirem, dos patrões teimarem em querer gerir as suas empresas, mas o Jürgen não é homem para se deixar abater com pormenores. E ninguém venha com essa conversa tola de qualificar os trabalhadores, de apostar na qualidade, de aproveitar as universidades, de fazer marcas fortes, isso é para os povos mesmo bons ou muito bons. Os alemães, os holandeses, os dinamarqueses, os italianos (esses, se calhar, não). Os chineses é que devem ter ficado preocupados, às tantas vão ter de passar de uma malga de arroz por dia para meia.

Obrigado, sr. Jürgen Kröger. Volte sempre. Tem aqui um povo atento e venerando.

2. O ministro Álvaro, a cada dia que passa, demonstra mais e melhor a sua enorme utilidade. Não será propriamente na condução das diversas pastas que tem a seu cargo. O seu desconhecimento total da realidade portuguesa, a sua confrangedora inexperiência política, o facto de não ter gerido outra coisa na vida que não fosse a sua conta bancária, tudo isto associado a um deslumbramento ideológico típico de quem nunca saiu do conforto de uma faculdade, está a dar o resultado previsível: um desastre total e absoluto. Esta semana ficou mais claro o seu papel e onde ele pode, de facto, ajudar o Governo: o ministro Álvaro distrai. Só assim se pode explicar a laracha do anúncio do princípio do fim da crise para Dezembro de 2012. E não há dúvida de que resultou. Assim, pouca gente ligou às palavras de Passos Coelho acusando indirectamente o Presidente da República de defender uma "solução fácil" para a Europa e a inexplicável declaração também do primeiro-ministro, que, quando confrontado com a possibilidade de emissão de moeda, afirmou: "Na Europa isso já aconteceu há largas dezenas de anos e a Europa viveu uma guerra muito forte por causa disso." Só mesmo o impagável Santos Pereira para abafar o insustentável clima que se vive entre o Presidente da República e o primeiro-ministro e as pouco esclarecidas palavras de Passos Coelho. Convinha um certo refrear deste tipo de afirmações, se não ainda vamos ter o ministro Álvaro a anunciar a descoberta de petróleo no Chiado ou mesmo a descida do desemprego para 2013.

3. Muito edificante a troca de argumentos entre a ministra da Justiça e o bastonário da Ordem dos Advogados. A primeira conclusão já é do conhecimento público: Paula Teixeira da Cruz não gosta de Marinho e Pinto e Marinho e Pinto não gosta da Paula Teixeira da Cruz.

Entretanto, o procurador-geral da República ficou chocado com o circo mediático montado em redor da detenção do mais recente condenado sem julgamento, Duarte Lima. Pinto Monteiro já anunciou um inquérito para apurar as fugas de informação que permitiram aos jornalistas presenciar a operação do Ministério Público. Infelizmente, segundo ele, nunca se chega a apurar nada com estes inquéritos.

Para os lados da Justiça nada de novo. » [DN]

Autor:

Pedro Marques Lopes.
    

 Anonymous adoelecentes atacam páginas do PSD

«O PSD continua a ser o alvo preferencial dos Anonymous Adolescentes. Na sexta-feira, o grupo de hackers invadiu o site da distrital social-democrata de Lisboa. Na noite de sábado, atacou a página da distrital de Aveiro. A mensagem é a mesma: “Estamos aqui em nome de toda a população a reivindicar justiça e fim à corrupção!”.» [Público]

Parecer:

Haja humor.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»