quinta-feira, novembro 24, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Imagens dos visitantes d'O Jumento


Torre de Lucano ou do relógio, aldeia de Monsanto [A. Cabral]
 

 Imagem do dia
  

Andrija Ilic/Reuters
 
«Torshavn, Faroe Islands : Locals catch and slaughter pilot whales (Globicephala melaena) during the traditional "Grindadrap" ("whale hunting" in Faroese)» [The Guardian]
 
Isto sucede na Europa dita civilizada....
  
 A mentira do dia
 
O DN decidiu acrescentar um capítulo ao livro "O Estado a que o Estado Chegou - O Verdadeiro Retrato de Portugal (Grande Investigação DN I)" procedendo à sua actualização tendo em conta os contributos do governo dos Batanetes.
 
O próximo Capítulo é dedicado precisamente à jornalista Maria Lurdes Vale que coordenou a edição, Milu para os mais íntimos. Uma jornalista que foi incapaz de ensinar o Álvaro a falar de forma a que pelo menos um português o leve a sério e que foi saneada da forma mais original, promovida da gestora do Instituto de Turismo de Portugal.
 
O pensamento desta senhor está cheio de pérolas que devem ser lidas e que o Câmara Corporativa tem vindo a republicar:

«“Não queremos, nem estamos dispostos a tolerar, gastos inúteis, falta de fiscalização, negociatas, derrapagens e as dívidas que as gerações futuras vão ter de carregar às costas por incúria dos que não quiseram ou souberam controlar despesas, obras sem sentido, e insistiram nas nomeações de amigalhaços, que não têm qualquer preparação para assumir os cargos que lhes foram oferecidos de mão beijada.”»

«Em Portugal, o palito ainda subsiste. Nos piores e nos melhores restaurantes, é possível encontrar este utensílio, para que, no final da refeição, alguns dos comensais possam ter o atrevimento de escarafunchar - com a mão à frente da boca ou à descarada - os seus próprios dentes e as suas próprias gengivas, deixando que os outros adivinhem o resultado de tal acção. É algo que tem de ser erradicado. Não é possível vendermos a imagem de um país turisticamente atraente mantendo este hábito à mesa. O uso do "palitinho" diz muito acerca de um povo. Quando alguém se escarafuncha a si próprio, é possível imaginar o respeito que essa pessoa tem pelos que a rodeiam. Acabar com o palito é uma demonstração de interesse pelo bem comum e um sinal de civismo. Como hoje é dia de reflexão e voto, pensemos nisto.»

«Os partidos são vistos como umas entidades que estão para além do comum dos mortais, cheios de carreiristas que vivem e sobrevivem à espera do momento em que também eles vão dar a dentada na maçã e alimentar-se do bicho que a corrói. Parecem ser uma espécie de clube privado em que só entram os que tem apetência para falar numa tribuna ou que estão ligados a negócios, empresas ou a outros interesses ocultos. São poucos ou quase nenhuns os que acreditam que os partidos possam ter gente que pensa o País e que veja a política como uma missão. Talvez tenha chegado a hora de surgirem mais interessados em participar na vida das formações que existem ou então na criação de novos movimentos. Tudo em prol de uma democracia mais sã e mais activa. É o que nos falta, o que nos tem faltado
 
«Terá de haver uma mudança de vida profunda, e já ninguém terá paciência para ser cúmplice de um regime que premeia os amigos e os conhecidos em detrimento dos que tiveram de fazer o caminho à sua própria custa. Ao contrário do que muitos pensam, esta revolta dos jovens de hoje talvez seja a primeira depois do 25 de Abril que tem pés e cabeça.»
 
Jumento do dia


Vítor Gaspar, (por enquanto) ministro das Finanças

E mais de 35 anos de vida adulta nunca tive tão pouca consideração e tanto desprezo por um governo como em relação ao actual, nem com o governo de Marcelo Caetano senti tanto desprezo humano por um primeiro-ministro ou por um ministro das Finanças.

Também nem no tempo da ditadura um governo usou deliberadamente a estratégia da divisão dos portugueses ou assumiu tão claramente o ódio aos que opinam de forma diferente. Nem a brigada do reumático da ditadura conduziu o país de forma tão clara para a divisão e para um conflito social grave. Nunca Portugal esteve tão perto de um grave conflito social como está hoje.»
 
O Gaspar pode ter sido muito marrão como estudante da Católica e até poderá ter lido o Capital de Marx, ainda que tenha muitas dúvidas de que o tenha entendido. Mas é evidente que o ministro das Finanças é um elefante numa loja de cristais e está a conduzir os políticos ao conflito. É pouco provável que este ministro se mantenha muito tempo no cargo e a única dúvida está em saber se sai antes ou depois de conduzir o país ao abismo.
 
Estamos perante um ministro que é um lobo disfarçado de cordeiro e que não tem o mais pequeno respeito pelos trabalhadores portugueses e ainda menos pela democracia e pelas regras constitucionais. É um ministro legitimado por eleições que governa de forma abusiva e ilegítima.
  
«Na véspera da greve geral, marcada para amanhã, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, veio defender que “não é tempo de alimentar animosidades, conflitos ou divisões”, nem de “concentrar a atenção em interesses particulares e corporativos”.» [Público]
 O sucateiro

Ainda o julgamento de Manuel Godinho vai no princípio e confesso que sem ter conhecimento de uma única intervenção do bode expiatório da Face que continua oculta começo a nutrir alguma simpatia pelo homem. Irrita-me que neste país alguém seja conhecido pela sua profissão só porque para os nossos jornalistas a profissão de sucateiro é algo de sujo.

Acontece que o Manuel Godinho faz reciclagem de sucatas, algo que em Portugal tem mais dignidade do que o processo inverso à reciclagem que é feito pelos mesmos jornalistas que tratam o Godinho pejorativamente por sucateiro. O homem recolhe sucata que vai ser transformada em metais cada vez mais escassos e caros, os nossos jornalistas tratam a verdade que é igualmente cada vez mais escassa em sucata.

Por exemplo, um jornal que tem a Milu nos seus quadros deveria ter vergonha em acusar qualquer português depois da sua jornalista ter sido considerada incompetente para apoiar o Batanete da Rua da Horta Seca e em vez de ser devolvida ao jornal onde escrevia baboseiras avulsas vai ser promovida a vogal de um instituto público.

Também não percebo porque tratam o Godinho por sucateiro e nunca trataram o Passos Coelho por merdeiro ou homem do lixo pois, como se sabe, o agora primeiro-ministro trabalhava em empresas que fazem recolha de lixo urbano, aquilo a que vulgarmente designamos por merda.
    
 

 Como destruir a sociedade

«Uma sociedade é sempre um sistema de cooperação entre indivíduos, famílias, empresas e outras entidades. A cooperação é a única forma de produzir prosperidade e segurança para todos, o que certamente não aconteceria se cada indivíduo ou pequeno grupo vivesse numa ilha isolada.

Mas um elemento fundamental para que essa cooperação funcione de forma estável ao longo do tempo é a percepção de que os benefícios e encargos da vida social são adequadamente distribuídos ou, dizendo por outras palavras, que existe equidade nas vantagens e desvantagens que decorrem para cada um dos elementos do sistema de cooperação da sua participação nesse mesmo sistema.

Ora, a percepção da falta de equidade que marca hoje a sociedade portuguesa corre o risco de tornar-se avassaladora e de minar por muitos anos a vivência social e o mínimo de confiança entre os cidadãos, sem o qual o sistema de cooperação deixa de funcionar, condenando a sociedade à anomia e, em última instância, ao conflito interno. Pior do que isso é nós sabermos que essa percepção é correcta e que está a ser agravada pelas opções e pelo discurso político.

O Governo em funções, pensando apenas nas variáveis financeiras e de forma totalmente irresponsável, usa os seus poderes como uma faca em manteiga mole, tentando salvar as finanças, mas destruindo a sociedade. É isso que faz ao colocar funcionários públicos contra trabalhadores do sector privado, por exemplo. Por todo o lado vemos hoje o crescendo dos ressentimentos de uns contra os outros, muito fomentados pelo próprio discurso do primeiro-ministro. Mas há também as divisões entre pensionistas e trabalhadores no activo, entre a benevolência com que são tratados os detentores do capital e a violência do ataque aos que vivem dos rendimentos do trabalho, entre as empresas que participam nos negócios do Governo e todas as outras, entre as pessoas individuais e colectivas que nunca faltam com os seus impostos e os que continuam - mais do que nunca - a não passar factura, a não declarar rendimentos, etc. E, já agora, entre o pessoal político e o cidadão impotente e atónito. Tudo isso faz com que estejamos a assistir a um fenómeno gigantesco de criação de ressentimento e destruição da confiança colectiva.

É isto que este Governo não compreende: a questão não está nos sacrifícios pedidos e cuja necessidade a maior parte dos portugueses interiorizou. O problema está na gritante falta de equidade na sua distribuição. Não é a austeridade em si mesma que causa revolta, protesto ou, noutros casos, desistência e depressão, é a percepção da sua iniquidade. Para perceber isso com clareza e actuar em conformidade, seria necessário mais do que um Passos, mais do que um Gaspar.» [DE]

Autor:

João Cardoso Rosas.
  
 A cigarra e a formiga

«Na Madeira o Carnaval financeiro continua animado. Desta vez (crise?, qual crise?) são três milhões de euros só para iluminações natalícias e fogo-de-artifício que, com o "programa de animação" dos ilhéus, que andavam desanimados desde que Jardim confessou estar "entalado" com dívidas e não ter mais euros para distribuir (entretanto, porém, já terá pedido ajuda a Passos Coelho), poderão chegar a 5 milhões. A pagar pelos subsídios de férias e Natal adivinhe-se de quem.

Uma verdadeira festa à madeirense: financiamento com dinheiros públicos dos negócios de empresários de hotelaria e comerciantes locais, tudo gente amiga que, como de costume, não gastará um chavo, limitando-se a ficar eternamente grata a Jardim e a embolsar lucros com incontáveis e embasbacadas multidões de turistas que "vai vir em 'charters'" da China e do Mundo inteiro para ver as "iluminações"; e contratação das "iluminações" por ajuste directo à empresa de um ex-deputado do (surpresa!) PSD-M e por um preço meio milhão acima do valor por que ela se propusera fazê-las em concurso público entretanto anulado após impugnação de outros concorrentes.

Enquanto isso, por cá, os "cubanos" passarão o Natal às escuras pois, como diz o Governo da "troika" (ou lá de quem ele é), é preciso empobrecer. É a nova versão da fábula da cigarra e da formiga, com a cigarra sempre a folgar e a formiga, na penúria, a trabalhar para lhe pagar os folguedos.» [JN]

Autor:

Manuel António Pina.
     

 Melhor só se fosse o último?

«No que toca a credibilidade Gaspar é o segundo menos credível da Europa, mas num total de 19 governantes, o ministro das Finanças português ocupa o décimo segundo lugar e é o quinto com maior peso político, variável conseguida pela visão, compreensão e estado do país. Uma posição satisfatória tendo em conta as medidas implementadas pelo Governo português.» [DN]

Parecer:

Este DN tem muita imaginação, o problema é que a imaginação serve-lhe para a falta de honetidade intelectual. Compare-se a "posição satisfatória" atribuída ao Gaspar com o que o mesmo DN escreveu quando Teixeira dos Santos ficou dois lugares acima:

«Teixeira dos Santos é o quarto pior ministro das Finanças da UE, segundo o ranking do Finantial Times, que compara 19 governantes europeus ao nível da performance das suas economias e em que a ministra francesa Christine Lagarde surge vitoriosa.

A classificação valoriza os estímulos extra fiscais injectados para manter as economias fora da recessão e também premeia os ministros com maior probabilidade de conseguirem manter controlados os défices do sector público, no momento em que a Europa enfrenta a pior crise desde a segunda guerra mundial. E nestas duas matérias, o ministro português é visto como um "sobrevivente" , mas ainda em luta, tendo em conta as "consideráveis fraquezas estruturais e crescentes défices" da economia portuguesa. Segundo as previsões do Governo, o défice deverá situar-se em torno dos 7% este ano, mas a Comissão Europeia aponta para 8%. Apesar do seu pouco honroso 15.º lugar na lista, ele representa, ainda assim, uma evolução face ao ranking do ano anterior, em 2008, quando foi mesmo considerado o pior ministro das Finanças. Este ano essa posição coube ao ministro irlandês Brian Lenihan, que enfrenta o desafio de sair da "catástrofe" em que mergulhou o sistema financeiro irlandês, refere o jornal. Atrás de Portugal estão ainda os ministros de Espanha, Hungria e Grécia.» [DN 18-11-2009]

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 Mais três governantes subsidio-dependentes
 
«Assim, por não terem "residência permanente na cidade de Lisboa ou numa área circundante de 100 quilómetros", receberão subsídio de alojamento o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, o secretário de Estado da Defesa, Paulo Braga Lino, o secretário de Estado da Economia e Desenvolvimento Regional, Almeida Henriques, e o secretário de Estado do Empreendedorismo, Carlos Alves de Almeida.

O valor do subsídio é de 75% do valor das ajudas de custo a que têm direito e que são calculadas em função da remuneração que auferem, lê-se ainda no despacho assinado pelo primeiro-ministro.» [CM]

Parecer:

Ajude-se os pobres governantes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao Gasparoika que aumente o subsídio com uma gorjeta por conta da sacanice que fez aos funcionários públicos.»
  
 Novas regras na ditadura parlamentar da Madeira

«A Assembleia Regional da Madeira, por proposta do PSD ontem aprovada com votos contra de toda a oposição, decidiu que nos plenários “os votos de cada partido presente são contados como representando o universo de votos do respectivo partido ou grupo parlamentar”.

O PSD, cuja maioria absoluta está segura por apenas mais dois deputados, garante assim que nenhuma proposta da oposição venha a ser aprovada quando tiver algumas ausências na sua bancada.» [Público]
 
«O constitucionalista Pedro Bacelar Vasconcelos considerou hoje ser "uma clara violação das regras democráticas" a alteração ao regimento da Assembleia Regional da Madeira, aprovada na terça-feira, para permitir que o voto de um deputado valha por 25.» [DN]

Parecer:

É uma verdadeira fantochada esta democracia do PSD na Madeira.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
  
 A Alemanha provou a crise financeira

«"A Alemanha provou o seu próprio remédio no mercado de obrigações" referiu, no Twitter oficial da PIMCO, o gestor Bill Gross, responsável pelo maior fundo de obrigações do mundo. Hoje Berlim conseguiu apenas colocar 3,64 mil milhões de euros de dívida a dez anos quando pretendia emitir seis mil milhões de euros. Foi o leilão com menor procura desde 1999.

O gestor voltou a salientar a necessidade do BCE intervir para estancar a crise de dívida soberana. Além disso, tem vindo a enfatizar nos últimos tempos que políticas monetárias apertadas em conjunto com políticas orçamentais de austeridade só dão um resultado: recessão.» [DE]

Parecer:

A culpa só pode ter sido do Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se aos pirralhos da JSD que apresentem mais uma queixa na PGR.»
     
 Durão Barroso quer um pitbull da UE a vigiar Portugal

«Durão Barroso defendeu hoje a proposta da Comissão Europeia para o reforço da governação económica da zona euro dizendo ser preciso “ir mais além” na disciplina a exigir aos países do euro para estes corrigirem as imperfeições da união monetária. Bruxelas quer ainda que os países que estão a receber financiamento da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) fiquem sob vigilância apertada para além do período de ajustamento.» [DN]

Parecer:

Quem ouve esta anedota falar é bem capaz de nem pensar que foi um primeiro-ministro muito pouco exemplar nas finanças públicas, além de ter aldrabado as contas cumpriu o défice com vendas de património e das dívidas ao fisco.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao Cherne que se cale e que tenha vergonha na cara pois os portugueses conhecem-no de ginjeira.»
  
 Sacana!

«Na véspera da greve geral, marcada para amanhã, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, veio defender que “não é tempo de alimentar animosidades, conflitos ou divisões”, nem de “concentrar a atenção em interesses particulares e corporativos”.» [Público]

Parecer:

O ministro das Finanças de um governo que justificou os funcionários públicos com o falso argumento de que estes ganham mais do que os trabalhadores do sector privado não tem autoridade moral para falar em divisão dos portugueses pois a sua política e o seu governo estão a conduzir o país deliberadamente para a divisão e o conflito.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mande-se o ministro Gasparoika à bardamerda.»
  

 Scenes From Egypt's Unfinished Revolution [The Atlantic]


 







 Libya: Post-Khadafy [Boston.com]