sábado, dezembro 03, 2011

O crowding out do parlamento

Quando os economistas se armam em deuses a instituição parlamentar tende a desaparecer, resvala para o nada, sofre o efeito crowding out da mesma forma que sucede ao investimento quando o Estado aumenta a despesa pública. A instituição parlamentar chegou a um ponto que um dia destes basta um qualquer rejeitado pelas universidades públicas matricular-se no curso de gestão da Lusíada para ir à Assembleia da República

Se o presidente do FED de Nova Iorque falasse a um congressista em pleno Congresso dos EUA nos termos em que o governadorzeco do Banco de Portugal se dirigiu ao um deputado eleito pelos portugueses teria sido demitido nesse momento. O mesmo sucederia a qualquer ao presidente do BCE se falasse nos mesmos termos a um deputado europeu. Mas o nosso Carlos Costa, um modesto licenciado e professor de economia que ninguém conhecia antes do desastrado Teixeira dos Santos o ter desencantado para um dos mais desejados tachos do país, acha que pode chamar o que lhe apetece aos deputados, comportando-se como um labrego em pleno parlamento.

Este senhor, que já se esqueceu que foi o partido do deputado que desrespeitou que fez dele gente deveria ter vergonha e nem falar em público. Num país onde desde o mais modesto juiz ao Presidente da República estão sujeitos à austeridade decidida pelo governo, os rapazolas do Bando de Portugal vivem à grande e à francesa à custa dos dinheiros públicos enquanto o seu governador anda por aí a exigir ainda mais austeridade para todos.

Usam o argumento da independência em relação ao poder para praticarem regimes de vencimentos próprios de um país risco, como se a sua independência fosse superior à dos tribunais ou da Presidência da República. Esta gente oportunista devia evitar falar em público e é pena que não haja no parlamento alguém que no momento em que o Carlos Costa ofendeu o parlamento e os portugueses tenha tido a coragem de o meter na rua.

O Gaspar goza com o parlamento e um dia destes manda um soldado da Brigada Fiscal representá-lo no parlamento, o novo rico do Banco de Portugal chama o que lhe apetece aos deputados, qualquer merdolas ou amanuense deste país sentem-se com austeridade para desprestigiar a sede da democracia e desrespeitar os que foram eleitos pelo povo. E estes abdicam da sua dignidade e comportam-se como assalariados dos partidos em cujas listas foram eleitos.

A democracia portuguesa está em piores condições do que as contas públicas e parece que há neste país quem ache que a melhor forma de resolver o desequilíbrio das contas do Estado é defecando em cima dos princípios democráticos.
 
PS: Porque será que tudo o que respeita aos vencimentos, pensões e mordomias do pessoal do BdP é de uma total opacidade, ao contrário do que sucede com todas as instituições públicas? Será para que os portugueses desconheçam como o senhor Carlos Costa e respectiva gente abusa dos dinehiros públicos enquanto deixa os vigaristas do BPN e outros a fazerem das suas em total impunidade?